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Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Professor: Marcelo Cruz Martins Giacchetti


Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Qualidade 3 Qualidade • Stakeholders: São todas as partes inte-


Conceitos 3 ressadas ou afetadas por algo. Exem-
Princípios 7 Conceitos plos: clientes, fornecedores, acionis-
Produtividade 10
tas, sociedade etc.
Tanto a engenharia da qualidade como a
Gestão de processos 11
gestão da qualidade têm seus temas deter- • Benchmarking: Trata-se de identificar
Conceitos 11
minados com base em conceitos específicos. padrões externos de outras organiza-
Desenvolvimento de processos 13 13 ções aos quais as atividades podem
Sumário Sendo assim, trabalharemos aqui alguns de-
Sistema de gestão da qualidade 24 les, que serão utilizados ao longo desta disci- ser comparadas e avaliadas no proces-
Sistema de gestão 26 plina. A maior parte é definida pela NBR ISO so de melhoria contínua.
Responsabilidades da alta direção 28 9000, Fundamentos e vocabulários do siste-
• Satisfação do cliente: É a percepção
Recursos 30 ma de gestão da qualidade (ABNT, 2005).
do cliente sobre se os seus requisitos
Desenvolvimento e realização do produto 31
São conceitos básicos da qualidade: foram atendidos ou não.
Medição, análise e melhoria 33
Auditoria 35
• Produto: É o resultado de um proces- • Capacidade: É a possibilidade de um
Consultoria 41 so. Pode ser o produto acabado ou um sistema, uma organização ou um pro-
Ferramentas da qualidade 46 cesso realizar um produto atendendo
serviço.
aos requisitos dele.
Fluxograma 47
Gráficos de controle 50 • Processo: É um conjunto de atividades
Folha de verificação 52 inter-relacionadas que transformam as
Histogramas ou gráficos de barras 53 entradas (insumo, matérias-primas)
Diagrama de Pareto 55 em saídas (produtos e serviços).
Diagrama de dispersão 56
Diagrama de causa e efeito 57 • Procedimento: É a forma específica de
Outras ferramentas e técnicas da qualidade 58 se realizar uma atividade ou um pro-
Estratificação 58 cesso. É a forma de fazer algo. Não
Coleta de dados 59 necessariamente há um documento
Brainstorming 60
sobre isso.

Plano de ação 61
Relatório de três gerações (R3G) 62
• Qualidade: É o grau no qual caracte-
rísticas específicas geram a satisfação
Benchmarking 70
de requisitos do cliente.
5S 72 São conceitos da gestão da qualidade:
Referências 76
• Requisitos: É a expectativa ou a ne- • Gestão: São atividades coordenadas
cessidade expressa de maneira obri- para controlar e dirigir uma organiza-
gatória ou implícita. ção.

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• Gestão da qualidade: É a gestão da • Sistema de gestão da qualidade: É a o índice de reclamação do cliente foi • Melhoria contínua: É a atividade re-
organização específica para a área da parte do sistema de gestão de uma de 30%. corrente e constante para aumentar a
qualidade. empresa que controla a área de qua- capacidade de atender aos requisitos.
lidade. • Programa: Conjunto de ações com
• Planejamento da qualidade: É a parte prazo e custo determinados para aten- • Eficácia: É a possibilidade de atingir os
dimento de uma meta. Normalmente, resultados planejados a partir das ati-
da gestão da qualidade que é respon-
utiliza-se o plano de ação 5W2H para vidades planejadas.
sável por determinar os objetivos da
representar o programa.
qualidade e os recursos e processos
• Eficiência: É a relação entre o resulta-
para atender a eles.
• Alta direção ou alta administração: é o do alcançado e os seus recursos (ma-
grupo de pessoas que controla e dirige teriais, mão de obra, processos etc.).
• Controle da qualidade: É a parte da uma organização no maior nível e tem
gestão da qualidade que visa atender como funções a tomada de decisão, a • Informação: É um conjunto de dados
aos requisitos da qualidade. liberação de recursos e o fato de servir relacionados que geram uma mensa-
de exemplo para os colaboradores. gem específica
• Garantia da qualidade: É a parte da
gestão da qualidade que provê con- • Organização: Grupo de instalações e • Documento: É a informação contida
• Política da qualidade: É um conjunto
fiança de que os requisitos da qualida- pessoas e suas responsabilidades, au- em um determinado meio, que pode
de diretrizes e normas baseadas na toridades e relações.
de serão atendidos. ser digital.
qualidade que uma organização se
propõe a atingir. É determinada pela
• Ambiente de trabalho: É o conjunto de • Registro: É um documento resultante
• Melhoria da qualidade: É a parte da alta gestão da empresa e base para o
condições sob as quais um trabalho é de uma análise ou ocorrência.
gestão da qualidade que visa aumen- estabelecimento dos objetivos da qua-
realizado.
tar a capacidade de atender aos requi- lidade.
sitos da qualidade. • Manual da qualidade: É o documento
• Competência: É a capacidade de apli- que detalha o sistema de gestão da
• Objetivos: Desejo ou expectativa da car conhecimentos e habilidades a qualidade de uma organização.
São conceitos do sistema de gestão da organização em termos macro. Exem- partir de treinamentos, formação e
qualidade: plo: aumentar a satisfação do cliente. experiência.
Muitas vezes, o produto não sai conforme
• Sistema: É um conjunto de elementos planejado. Alguns conceitos abaixo podem
• Meta: É a quantificação de um objetivo • Projeto e desenvolvimento: É o con- ser utilizados nessa tratativa:
inter-relacionados em um propósito. em um determinado período. Exem- junto de processos que transformam
plo: aumentar em 50% a satisfação os requisitos em especificações de um • Problema: É o resultado indesejado de
• Sistema de gestão: É um conjunto de dos clientes nos próximos seis meses. produto, serviço, processo ou sistema. um processo.
normas e políticas que direcionam a
administração de uma organização ou • Indicador: É uma variável que rece- • Rastreabilidade: É a capacidade de re- • Produto não conforme: É um produ-
área, considerando um tema específi- be valores reais em uma unidade de cuperar a localização, o histórico e a to que não atende às suas especifica-
co. tempo. Exemplo: no mês de janeiro, aplicação de algo. ções.

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• Retrabalho: É a ação tomada sobre saios ou comparações com padrões, • Ação de correção: Também é chama- • Evidência da auditoria: São registros,
um produto não conforme para torná- se necessário. da de ação de mitigação ou ação de apresentação de fatos ou outras infor-
-lo aceitável ao uso pretendido. disposição. É a ação tomada no efeito mações, relacionados aos critérios de
para eliminar uma não conformidade. auditoria, que podem ser verificáveis.
• Classe: É a classificação definida a di-
• Análise crítica: É a atividade que de-
versos requisitos da qualidade para • Constatações da auditoria: São os re-
termina se o que está sendo analisado
processos, produtos ou sistemas com sultados da avaliação da evidência da
está pertinente, adequado ou eficaz.
a mesma utilização funcional. auditoria coletada, comparada com os
critérios de auditoria, que geram uma
• Reclassificação: É a alteração da clas- determinada conclusão.
se de um produto não conforme para
torná-lo conforme a requisitos diferen-
• Conclusão da auditoria: É o resulta-
tes dos inicialmente definidos.
do de uma auditoria apresentado pela
equipe de auditoria após levar em con-
• Reparo: É a ação tomada sobre um sideração os objetivos dela e todas as
produto não conforme para torná-lo suas constatações.
aceitável ao uso pretendido.
• Verificação: É a comprovação de que
• Cliente da auditoria: É quem solicita
• Refugo: É a ação tomada sobre um requisitos especificados foram atendi-
A avaliação do sistema de gestão depende uma auditoria (pode ser uma pessoa
produto não conforme para impedir a dos se comparados com uma evidên-
de alguns conceitos relacionados à auditoria: ou uma organização).
sua utilização original. cia objetiva.
• Auditoria: É um processo sistemático,
• Validação: É a comprovação, utilizan- • Auditado: É a organização que está
O tratamento no sistema de gestão obe- documentado e independente para ob-
do evidência objetiva, de que os requi- sendo auditada.
dece a alguns conceitos específicos: ter evidência de auditoria e avaliá-la
sitos para aplicação foram atendidos. objetivamente para determinar a ex-
• Conformidade: É o atendimento a um • Auditor: É a pessoa (ou grupo de pes-
tensão na qual os critérios de auditoria
requisito. soas) com competência para realizar
• Defeito: É o não atendimento a um são atendidos.
requisito com relação à utilização pre- uma auditoria.
• Não conformidade: É o não atendi-
tendida ou especificada. • Programa de auditoria: É o conjunto de
mento a um requisito.
auditorias planejadas para um período • Equipe da auditoria: É o grupo de audi-
• Evidência objetiva: São dados que • Ação corretiva: É a ação tomada na de tempo determinado e para um pro- tores que realizam uma auditoria.
apoiam a existência ou a veracidade causa de um problema real para evitar pósito específico.
de alguma coisa. que ele se repita. Princípios
• Critérios de auditoria: É um conjunto
• Inspeção: É a avaliação da conformi- • Ação preventiva: É a ação tomada na de políticas, procedimentos ou requisi- As organizações atuais, para serem com-
dade a partir de uma observação ou causa de um problema potencial para tos estabelecido como uma referência petitivas, precisam ser cada vez mais estru-
julgamento, utilizando medições, en- evitar que ele ocorra. para a auditoria. turadas. Para isso, elas precisam ser con-

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duzidas e operadas de forma sistemática e Esse princípio está relacionado com O recurso humano é a mola mestra de ciência da organização no sentido de
transparente. o desenvolvimento dos subordinados toda empresa, pois a partir dele é pos- esta atingir os seus objetivos (ABNT,
nas decisões e no planejamento de sível conquistar seus dois objetivos mais 2005).
Com o sistema de gestão da qualidade, há suas próprias atividades e das de toda importantes: satisfazer a necessidade
a melhoria organizacional, ao passo que são a equipe. Não se trata de transferir a dos clientes e gerar lucro (O. OLIVEIRA, f) Melhoria contínua
atendidas as necessidades dos stakeholders. responsabilidade para o escalão abai- 2014, p. 29)
Para isso, foram identificados oito princípios xo, mas de consultá-lo e envolvê-lo no Muitas pessoas erroneamente pensam
de gestão da qualidade que, se utilizados processo anterior à execução das ativi- que qualidade lida somente com a pa-
pela alta direção, trariam melhorias para o dades (O. OLIVEIRA, 2014, p. 29).
desempenho. dronização de processos e produtos. De
A gerência participativa tem alto com- fato, a padronização é um dos pilares
a) Foco no cliente ponente motivacional, pois, quando dessa teoria, contudo, outro elemento
consultado sobre os assuntos que vão tão importante quanto ela é a melhoria
Organizações dependem de seus clien-
além de suas atividades de rotina, o (O. OLIVEIRA, 2014, p. 30).
tes e, portanto, convém que atendam
funcionário sente-se importante e mais
às necessidades atuais e futuras do
útil para a empresa (O. OLIVEIRA, Convém que a melhoria contínua do de-
cliente e seus requisitos e procurem
2014, p. 29). sempenho global da organização seja
exceder as suas expectativas (ABNT,
2005). seu objetivo permanente (ABNT, 2005).

Esse é, de fato, o princípio básico que A melhoria contínua é a ininterrupta uti-


irá nortear todos os demais. O clien- lização do ciclo PDCA visando elevar o
te é a peça-chave da qualidade. Tudo
nível da qualidade dos diversos proces-
na empresa deve ser feito pensando
sos da empresa. Na medida em que o
na sua satisfação, que é consequência
do atendimento de suas expectativas ciclo PDCA é girado continuamente ao
e necessidades. Somente dessa forma longo do tempo, incrementos na quali-
vai-se garantir a sobrevivência organi- d) Abordagem de processo dade tendem a ser verificados (O. OLI-
zacional em longo prazo (O. OLIVEIRA, VEIRA, 2014, p. 31)
2014, p. 28). Um resultado desejado é alcançado mais
eficientemente quando as atividades e g) Abordagem factual para tomada
b) Liderança os recursos relacionados são gerencia- de decisão
dos como um processo (ABNT, 2005).
Líderes estabelecem a unidade de pro- c) Envolvimento de pessoas
Decisões eficazes são baseadas na
pósitos e o rumo da organização. Con- e) Abordagem sistêmica para a ges-
vém que eles criem e mantenham o As pessoas, de todos os níveis, são a es- análise de dados e informações. (ABNT,
tão
ambiente interno, no qual as pessoas sência de uma organização, e seu total 2005).
possam estar totalmente envolvidas no envolvimento possibilita que as suas ha- Identificar, entender e gerenciar pro-
propósito de atingir os objetivos da or- bilidades sejam usadas para o benefício cessos inter-relacionados como um sis- h) Benefícios mútuos nas relações com
ganização (ABNT, 2005). dela (ABNT, 2005). tema contribui para a eficácia e a efi- os fornecedores

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Uma organização e seus fornecedores são interdependentes, e uma relação de bene- • Aporte de conhecimento contínuo: mental que os conhecimentos envolvi-
fícios mútuos aumenta a habilidade de ambos em agregar valor (ABNT, 2005). Quanto maior o conhecimento das dos sejam aprimorados.
organizações, mais fácil e completa a
Produtividade tomada de decisão. Isso, no entanto, Gestão de processos
deve ser constante, para que a empre-
Aumentar a produtividade é produzir cada vez mais ou melhor com cada vez menos. As sa não fique estagnada. Conceitos
empresas de modo geral produzem serviços ou produtos, que podem ser chamados output,
enquanto que o que é gasto ou utilizado para a produção é chamado input. Inicialmente, A base da qualidade está na gestão de
pode-se entender como produtividade a relação entre o resultado da produção e o que é processos. Sendo assim, torna-se fundamen-
gasto para isso. Sendo assim, pode-se representar:
tal a sua abordagem nesta disciplina.

