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Alegações em Forma de Memoriais
Alegações em Forma de Memoriais
DA COMARCA DE XXXX
PEDRO PEREIRA PINTO, já qualificado nos autos do epigrafe processo, que lhe move
a justiça pública, por intermédio de seu advogado, infra-assinado, vem, perante Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3 do CPP, apresentar:
MM.Juiz
Restou comprovado nos autos do processo que, uma semana antes do ocorrido, Pedro
pediu emprestada a uma colega de trabalho uma arma de fogo, bem como munição
suficiente para abastecê-la por completo, com o fim de efetuar disparos contra Antonio.
Seu filho, que ficara sabendo do que o pai planejara, sem que este percebesse, retirou
todas as balas do tambor do revólver. No dia seguinte, conforme já esperava, Pedro
encontrou Antonio em um ponto de ônibus, e sacou a arma desmuniciada pelo filho.
O réu foi autuado em fragrante delito. Foi, então, denunciado pelo representante do
Ministério Público como incurso nas sanções do art. 121, caput, c/c o art. 14, inciso II,
ambos do Código Penal.
Pedro apresentou defesa escrita de próprio punho, pois não tinha condições de constituir
advogado. A audiência de instrução e julgamento foi designada e Pedro compareceu
desacompanhado de advogado.
Naquela oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu, ao aduzir que a presença do
Ministério Público se fazia suficiente.
As alegações finais de acusação foram oferecidas pelo representante do Ministério
Público, requerendo a condenação do acusado nos exatos termos da denúncia (PROC.
32456/2013).
I - PRELIMINARMENTE
Conforme o disposto no art. 396-A, § 2.º, do CPP, a resposta do acusado, não sendo
intentada no prazo legal e este não tendo constituído defensor, faz-se necessária a
nomeação de defensor pelo juiz de modo a oferecê-la no prazo de 10 (dez) dias.
Pugna-se, ademais, pela nulidade ao levar o fato apresentado mais adiante na lei penal,
explorando-a ao máximo.
De fato, é apresentado pelo artigo 564, III, “c”, do Código de Processo Penal que faz-se
nulo o ato quando se faça inexistente a nomeação de defensor ao réu presente, que não o
tiver. Ora, o acusado compareceu à audiência de instrução e julgamento e o MM. Juiz,
dada a devida vênia, incorreu em erro ao permitir o andamento do processo sem
constituir àquele um defensor.
Da mesma forma, o artigo 261 do mesmo instrumento apresenta e ratifica que nenhum
acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
A Súmula nº 523 do STF, ao expor que “no processo penal, a falta de defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o
réu”, consolida o que foi apresentado, por ser contra o direito e, reafirmando-se, uma
quebra à possibilidade de ampla defesa e do devido contraditório ao acusado.
II - DO MERITO E DO DIREITO
1. DA IMPOSSIBILIDADE DO CRIME
É improcedente e injusta a ação penal movida contra o réu, visto ter o acusado buscado
efetuar disparos com arma de fogo desmuniciada face a dita vítima, incorrendo no art.
17 do Código Penal, verbis:
O artigo transcrito assevera não ser passível de punição aquela tentativa que se mostre
infundada para alcançar um fim criminoso, tal como se apresentou no fato que em
questão. O agente não conseguiria chegar à consumação do crime, visto a ineficácia
absoluta do meio, a saber, a arma desmuniciada, para que se viabilizasse um homicídio.
Não é, pois, punida neste caso sequer a tentativa da prática ilícita.
O sobredito é corroborado pela melhor jurisprudência:
a) A nulidade do processo em epígrafe, com base nos artigos 396-A, § 2.º, do CPP,
564, III, “c”, do mesmo instrumento, visando a proteção da ampla defesa e do
contraditório ao acusado.
b) A absolvição sumária de PEDRO PEREIRA PINTO, com fulcro no artigo 397,
III, por tratar-se de crime impossível por inviabilidade do meio.
Advogado (a)
OAB/PI n° XXXX