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Deficiência

Intelectual
Deficiência Intelectual

Segundo a Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) e o Manual


Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), Deficiência
Intelectual ou Deficiência Mental (DM – como não é mais chamada) é o estado
de redução notável do funcionamento intelectual, significativamente abaixo
da média, oriundo no período de desenvolvimento, e associado à limitações
de pelo menos dois aspectos do funcionamento adaptativo ou da capacidade
do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade em
comunicação, cuidados pessoais, competências domésticas, habilidades
sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança,
aptidões escolares, lazer e trabalho

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Os três seguintes critérios devem ser atendidos:

 A. Déficits nas funções intelectuais, como raciocínio, resolução de problemas,


planejamento, pensamentos abstrato, julgamento, aprendizado acadêmico,
aprender com a experiência, confirmada tanto por avaliação clínica e
individualizada, quanto por testes de inteligência padronizados.

 B. Os déficits no funcionamento adaptativo que resultam em incapacidade de


cumprir e de desenvolver padrões socioculturais para a independência pessoal e
responsabilidade social. Sem apoio, os déficits adaptativos limitam o
funcionamento em uma ou mais atividades de vida diária, tais como
comunicação, participação social e uma vida independente, através de vários
ambientes, como casa, escola, trabalho e comunidade.

 C. Os déficits intelectuais e adaptativas tem início durante o período de


desenvolvimento.
(DSMV)
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CAUSAS DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
PRÉ-NATAL PERINATAL PÓS-NATAL

Biomédicas: Biomédicas: Biomédicas:


Desordens cromossômicas, genéticas e Prematuridade Lesão traumática
motoras Síndromes Idade parenteral Lesão no nascimento Desnutrição
Desordens neonatais Distúrbios degenerativas
Desordens convulsivas
Sociais: Sociais: Sociais:
Pobreza Falta de acesso a recursos durante o parto Pobreza familiar
Desnutrição materna Falta de estimulação Institucionalização
Violência doméstica
Falta de cuidados pré-natais
Comportamentais: Comportamentais: Comportamentais:
Uso de drogas, álcool e fumo pelos pais Abandono e rejeição pelos pais Abuso e negligência Privação social
Imaturidade parenteral Problemas de comportamento

Educacionais: Educacionais: Educacionais:


Prejuízo cognitivo dos pais Falta de encaminhamento após alta hospitalar Diagnóstico tardio
Falta de preparo para paternidade Serviços de intervenção precoce e
educacionais tardios
Apoio familiar inadequado

Fonte: Gonçalves e Machado (2012).


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Principais Sintomas
Caracteriza-se por importantes limitações, tanto no funcionamento
intelectual quanto no comportamento adaptativo, expresso nas habilidades
conceituais, sociais e práticas. Indivíduos com Deficiência Intelectual
apresentam funcionamento intelectual significativamente inferior à média.
Possuem limitações significativas em pelo menos duas das seguintes áreas
de habilidades:
 Aprendizagem e autogestão em situações da vida, como cuidados
pessoais, responsabilidades profissionais, controle do dinheiro,
recreação, controle do próprio comportamento e organização em tarefas
escolares e profissionais;
 Comunicação;
 Habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, matemática,
raciocínio, conhecimento, memória;
 Habilidades sociais/interpessoais (habilidades ligadas à consciência das
experiências alheias, empatia, habilidades com amizades, julgamento
social e autorregulação). (PIMENTA) 5
Tratamento da deficiência intelectual
A deficiência intelectual não é uma doença, e sim uma
limitação. A pessoa com Deficiência Intelectual deve receber
acompanhamento médico e estímulos, através de trabalhos
terapêuticos com psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos
e terapeutas ocupacionais.
As limitações podem ser superadas por meio da estimulação
sistemática do desenvolvimento, adequações em situações
pessoais, escolares, profissionais e sociais, além de
oportunidades de inclusão social.
(PIMENTA)

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Deficiência intelectual – CID
A deficiência intelectual é o termo equivalente
para o diagnóstico CID-11 para diagnóstico de
distúrbios intelectuais desenvolvimento. O código
da CID -10- CM depende do especificador
gravidade:

 F70 - leve
 F71- moderada
 F72 - grave
 F73 - Profunda

Imagem de 7Prince Production


Até 1992 a Deficiência Intelectual era
caracterizada pela Quantidade de
Inteligência (Q.I.)

