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Comercial I - Menezes Cordeiro
Comercial I - Menezes Cordeiro
2007-2008
CAPÍTULO I: COMÉRCIO E COMERCIANTES
Actos de Comércio
§1: SENTIDO OBJECTIVO. Os actos de comércio em sentido objectivo são aqueles que
se encontram especialmente regulados no Código [art. 2º, 1ª parte]. Esta primeira noção
denota a relação de especialidade entre o direito comercial, especial, e o direito civil, geral e
de aplicação subsidiária.
também aqueles que historicamente haviam sido consagrados no Código, embora hoje
§2: ANALOGIA. Dado o teor de tipicidade fechada do art. 2º, aliado a razões de
segurança jurídica, poder-se-ia dizer que a qualificação de actos comerciais por analogia seria
proibida.
Todavia, cumpre recordar que as normas comerciais são especiais e não excepcionais,
susceptíveis, por isso, de aplicação analógica nos termos gerais do art. 10º CC. Mas nem por
isso se diga que a aplicação analógica das mesmas deva ser automática: MENEZES CORDEIRO
impõe alguma cautela nesse raciocínio. Nestes termos, se o regime de um acto for comercial e
mesmo poderia ser qualificado como acto comercial em sentido objectivo, mediante analogia
iuris.
assim, a aplicação analógica das regras da culpa in contrahendo aos contratos comerciais.
obrigações dos comerciantes, com capacidade para tal, que façam do comércio profissão. A
natureza dos mesmos não pode, todavia, ser exclusivamente civil, e o contrário não pode
disposto no art. 230º a actos subjectivamente comerciais: o legislador originário não conhecia o
conceito de pessoa colectiva, pelo que ao elencar “empresas comerciais” referia-se, tão-só, a
A capacidade comercial dos comerciantes [art. 13º] coincide com a capacidade civil,
pelo que o art. 7º deve ser remetido para as regras gerais da capacidade de gozo e de
exercício.
Por outro lado, pratica, de facto, o comércio, o comerciante que celebre contratos e
A natureza do acto não pode ser exclusivamente civil: para MENEZES CORDEIRO serão
actos exclusivamente civis aqueles que, no momento considerado, não sejam regulados pela lei
comercial geral. OLIVEIRA ASCENSÃO vai mais longe: será exclusivamente civil o acto que o
direito comercial geral, pela sua natureza, não possa regular [inclua-se os actos relativos ao
direito da família e sucessões e as doações comerciais, vg]. COUTINHO DE ABREU assume uma
interpretação mais extensiva, nos termos seguintes: é exclusivamente civil o acto que não
tenha qualquer conexão com o comércio em geral [assim, a doação já seria considerada um
acto comercial].
§4: COMERCIANTES. Nem todos os que praticam actos de comércio devem ser
o Intenção lucrativa
São pessoas semelhantes a comerciantes, ainda que não o sejam para efeitos do art.
13º: todas as entidades autónomas que pratiquem actos com fins lucrativos e que para tal
liberais de grandes sociedades, vg, possam ser reconduzidos à categoria geral de comerciante.
direito a aplicar é o direito comercial. Será unilateral o acto de comércio só com relação a uma
A lei comercial rege quanto a todas as partes, enfim. Salvo se o contrário resultar da
própria lei.
· Singulares
· Plurais [co-obrigados]:
comerciais
demandar apenas A?
partes a esse respeito. Cumpre verificar o preenchimento dos pressupostos do art. 100º:
Uma vez mais o caso é omisso quanto a estipulação das partes: resta-nos, assim, aferir
A compra da carrinha não é um acto de comércio pelo que não se aplica o disposto no
art. 100º. Afastada a regra especial, resta-nos a regra geral: a obrigação é parciária nos termos
cada um deve responder pela dívida na sua quota-parte e o cumprimento da obrigação, por um
Considerando que a venda da carrinha é comercial, embora a compra não o seja, trata-
se de um acto de comércio unilateral, nos termos dos art. 99º: acto de comércio só com
comerciante de arte.
I contratou com a Gulbenkian o depósito dos quadros por um período de seis meses e
contratou ainda um guarda para vigiá-los.
2. Venda de cinco quadros a H por uma galeria de arte: acto comercial unilateral.
acto comercial.
no exercício do seu comércio. Requisitos cumulativos para que esta presunção se verifique:
de trabalho.
Conclui-se: J é comerciante.
A dívida é comercial?