Produtividade = Output
Conforme visto anteriormente, processos
Input
são o conjunto interligado de atividades que
O processo produtivo tem como objetivo criar valor para esses outputs, relacionando-os transformam materiais em produtos acaba-
com os seus clientes específicos. A cobrança ocorre pelo quanto de valor se agrega a um dos e serviços ao cliente. Quando as empre-
produto ou serviço, e esse valor deve ser agregado com custos cada vez menores. Logo, sas estruturam suas atividades baseadas nos
pode-se também entender produtividade como sendo a relação entre valor produzido e valor processos organizacionais, há uma mudança
consumido para essa produção: estrutural para o desempenho de suas ações.

Produtividade = Valor produzido = Taxa de valor agregado A gestão por processos possui uma abor-
Valor consumido dagem diferenciada da atual gestão funcional
• Incentivo das equipes no aporte de e possui características específicas quanto a:
A ideia da produtividade não tem a ver com a quantidade produzida e sim com a relação conhecimento: Estimular as equi-
entre a máxima satisfação do cliente e o menor custo: pes para que elas continuem sempre • Alocação de pessoas: Os profissionais
aprendendo é uma das formas de mo- essenciais aos processos da organiza-
Produtividade = Qualidade tivação organizacional. ção devem ser continuamente treina-
Custo
dos e assim acabam possuindo res-
• Criação de condições para evitar que ponsabilidades específicas.
Também é possível relacionar produtividade com faturamento e custos. Nesse caso, esse
pessoas saiam das organizações: Além
conceito tem como objetivo melhorar o entendimento das questões internas da organização
de manter o conhecimento em desen-
tais como taxa de consumo de energia ou de materiais ou utilização de informação. • Autonomia operacional: Os colabora-
volvimento, evita que ele vaze para
dores possuem autonomia e controle
Produtividade = Faturamento outras empresas.
em relação às suas tarefas.
Custos
• Envolver o aporte do conhecimento no
Considerando esses conceitos, pode-se estabelecer que toda organização pode utilizar programa de qualidade e produtivida- • Avaliação de desempenho: A avalia-
a produtividade como avaliação e acompanhamento de seu desempenho. A depender da de: Como a implantação da qualidade ção é realizada no processo e não nos
situação dela, faz-se necessário melhorar a produtividade, e isso pode ocorrer das seguintes requer um investimento contínuo, e colaboradores específicos. O resultado
formas: por ser um processo lento, é funda- final é o que importa.

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• Cadeia de comando: O processo de ocorre devido às exigências da abordagem • Emprega o método da melhoria contí- • Entendimento da realidade orga-
negócio é gerenciado pelo dono do administrativa desse tipo de gestão: nua para a resolução de problemas e a nizacional.
processo e não por um chefe depar- geração de benefícios adicionais.
tamental. • Definição de conceitos, vantagens
• Utiliza melhores práticas para garantir e precauções da gestão de pro-
• Capacitação dos indivíduos: O proces-
o alcance de altos níveis de competi- cessos.
so de capacitação depende das neces-
sidades contínuas de aprimoramento tividade.
na execução das atividades específi- • Definição da metodologia de tra-
cas. • Emprega a mudança cultural da orga- balho.
nização.
• Escala de valores: Os valores desse
• Realização de reuniões com a alta
tipo de organização são pautados na
Desenvolvimento de processos gestão e os colaboradores.
melhoria da comunicação, na transpa-
rência do trabalho, na colaboração e
na cobrança mútua ao longo do pro- • Definição de responsabilidades.
cesso.
• Definição do modelo ideal para a
• Estrutura organizacional: Possui hie- gestão dos processos.
rarquia reduzida.
• Requer que as atividades principais
• Medidas de desempenho: As formas sejam mapeadas e documentadas. • Realização de treinamento dos en-
de avaliação do trabalho dependem volvidos.
do contexto geral e das atividades es- • Cria foco nos clientes por intermédio
pecíficas. de conexões horizontais entre ativida- • Elaboração de planejamento da
des-chave. gestão de mudanças.
• Natureza do trabalho: É diversificada,
Quando uma organização não possuir pro-
pois um profissional pode desempe-
• Emprega sistemas de informação e cessos definidos, para que ela funcione me- • Estruturação: Nessa fase, ocorre a
nhar várias atividades em um proces-
documenta procedimentos para asse- lhor, é necessário estabelecê-los. A metodo- identificação de todos os itens a ser
so.
gurar disciplina, consistência e conti- logia de desenvolvimento e implementação considerados para o desenvolvimento
• Relacionamento externo: A parceria nuidade de resultados com qualidade. dos processos administrativos possui cinco dos processos. Esse trabalho deve es-
de negócios garante a sustentabilida- fases (OLIVEIRA, 2006, p. 66-155): tar orientado aos interesses dos clien-
de organizacional. • Utiliza mensuração de atividades para tes da organização. As etapas são:
avaliar o desempenho de cada proces- • Comprometimento: Para que o de-
Zairi (1997 apud SORDI, 2008, p. 21) relata so individualmente. senvolvimento de processos funcione, • Identificação das expectativas do
que a gestão por processos está correlacionada é fundamental que todos os envolvi- cliente.
aos aspectos principais da operação de negócio • Estabelece objetivos e níveis de en- dos direta ou indiretamente estejam
e apresenta grande potencial para agregação trega que podem incorporar objetivos comprometidos. Para isso, devem ser • Identificação dos processos estra-
de valor e alavancagem do negócio. Isso corporativos. cumpridas as seguintes etapas: tégicos que se relacionam com os

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processos do cliente e dos forne- • Análise dos resultados esperados. • Identificação, aquisição e implan- • Seleção de objetivos estratégicos de
cedores. tação da tecnologia. referência: Esses objetivos são aque-
• Desenho dos processos ideais. les necessários para estabelecer os
• Identificação dos processos de resultados desejados para o negócio
• Adequação da estrutura organiza-
apoio. a partir da sua missão e dos cenários.
• Entendimento do planejamento cional à nova realidade.
• Identificação de problemas. para ir à situação desejada a par-
tir da atual. • Seleção de fatores-chave: São conjun-
• Determinação do perfil de atuação
• Estruturação de planos de ação tos de variáveis que permitem à orga-
dos colaboradores e dos líderes.
sobre os problemas. nização realizar objetivos estratégicos.
• Avaliação de alternativas e defini-
ção de prioridades. • Implementação:
• Identificação das atividades prin- • Seleção de processos relacionados a
cipais que agregam valor. fatores-chave: Para cada fator-chave,
• Desenvolvimento: • Planejamento da implementação.
devem-se relacionar todos os proces-
• Mapeamento da empresa. sos envolvidos para entender seus im-
• Implementação.
pactos no negócio.
• Aplicação de benchmarking. • Acompanhamento e avaliação.

• Estimativa de recursos necessá- • Melhoria contínua.


rios.

• Priorização de processos. Mapeamento de processos

As metodologias citadas são utilizadas


• Análise:
quando a organização ainda não possui pro-
cessos claramente definidos. Caso ela já os
• Identificação da situação futura possua, mas ainda não foi realizada forma-
desejada com a otimização dos
lização a respeito, deve-se fazer o levanta-
processos.
mento deles.

• Entendimento da gestão e da oti- Para que as organizações possam ter uma


mização dos processos. melhor estrutura, conforme descrito anterior-
• Desenho dos sistemas de infor-
mente, é necessário conhecer seus proces-
mações gerenciais.
• Melhoria da análise do valor agre- sos. Para isso, um processo de levantamen- • Seleção de processos prioritários: Para
gado. to estruturado permite que elas entendam a os processos identificados, devem ser
• Aperfeiçoamento das relações en- realizadas análises sobre o seu impac-
sua estrutura de trabalho e suas limitações.
• Aplicação de benchmarking no tre processos e informações. to no negócio e a qualidade de seu de-
processo e aprimoramento dos in- A identificação de processos é realizada a sempenho, identificando assim aque-
dicadores de desempenho. • Estruturação de processos. partir de: les importantes na organização.

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Após a identificação dos processos, é reali- uma melhor estrutura das atividades • Determinar indicadores e outros itens de controle.
zado o mapeamento deles, por meio do qual para atendê-los.
é possível conhecer detalhadamente as ope- • Padronizar o novo processo.
rações. Esse mapeamento deve ser realizado • Definição dos indicadores de desem- • Comunicar e treinar colaboradores envolvidos.
no local de trabalho e com as pessoas envol- penho: É necessário implantar medi-
vidas. Para isso, devem ser considerados: ções para que os indicadores de de-
Reengenharia de processos
sempenho possam ser construídos de
• As atividades executadas no processo. acordo com as necessidades.
Muitas vezes, os processos simplesmente não podem ser mais melhorados e, dessa forma,
é necessário reconstruí-lo. A esse processo é dado o nome de reengenharia.
• A identificação de fornecedores, en- • Registro do fluxo do processo: A iden-
trada, processo, saída e cliente. tificação em fluxogramas ou outras Reengenharia significa recomeçar, questionando por que uma empresa faz as coisas que faz e
as regras e premissas básicas adotadas por ela durante esse fazer. É o repensar fundamental e a
ferramentas gráficas permite um en-
reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em in-
• A identificação do valor do processo tendimento dos processos e dos sub- dicadores críticos e contemporâneos de desempenho tais como: custos, qualidade, atendimento,
para a empresa e para o cliente. processos relacionados após a sua velocidade de resposta (HAMMER; CHAMPY, 1993 apud BALLESTERO-ALVAREZ, 2010, p. 25).
melhoria.
Algumas pessoas confundem a reengenharia com a melhoria de processos. Enquanto a
• A identificação de possíveis gargalos
melhoria contínua funciona com base no Kaizen, a reengenharia visa a uma desconstrução
para a melhoria. No capítulo 6, será possível conhecer fer-
e uma nova estrutura para os processos ultrapassados. Com o intuito de melhorar o
ramentas para a apresentação dos proces-
entendimento sobre as diferenças entre eles, veja o quadro a seguir.
sos.
O mapeamento de processos pode ser
realizado seguindo esta metodologia: Melhoria de processos Itens Melhoria de processos Reengenharia de Processos

• Atribuição da responsabilidade pelo Os processos são funcionais na medida Nível de mudança Gradual Radical
processo: O coordenador de proces- em que transcrevem as atividades que efeti-
Ponto de partida Processo instente Estaca zero
sos deve definir o escopo, as áreas vamente são realizadas e agregam valor aos
envolvidas, os serviços e produtos en- produtos e serviços dos clientes. No entan- Frequencia da mudança De uma vez/ contínua De uma vez
volvidos e os clientes. to, podem ser melhorados para aumento da
produtividade. Tempo necessário Curto Longo

• Enquadramento do processo: Para


A melhoria de processos pode seguir a Participação De baixo para cima De cima para baixo
entender melhor os processos, é ne-
metodologia:
cessário identificar a missão deles e Âmbito típico Limitado, dentro de funções Amplo, interfuncional
os seus macroindicadores de desem- • Definir e traçar um diagrama funcional
com as tarefas básicas que apoiam os Risco Moderado Alto
penho.
objetivos do processo
Habilitador principal Controle estatístico Tecnologia da informação
• Identificação das necessidades dos • Analisar criticamente as unidades fun-
clientes: Definir junto aos clientes as cionais. Tipo de mudança Cultural Cultural/estrutural
suas expectativas e acertar com eles
Figura 1. Melhoria de processos x reengenharia de processos. Fonte: Oliveira (2006, p. 160).
as necessidades prioritárias permite • Reformular o fluxo operacional.