 Leve – Q.I. entre 50 – 70


 Moderada – Q.I. entre 35 – 49
 Severa – Q.I. entre 20 – 30
 Profunda – Q.I. menor que 20

Imagem de Max Kleinen


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Após 1992 – Novo Sistema Baseado na
Intensidade dos Apoios Necessários.
É a incapacidade caracterizada por
importantes limitações, tanto no
funcionamento intelectual quanto no
comportamento adaptativo e está expresso
nas habilidades adaptativas conceituais,
sociais e práticas.
Tem início antes dos 18 anos.
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CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A DEPENDÊNCIA:
De acordo com a dependência, que seria o grau de apoio que o indivíduo necessita em
um ambiente particular, o comprometimento pode ser classificado, segundo Winnick
(2004), como:
 Intermitente: apoios de curto prazo se fazem necessários durante as transições da
vida, como por exemplo, na perda do emprego ou fase aguda de uma doença, esse
apoio pode ser de alta ou de baixa intensidade;
 Limitado: apoio regular durante um período curto. Nesse caso incluem-se deficientes
que necessitam de um apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, o
treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios
durante o período entre a escola, a instituição e a vida adulta;
 Extensivo: apoio constante, com comprometimento regular; sem limite de tempo.
Nesse caso não existe uma limitação temporal para o apoio, que normalmente se dá
em longo prazo;
 Generalizado: apoio constante e de alta intensidade, possível necessidade de apoio
para a manutenção da vida. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal e maior
intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado.
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CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A CAPACIDADE
FUNCIONAL E ADAPTATIVA:

Já no que diz respeito à capacidade funcional e adaptativa, a deficiência se classifica


em:
 Dependentes: Geralmente QI abaixo de 25, casos mais graves, nos quais é necessário
o atendimento por instituições. Há poucas, pequenas, mas contínuas melhoras quando
a criança e a família estão bem assistidas;
 Treináveis: QI entre 25 e 75, são crianças que se colocadas em classes especiais
poderão treinar várias funções como disciplina, hábitos higiênicos, etc. Poderão
aprender a ler e escrever em ambiente sem hostilidade, recebendo muita
compreensão e afeto e com metodologia de ensino adequada;
 Educáveis: QI entre 76 e 89, a inteligência é dita “limítrofe ou lenta” e estas crianças
conseguem se adaptar em classes comuns (ainda que com muitas dificuldades, visto o
sistema de ensino atual) embora necessitem de acompanhamento psicopedagógico
especial.
Winnick (2004)
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CLASSIFICAÇÃODE ACORDO COM A GRAVIDADE:
Com relação a gravidade da deficiência, de acordo com a classificação da
Organização Mundial da Saúde – CID-10 é baseada no critério quantitativo e pode
ser:
 Profunda: São pessoas com uma incapacidade total de autonomia,
apresentando dependência completa e limitações extremamente acentuadas
de aprendizagem, inclusive aquelas que vivem num nível vegetativo. Por
isso recomenda-se uma intervenção realizada no contexto domiciliar;
 Grave ou Severa: Fundamentalmente necessitam que se trabalhe para
instaurar alguns hábitos de autonomia, já que há probabilidade de adquiri-
los. Sua capacidade de comunicação é muito primária. Podem aprender de
uma forma linear, são crianças que necessitam revisões constantes;
 Moderado: São pessoas que podem ser capazes de adquirir hábitos de
autonomia e, inclusive, podem realizar certas atitudes bem elaboradas.
Quando adultos podem frequentar lugares ocupacionais;
 Leve ou Limítrofe: Podem chegar a realizar tarefas mais complexas com
supervisão. São os casos mais favoráveis.