Trabalho.
conclusão seria a mesma: o acto em causa não está regulado pela lei
comerciantes.
comercial. Os requisitos de preenchimento da presunção do art. 15º são cumulativos, pelo que
o mesmo não se aplica, nem o disposto nos arts 1691º-1d) e 1695º CC. Resta-nos concluir pela
subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns [arts 1692º e 1696º CC].
No casino, um dia, perdeu avultada quantia, e nunca pagou a respectiva dívida. Não
pagou as dívidas de fornecimento de batatas e de encomenda de iogurtes.
Requisitos de profissionalidade:
por sociedades comerciais que, ao abrigo do art. 1º CSC, têm por objecto a prática de actos de
comércio. Considera-se que as obrigações contraídas nos casinos não são naturais porque delas
cabe recurso para os tribunais [art. 1245º CC].
tal, o art. 1691º-1d) CC não se aplica e resta-nos o disposto no art. 1696º CC: as dívidas
responsabilidade de N.
de ambos os cônjuges.
comum, bastando para o facto a intenção, lato sensu, e não o proveito em termos
patrimoniais. Por outro lado, nada nos é dito em relação ao regime de separação de bens. As
excepções não se verificam e, como tal, pelas dívidas dos contratos de fornecimento de
66 Elementos activos:
o Coisas corpóreas:
o Coisas incorpóreas:
§ Posições contratuais
com o estabelecimento.
67 Elementos passivos:
estabelecimento comercial, no seu todo, sem perda de aptidão funcional [do aviamento,
enfim]. Pode ser celebrado mediante qualquer contrato com eficácia translativa da titularidade
do direito [vg compra e venda, doação, troca ou dação em cumprimento]. O principal efeito
prazo de quinze dias [art. 1038º g) CC]: facto que sustenta a sua natureza de
senhorio e locatário.
798º CC].
Elementos activos:
84 Posições contratuais:
Elementos passivos:
86 Dívidas, com consentimento do credor [art. 595º CC], excepto quando se trate
de dívidas exploracionais, indissociáveis do estabelecimento [segundo OLIVEIRA
Elementos activos:
Elementos passivos:
originário.
previsto no art. 424º CC, a aplicar quando se considere afastada a possibilidade de trespasse, a
estabelecimento:
798º CC.
computadores.
Estabelecimento comercial
98 Elementos activos
o Coisas corpóreas
vg].
o Coisas incorpóreas
residual].
o Clientela
o Aviamento
99 Elementos passivos
o Obrigações
o Dívidas
Nestes termos, o estabelecimento pode ser transmitido no seu todo, mediante trespasse:
Trespasse comercial
título oneroso.
estipulação em contrário. Nada nos é dito relativamente a convenção das partes, pelo que,
considerando que essa [§u.]“disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos
contratos que não constituírem actos comerciais”, cumpre determinar se o trespasse em causa
é comercial ou não.
interesse comercial.
comercial dele resultante é solidária [art. 100º] e R e S podem exigir a totalidade do preço
apenas a T.
Saldanha. Um dia, encerrou as suas portas, foi desmantelada [tendo todo o seu mobiliário
sido leiloado] e todos os trabalhadores foram despedidos. Nada restava, na velha pastelaria.
trespasse.
perda do aviamento da mesma, apesar de a clientela ter permanecido. “Nada restava”, diz-se.
Conclui-se: deixa de existir qualquer estabelecimento, na medida em que a pastelaria perdeu a
Nestes termos, deve-se entender que o contrato celebrado incide sobre uma mera
“estabelecimento” comercial no seu todo. Por outras palavras: não há qualquer trespasse [art.
1112º-2 a) CC mediante interpretação restritiva: deve ler-se “perda do aviamento”], mas sim a
Assim, e para finalizar: aplica-se o disposto nos arts 1059º e 424º CC, com a
arrendamento?
Nada nos é dito relativamente à perda do aviamento, pelo que se conclui ter existido
Todavia, outro destino foi dado ao prédio, pelo que há fundamento de resolução do
contrato nos termos do disposto nos arts 1038º c) e 1112º-5 CC e consequente indemnização por
Se, por outro lado, concluíssemos pela inexistência de verdadeiro trespasse, por perda
contrato pelo exercício, no prédio, de outro ramo de comércio sem o seu consentimento [art.
1112º-2 b) CC], norma que pretende obstar à simulação de trespasse, nos casos de transmissão
exploração da mesma mediante o pagamento de 2000€ por mês. No entanto, Z vende todos
Cessão de exploração
todo, sem perda de aptidão funcional. Pode ser celebrado mediante qualquer contrato com
pessoal de gozo, neste caso, embora faculte o gozo da coisa ao sublocatário, sem que, para tal,
798º CC].