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A reengenharia é normalmente indicada • São úteis? de processos. Ambos podem ser desenhados Manter o controle de um processo está
para as organizações cujo processo está mui- com símbolos do fluxograma, que será visto relacionado a identificar o problema, avaliar
to defasado com relação ao que outras em- • Atuamos de forma adequada? no capítulo 6. o processo, padronizar e criar itens de con-
presas do mesmo segmento fazem. A análise trole para que o problema não se repita. No
sobre a situação organizacional com relação Controle de processos entanto, muitas vezes, para melhorar o pro-
• Atuamos de forma adequada
cesso, é necessário controlar também itens
à necessidade ou não dela parte de algumas no pós-venda? O controle de processo é a essência do relacionados com a causa de um problema
perguntas definidas por Ballestero-Alvarez gerenciamento em todos os níveis hierár- ou de um desempenho insatisfatório.
(2010, p. 26): • Qual a diferença com o pós- quicos da empresa desde o presidente até
os operadores. O primeiro passo no en- Falconi (2004, p. 22) conceitua itens de
-venda?
• Com relação aos processos organiza- tendimento do controle dos processos é a
verificação de um processo como índices
cionais: compreensão do relacionamento de causa e
numéricos estabelecidos sobre as principais
Com base nesses questionamentos, é pos- efeito. Sempre que algo ocorre (efeito, fim,
sível determinar o que deve ser feito e como causas que afetam determinado item de con-
resultado) existe um conjunto de causas
• Como fazemos as coisas? deve ser feito. Isso permitirá decidir se have- (meios) que podem ter influenciado (FAL-
trole. Sendo assim, em termos práticos, o
rá uma reengenharia de processos ou uma CONI, 2004, p. 19). controle de processo possui três ações:
• É a melhor maneira? reengenharia de negócios.
Os processos podem ter diversos resulta- • Estabelecer o planejamento (diretriz
de controle): Para estabelecer o pla-
dos, também chamados de efeitos ou fins.
• Podemos fazer de outra forma? nejamento, deve ser determinada uma
Para gerenciar um processo, é fundamental
diretriz sobre o resultado e o desenvol-
avaliar os seus efeitos, e isso ocorre por in-
• Como a concorrência faz? vimento do processo, ou seja, controle
termédio dos itens de controle.
sobre a meta (fim) e o método (meios
e procedimento para atingir a meta).
• Com relação aos produtos:

• Manutenção do nível de controle: Uma


• O que representam?
vez que a qualidade padrão de um
processo foi atingida, deve-se tentar
• São o que o cliente quer? manter a estrutura. No entanto, quan-
A reengenharia de processos visa avaliar, do ocorrerem desvios, é necessário
redefinir, reinventar os processos organiza- atuar tanto no resultado, para colocar
• Fazemos da melhor maneira?
cionais nos mínimos detalhes. O objetivo é o processo em funcionamento nova-
reestruturar o que a empresa faz para que mente, quanto na causa, para preve-
• Com qual qualidade? ela consiga executá-lo de maneira mais dinâ- nir o reaparecimento do desvio.
mica. No caso da reengenharia de negócios,
• O que a concorrência oferece? há um questionamento em toda a organi-
• Alteração da diretriz de controle (me-
zação: a estratégia, a cultura, a filosofia, as
Falconi (2004, p. 21) conceitua itens de lhorias): Com as mudanças de mer-
mudanças e as tecnologias.
• Com relação aos serviços: controle como sendo índices numéricos esta- cado e, consequentemente, as mu-
As principais ferramentas da reengenharia belecidos sobre os efeitos de cada processo danças organizacionais, os processos
• Para que servem? são o mapa de processos (MAP) e o diagrama para medir a sua qualidade total. devem ser atualizados. Sendo assim, é

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necessária a adaptação da meta e do • Sobre os itens de controle de custos, • Sobre os itens de controle de segurança, questionar:
método para um novo e melhor con- questionar:
trole. • Qual o número de acidentes na equipe?
• Qual a planilha de custos de cada
Os itens de controle têm como objeti- produto? • Qual o índice de gravidade?
vo avaliar a qualidade total dos resultados
dos processos, possibilitando um melhor ge-
• Qual o custo unitário de cada pro- • Qual o número de acidentes com os clientes no uso do produto?
renciamento deles. Isso pode ser feito em
duto?
qualquer nível hierárquico. Segundo Falconi
(2004, p. 54), o método para determinação Após responder a todos esses itens, deve-se montar uma tabela de itens de controle,
desses itens baseia-se em: • Sobre os itens de controle de entrega, conforme a figura 2:
questionar:
• Reunir o staff e os subordinados.
Produto Item de Unidade Prioridade Método de controle
(ou função) Controle de Medida (A, B, C) Frequência
• Qual a percentagem de entrega Quando atuar Como atuar
• Questionar: fora do prazo de cada produto ou Vendas Market Porcentagem A 1 vez/mês Sempre que Convocar
serviço? Share do das vendas for inferior reunião dos
• Quais são os nossos produtos ou Produto “X” sobre total a 50% gerentes,
de vendas, vendedores
serviços?
• Qual a porcentagem de entrega no de produto da área e
similar assistência
local errado? ETC. técnica.
• Quais são os clientes (internos e Determinar
externos) de cada produto? causar e
• Qual a porcentagem de entrega tomar ações
em quantidade errada?
• Quais são as necessidades de nos-
sos clientes?
• Sobre os itens de controle de moral,
questionar:
• Sobre itens de controle da qualidade,
questionar: Figura 2. Tabela de itens de controle Fonte: Falconi (2004, p. 55).
• Qual o turnover da equipe?
Outra forma de controle de processos é por meio do ciclo PDCA. “O ciclo PDCA (Plan, Do,
• Como poderemos medir a qualida-
Check, Action) é composto das quatro fases básicas de controle: planejar, executar, verificar
de de nossos produtos? • Qual o índice de absenteísmo?
e atuar corretivamente” (FALCONI, 2004, p. 33).

• Nossos clientes estão satisfeitos? • Qual o número de causas traba- O ciclo PDCA tem então a seguinte divisão:
lhistas?
• Qual o número de reclamações? • P – Planejamento (plan):

• Qual o número de atendimentos


• Qual o índice de refugo? no posto médico? • Define metas sobre os itens de controle.

20 21
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Determina os métodos para atingir as metas propostas. O ciclo PDCA pode ser utilizado por todas as áreas da empresa tanto para a manutenção
quanto para a melhoria de processos.

No entanto, pode haver uma predominância da utilização pelas áreas de:

• Manutenção: Utilizado mais pela área operacional da organização. Nesse caso, a meta
pode ser considerada uma faixa de valores, e os métodos serão procedimentos-pa-
drão de operação.

• Melhoria: Utilizado mais por diretoria, gerente e técnicos. Nesse caso, a meta pode
ser considerada um valor definido, enquanto que o método será um procedimento
próprio.

n)
A
io
Definir

(P
ct

P
(A

lan
As metas

)
• D – Executar (do):
Atuar
corretivamente
• Executa as tarefas conforme previstas no planejamento. Definir os métodos
que permitirão atingir
as metas propostas
• Coleta dados para verificação do processo.
Educar e treinar
Verificar os resultados
• Treina nas tarefas planejadas.
da tarefa executada Executar
a tarefa
• C – Verificar (check):
(coletar
dados)

(C

o)
• Compara os resultados planejados com as metas alcançadas.

he

(D
D
ck
C

)
• A – Atuar corretivamente (action):

Figura 3. Ciclo PDCA. Fonte: Falconi (2004, p. 34).


• Após a detecção de desvios, atua nas correções definitivas para que o problema
não se repita.

22 23
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Sistema de gestão da qualidade • NBR ISO 9004:2000 – Diretrizes sobre • Sistema de gestão da qualidade.
como implantar a norma ISO 9001.
Muitas vezes, há a necessidade de garantir Visa melhorar o desempenho organi- • Responsabilidade da direção.
que a qualidade esteja funcionando em uma zacional e a satisfação dos clientes e • Gestão de recursos.
organização. Para isso, é interessante optar dos stakeholders.
por estruturar nela regras que possam ser ve- • Realização do produto.
rificáveis. Dentre os vários sistemas de gestão exis-
• Medição, análise e melhoria.
tentes, a ISO 9001 é aquela que mais é utili-
zada atualmente e está na versão 2008.
A introdução da ISO 9001 define e contextualiza a norma, explicando a sua estrutura.
A criadora da ISO 9001 é a ISO (Interna- O escopo refere-se à definição do processo principal da organização, que será base para
tional Organization for Standardization), uma o sistema de gestão que será implantado. A referência normativa define a que se refere
organização internacional, fundada em 1947, a norma e as suas relações com a ISO 9000. O item termos e definições explica alguns
com sede na Suíça, cuja principal atividade conceitos que serão utilizados na norma, repassados no início deste material
é desenvolver normas que possam ser uti-
lizadas por qualquer empresa, em qualquer Os requisitos da ISO 9001 são estabelecidos a partir do item 4 da norma, que é chamado
país, com a finalidade de promover a inte- de sistema de gestão da qualidade. Na figura 4, é possível entender melhor a interação entre
As normas da série ISO 9000 são um con- gração entre organizações de diversas nacio- os requisitos:
junto de padrões internacionais sobre a admi- nalidades.
nistração da qualidade e da garantia da qua-
“O trabalho técnico da ISO consiste no
lidade cujo foco se dá na melhoria contínua.
desenvolvimento de acordos internacionais,
Por ser de caráter genérico, a aplicabilidade
mediante processo consensual, para apli-
da norma pode ocorrer em qualquer tipo e
cação voluntária” (BALLESTERO-ALVAREZ,
tamanho da organização.
2010, p. 172).
As principais normas são:
O representante da ISO no Brasil é a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas),
• NBR ISO 9000:2005 – Fundamentos
que é responsável pela tradução e pela edi-
do sistema de gestão da qualidade e
ção dessas normas no Brasil.
conceitos.
A ISO 9001 é estruturada em nove seções:
• NBR ISO 9001:2008 – Requisitos do
• Introdução.
sistema de gestão da qualidade, para
que a empresa demonstre a capacida- • Escopo.
de de fornecer produtos ou serviços
que atendam aos crescentes requisi- • Referência normativa.
tos regulamentares e requisitos dos
clientes, aumentando a sua satisfação. • Termos e definições. Figura 4. Modelo de um SGQ. Fonte: ABNT (2008).

24 25
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

É possível verificar a implantação do sis- c) procedimentos documentados e registros assim, para que não haja a necessidade de • A forma de registrar o histórico dessas
tema de gestão da qualidade como parte do requeridos por esta Norma; uma grande quantidade de documentação, revisões.
processo que transforma os requisitos do recomenda-se que sejam formalizados ape-
d) documentos, incluindo registros, determina-
cliente em sua satisfação. A melhoria contí- dos pela organização como necessários para nas procedimentos importantes, prioritários • A determinação de uma estrutura de
nua do sistema de gestão da qualidade inclui assegurar o planejamento, a operação e o ou difíceis. identificação dos documentos (incluin-
a responsabilidade da alta direção interagin- controle eficazes de seus processos. do os externos).
do com a gestão de recursos, a realização do
produto e a medição, análise e melhoria. O manual da qualidade é um documento
• A metodologia de cópia controlada.
que serve de concentrador de documentações
para a norma. Nele devem estar presentes:
• A forma de impedir que um documen-
• Escopo do sistema. to obsoleto seja utilizado.

• Descrição de como os processos do


Esse procedimento deve obrigatoriamente
sistema de gestão da qualidade intera-
estar formalizado, seja em meio impresso ou
gem.
digital.

• Procedimentos documentados pelo sis- O controle de registros é um procedimen-


tema. to que deve definir como os registros serão
controlados uma vez que sejam criados pelo
Somente seis procedimentos possuem a sistema de gestão da qualidade. Para isso, é
exigência de ser documentados (formaliza- importante definir como eles são:
dos):
• Identificados.
• Controle de documentos.
• Armazenados.
Sistema de gestão • Controle de registros.
Passada a definição da documentação do
Os requisitos de sistema de gestão da • Protegidos.
• Controle de produto não conforme. sistema (seja ela obrigatória ou não), faz-se
qualidade focam-se nos de documentação, necessário criar um procedimento para con-
tais como o manual da qualidade, o controle • Auditoria interna. trole de documentos. Ele tem como objetivo • Recuperados.
de documentos e o controle de registros. determinar a forma como a organização fará
• Ação corretiva. esse controle e exige: • Retidos.
A norma ISO 9001:2008 estabelece:
• Ação preventiva. • A determinação de uma hierarquia de • Descartados.
A documentação do sistema de gestão da
qualidade deve incluir: aprovação e elaboração de documen-
Apesar de a norma exigir somente esses, tos. Uma vez que a documentação esteja defi-
a) declarações documentadas da política da
pode ser que a empresa ache importan- nida, bem como seu controle, estudam-se as
qualidade e dos objetivos da qualidade;
te documentar outros procedimentos que • A periodicidade com que os documen- responsabilidades que a alta gestão deve ter
b) um manual da qualidade; tragam apoio ao sistema de gestão. Sendo tos serão revisados. no sistema.