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DIAGNÓSTICO

Segundo AAMR (1992) o diagnóstico deve ser


formulado em três passos:
 1 referente ao funcionamento intelectual e aos
padrões adaptativos, avaliados a partir de
instrumentos padronizados, com incapacidades em
diferentes áreas adaptativas ocorrendo antes dos
18 anos.
 2 verifica e identifica aspectos psicológicos e
emocionais bem como etiologia e déficits físicos
associados e ambiente em que o indivíduo se situa.
 3 Com base nas necessidades e dificuldades
identificadas nas outras duas, estabelecem-se
suportes necessários para que este indivíduo possa
ter diminuído a sua capacidade e maximizado o
seu desempenho adaptativo. Imagem de Aaron Burden
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Tipos de deficiência intelectual:

Os tipos de deficiência intelectual estão relacionado


a vários fatores, como alterações gênicas e
cromossôminas ou desordens do desenvolvimento do
embrião, além de vários outros distúrbios funcionais
ou estruturais que reduzem a capacidade do cérebro
(FOCO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL)

(Continua)

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Síndrome de Down

O tipo mais frequente de deficiência intelectual. Tem


características que incluem olhos amendoados, baixa
estatura, cabelos lisos, tendência à obesidade, músculos
"molinhos" - principalmente quando são bebês -, nariz
pequeno e achatado, entre outras. Seu desenvolvimento
físico e mental é mais lento que o de outras crianças - e não
há tratamento ou cura, já que a síndrome é uma condição
inerente à pessoa. A síndrome de Down acontece por uma
alteração genética, todas as pessoas têm 23 pares de
cromossomos, já as com síndrome de Down têm três cópias
do cromossomo 21.

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Síndrome do X-Frágil

Trata-se de uma alteração genética que provoca atraso


mental. As crianças com essa síndrome possuem um
comportamento social atípico, são bastante tímidas.
Apresentam características como o rosto alongado e orelhas
salientes ou grandes, além do comprometimento ocular. Diz-
se que essa síndrome parece bastante com o autismo. Afeta
principalmente meninos e é transmitida pelo cromossomo X.

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Síndrome de Angelman

É um distúrbio neurológico que causa


deficiência intelectual, epilepsia, atraso
psicomotor, andar desiquilibrado, ausência de
fala (ou comprometimento da mesma), sono
difícil e entrecortado e alterações no
comportamento.

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Síndrome do Cri du chat
(conhecida como miado do gato)

Refere-se a um tipo de choro característico de


bebês, que parece um miado de gato,
decorrente de malformação da laringe, que
causa severo comprometimento intelectual.

18
Síndrome de Prader-Willi

Cada criança pode apresentar um quadro clínico


diferente, de acordo com a idade. No período
neonatal, ela costuma apresentar forte hipotonia
muscular, estatura pequena e baixo peso. Em geral
são apresentados problemas de aprendizagem e
dificuldade para conceitos e pensamentos abstratos

19
Síndrome Williams

Deficiência de leve a moderada. Há um


comprometimento da capacidade visual e
espacial que contrasta com um bom
desenvolvimento oral e na música.

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Erros inatos de metabolismo

Normalmente não apresentam sinais na criança.


Trata-se de alterações metabólicas, normalmente
enzimáticas, que podem ser detectadas pelo teste
do pezinho. Se tratadas de forma correta, podem
prevenir o aparecimento de deficiência
intelectual.