1088º CC]:
1088º CC]
No caso houve uma verdadeira transmissão da cessão de exploração do
estabelecimento [art. 1112º-5, sob remissão do art. 1109º CC], embora lhe tenha sido dado
destino diverso após essa transmissão, por Z. Há, assim, fundamento de resolução do contrato
nos termos do disposto nos arts 1038º c) e 1112º-5 CC e consequente indemnização por
seguintes:
110 Competência
ainda que ilidível nos termos gerais do art. 350º-2 CC. Não tem qualquer efeito constitutivo,
nem no caso das sociedades comerciais, para MENEZES CORDEIRO [vs art. 5º CSC], excepto no
simplificação do seu regime [cfr. “empresa na hora”], a constituição da firma deve ser
roupa. A loja entrou em funcionamento. Como o negócio não corria muito bem, A não pagou
comercial os actos a ele sujeitos. Os factos relativos a comerciantes individuais que estejam
sujeitos a registo são elencados no art. 2º CR Comercial, numa tipicidade fechada. O início da
Será, todavia, esse registo obrigatório? Não, na medida em que essa alínea não se
encontra prevista na tipicidade fechada que consta do art. 15º CR Comercial. Conclui-se: o
registo comercial não tem efeito constitutivo, mas sim meramente presuntivo, dada a função
de conferir fé pública aos actos registados [art. 11º CR Comercial]. Há, todavia, mecanismos de
registo obrigatório.
Os requisitos legais da firma constam dos arts 32º e 38º RNPC: nome, completo ou
actividade praticada.
Dispõe o art. 1112º-3 CC que o contrato de trespasse deve observar a forma escrita.
considera-se que o art. 1112ºCC se aplica, afastando, assim, o art. 875º CC e 80º do Código do
o trespasse de estabelecimento?
Elementos activos:
celebram o trespasse].
por mero efeito da lei, com vista à protecção da parte mais fraca, o
Elementos passivos:
121 Dívidas [art. 595º CC]: no problema da transmissão das dívidas a solução
não deve pautar-se nem pela transmissão em bloco das mesmas, pela difícil
especificação de todas, nem pela transmissão das dívidas uma a uma, pela
interpretação negocial.
Elementos activos:
Elementos passivos:
124 Dívidas [art. 595º CC]: com consentimento do credor, para exonerar o
independente para a qual contratou pessoal, criou o site, tomou armazéns de arrendamento
concorrência.
Estabelecimento comercial
funcional, enfim.
dever que decorre da boa fé, maxime, do dever de lealdade. Quando violado, gera
responsabilidade pós-contratual nos termos dos princípios da culpa post pactum finitum. Se as
proporcional.
No caso devemos considerar que a obrigação de não concorrência não foi violada: não
geral da autonomia privada [art. 405º CC], em conjugação com as regras da interpretação
civil [art. 219º CC], manifestado na liberdade de língua na celebração de contratos comerciais
[art. 96º].
Os contratos comerciais podem ser:
o Consórcio
o Associação em participação
que podem não consubstanciar actos comerciais, mas sim actos meramente
em sentido subjectivo.
autónoma.
consumidor final
o Agência
o Concessão
o Franquia ou franshising
de forma concertada, realizar certa actividade ou efectuar certa contribuição [art. 1º RJCC].
130 O consórcio pode ser interno, sem invocação expressa [art. 5º-1 RJCC],
RJCC].
[art. 9º RJCC] e há direito de resolução com justa causa [art. 10º RJCC].
consiste na associação de uma pessoa [associado] a uma actividade económica exercida por
outra [associante], ficando a primeira a participar nos lucros e perdas que, desse exercício,
resultarem para a segunda [art. 21º RJCC]. A actividade económica exercida pelo associante
pode não ser comercial, tal como o que supra foi mencionado relativamente ao consórcio. O
associado não é visível do exterior: apenas o associante estabelece relações económicas com
terceiros.
RJCC].
o Informação
o Diligência
o Não concorrência
do metro do Porto. A ENGIL ficaria responsável pela construção dos carris; a EDIFER pela
construção das carruagens; o BES ficava obrigado a contribuir com 1.500.000€ para o
projecto.
Contrato de consórcio e contrato de associação em participação
Consórcio: contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas, exercem
De acordo com o art. 4º-2 RJCC, a contribuição prestada deve consistir em coisa
membros forem dessa espécie. O acordo designado no caso não configurava qualquer consórcio
na medida em que as contribuições de todos os membros não eram em dinheiro. O contrato não
e 4 RJCC conclui-se que a contribuição do associado, ainda que patrimonial, pode não ser em
distinguir os dois “pactos” celebrados, a cada um deve ser aplicado o regime respectivo.