26 27
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Responsabilidades da alta direção recursos necessários para o cumprimento da de gestão da qualidade, tais como gestão da mover a sua melhoria. Isso inclui a análise
norma. empresa, do sistema ou da produção. de:
Uma vez que, para implantar o sistema
de gestão da qualidade, são necessários re- Como parte do comprometimento da alta • Política da qualidade.
cursos para apoiar a mudança de estrutura gestão com o sistema, a elaboração da polí-
e o envolvimento direto dos empregados, é tica deve seguir algumas características bá-
• Objetivos da qualidade.
fundamental que a alta gestão da empresa sicas:
esteja comprometida com essa realização.
Para isso, ela deve se assumir como com- • Ser específica ao negócio. • Resultados de auditorias anteriores.
prometida com a qualidade e, assim, deve
comunicar a toda a organização o quanto é • Reclamações de cliente.
• Enfatizar o atendimento aos requisitos
importante atender aos requisitos do cliente
de clientes.
e aos regulamentares. Fazendo isso, a em- Sendo mais específico com relação à defi- • Desempenho de processo.
presa conseguirá um diferencial competitivo. nição de responsabilidades e autoridades, a
• Enfatizar o atendimento aos requisitos
alta gestão deve indicar, dentre seus mem-
estatutários. • Conformidade de produto.
bros, um representante que, além das suas
atividades diárias, deverá ser responsável
• Enfatizar o compromisso com a me- por garantir a implantação do sistema de • Situação das ações preventivas.
lhoria contínua. gestão da qualidade:
• Situação das ações corretivas.
Depois de definir a política, a alta gestão • Liberando recursos.
deve comunicá-la a todos os funcionários e • Ações de acompanhamento das análi-
permitir que sejam criadas ferramentas para • Servindo de exemplo e apoiando a ses críticas anteriores pela direção.
o seu entendimento e a sua aplicação na or- conscientização dos funcionários.
ganização. A empresa deve definir também
• Mudanças que possam afetar o siste-
os objetivos e as metas da qualidade, com • Relatando aos demais integrantes da
ma de gestão da qualidade.
base na política, para que os requisitos rela- direção o desempenho do sistema.
cionados a produtos sejam atendidos. Para
• Recomendações para melhorias dadas
todos os objetivos, devem ser relacionados A alta gestão também deve garantir que
por especialistas e por envolvidos no
os responsáveis pelo seu cumprimento. De- formas de comunicação sejam definidas para
processo.
finir planos de ação para garantir que eles cada um dos níveis da empresa em todos os
serão atendidos também é uma ação que en- assuntos referentes à qualidade, sendo que
volve a alta gestão da empresa. os canais de comunicação devem atingir a to- O resultado da análise crítica deve gerar:
Além da comunicação, a empresa deve dos os colaboradores.
definir a política da qualidade e seus objeti- No entanto, não é somente nos objetivos • Melhoria da eficácia do sistema de
vos, bem como analisar o sistema de gestão e nas metas que devem ser definidas respon- Por fim, periodicamente, a alta gestão deve gestão.
da qualidade periodicamente de forma a ga- sabilidade e autoridades. Isso ocorre para se reunir e discutir os assuntos relacionados
rantir a melhoria dele e ter base para liberar todas as questões relacionadas ao sistema ao sistema de gestão com o objetivo de pro- • Melhoria da eficácia dos processos.

28 29
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Melhoria do produto. periência que faz com que o colaborador exe- Por fim, os requisitos do ambiente de tra- realização dele. Nessa fase, a empresa deve
cute corretamente suas atividades e, dessa balho são aqueles relacionados à execução planejar todos os processos necessários para
• Identificação das necessidades de re- forma, garanta o atendimento aos requisitos. da produção efetiva, tais como iluminação, a construção do produto ou do serviço, in-
cursos. Caso algum colaborador não possua as com- ruído, umidade e temperatura. Cabe à orga- cluindo os documentos necessários, os re-
nização garantir que o seu produto final (seja gistros, as formas de controle, os recursos
petências necessárias, cabe à organização
ele produto ou serviço) seja desenvolvido necessários e os requisitos específicos da-
A empresa não pode, no entanto, se es- tomar providências que supram essa ausên-
sob condições adequadas e controladas. quilo que a empresa quer disponibilizar no
quecer de registrar a análise crítica para que cia. Qualquer ação tomada na disponibiliza-
mercado.
sempre haja acompanhamento de seus re- ção desses recursos deve ser registrada. Desenvolvimento e realização do pro-
sultados. duto

Recursos Uma vez que a alta direção esteja cons-


ciente de sua importância no sistema de ges-
Para a correta implantação e a continui-
tão e que os recursos tenham sido devida-
dade do sistema de gestão da qualidade, é
mente liberados, faz-se necessário entender
necessária a liberação de recursos. Dentre os
as etapas da execução do processo produtivo
principais tipos de recursos a ser liberados,
(item 7 da norma NBR ISO 9001). São elas
tem-se: Quando os processos para a produção fo-
(ABNT, 2008):
ram definidos, a empresa deve negociar o
• Recursos financeiros.
• Planejamento da realização do produ- produto desejado pelo cliente. Essa etapa,
Com relação aos requisitos de infraestru- chamada de processos relacionados ao clien-
to (item 7.1 da norma).
• Recursos humanos. tura, é fundamental que a empresa defina te, é composta por determinação de requisi-
e permita a aquisição (seja ela definitiva ou tos relacionados ao produto, análise crítica e
• Processos relacionados ao cliente
temporária) de recursos de apoio ao negócio comunicação com o cliente.
• Recursos de infraestrutura. (item 7.2 da norma).
para garantir o atendimento aos requisitos
Primeiro, a empresa precisa determinar os
do produto, tais como:
• Recursos de ambiente de trabalho. • Projeto e desenvolvimento (item 7.3 requisitos que são importantes para os clien-
• Edificações. da norma). tes na solicitação de seu produto. Ela deve
Com relação aos recursos financeiros, também fazer um levantamento de requisi-
a qualidade deve ser enxergada como um • Aquisição (item 7.4 da norma). tos que não foram mencionados pelo cliente
• Espaços.
complemento do processo produtivo, e todos e que podem exercer alguma importância na
os investimentos relacionados a ela devem sua satisfação, quaisquer que sejam eles, in-
• Produção e fornecimento do produto
estar relacionados à capacidade da organiza- • Processos de apoio. clusive os legais.
(item 7.5 da norma).
ção em agregar valor.
Após levantar esses requisitos, a organiza-
• Instalações.
Com relação aos recursos humanos, há • Controle de equipamento de monito- ção possui condições de avaliar se tem condi-
uma ligação grande entre o processo produ- ramento e medição. ções de atendê-los. Caso haja possibilidade,
tivo e as competências de quem executa as • Softwares. deve concretizar o acordo com o contrato,
atividades. A competência é um conjunto de A primeira etapa relacionada ao desen- registrando todas as análises e decisões to-
habilidades, formações, treinamentos e ex- • Tecnologia. volvimento do produto é o planejamento da madas. Se mesmo após o fechamento do

30 31
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

contrato houver necessidade de alterar algu- • A aplicação das leis de produção. • Equipamentos adequados. Se durante a etapa de produção houver
ma característica do produto, o cliente deve necessidade da utilização de matéria-prima
ser informado para que ao final não haja di- • Os requisitos e processos de aceitação • Utilização de equipamentos de contro- ou algum produto do cliente, cabe à empresa
vergências entre as partes. le. analisar se o que é fornecido está de acordo
do produto.
com o processo a ser realizado, identifican-
do se efetivamente será utilizado. Todos os
• Os requisitos para utilização do produ- • Procedimentos de monitoramento.
resultados de análise nessa etapa devem ser
to de forma adequada. devidamente registrados.
• Atividades de liberação do produto.
Qualquer análise realizada sobre o projeto As embalagens, bem como o manuseio do
produto, devem ocorrer de forma que não
deve ser registrada, o que inclui registros de: • Atividades de entrega do produto.
haja qualquer alteração no produto final até a
• Verificação do projeto. entrega para o cliente.
• Atividade de pós-entrega do produto.
Por fim, a última etapa do desenvolvimento
• Validação do projeto.
do produto está relacionada ao controle dos
equipamentos utilizados na produção. Eles
• Controle de alterações do projeto.
devem ser cuidadosamente controlados, o
que inclui controle de calibração, ajuste, ava-
Finalmente, a empresa deve criar canais Para dar início ao processo produtivo, após liação de software de controle etc.
de comunicação que permitam que o cliente a definição do projeto, é necessário entender
possa contatar a empresa em caso de even- as especificações das matérias-primas e dos Medição, análise e melhoria
tuais dúvidas. serviços necessários e a avaliação dos forne-
A norma ISO 9001 contempla a medição e
cedores. Essa etapa chama-se processo de
Após a definição do que deverá ser rea- o monitoramento do sistema de gestão, bem
aquisição. Toda matéria-prima deve, além de
lizado, a organização deve criar um projeto como suas melhorias. As etapas relacionadas
ter seus requisitos definidos, ser avaliada na a esse tópicos são:
para o desenvolvimento desse produto, con-
entrega antes de ser inserida no processo de
siderando os requisitos do cliente e os pro-
produção. Da mesma maneira, os fornece- • Satisfação dos clientes.
cessos organizacionais. No projeto, devem
dores devem ser avaliados e periodicamente
ser determinados:
reavaliados para que se verifique se podem • Auditoria interna.
• As características do funcionamento continuar atendendo ao fornecimento.
do produto. Nessa etapa, é também realizada a valida-
• Controle de produto não conforme.
O processo produtivo propriamente dito é ção dos processos toda vez que um produto
• As características de avaliação de de- a etapa de produção e fornecimento de ser- não puder ser verificado. A identificação e a
• Análise de dados.
sempenho. viço e envolve temas como: rastreabilidade também ocorrem nesse pon-
to, ou seja, deve ocorrer a identificação de
• As informações sobre projetos ante- • Informações sobre produto. todas as fases do processo e de seus com- • Ação corretiva.
riores que podem servir de estrutura ponentes e o levantamento do histórico do
para novos projetos. • Instruções de trabalho. processo produtivo. • Ação preventiva.

32 33
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Essas informações deverão ser formatadas • Reavaliar as questões relacionadas à problemas ocorridos e estabelecer uma forma
para a etapa de análise de dados e a conse- conformidade e registrar todos os re- de investigá-los a fim de evitar que se repitam.
quente tomada de decisões sobre melhorias sultados e ações tomados. As ações decorrentes dessa investigação são
do sistema. chamadas ações corretivas. Por outro lado, as
Com isso, entende-se que esse procedi- ações preventivas decorrem da investigação
Outra forma de avaliar se o sistema de
mento apoia a resolução dos problemas re- de problemas potenciais e são tomadas para
gestão funciona e está implementado efi-
lacionados ao produto quando identificados. evitar que eles ocorram.
cazmente é pela auditoria interna. A norma
estabelece que se crie um procedimento do-
cumentado para definir os critérios de audi-
Auditoria
toria, a periodicidade com que ela é realizada
O sistema de gestão da qualidade, uma
e a competência dos auditores. O próximo
vez implantado, precisa ser avaliado. Uma
item deste material abordará esse tópico em
das formas mais comuns para essa avaliação
detalhes.
é por meio da auditoria, que é realizada com
Mesmo controlando os processos, alguns base na norma ABNT NBR ISO 19011:2012.
Para qualquer organização que quer se produtos podem ainda não sair conforme
planejado. Nesse caso, a organização deve As auditorias podem ser classificadas em
tornar competitiva, é fundamental saber o
tomar providências para que aqueles nessas três tipos:
que o cliente pensa ao seu respeito. Sendo
condições não sejam entregues ou utilizados.
assim, a etapa de avaliação da satisfação • Auditoria de primeira parte: É a audi-
Para isso, ela deve tomar uma destas ações:
considera uma metodologia que envolva: toria interna. Pode ser realizada tanto
• Definir formas para corrigir o proble- por colaboradores da empresa devida-
• Pesquisas de satisfação.
ma (seja relacionadas aos requisitos A completa avaliação de um sistema de ges-
mente formados como por consultores
ou à utilização). tão depende de um conjunto de dados que,
• Informações sobre a qualidade do pro- contratados, desde que a coordenação
analisados em conjunto, permitem identificar
duto entregue. seja da própria organização.
situações que impactam o sistema, direta ou
• Em caso de liberação do produto para
indiretamente.
utilização, é necessário estabelecer as
• Pesquisa de opinião do usuário. • Auditoria de segunda parte: É a audi-
pessoas autorizadas para permitir isso
Essa análise de dados deve ser realizada toria em cujo resultado uma empresa
(incluindo o cliente). considerando satisfação do cliente, requisitos
• Avaliação de perdas. diferente da auditada tem interesse.
de produtos estabelecidos, conformidades
Um exemplo é a auditoria entre cliente
• Definir ações que impeçam as utiliza- dos produtos finais, avaliação dos processos
• Avaliação de crescimento do negócio. e fornecedor.
ções anteriores no caso de liberação de produção e possibilidades de melhoria das
do produto com inadequação quanto atividades da organização.
• Reclamações do cliente. ao uso. • Auditoria de terceira parte: É a au-
As melhorias organizacionais ocorrem de ditoria realizada por um órgão inde-
• Relatório de fornecedores. duas formas: pelas situações que ocorreram pendente. Um exemplo é a audito-
• Definir formas de controlar os efeitos
na empresa ou pelas que podem ocorrer. No ria de certificação da qualidade ISO
gerados pela utilização desse produto
primeiro caso, a empresa deve registrar os
• Relatório de distribuidores. não conforme. 9001:2008.