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Alunos com deficiência intelectual

Crianças com deficiência, são como qualquer outra criança,


querem brincar, falar, abraçar, ouvir histórias, fazer amigos…
mas que, como qualquer outra criança, apresentam
dificuldades escolares e possuem seus próprios desafios.
Esses desafios e dificuldades podem ser decorrentes da
própria deficiência em si, ou ainda das limitações e privações
causadas pela deficiência ou por crenças limitantes da
família da criança em relação a suas possibilidades.
(RODRIGUES)

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Dicas para se comunicar com alunos com
deficiência intelectual:
 Fale com as crianças usando palavras simples, mas não
palavras infantis.
 Faça pedidos claros e precisos.
 Mantenha-se calmo e esteja pronto para reformular seu
pedido de várias maneiras.
 Use exemplos concretos com frequência, ou seja, diminua
a abstração.
 Para confirmar se uma criança entendeu sua mensagem,
discretamente peça para que ela repita.
(RODRIGUES)
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Plano de aula para alunos com
deficiência intelectual em 4 passos:
 1º passo: conheça seu aluno
Uma das maneiras mais fáceis de dar sentido ao aprendizado é relacioná-lo com a
própria vida do aluno.

 2º passo: use a emoção


Lembramos melhor os acontecimentos associados a um sentimento agradável.

 3º passo: dê significado ao que será ensinado


Alunos com deficiência intelectual irão prestar mais atenção em coisas que fazem
sentido para eles.

 4º passo: o reforço positivo


Alunos com deficiência intelectual devem ter reforço positivo mais do que os outros
alunos. Reforço positivo é, por exemplo, um elogio, um “muito bem, você acertou”,
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palmas, abraços, uma bala, e por aí vai.
(RODRIGUES)
Referências Bibliográficas
 AAMR – AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION – Mental Retardation: definition, classification, and systems of
support. 9th ed. Washington, AAMR, 1992.
 American Association on Intellectual and Developmental Disabilities: www.aamr.org
 APAE. Retardo Mental: definição, classificação e sistemas de apoio. 10ª. Edição. Artmed, 2006.
Revista de Deficiência Intelectual. Ano I. Número 1. Julho/Dezembro 2011. APAE de São Paulo, SP.
 BRITES, Dr. Clay, O que é Deficiência Intelectual?, NeuroSaber, Disponível em: https://neurosaber.com.br/o-que-e-deficiencia-
intelectual/
 BRITES, Luciana, Atividades Adaptadas para Alunos com Deficiência Intelectual, NeuroSaber, Disponível
em: https://neurosaber.com.br/atividades-adaptadas-para-alunos-com-deficiencia-intelectual/
 GONÇALVES, A.; MACHADO, A. C. A importância das causas na deficiência intelectual para entendimento das dificuldades
escolares. In: ALMEIDA, M. A. (Orgs). Deficiência intelectual: realidade e ação. Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio
Pedagógico Especializado – CAPE. São Paulo: SE, 2012. p. 65-83.
 HUNTER, Madeline, Teoria da Retenção para Professores, 8ª edição, Editora Vozes, 1989
 MANZINI, Eduardo, Jogos e Recursos para Comunicação e Ensino na Educação Especial, ABPEE, 2010
 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Texto Revisado. DSM-IV-TR. Artmed, 2003.
 MOREIRA, LMA. Deficiência intelectual: conceitos e causas. In: Algumas abordagens da educação sexual na deficiência
intelectual [online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 35-41. Bahia de todos collection. ISBN 978-85-232-1157-8. Available
from SciELO Books
 PIMENTA. Tatiana. Deficiência Intelectual. Disponível em https://www.vittude.com/blog/deficiencia-intelectual-
caracteristicas-sintomas/
 RODRIGUES, Leandro, 26 dicas de comunicação com Crianças com Necessidades Especiais, Instituto Itard, Disponível
em: https://institutoitard.com.br/dicas-de-como-se-comunicar-com-criancas-com-necessidades-especiais/
 TEIXEIRA, Josele, NUNES, Liliane, Avaliação Inclusiva – A diversidade reconhecida e valorizada, 2ª edição, WAK editora, 2014
 WINNICK J.P. Educação Física e Esportes Adaptados. Barueri: Manole, 2004. 25
 https://www.focoeducacaoprofissional.com.br/blog/curso-online-deficiencia-intelectual
OBRIGADA!

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