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ACIDENTES DE MERGULHO E FISIOLOGIA DO

MERGULHO – AULA 03

Instrutor: Paulo Roberto Alves de Oliveira - CAP BM

Curso de Formação de Praças Bombeiros Militares – CFP/2023


ESPAÇOS AÉREOS DO MERGULHADOR
• Orelhas;
• Seios sinusais;
• Pulmões e vias aéreas;
• Dentes; e
• Máscara.

Curso de Habilitação de Oficiais Bombeiros Militares – CHO/2022


ACIDENTES DE MERGULHO
EFEITOS DA PRESSÃO NO ORGANISMO HUMANO

DIRETOS INDIRETOS

BAROTRAUMAS BIOQUÍMICOS

 Barotrauma de ouvido médio  Narcose pelo nitrogênio

 Barotrauma de ouvido externo  Intoxicação pelo oxigênio

 Barotrauma dos seios da face  Intoxicação pelo gás carbônico

 Barotrauma dos pulmões  Intoxicação por outros gases


• Barotrauma facial ou de máscara
 Apagamento
• Barotrauma dental

 Bloqueio Reverso BIOFÍSICOS

Síndrome de Hiperexpansão Pulmonar (SHP)  Doença Descompressiva


BAROTRAUMA DO OUVIDO MÉDIO
• Situação: Dor no ouvido durante a descida.
• Peculiaridade: Pode haver ou não o rompimento da membrana
timpânica;
• Medidas profiláticas: Realizar a manobra de Valsalva;
• Tratamento: Caso haja ruptura do tímpano, aplique curativos secos
e procure um médico especialista.
• Quadro clínico: Dor no ouvido, mas quando a pressão no ouvido é
aliviada a dor cessa. Em casos de ruptura da membrana timpânica,
o indivíduo pode apresentar náuseas, vômitos e tonturas.
BAROTRAUMA DO OUVIDO MÉDIO
BAROTRAUMA DE OUVIDO EXTERNO
• Situação: Tampões no ouvido enquanto desce ou sobe;
• Peculiaridade: A membrana timpânica abaula-se para fora;
• Medidas preventivas: Não usar capuz apertado, nem
tampões nos ouvidos;
• Tratamento: Caso haja ruptura do tímpano, aplique
curativos secos e procure um médico especialista.
• Quadro clínico: Dor, edemas e hemorragias;
BAROTRAUMA DOS SEIOS DA FACE
• Situação: Obstrução dos seios paranasais por má formação
anatômica, processo inflamatório, ou congestionamento durante
a descida;
• Medidas preventivas: Não mergulhar congestionado ou gripado;
• Quadro Clínico: Dor crescente na face durante a descida, saída
de secreção nasal com sangue, área sinusal dolorosa ao toque.
• Tratamento: Caso ocorra a lesão, não voltar a mergulhar sem
procurar antes um especialista.
BAROTRAUMA DOS SEIOS DA FACE
BAROTRAUMA DOS PULMÕES OU