34 35
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Os objetivos da realização de uma auditoria são:


5.2 Estabelecendo os objetivos do programa de auditoria

• Melhorar o sistema de gestão. Planeja

5.3 Estabelecendo o programa de auditoria


5.3.1 Papéis e responsabilidades da pessoa que gerencia o programa de auditoria

• Atender a requisitos externos e certificações. 5.3.2


5.3.3


Competência da pessoa que gerencia o programa de auditoria
Determinando a abrangência de um programa de auditoria
5.3.4 Identificando e avaliando os riscos do programa de auditoria
5.3.5 Estabelecendo procedimentos para o programa de auditoria
5.3.6 Identificando os recursos para o programa de auditoria
• Manter a confiança do cliente.
Competência e avaliação de
5.4 Implementando o programa de auditoria
auditores (Seção 7)
5.4.1 Generalidades
• Avaliar a eficácia do sistema de gestão. 5.4.2 Definindo os objetivos, escopo e critérios para uma auditoria individual
Fazer
5.4.3 Selecionando os métodos de auditoria
5.4.4 Selecionando os membros da equipe de auditoria
5.4.5 Atribuindo responsabilidades para uma auditoria individual ao líder da equipe de auditoria Realizando uma
5.4.6 Gerenciando os resultados do programa da auditoria auditoria (Seção 8)
• Avaliar se os objetivos e a política da organização estão compatíveis. 5.4.7 Gerenciando e mantendo registros do programa da auditoria

As auditorias são realizadas com base em princípios para se tornar confiável e eficaz, ge- 5.5 Monitoramento do programa da auditoria Chegar

rando informações confiáveis sobre as organizações:

• Integridade. 5.6 Análise crítica e melhoria do programa da auditoria Agir

• Apresentação justa. Figura 5: Fluxograma do processo para gerenciamento de um programa de auditoria. Fonte: ABNT (2012).

• Cuidado profissional. Os objetivos da auditoria são baseados em:

• Prioridade da direção.
• Confidencialidade.
• Características de processos, produtos e projetos.
• Independência.
• Mudanças em processos, produtos e projetos.

• Abordagem baseado em evidências. • Questões comerciais como custos e prazos.

A realização da auditoria em uma empresa que implanta um sistema de gestão dá-se a • Requisitos do sistema de gestão.
partir da elaboração de um programa de auditoria. Este deve incluir os objetivos da audi-
• Maturidade do sistema de gestão.
toria, a abrangência, a duração, a localização, o procedimento, os critérios, os métodos, os
recursos necessários e a definição da equipe auditora. Além disso, é fundamental o esta- • Requisitos legais.
belecimento de controles para que os objetivos sejam alcançados. A figura 5 demonstra as
etapas de um programa de auditoria. • Requisitos contratuais.

36 37
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Requisitos para avaliar fornecedor. • Persistente. • Objetivos da auditoria. cialidade e à segurança da informação e as
ações de acompanhamento.
• Expectativas e necessidades das par- • Decisivo e firme. • Escopo, incluindo unidades funcionais
tes interessadas (stakeholders). e organizacionais.
• Consciente.
• Desempenho do auditado a partir de • Métodos e procedimentos da audito-
reclamações do cliente, falhas e inci- • Colaborativo. ria.
dentes.
Os conhecimentos dos auditores devem • Equipe de auditoria.
• Resultados de auditorias anteriores. incluir:
• Contatos dos auditados.

As auditorias são individuais e específicas • Localização, datas e duração das ativi-


com relação a objetivos, escopos e critérios dades de auditoria.
documentados. Para isso, as equipes de au-
ditoria devem ser competentes para a ava- • Alocação de recursos.
liação.
• Informações adicionais sobre proble-
A competência dos auditores está relacio- mas e impactos na auditoria.
nada com:
• Formação. No entanto, o programa de auditorias pode
Após a emissão do relatório, a organiza-
ser modificado a depender:
• Treinamento. ção é responsável por avaliar as observações
• Das constatações da auditoria.
emitidas pela equipe auditora e tratar as não
• Experiência. conformidades encontradas. Esse tratamento
• Do nível de eficácia do sistema de ges-
tão. inclui a investigação da causa raiz, a determi-
• Habilidade.
nação de um plano de ação e a avaliação de
• Princípios de auditoria, procedimentos • Das mudanças do sistema de gestão. eficácia das ações tomadas. As ferramentas
Com relação ao comportamento do auditor, e métodos. utilizadas para tanto serão estudadas no ca-
é fundamental que ele seja: • De quaisquer outras alterações, como: pítulo 6 desta disciplina.
• Sistemas de gestão. requisitos da norma, requisitos legais,
• Ético.
requisitos contratuais ou outros resul- Faz-se também necessário avaliar se a au-
• Documentos da organização.
• Mente aberta. tantes dos comprometimentos organi- ditoria foi corretamente realizada. Para isso,
• Contexto organizacional. zacionais. avalia-se não só se os objetivos dela foram
• Diplomático.
atendidos, mas também se os auditores
A equipe de auditoria possui um membro Após a auditoria, é confeccionado um rela- conseguiram desempenhar corretamente as
• Observador.
que, além de auditar, coordena o processo de tório com as principais informações sobre as suas funções.
• Perceptivo. auditoria, o chamado auditor líder. Ao plane- constatações. Esse relatório final deve levar
jar uma auditoria, ele deve ter informações em conta o idioma, o conteúdo, a distribui- Como um programa de auditoria é com-
• Capaz de se adaptar às situações. sobre: ção, as questões relacionadas à confiden- posto por diversas atividades, segue abaixo

38 39
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

uma proposta de sequência adotada pela • Reunião de abertura. Outro item importante na execução da au- Ao encerrar uma auditoria, a organização
ISO 19011 (ABNT, 2012): ditoria é a reunião de abertura. Ela tem como deve ter a noção de que, a partir daquele
• Análise documental durante a
• Início da auditoria: objetivo: momento, cabe a ela o tratamento adequado
execução da auditoria.
• Esclarecer o objetivo da auditoria. das constatações, no sentido de aprimorar o
• Contato inicial com o auditado. • Comunicação. sistema de gestão a partir da análise realizada.
• Apresentar a equipe auditora.
Entender a importância desse item é um
• Determinação da viabilidade da • Determinação das responsabili-
• Garantir que o planejamento seja cum- grande passo rumo à melhoria contínua, pois
auditoria. dades de guias e observadores.
prido. é por meio dessas constatações que serão
• Coleta e verificação das informa- possíveis novas ações e reestruturações dos
• Solucionar dúvidas relacionadas à au-
• Preparação das atividades de audito- ções. processos organizacionais no sistema de
ditoria.
ria: gestão escolhido (seja ele qualidade, meio
• Geração das constatações e pre-
ambiente ou saúde e segurança).
• Análise crítica da documentação paração das conclusões.
na preparação. Consultoria
• Reunião de encerramento.
• Preparação do plano de audito- Implantar o sistema de gestão da qualida-
• Preparação e distribuição do relatório
ria. de em uma organização nem sempre é uma
de auditoria:
tarefa fácil. Para isso, é necessário, além de
• Participação nas atividades da
• Preparação do relatório. uma equipe treinada, o apoio de uma consul-
equipe auditora.
toria experiente nessa atividade.
• Preparação dos documentos de • Distribuição do relatório.
Em contrapartida, ao término da audito- Diante da variedade de consultores, faz-
trabalho.
• Conclusão da auditoria. ria, deve-se dar um feedback aos auditados -se necessário que as consultorias se tornem
em uma reunião de encerramento. Esta deve cada vez mais competitivas. Isso ocorre por
• Auditoria de acompanhamento. considerar: intermédio de um trabalho realizado com ex-
• O relato dos métodos utilizados. celência.Quanto mais estruturado o processo
Na preparação dos documentos da audi- de consultoria, melhor o trabalho na organi-
toria, é importante considerar os planos de • A comunicação das ocorrências. zação e mais sólido o resultado final, ou seja,
amostragem, os formulários e as checklists. a certificação.
• A evidência dos pontos fortes e fracos
As checklists são listas de verificação que
da auditoria. O processo de consultoria é qualquer for-
concentram os principais pontos a ser abor- ma de proporcionar ajuda sobre o conteúdo,
dados na auditoria. • A apresentação das conclusões. processo ou estrutura de uma tarefa ou de
um conjunto de tarefas, no qual o consultor
Elas normalmente contêm, além das per- não é efetivamente responsável pela exe-
Convém que quaisquer opiniões diver-
cução da tarefa em si (STEELE, 1975 apud
guntas, os requisitos relacionados. A ideia é gentes relativas às conclusões ou constata-
COELHO, 2013, p. 13).
ções da auditoria entre a equipe de auditoria
criar uma base de questionamentos a partir
e o auditado sejam discutidas e, se possível,
da amostra definida pela auditoria sem, no resolvidas. Se não forem resolvidas, convém As ferramentas utilizadas no processo de
• Condução das atividades de auditoria: entanto, se prender a ela. que sejam registradas (ISO 19011:2012). consultoria serão detalhadas no capítulo 6.

40 41
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

É tarefa do consultor influenciar e aconselhar as pessoas, apoiando-as a realizar as coisas A venda é a parte relacionada a buscar
de maneira diferente, e ajudar na adaptação da organização aos processos necessários às clientes potenciais.
novas atividades organizacionais.
Para isso, a empresa de consultoria deve
A consultoria tem como objetivos: se apresentar, identificar as necessidades e
expectativas do cliente e elaborar a proposta
• Aumentar o valor agregado do cliente.
de consultoria.
• Solucionar problemas gerenciais.
Nessa etapa, os principais passos são:
• Solucionar problemas empresariais.
• Prospecção: Tem como objetivo gerar
• Identificar e avaliar oportunidades de melhoria. um contato inicial entre o cliente e o
consultor. Normalmente, o consultor
• Identificar e avaliar novas oportunidades de ação. busca contato com clientes potenciais,
embora a iniciativa possa ocorrer por
• Melhorar a capacitação dos colaboradores da empresa. ambos os lados, já que o cliente pode
procurá-lo para a resolução de seus
• Apoiar a gestão de mudanças. problemas.

O processo de consultoria é dividido em três partes: venda, diagnóstico e implementação. • Contato inicial: Tem como objetivo en-
A figura a seguir mostra a integração entre essas etapas: tender melhor o problema pelo qual a
A proposta de consultoria para contrata-
organização contratante está passan-
ção deve incluir:
Prospecção
do antes de se fechar o contrato de
consultoria. Visa à identificação real • Descrição do problema.
dos problemas do cliente e da possi-
Contato Inicial • Plano para trabalho.
bilidade de contribuição do consultor,
Levamento
bem como à definição dos passos se- • Resultados ou benefícios esperados.
Contratação De informações guintes do processo.
e dados • Cronograma.

Elaboração do
• Contratação: Ao fim do contato inicial, • Experiência do consultor.
Diagnóstico espera-se que um contrato seja reali-
zado. Ele deve sintetizar o que o clien- • Equipe de trabalho da empresa.
te e o consultor esperam um do outro
• Carga horária de trabalho.
Saída
Implementação
e a forma de trabalho, bem como pra-
zos, informações necessárias, grau de • Condições para o trabalho.
Figura 6. Processo de consultoria. Fonte: Coelho (2013, p. 4). comprometimento e recursos neces-
sários. • Honorários.

42 43
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

O projeto de consultoria para melhorar o • Processos e envolvidos na tomada de • Observações. te do planejamento dessa etapa, gerando o
desempenho de uma empresa deve incluir decisão da empresa. projeto de consultoria.
diagnóstico, implementação, acompanha- • Análise de dados. Após o levantamen-
mento e fechamento. • Processo, conteúdo e fluxo de infor- to dos dados, as informações são ana-
mações. lisadas. Para isso, as principais ativida-
No diagnóstico, deve-se levantar a situa- des são:
ção atual da empresa, seguindo para a aná- • Gargalos em procedimentos. • Sintetizar, organizar, agrupar e
lise desses dados e a elaboração das propos-
reduzir o volume de dados.
tas de melhorias. Sendo assim, nessa etapa • Dificuldades relacionadas a recursos.
tem-se: • Formatar dados com tabelas,
textos, gráficos.
• Levantamento das informações. • Sistema de competências.
• Criticar os processos e os siste-
• Elaboração do diagnóstico. mas atuais.
• Comportamento da alta direção.
• Identificar e quantificar as
O diagnóstico tem como etapas: oportunidades de melhorias. Para uma implementação ser bem-sucedi-
• Decidir o cronograma inicial. da, é fundamental considerar:
• Abertura dos trabalhos:
• Estruturar material para a reu- • Comprometimento de todos os envol-
• Os trabalhos são iniciados com nião final sobre o diagnóstico. vidos.
uma reunião com os profissionais
da empresa para deixar claros as • Apresentação do diagnóstico. O diag- • Comprometimento da liderança.
atividades e os objetivos dos tra- nóstico é apresentado considerando
balhos a ser realizados as informações de:
• Competências essenciais para o de-
senvolvimento do trabalho.
• Caracterização da empresa.
• Conhecer a estrutura física de áre-
as e setores relatados no diagnós- • Apresentação dos estudos. • Organização e planejamento das ati-
tico é importante para identificar vidades.
potenciais problemas e fortalecer • O levantamento de informações • Sugestão de melhoria.
as informações. pode ocorrer por meio de: Na implementação, o consultor deve:
• Comparação do que será inves-
tido com o retorno estimado. • Dar feedback ao cliente.
• Levantamento das informações. • Entrevistas.
• Realizar ajustes no plano de con-
A implementação está relacionada com
• Questionários. sultoria.
• As principais informações identi- colocar em prática as ações identificadas a
ficadas no processo de levanta- partir do diagnóstico. A garantia de que tudo • Identificar problemas de proces-
mento de informações são: • Análise de documentos. funcionará após a implantação é decorren- sos.