A era uma figura pública com abastados recursos. B e C, inventores sem dinheiro,
A.
A contribuiu com 50.000€ e acordaram que ficaria com 10% dos lucros/ano. O acordo
A nunca recebeu a sua parte nos lucros e B e C alegam agora que aos lucros sempre
Associação em participação
Sem que haja dados suficientes para se concluir pela celebração de um consórcio entre
o art. 23º-2 RJCC que só podem ser provadas por escrito aquelas que excluam a participação do
indemnização por incumprimento contratual [art. 798º CC]. Relativamente à duração dos
sem acordo com o associado, aplica-se o disposto no art. 26º-1b) RJCC: a associação extingue-
Consórcio
Nas relações dos membros do consórcio externo com terceiros não se presume a
solidariedade activa ou passiva entre aqueles membros [art. 19º-1 RJCC], pelo que equivale a
consórcio, nestes termos, não comercializa as dívidas: cabe aferir a comercialidade, acto a
acto.
149 §u.: disposições não extensivas aos não comerciantes quanto aos
forem comerciantes. A noção legal [art. 1º RJCC] menciona a prossecução de uma actividade
económica, não necessariamente comercial, que pode até ser puramente civil [para OLIVEIRA
actos que se vão repercutir directamente na esfera jurídica de outrem. Tendo o Código
não dissociou o mandato da procuração, que só foi conseguido com os contributos de JHERING
e de LABAND. Para o Código o mandato é sempre representativo, enfim [art. 231º ss]. Cumpre
agente e o principal obriga a que o primeiro promova, por conta do segundo, a celebração de
seguintes:
facto for suficientemente sólida. Esta figura não colhe em Portugal, pelo que
norma a norma.
quais a distribuição deve ser processada. Com origem nos EUA, dada a dimensão geográfica do
país, este tipo de contrato de distribuição surge enquanto resposta quando inviáveis os
165 De serviço
166 De produção
167 Misto
vendas [uma “renda”, enfim: royalties]. Cfr o que foi mencionado supra §5, relativamente à
produtos em Portugal. J fez um excelente trabalho, mas foi além dos seus poderes,
contratando em nome do principal e recebendo dinheiro dos clientes, o que nunca levantou
problemas.
Um dia, recebeu 1000€ de um cliente e gastou tudo num casino, entregando o cartão
o preço.
contratos em nome do principal se este lhe tiver conferido, por escrito, poderes para tal [art.
2º-1 RJCA, DL 178/86]. O mesmo se diga relativamente à cobrança de créditos [art. 3º RJCA].
O negócio celebrado pelo agente que não disponha de poderes de representação carece
de ratificação, ao abrigo do art. 268º CC, por remissão do art. 22º RJCA. O CC é omisso quanto
a terceiros de boa fé, pelo que o art. 22º-2 RJCA admite ratificação tácita, quase presumida,
imediatamente eficaz [art. 23º RJCA]. MENEZES CORDEIRO reconduz este art. à representação
institucional.
aplique
No caso, cumpre concluir pela aplicação dos pressupostos do art. 23º RJCA,
não se lhe oponha. N não se opôs, pelo que os negócios celebrados por J são eficazes.
Cobrança de créditos
A cobrança de créditos só pode ser efectuada pelo agente mediante autorização escrita
do principal [art. 3º e 23º RJCA]. À cobrança de créditos aplica-se o art. 23º-1 RJCA e, não
existindo autorização, aplica-se o disposto no art. 770º CC por remissão do art. 3º-3 RJCA. Já o
disposto no art. 22º RJCA não pode nunca ser aplicado à cobrança de créditos, mas tão-só à
celebração de contratos.
176 Se não, aplicar o art. 770º CC por remissão do art. 3º-3 RJCA
Nenhum dos pressupostos do art. 23º RJCA se verifica, pelo que, segundo o art. 770º b)
exonerado? Invoca-se excepção de não cumprimento, nos termos do art. 428º CC, e encontram-
uma situação de confiança justificada [acredita que J tem poderes, que entrega o cartão em
situação de confiança quando não se opôs à celebração dos negócios por J]. Conclui-se: a
entregar os perfumes.
O principal, por seu lado, pode pedir a resolução do contrato, quando o incumprimento
seja grave [art. 30º RJCA] e cabe indemnização nos termos da responsabilidade contratual [art.