TORÁXICO
Situação: Os pulmões são comprimidos abaixo do seu volume residual durante
a descida;
• Peculiaridade: Ocorre durante a atividade de apnéia;
• Quadro clínico: Sensação de opressão e dor no tórax na descida. Na subida
falta de ar ou tosse, secreção mucosanguinolenta;
• Tratamento: Trazer o mergulhador a superfície, colocar em uma posição que
facilite a retirada das secreções, ministrar oxigênio, e transportar para hospital
de referência.
• Medidas Preventivas: Conhecer a mecânica do barotrauma e respeitar os
limites pessoais do corpo;
BAROTRAUMA FACIAL OU DE MÁSCARA
• Situação: Não equalização do espaço aéreo artificial da
máscara de mergulho.
• Medidas Preventivas: Soltar bolhas pelo nariz, não
colocar a máscara muito apertada;
• Quadro Clínico: Lesão nos tecidos moles da face e no
globo ocular;
• Tratamento: Manter sinais vitais, e transportar para
hospital de referência.
BAROTRAUMA FACIAL OU DE MÁSCARA
BAROTRAUMA DENTAL
• Situação: Espaços aéreos por obturações, que são
impossíveis de equalizar a pressão;
• Quadro Clínico: Dor muito forte durante a descida e enquanto
mergulhador estiver sob pressão;
• Tratamento: Procurar um especialista.
BLOQUEIO REVERSO
• Situação: Obstrução durante a subida por uso de
descongestionantes e consequentemente impedimento de
equalizar.
• Peculiaridade: Ocorre o abaulamento do tímpano para fora;
• Tratamento: Tente descer e subir novamente, e fazer
movimentos laterais;
• Medidas Preventivas: Nunca use descongestionante para
mergulhar.
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• É um grupo de barotraumas causado pela expansão do gás
preso nos pulmões durante a subida ou excesso de pressão
nos pulmões com subsequente hiperexpansão e ruptura dos
sacos alveolares. As duas principais causas de ruptura
alveolar são:
• Pressão excessiva no interior dos pulmões causado pela pressão
positiva; e
• Falha no processo de liberação dos gases dos pulmões durante a
subida.
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• As manifestações clínicas da SHP dependem do local para onde as bolhas de ar se
desloquem. Em todos os casos, o primeiro passo é o enfisema intersticial. Este
enfisema não apresenta sintomas a não ser que mais distribuição de ar ocorra. O
gás pode encontrar um caminho pela cavidade torácica ou pela circulação arterial:
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• EMBOLIA ARTERIAL GASOSA
(ETA ou EAG): A embolia arterial
gasosa, por vezes chamada
somente de embolia, consiste na
obstrução do fluxo sanguíneo
causada por bolhas gasosas que
penetram na circulação arterial.
Obstrução das artérias do
cérebro e do coração pode levar
à morte caso não sejam
prontamente tratadas.
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• EMBOLIA ARTERIAL GASOSA (EAG ou ETA):
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• PNEUMOMEDIASTINO: Ocorre quando a mistura gasosa em expansão respirada pelo mergulhador, após
rompimento dos bronquíolos, fica alojada na cavidade entre os pulmões (mediastino), comprimindo o coração e
os pulmões. Os sinais e sintomas incluem dor sob o osso esterno, dispnéia, choque e cianose. Embora menos
grave que a embolia, requer atenção devido ao comprometimento de órgãos vitais. ENFISEMA
SUBCUTÂNEO: ocorre quando o gás subsequente do pneumomediastino migra para os tecidos subcutâneos
do pescoço. Pneumomediastino é um pré-requisito para enfisema subcutâneo.
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• PNEUMOTÓRAX: Ocorre quando a
mistura gasosa em expansão
respirada pelo mergulhador escapa
pelos alvéolos, ocupa e força o
espaço entre os pulmões e a parede
do tórax (cavidade pleural). Quando o
pneumotórax é grande, ele pode
fazer com que o coração se
desloque. Os sinais e sintomas são:
dor intensa no peito, dispnéia e pulso
irregular.
SÍNDROME DE HIPEREXPANSÃO PULMONAR (SHP)
• IMPORTANTE: Se um mergulhador autônomo chega à superfície
inconsciente ou perde a consciência logo em seguida, parte-se do
princípio de que se trata de SHP e todas as providências devem ser
tomadas como emergência.
• APH (Tratamento): Deitar o mergulhador na posição lateral de
segurança, Ministrar oxigênio a 10L ou 100%, manter os sinais vitais
e contatar centro hiperbárico para recompressão sob supervisão
médica;
DOENÇA DESCOMPRESSIVA
• Lei de Henry: A quantidade de um gás que se dissolve em um líquido,
numa determinada temperatura é proporcional a pressão parcial do gás;
• Situação: Acúmulo de N2 causando bolhas.
• Peculiaridade: Observar tabela não descompressiva ou
descompressiva, e velocidade de segurança;
• Tipos de DD:
 DD Tipo I: Chamada de leve, é caracterizada basicamente por dores (articulares
e/ou musculares), por prurido ou sensação “estranha” na pele e inchaço de
gânglios linfáticos;
DOENÇA DESCOMPRESSIVA
 DD Tipo II: É mais grave que a anterior, e se divide em dois tipos:

 Problemas cardiorespiratórios, sensação de sufocamento, falta de ar ,


dificuldade inspiratória, sudorese abundante, respiração superficial, dor
torácica, “batedeira” no peito, e com a evolução do quadro, cianose,
arritmia cardíaca e choque;
 Atinge o Sistema neurológico, comprometimento do sistema nervoso
central, no nível cerebral e/ou espinhal. Manifestam-se por
formigamento, perda da sensibilidade, impotência funcional de
extremidades, perda da força muscular, paralisia de membros inferiores,
ou sensação “estranha de moleza nas pernas”.
DOENÇA DESCOMPRESSIVA
 APH (Tratamento): Semelhante ao indicado para as vítimas de
SHP, colocar a vítima na posição lateral de segurança, ministrar
oxigênio 10L ou 100%, e transportar para um centro hiperbárico
para recompressão.
 IMPORTANTE: Nunca tente recomprimir a vítima na água.
Além de extremamente penoso para o acidentado, poderá
agravar a situação.
NARCOSE POR NITROGÊNIO
• Também chamado de embriaguez das profundezas;
• Peculiaridade: Os sintomas começam a aparecer em torno dos 30
metros;
• Quadro clínico: Alterações no comportamento, euforia, incapacidade
de realizar tarefas simples, atitudes incoerentes;
• Tratamento: Tirar o mergulhador da profundidade afasta rapidamente
os sintomas;
APAGAMENTO
• Definição – Perda de consciência durante a subida no mergulho em apnéia.
• Causa – Diminuição brusca da Pp O2.
Antes do mergulho em apneia
Início do mergulho em Apnéia
Durante o mergulho em Apnéia
APAGAMENTO
• HIPERVENTILAÇÃO:
• Definição – Respirar várias vezes consecutivas de forma
mais profunda e rápida que a normal;
• Objetivo – Diminuir CO2 na corrente sanguínea;
• Riscos – Possibilidade de desmaiar sem aviso prévio.
Hiperventilação inadequada – Antes do
MG
Durante o Mergulho
Durante o Mergulho – Iminência
Durante o Mergulho – Iminência
APAGAMENTO (RESUMO)
• Situação: Relacionada com hiperventilação e diminuição da
concentração Dióxido de carbono no organismo;
• Peculiaridade: A morte geralmente se dá por afogamento;
• APH (Tratamento): Semelhante ao quadro do afogado, com as
manobras de RCP, oxigenoterapia de emergência na superfície.
Permitir que vias respiratórias estejam fora da água quando o
mergulhador reiniciar o processo respiratório.
• Medidas preventivas: Conhecer seus limites de apnéia, fazer
hiperventilação de forma moderada, sempre mergulhar em dupla;

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