44 45
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Estimular o trabalho em equipe de As ações de fechamento devem incluir: Fluxograma


pessoas com formações diferentes.
Conceitualmente, podem ser encontrados vários tipos de gráficos, que podem ser utilizados para
• Estruturar a gestão de mudanças. • Preparação dos colaboradores para representação de processos, de sistemas de informação oi de representação organizacional, tais
assumir as atividades do consultor. como fluxogramas, organogramas e etc. (TACHIZAWA; SCAICO, 2006, p. 213).
• Proporcionar treinamentos ou iden-
tificar novas possibilidades. • Minimizar gradualmente a participa- É a representação gráfica da sequência de uma tarefa, um sistema ou uma rotina de
ção do consultor no projeto. trabalho, identificando os procedimentos e correlacionando-os com as unidades organizacio-
• Identificar inconsistências entre o
nais/setores que os executam (TACHIZAWA; SCAICO, 2006, p. 214).
planejado e o que está sendo exe- • Relatório final.
cutado. • Manual. As finalidades do fluxograma são:

• Reunião final.
O acompanhamento é um período no qual • Padronizar processos, procedimentos e tarefas.
o consultor deve acompanhar os resultados Mesmo com essas informações, é impor- • Facilitar a descrição de processos/tarefas.
da empresa. Normalmente é de três a quatro tante explicitar que cada projeto de consul-
meses e pode acarretar ajustes tais como: • Facilitar a localização de gargalos e itens importantes do processo estudado.
toria dependerá muito da estrutura organiza-
• Modificação de controles. cional e do negócio envolvido. • Permitir flexibilidade na representação de processos/tarefas.

• Adequação das estruturas de equipes. • Servir de instrumento para completar documentos como manuais e procedimentos.
Ferramentas da qualidade
• Permitir a visualização das áreas envolvidas, das entidades externas e dos clientes.
• Alteração de processos.
Segundo Ishikawa (1993 apud TACHIZAWA;
• Visualizar conteúdo de forma rápida e objetiva.
SCAICO, 2006, p. 208), cerca de 95% dos pro-
O fechamento do projeto ocorre após a blemas existentes em uma organização pode-
implementação e o acompanhamento das rão ser solucionados com o auxílio das sete fer-
mudanças. Ao encerrar um projeto, deve-se ramentas para o controle da qualidade. Essas
ter a certeza de que os processos implanta- ferramentas são:
dos irão continuar.
• Fluxograma.

• Folha de verificação.

• Histograma.

• Gráfico de controle.

• Diagrama de Pareto.

• Diagrama de dispersão.

• Diagrama de causa e efeito. O fluxograma é definido por uma sequência de símbolos descritos na figura 7.

46 47
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

O fluxograma pode ser representado de duas formas:


Início/Fim: ponto de início/ término ou interrupção de rotina/
procedimento. Deve surgir apenas uma vez no fluxograma • Fluxograma comum: Utilizado para descrever as tarefas realizadas em apenas uma
área.
Processamento: utilizado para representar um grupo de instruções que
executam uma função de processamento do processo/tarefa. Pode ser
utilizado para representar uma sub-rotina ou um outro procedimento/ • Fluxograma colunar: Utilizado para mostrar uma sequência de atividades com a inte-
rotina,nesse caso pode ser representada, alternativamente, pelo símbolo: gração de várias áreas.

Área de Responsabilidade Área de Responsabilidade Área de Responsabilidade


do Setor A do Setor B do setor C
Documento:representa documentos/ relatórios de todas as variedades,
e quando for o caso de mais de uma via, devem ser desenhados
outros símbolos idênticos, tantos quantos forem o número de
vias, da esquerda para a direita e de baixo para cima. A missão Início
de um determinado documento pode ser representado por:

Operação 1 Operação 2 Operação 3

Decisão: indica a possibilidade de desvios para diversos outros pontos


do processo/tarefa, de acordo com situações variáveis, devendo conter
explicitamente a pergunta que mostra uma condição ou decisão de fluxo. Operação 4

Arquivo: representa o arquivo de documentos/relatórios.Tal símbolo pode


Fim
ser utilizado para representar arquivamento definitivo quando então o
arquivamento temporário deve ser representado da seguida forma:

Figura 8. Fluxograma colunar. Fonte: Tachizawa e Scaico (2006, p. 217).

Linha de interligação/direção de fluxo: interliga símbolos Na figura 8, é possível determinar as ações de cada área ou departamento em um processo
do fluxograma e representa a direção do fluxo de de forma integrada, permitindo um maior entendimento do fluxo de atividades.
circulação de dados, informações e documentos.
No entanto, somente na representação gráfica de um fluxograma não é possível demonstrar
todas as questões específicas de um processo. Para um melhor entendimento, é necessário
Conector: vincula dois diferentes pontos do fluxo. Qunado o
procedimento/rotina é simples, ou o mesmo é modularmente contemplar outras variáveis envolvidas no processo.
elaborado, é dispensável a utilização de tal símbolo.
Uma variação muito utilizada do fluxograma é o diagrama de processo, que, além de
representar o processo, relaciona as informações de mão de obra, máquinas, materiais,
Figura 7. Simbologia dos fluxogramas. Fonte: Tachizawa e Scaico (2006, p. 218). métodos, medidas e meio ambiente.

48 49
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Gráficos de controle são gráficos que


permitem estabelecer padrões e valores e
são utilizados para monitorar o desempenho
de um processo.

O uso da carta de controle, que é uma


ferramenta do controle estatístico de pro-
cesso (CEP), tem duplo objetivo: apontar o
que está ocorrendo (efeito) e servir de base
para busca de motivos (causa) que levam a
um determinado comportamento. b) Dois pontos próximos de um
limite de controle - investigar
Na carta de controle, a linha central re-
presenta o valor médio das amostras, ou
seja, a sua condição normal, e as ocorrên-
cias são apontadas ao longo do tempo.
Figura 9. Modelo de diagrama de processos. Fonte: Produção do autor.

Os dados coletados dos processos per-


O diagrama da figura 9 deve ser preenchido da seguinte forma: mitem estabelecer os limites de controle,
cuja finalidade é determinar as condições
normais de execução do processo (O. OLI-
• Na entrada, devem ser definidas as matérias-primas (produtos ou serviços que serão
VEIRA, 2014, p. 71).
utilizados no processo). Elas são a base do processo.
c) Tendência aparente em um
Seguem exemplos de gráficos de controle
sentido - investigar
de processos.
• A saída deve contemplar o produto acabado ou o serviço final.

• O processo é o conjunto de atividades que vão transformar a entrada em saída e deve


ser desenhado com os símbolos do fluxograma, tendo em sua conclusão o produto
final.

• Após o levantamento do fluxograma, devem ser preenchidos os métodos, as medidas,


a mão de obra, o meio ambiente, as máquinas e os materiais utilizados no processo.
d) Comportamento estranhamente
a) Comportamento alternante - investigar na média - investigar
Esse tipo de diagrama permite a visualização não só das atividades de processo, mas de
todos os elementos que interagem com ele.

Gráficos de controle

50 51
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

de itens defeituosos, localização e causa dos Apesar de a finalidade dessa ferramenta ser, na maioria das vezes, o acompanhamento de
defeitos (ARAUJO, 2008a, p. 235). dados e não a sua análise, é possível identificar nela o problema.

Histogramas ou gráficos de barras

Problema:XXXXXXXXX Histograma é uma ferramenta estatística em forma de gráfico de barras que apresenta
Período: 1/Mar./00 a 31/Mar/00 a distribuição de um conjunto de dados. Ele permite a comparação de dados de categorias
diferentes para entender as suas relações. As barras podem ser horizontais ou verticais para
Tipo de defeito Frequência Total
ilustrar as comparações.
Defeito 1 ///// ///// ///// ///// / 21
e) Cinco pontos de um lado da
linha central - investigar ///// ///// ///// /////
Defeito 2 35
///// ///// /////

Defeito 3 ///// ///// ///// // 17

///// ///// /////


Defeito 4 29
///// ///// /////

Defeito 5 /// 3

Defeito 6 ///// 5

Total 110

c) Súbita mudança do nível - investigar Figura 11: Folha de verificação. Fonte: O. Oliveira (2014, p. 65).

OLIVEIRA (1995 apud O. OLIVEIRA, 2014, p. 65-6) define que as etapas para a construção
Na folha de verificação, é possível registrar:
Figura 10. Processos e cartas de controle. Fonte: O. Oliveira de histogramas são:
(2014, p. 72).

• A quantidade de vezes que algo acon-


Folha de verificação 1. Coletar os dados e ordená-los sequencialmente.
tece.
A folha de verificação ou checklist é
utilizada, por exemplo, para colher dados com
2. Escolher o número de classes e determinar o tamanho de cada uma.
base em observações amostrais referentes • O tempo necessário para que algo seja
aos itens com resultados indesejáveis, com 3. Determinar os valores extremos para cada classe.
realizado.
o objetivo de se verificar com que frequência
ocorre um evento ao longo de um período
de tempo determinado (OLIVEIRA, 1995 4. Contar e registrar o número de elementos em cada classe.
• O custo de uma operação em um perí-
apud O. OLIVEIRA, 2014, p. 63).
odo de tempo.
5. Construir o diagrama de barras.
Fornece uma lista de itens a ser conferidos
por intermédio da qual se consegue a coleta
rápida de dados para análise quantitativa. É • O impacto de uma ação em um deter-
utilizada para se obter dados sobre número minado período.

52 53
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Revelar a tendência central.

• Revelar variações.

• Revelar forma de dados.

• Fornecer informações úteis para a tomada de decisão.

• Identificar possíveis mudanças de processos.

Diagrama de Pareto

O gráfico de Pareto é uma ferramenta estatística e gráfica. Ele possibilita a identificação e a


organização dos dados de acordo com alguns aspectos de análise. Tem sido uma ferramenta
importante para apoiar a priorização de ações, quando existirem várias opções.

A análise de Pareto permite também dividir um problema grande em um número de


problemas menores e permite o estabelecimento de metas concretas e atingíveis.

900 100

810 (80%) 90

720 (90%) 80
(65%)
630 70

540 60

450 (36%) 50

350 324 40
255 30
270
180
Problema Problema 20
135
Figura 12. Construção de histogramas: exemplo de tempos de atendimento de um caixa de agência bancária. Fonte: Corrêa e Corrêa tipo1 92 89
90 tipo2 10
(2005, p.141). Problema tipo 3 Problema tipo 4 Problema tipo 5
0 0

Com o histograma, é possível:


Figura 13: Exemplo de gráfico de Pareto. Fonte: O. Oliveira (2014, p.67).
• Exibir uma grande quantidade de dados cuja interpretação em tabelas seria mais di-
fícil. No lado esquerdo do gráfico, há os valores dos problemas analisados, que nortearão as
barras; no lado direito, o percentual acumulado do problema é representado pela linha do
• Mostrar a frequência de ocorrências de valores e dados. gráfico.

54 55
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

O diagrama de Pareto pode ser utilizado para:

• Definir projetos de melhoria.

• Identificar fontes de custos.

• Identificar causas que podem afetar um processo.

• Escolher um projeto de melhoria. Figura 14. Tipos de gráficos de dispersão. Fonte: Produção do autor.

Diagrama de causa e efeito


• Identificar distribuição de recursos em um projeto.
O diagrama de Ishikawa (ou diagrama de causa e efeito ou diagrama de espinha de peixe)
Diagrama de dispersão é uma representação gráfica que permite a organização de informações por semelhança.
Também pode ser uma ferramenta de investigação de causas se aplicado à análise em um
Gráfico ou diagrama de dispersão é uma ferramenta que permite identificar a relação entre duas problema específico.
variáveis por meio de uma representação gráfica de eixos ortogonais. Em um dos eixos, devem-se
marcar os valores referentes à variável independente (eixo horizontal) e, no outro, os referentes à
O diagrama pode ser aplicado em:
variável pressupostamente dependente (eixo vertical) (O. OLIVEIRA, 2014, p. 69).

• Estudos de melhoria.
Para O. Oliveira (2014, p. 69), as etapas para construção de um diagrama de dispersão
são:
• Avaliação de causa-raiz de um problema específico.

1. Seleção de variáveis.
• Análise de processos, visando suas fontes de variabilidade.

2. Coleta de dados em pares.


• Análise de falhas, defeitos e perdas.

3. Construção do sistema de eixos cartesianos.


Para a sua construção, coloca-se o problema no lado direito do diagrama (efeito) e as
possíveis causas, no lado esquerdo, nos eixos específicos, chamados de 6M:
4. Plotagem dos pares.
• Método: especificação, procedimentos, instruções, desenhos, esquemas.
5. Geração do gráfico.
• Medição: se e quando são feitos controles, tipo e condição dos equipamentos de me-
6. Cálculo do coeficiente de correlação. dição, critério de aceitação.