798º CC].
O dinheiro gasto no casino poderia ser enriquecimento sem causa mas, considerando
RJCA. Nesse caso, fica o principal proibido de contratar outro agente, e não concessionário,
contrato de concessão têm a mesma função, podendo mesmo o principal sair prejudicado, visto
que o concessionário tem maior margem de manobra do que o agente. Assim, onde se lê
consequente indemnização.
Tratando-se de cobrança de créditos, o art. 22º RJCA não releva, pelo que cumpre
apreciar o art. 23º RJCA. Nenhum dos pressupostos da tutela da confiança se encontra
preenchido, aplicando-se o art. 770º CC por remissão do art. 3º-3 RJCA. A obrigação do cliente,
ainda vinculado, não foi definitivamente extinta, não se aplicando as alíneas do art. 770º CC.
ao cliente, que pagará duas vezes. Há, todavia, um incumprimento contratual pelo agente,
cabendo direito de resolução [art. 30º RJCA] e consequente indemnização nos termos da
responsabilidade obrigacional [art. 798º CC] ao principal, pelo agente. O agente enriquece sem
verdadeira indemnização porque não torna indemne [sem dano], consistindo numa mera
compensação pela angariação de clientela. Não há dano, nem sequer ilicitude, pelo que não
angariação de clientela: não constitui enriquecimento sem causa porque, na verdade, há causa,
embora a lógica seja semelhante. Há ainda uma tutela do agente, além do restabelecimento do
equilíbrio do principal: pretende-se que o último não “descarte” o primeiro após obter o que
pretendia, a clientela. O agente é considerado, pelo RJCA, a parte mais fraca e carece, por
No caso não cabe indemnização de clientela [art. 33º-1 RJCA], na medida em que as
razões são imputáveis ao agente, que contribuiu para a resolução por incumprimento, ou
O agente pode contratar um subagente, regido nos termos do art. 5º-2 RJCA. A
indemnização de clientela também lhe é aplicável, ressarcida pelo agente e já não pelo
principal, desde que verificados os requisitos do art. 33º RJCA: no caso a alínea a) encontra-se
previsto o prazo de duração de cinco anos do contrato, até 2005. Todavia, o contrato
tempo indeterminado aquele cujo conteúdo continue a ser executado pelas partes, não
comunicação da denúncia, aplica-se o disposto no art. 28º-4 RJCA: o prazo é de três meses
não de cinco dias. Violou o dever de pré-aviso e deve, por isso, indemnizar o outro contraente
mesmo território
O art. 4º RJCA é uma norma excepcional que, como tal, não comporta aplicação
analógica. Existindo uma violação da obrigação de exclusividade, aplica-se o art. 30º RJCA,
Conclui-se: B pode resolver o contrato e tem direito a indemnização nos termos dos
Não o pode fazer, na medida em que essa renúncia equivaleria a uma resolução
infundada, inválida, típica dos contratos indeterminados [art. 28º RJCA].
café da marca em Portugal, com vigência por período indeterminado. A relação entre A e a
marca foi-se deteriorando, até que o franqueador denunciou o contrato com seis meses de
Contrato de franquia
celebrados por tempo indeterminado e com a antecedência mínima de três meses, no caso.
Relativamente ao direito à indemnização de clientela, art. 33º RJCA, a norma não pode
ser aplicada sem mais: devemos justificar a analogia face a cada alínea.
contrato de arrendamento.
C pretende, então, ser indemnizado pela clientela angariada, até porque não sabia
Franquia e trespasse
A: franqueado
B: franqueador
a título oneroso. Não há verdadeiro trespasse [art. 1112º-2 CC, a contrario] porque não houve
consentimento de A, franqueador: o negócio jurídico é válido, apenas é ineficaz [art. 424º CC].
franquia, mas apenas o direito pessoal de gozo sobre o imóvel. Aplica-se, pois, o regime geral
da cessão da posição contratual: não bastava a mera comunicação, mas sim um verdadeiro
consentimento do senhorio [arts. 1059º-2 e 424º CC]. Não havendo consentimento do senhorio,
há direito de resolução e correspondente indemnização, nos termos dos arts. 1047º e 1083º CC
franquia do caso, podem ser denunciados em vez de resolvidos, ainda que sem respeitar o
C não pode receber indemnização de clientela de B, com quem não tem qualquer
relação contratual, ou de A, antigo franqueado. Tem, sim, direito a ser indemnizado nos
termos gerais da responsabilidade civil por A, por não ter pedido consentimento [art. 798º CC].