• Mão de obra: treinamento, qualificação, formação, experiência, motivação, atenção,


7. Interpretação e análise dos resultados.
disciplina, dedicação, relacionamento.

56 57
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Matéria-prima ou material: dimensão, composição, propriedades mecânicas, estoca- “Estratificar é dividir um problema em ‘estratos’ (camadas) de problemas de origens dife-
gem, embalagem, transporte. rentes. A estratificação é uma ‘análise de processo’, pois é um método para ir em busca da
origem do problema” (FALCONI, 2014, p. 229).
• Máquinas: equipamentos, dispositivos, ferramentas, pressão, precisão, lubrificação,
vazamentos, manutenção, ajuste, instrumentação, fixação, velocidade, limpeza. Tachizawa e Scaico (2006, p. 209) complementam que estratificação corresponde à divi-
são ou ao desmembramento de um grande grupo de dados em grupos menores com ele-
• Meio ambiente: espaço, temperatura, iluminação, vibração, umidade, poeiras. mentos fortemente relacionados e tem como objetivo agrupar as informações em grupos ou
blocos de forma que eles possam ser mais facilmente analisados e comparados.
Para cada causa, deve-se perguntar: por que isso ocorre? A ideia é ramificar o quanto
Pode-se ainda complementar que é uma ferramenta utilizada na identificação de oportu-
for possível, encontrando o máximo de causas. A que mais se repetir é o que se chama de
nidades de melhoria da qualidade quando os dados vieram de fontes diversas, mas estão
causa-raiz.
agrupados em uma mesma base. A estratificação ocorre com a participação de todos os
envolvidos no processo, quando é questionado “como ocorre o problema?”. O conjunto das
respostas permite uma melhor análise. Segue exemplo de gráfico estratificado.

Número de acidentes do trabalho

15
14

14
13

11
11

11
10

9
Acidentes

8
Efeito

9
9

7
7
7
9

7
7
7

6
8
8
8
4

5
6

4
6
5

4
5

4
4

3
3

3
2

2
2

2
1
1
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Produção 14 13 9 7 15 2 4 6 11 10 3 9
Manutenção 9 3 5 7 9 7 8 8 2 1 5 10
Distribuição 11 14 9 7 5 7 6 8 9 3 4 2
Estoque 4 7 4 2 3 1 4 5 6 5 8 4

Período
Figura 15: Exemplo de diagrama de causa e efeito. Fonte: O. Oliveira (2014, p. 68).

Figura 16: Gráfico estratificado. Fonte: O. Oliveira (2014, p. 64).


Outras ferramentas e técnicas da qualidade
Coleta de dados
Além das sete ferramentas básicas, existem outras que podem auxiliar a tomada de deci-
são e a resolução de problemas. Após definir a situação que se deseja estudar, busca-se a coleta de dados. Esta visa obter
dados que são significativos e representativos de uma determinada situação que se deseja
Estratificação
estudar (TACHIZAWA; SCAICO, 2006, p. 209). É utilizada para:

58 59
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Verificar se um determinado desempe- Brainstorming • Decidir em conjunto qual a melhor op- sas dentre as alternativas descritas no flip-
nho é satisfatório. ção dentre as alternativas. -chat (ou no quadro branco) e no final é feita
Constitui recurso utilizado por um grupo a contagem, prevalecendo a mais votada.
de pessoas para rapidamente gerar, esclare- • Fazer um brainstorming rápido: 5 a 15
• Analisar um problema. cer e avaliar uma lista de ideias, problemas e minutos são suficientes.
pontos para discussão.

• Verificar se uma melhoria atingiu o ob- O brainstorming pode ser de dois tipos:
jetivo. • Estruturado: Há uma metodologia para
que as ideias sejam manifestadas. Tem
como vantagem fazer com que todos
Para a coleta de dados, deve-se:
participem. Por outro lado, tem como
desvantagem exercer pressão nos par-
• Definir o objetivo. ticipantes.

• Não estruturado: As ideias são mani-


• Definir claramente os limites do pro-
festadas espontaneamente, sem uma
blema. É excelente para captar o pensamento
metodologia específica. Tem como
criativo de uma equipe; nela, o importante é
principal vantagem ser uma reunião
a quantidade de ideias apresentadas, não a
• Decidir quais dados devem ser coleta- qualidade delas (ARAUJO, 2008, p. 243). mais tranquila, sem pressão. No entan-
dos. to, tem como desvantagem maior não
Plano de ação
O brainstorming pode ser feito da seguinte ter a participação de todos, já que os
forma: colaboradores mais tímidos podem fi-
“Constitui uma espécie de catálogo que
• Decidir o método a ser empregado car calados, enquanto que os mais ex-
enumera para as equipes de qualidade todas
(verificando se os dados podem ser • Escrever num flip-chart ou quadro ne- pansivos podem monopolizar o levan-
as atividades que devem ser realizadas, de
coletados). gro todas as ideias. tamento das alternativas, tornando seu
sorte a assegurar uma implementação obje-
resultado tendencioso.
tiva e regular dos objetivos de melhoria tra-
• Providenciar os recursos necessários: • A exposição das ideias de todos, ao çados” (ARAUJO, 2008, p.242).
Cabe ao condutor do brainstorming definir
mesmo tempo, evita mal-entendidos e o método de levantamento de dados a de-
serve de estímulo para outras novas. O modelo mais comum de plano de ação
• Formulários de coletas de dados. pender da complexidade do problema e do
utilizado é o 5W2H. Os “W” e os “H” signifi-
perfil dos participantes.
cam as ações e os requisitos relacionados a
• Instrumentos de medição. • Todos devem concordar com a ques-
Outra variação é a mudança na forma de elas para atingir a meta proposta:
tão, ou então esta deve ser repensada.
determinar a causa principal do problema
• Treinamento do pessoal envolvi- Se for o caso, faça uma nova redação. • What (O quê): O que será feito?
estudado. Algumas organizações optam por
do. votações em vez de definição conjunta. Sen-
• Escrever as palavras do participante. do assim, é solicitado que os colaboradores • Who (Quem?): Determinação de quem
• Realizar a coleta. Não interpretá-las. votem (em um papel) as duas principais cau- realizará as atividades.

60 61
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Where (Onde?): Local em que essas atividades serão realizadas. Relarório das Três gerações item de controle: Produção Setor: Setor de produção de material refinado
em t/dia problema: Baixo volume de produção Data: 30/09/92
Pontos
Planejamento Excutivo Resultados Proposição
• When (Quando?): Definição dos períodos para execução das atividades. Problemáticos

Objetivo: 5.936 t /ano


Razões da não
Resultado real: 5.870t /ano Objetivo: 100% ano
• Why (Por quê?): Determinação dos motivos das ações. Realizado: 98,9% Resultado real: 100,3% ano
realização da produção
-Para o aumento do
do tanque aberto
Realizado: 100,3% volume de lote da
1. Conduzir e a vácuo de 6t.
emulsão, necessária
experiência para (%)
• How (Como?): Detalhamento da forma de realizar as atividades. produzir em 6.000
102 1. Não foi possível a
a confirmação
do itens para
tanque aberto 1. Foi conduzida

(Ton)
4.000 produção até junho
100 a garantia da
a vácuo de 6t. com sucesso. com misturador de
2.000 qualidade.
98 6 t em virtude do
• How much (Quanto?): Determinação dos valores gastos na atividade. 2. Racionalizar o
2. Reduzido o 2 4 6 8 10 12 problema de queda
Resp.: João Maia
tempo de (Mês) 2 4 6 8 10 12 Prazo: 15/11/92
transporte do (Mês) da viscosidade
transporte.
líquido bruto. do RPTD.(De
Gráfico de evolução do - Se possível
260t, produzido
Para determinar o plano de ação, inicialmente são determinadas todas as ações, e depois 3. Manter constante
3. Mantido
no final do
volume de produção Gráfico de controle do índice
apenas 4% t).
efetuar uma
realizado da carga planejada produção
se complementa com as demais informações do plano em um modelo, conforme a figura 17: o volume período. combinada com o
de carga. 2. Produto que deveria
4. Análise feita. Objetivo: 2.060 t / ano Objetivo: 3.678t /ano volume do lote.
ser produzido com
Resultado real: 1,450 t /ano Resultado real: 4,419t /ano Resp.: Carlos
4. Determinar misturador de 6t,
5. Reduzido o Realizado: 70, 4% Realizado: 114.0% Augusto
gargalos no foi produzido com
tempo de Prazo: 30/11/92
What Who Where When Why How How much fluxo-grama.
cronograma 4.000 4.000
misturador de 1 t,
parceladamente,
da lead - Necessária
5. Atuar nos 3.000 3.000 ( RPTD 18,5%,
time total. a elevação da
1. gargalos
2.000 2.000
PETK 0,5).
precisão da
racionalizando. 6. Reduzido o
perspectiva da
2. tempo de 1.000 1.000 3. O Rinse Shampoo
venda. (Outras
6. Analisar a corrida. foi menor do que
divisões).
3. eficiência do 2 4 6 8 10
(Mês)
12 2 4 6 8 10
(Mês)
12
a previsão anual.
Resp.: Divisão
tanque aberto (219 t do planejado
Vendas
a vácuo de 6t. de RGSA, RGSB,
Figura 17. Modelo do plano de ação (5W2H). Fonte: Produção do autor. Gráfico de evolução do Gráfico da evolução do Prazo: Reunião
RPGA e RPGB,
volume da produção volume de produção de outros Anual em 12/12/92
produzido 6t).
do tanque aberto e maquinários (gargalos)
Relatório de três gerações (R3G) a vácuo de 6t.

É a maneira ideal de apresentar os problemas nas reuniões mostrando todo o PDCA. Figura 18: Exemplo de um relatório de três gerações. Fonte: Falconi (2014, p. 71).
Aparecem tanto as notícias boas como as ruins e também como atacar os resultados ruins
(FALCONI, 2014, p. 70) Quadro de distribuição do trabalho

As etapas para montagem de um R3G são: As organizações possuem suas atividades distribuídas pelas diversas áreas e unidades
organizacionais de acordo com requisitos específicos. Essa análise deve ser realizada consi-
• Identifique o problema. derando tanto a visão sistêmica da organização quanto os conceitos de processos e sistemas
que devem ser reformulados. Sendo assim, o quadro de distribuição de trabalho (QDT) tem
• Observe.
como objetivos:
• Analise.
• Distribuição de tarefas que serão executadas pela organização.
• Defina um plano de ação. • Redistribuição das tarefas atuais.
• Atue. • Análise da situação atual.

• Verifique. Se o resultado for bom, padronize e conclua; se não, faça uma nova análise. • Análise das mudanças para a situação desejada.

62 63
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Para essa distribuição, devem ser levados em conta: A figura 20 é um exemplo de gráfico de • Circular ou radial.
correlação temporal de percentuais de defei-
• Relação entre capacidade profissional e tarefas em análise. • Funcional.
tos correlacionados aos horários de produ-
• Concentração das tarefas e especialização dos empregados. ção. • Estrutural funcional.

• Compatibilidade das atividades executadas. • Matricial.


Organograma
• Equilíbrio no volume de trabalho dos funcionários.
Organograma é um gráfico que representa Na forma estrutural, tem como caracterís-
• Tempo ou duração das tarefas ou atividades.
a estrutura formal de uma empresa, visando tica:
• Participação dos funcionários nas tarefas no contexto do tempo total gasto. demonstrar:
• Título da organização no alto da folha
do organograma.
• O fracionamento da organização.
Duração
Atividade Frequencia Unidade Colaborador
Horas% • O retângulo representa a fração orga-
• A divisão de trabalho. nizacional ou o cargo. Ele pode estar
nos sentidos horizontal ou vertical.
Figura 19: Modelo de um quadro de distribuição de trabalho. Fonte: Tachizawa e Scaico (2006, p. 213).
• A relação superior-subordinado.
• Siglas devem ser explicitadas em le-
Diagrama de correlação genda.
• O trabalho desenvolvido na organiza-
Os diagramas de correlação são utilizados para explorar possíveis relações entre os pro- ção. Além do tipo, pode proporcionar: • Podem ser utilizadas linhas tracejadas
blemas e o tempo (correlação temporal) ou entre os problemas e suas possíveis causas (cor- desde que se identifique em legenda o
relação causal). O objetivo do uso dos diagramas como ferramenta é utilizar racionalmente • Detalhamento do tipo de tra- seu significado.
os dados muitas vezes existentes e transformá-los em informações úteis ao direcionamento balho.
das análises de problemas pelo pessoal da linha de frente (CORRÊA; CORRÊA, 2005, p. 139). • A linha contínua vertical significa au-
toridade.
• Cargos existentes.
• A linha contínua horizontal significa
0,8 • Nomes do titulares. coordenação.
% Defeitos

0,6
• Quantidades de pessoas por • A autoridade funcional pode ser inseri-
unidade. da no organograma e é superior à au-
0,4
toridade hierárquica.
0,2 • Relação funcional.
• Unidade provisória é uma unidade
criada para ação em apenas um perío-
• A análise organizacional. do de tempo.
12:00

16:00

20:00
12:00

16:00

20:00

12:00

16:00

20:00
8:00

8:00

8:00

• A linha vertical que sai da maior auto-


Os organogramas podem ser elaborados


Hora ridade hierárquica é a linha condutora
das seguintes formas:
do organograma.
Figura 20: Exemplo de correção temporal. Fonte: Corrêa e Corrêa (2005, p. 140). • Estrutural.

64 65
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• Linha vertical contínua significa autoridade hierárquica da unidade acima. O organograma circular ou radial fornece um visual mais tranquilo e reduz os conflitos
entre superiores e subordinados, uma vez que as linhas de autoridades não estão claramente
• O organograma deve agrupar unidades desde as de direção até as operacionais. identificadas.

• Agrupamentos de unidades semelhantes devem obedecer a ordem alfabética. As características desse tipo de organograma são:

A seguir, segue um exemplo de organograma estrutural. • A autoridade hierárquica é representada do centro para a periferia.

• Empresas com muitos níveis hierárquicos dificultam a elaboração. Deve ser utilizado
para empresas com estrutura simples, pois muitas unidades próximas à autoridade
dificultam a localização delas no gráfico.

• Pode ser adicionada uma legenda para a utilização de letras e número em vez do
nome da unidade.

Segue um exemplo de organograma circular.

Figura 22. Organograma circular ou radial. Fonte: Araujo (2008a, p. 170).

O organograma funcional está relacionado à forma como as unidades se relacionam no


dia a dia da organização. Suas características são:

Figura 21. Organograma estrutural. Fonte: Araujo (2008a, p. 168). • O quadro funcional não possui chefe hierárquico.

66 67
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• As ligações em linha mostram vinculação temporária, já que a cada atividade a auto-


ridade funcional muda.

Segue exemplo de um organograma funcional.

Figura 24. Organograma estrutural funcional. Fonte: Araujo (2008a, p. 173).

O último organograma é o matricial, que é resultado da estrutura tradicional acrescida de


uma formulação estrutural que se fundamenta no planejamento e na execução de projetos.

Possui como características:

• A autoridade maior da organização é a autoridade máxima e o titular da área de pro-


jetos.
Figura 23. Organograma funcional. Fonte: Araujo (2008a, p. 171).

• Há dificuldade em conciliar as duas estruturas, pois são dois focos diferentes em uma
O organograma estrutural funcional alia a estrutura do organograma estrutural às funções
mesma estrutura gráfica.
básicas das unidades organizacionais. As principais características são:

• Deve ser elaborado por partes.


• Como as equipes de projetos estão em constante mudança, há dificuldade em manter
uma estrutura nesse organograma, e ele tem que passar por revisões frequentes.
• Ocupa muito espaço.

• Ao se retirar o prolongamento dos retângulos, o organograma transforma-se no es- • A seta no gráfico significa continuidade do organograma e não deve ser utilizada em
trutural. outros modelos.

Segue exemplo de um organograma estrutural funcional. Segue exemplo de um organograma matricial.

68 69
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Para realizar um benchmarking, são • Identificar as empresas a ser


fundamentais alguns itens: comparadas.

• Considerar os processos organizacio-


nais. • Determinar o método de coleta
de dados.
• Investigar as organizações que pos-
suem as melhores práticas e que têm • Efetuar coleta.
informações valiosas
• Análise:
• Considerar organizações que supera-
ram crises.
• Identificar a lacuna de desem-
penho.
• Obedecer a um método sistemático,
estruturado, formal, analítico e organi-
zado. • Projetar futuros níveis de de-
sempenho.
• Realizar um processo de investigação:
avaliar, compreender, medir, comparar, • Integração:
apreciar.
• Comunicar descobertas de mar-
• Quantificar as informações. cos de referência.
Figura 25. Organograma matricial. Fonte: Fonte: Araujo (2008a, p. 174).
• Realizar o estudo por um tempo pro-
longado e contínuo. Deve-se evitar • Obter aceitação.
que seja uma atividade breve e única,
Benchmarking pois algumas informações só aparecem • Estabelecer metas funcionais.
após um tempo.
“Benchmarking é a contínua busca por melhores práticas, interna e externamente à • Ação:
organização, com o objetivo de acelerar a aprendizagem e levar a vantagens competitivas • Pode ser utilizado para avaliar práticas
sustentáveis” (CORRÊA; CORRÊA, 2005, p. 145). de negócio, produtos, serviços, proces- • Desenvolver planos de ação.
sos de trabalho, operações e funções.
Complementarmente, Araujo (2008b, p. 233) conceitua como uma modalidade especial de
aprendizado direcionada à revelação das melhores práticas de uma organização plenamente • Implementar ações específicas.
reconhecida como a número um do seu ramo, de seu país ou mesmo do mundo, no intuito As etapas para fazer um benchmarking
de possibilitar como resultado final um quadro esclarecedor do que poderia ser modificado (CAMP apud ARAUJO, 2008b, p. 240) são: • Monitorar progressos.
e melhorado na organização, por intermédio da comparação com a empresa referencial que
• Planejamento:
foi objeto da investigação. • Recalibrar marcos de referência.

• Identificar a referência.

70 71
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

• Maturidade 5S Na prática, para aplicação do seiri, deve- as atividades de identificação e sinalização


-se identificar e classificar os objetos e os dos objetos.
5S é um processo educacional que visa dados como necessários ou desnecessários
• Posição de liderança atingida.
promover a mudança comportamental das e realizar remanejamento de acordo com o
pessoas por meio de práticas participativas
seguinte (O. OLIVEIRA, 2014, p. 112):
• Práticas plenamente integraliza- e do conhecimento de informações, mudan-
das aos processos. ça comportamental essa que proporcione
• Objetos e dados necessários:
suporte e apoio filosófico à qualidade de for-
ma ampla e à melhoria contínua em todos
Os tipos de benchmarking são: • Usados constantemente: colocar
os âmbitos da vida humana. A denominação
5S é originária das iniciais dos nomes das o mais próximo possível do local
• Benchmarking interno: O intuito é ga- cinco atividades em japonês (BALLESTERO- de trabalho.
rantir que a organização é um conjun- -ALVAREZ, 2010, p. 276).
to de processos integrados e não de • Usados ocasionalmente: colocar
setores que não interagem. Sendo as- Os conceitos relacionados ao 5S são seiri,
um pouco afastado do local de
sim, é muito importante que as boas seiton, seiso, seiketsu e shitsuke. trabalho.
práticas de cada área sejam comparti-
lhadas com as demais. Apesar de po-
• Usados raramente, porém neces-
der ser aplicado em qualquer tipo de
sários: manter em local determi-
organização, muitas vezes isso é utili- nado.
zado em empresas que possuem uni-
Na prática, para aplicação do seiton, deve-
dades fabris diferentes de um mesmo
• Objetos e dados desnecessários: -se (O. OLIVEIRA, 2014, p. 113):
produto.

• Potencialmente úteis ou valiosos: • Identificar e rotular todos os ob-


• Benchmarking competitivo: Visa com- transferir para onde podem ser jetos.
parar o desempenho da organização úteis.
com o da concorrência. Para isso, é
• Padronizar a nomenclatura.
fundamental possuir também uma es- • Que requerem outro local espe-
trutura de controle organizada na em- cial: determinar o local e encami-
• Guardar os itens de acordo com a
presa. nhar.
frequência de utilização.

• Benchmarking funcional: Visa identifi- • Sem uso potencial: vender ou dis-


Seiri ou senso de utilização está relaciona- • Sinalizar pontos críticos como lo-
car os melhores não somente do se- por imediatamente.
do à ideia de utilizar sem desperdiçar. Trata cais perigosos, áreas restritas e
tor, mas do mercado como um todo
em uma função específica que se quer da classificação dos recursos que estão pre- equipamentos.
Seiton ou senso de ordenação está rela-
melhorar. A ideia é reunir as empre- sentes em um determinado ambiente, defi- cionado à definição de locais para armazenar
sas que se quer estudar para beneficio nindo o que irá ficar e o que irá ser retirado as coisas que são utilizadas no dia a dia do • Criar comunicação visual de fácil
mútuo. dele. trabalho. Nesse ponto também são inseridas entendimento para avisos.

72 73
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

Seiso ou senso de limpeza está relaciona- • Cumprir os procedimentos de segu- • Comprometer-se e participar do pro- • Literatura específica.
do a saber utilizar a área sem sujar. Além dis- rança. cesso de melhoria contínua.
so, devem ser atacadas as fontes de sujeira. • Contratação de consultoria
• Limpar e estabelecer um local de tra- A aplicação do 5S depende de uma série para apoio à implantação.
Na prática, para aplicação do seiso, deve- de requisitos:
balho agradável.
-se (O. OLIVEIRA, 2014, p. 114):
• Sensibilização dos colaboradores e • Contratação de treinamentos
• Estabelecer um esquema de limpeza • Difundir material educativo sobre saú- da alta gestão. de 5S.
em armários, equipamentos, mesas, de.
bancadas etc. • Nomeação do grupo responsável • Elaboração do plano de implementa-
• Promover a restauração da saúde (físi- por implantar o 5S, que terá como ção do 5S, com objetivos e prazos.
• Determinar horário e tempo para a ca, mental e social). funções:
limpeza.
• Treinamento de facilitadores (alta ges-
• Promover bom clima no ambiente la- • Definir a estrutura para im- tão, gerência e colaboradores).
• Definir responsáveis por área (inclusi-
boral. plantar o 5S na empresa.
ve as áreas comuns).
• Nomeação de comitês em cada setor.
• Identificar e eliminar as causas da su- Shitsuke ou senso de autodisciplina está • Criar um plano diretor para
relacionado com o cumprimento, de forma implantação.
jeira. • Treinamento dos comitês de cada se-
rigorosa, do que foi estabelecido. A autodis-
tor.
• Manter arquivos lógicos e físicos atu- ciplina é o aprendizado mais difícil do ser hu- • Promover o treinamento das
alizados. mano, por isso este é o conceito mais difícil lideranças de todas as áreas.
Algumas dicas importantes para que o 5S
do 5S.
• Cuidar da aparência física e condições dê certo:
• Integrar o 5S na empresa in-
fisiológicas. Na prática, para aplicação do shitsuke, teira. • Envolva as pessoas na determinação
deve-se (O. OLIVEIRA, 2014, p. 116):
dos procedimentos.
Seiketsu ou senso de saúde está relacio- • Compartilhar visão e valores. • Anúncio oficial da implantação do 5S
nado com a padronização e a manutenção na organização:
• Estabeleça prazos.
dos três sensos anteriores, além do cuidado
• Educar para a criatividade.
com a própria saúde (bem-estar físico, men- • Comunicação formal.
• Tire fotos antes e depois da implanta-
tal e social) e da melhoria contínua.
• Estabelecer padrões simples e com ção.
• Reunião para explicar a estru-
Na prática, para aplicação do seiketsu, de- procedimentos claros.
tura e as vantagens do pro-
ve-se (O. OLIVEIRA, 2014, p. 116): grama. • Determine um dia como marco do 5S
• Estabelecer comunicação clara e ob- na empresa.
• Realizar os três sensos anteriores. jetiva.
• Treinamento do grupo responsável
por meio de: Ribeiro (2006 apud BALLESTERO-ALVA-
• Eliminar as fontes de perigo. • Cumprir horários e compromissos. REZ, 2010, p. 284) alerta que muitas pesso-

74 75
Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade Gestão de Processos e Ferramentas da Qualidade

as confundem o 5S com o housekeeping. No sentido de esclarecer, o quadro a seguir mostra ARAUJO, L. C. G. de. Organização, siste- CHILD, J. Organização: princípios e
as diferenças entre eles. mas e métodos e as tecnologias de ges- práticas contemporâneas. São Paulo: Sa-
tão organizacional. V. 1. São Paulo: Atlas, raiva, 2012.
Figura 7.1: 2008a.
COELHO, João. Diário de um consultor:
________. Organização, sistemas e a consultoria sem segredos. São Paulo:
5S Housekeeping métodos e as tecnologias de gestão or- Atlas, 2013.
ganizacional. V. 2. São Paulo: Atlas, 2008b.
CONTADOR, José Celso (org.). Gestão de
Aplicável tanto em locais de
Aplicável nos locais por onde operações. São Paulo: Edgard Blucher, 2010.
trabalho quanto nos ambientes ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-
as pessoas transitam
onde as pessoas vivem MAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO
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9004:1994: Sistemas de gestão da qua- Administração de produção e operações.
Foco na mudança das pessoas Foco na transformação do ambiente físico lidade – diretrizes para melhorias de de- São Paulo: Atlas, 2005.
sempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
Método construtivista, sistêmico, CURY, Antônio. Organização e métodos:
Método indutivo, com caráter de
com caráter educativo, acordando ________. ABNT NBR ISO 9000:2005: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2006.
adestramento, imposição de padrões
normas e padrões. sistemas de gestão da qualidade – fun-
damentos e vocabulário. Rio de Janeiro: FALCONI, V. F. C. TQC: controle da quali-
ABNT, 2005. dade total (no estilo japonês). Nova Lima,
Transformação com base em MG: Falconi, 2004.
Transformação com base em investimentos
críticas e sugestões
________. ABNT NBR ISO 9001:2008:
requisitos sistema de gestão da qualida- ________. Gerenciamento pelas dire-
trizes (Hoshin Kanri). Nova Lima, MG: Fal-
Transformação com base em de. Rio de Janeiro: ABNT, 2008.
Transformação com base em investimentos coni, 2013.
críticas e sugestões
________. ABNT NBR ISO 19011:2012
LAS CASAS, A. L. Qualidade total em
Transformações em médio prazo, mas Transformações em curto prazo, mas – diretrizes para auditoria em sistema
serviços. São Paulo: Atlas, 2008.
com facilidade para a manutenção com dificuldades para a manutenção de gestão. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
LAURINDO, Fernando Jose Barbin; ROTON-
BALLESTERO-ALVAREZ, M. E. Gestão de
DARO, Roberto Gilioli. Gestão integrada de
Manutenção com base em auditorias qualidade, produção e operações. São
Manutenção com base em auditorias processos e da tecnologia da informa-
e atividades promocionais Paulo: Atlas, 2010. ção. São Paulo: Atlas, 2006.

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78

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