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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

LICENCIATURA EM CIÊMCIA POLÍTICS

Disciplina: História das Ideias Políticas

TEMA:
Análise da Obra de Aristóteles “A Política”

Regime: Laboral II- Ano

Docente: Dr. Salavador Jeremias Watata

Discente: Albertina Cumbana

Maputo, Maio de 2020


Índice

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

2. O CONCEITO DE ESTADO SEGUNDO ARISTÓTELES...............................................................2

3. O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ESTADO.............................................................................2

4. O HOMEM COMO “ANIMAL POLÍTICO”................................................................................3

5. A DIFERENÇA ENTRE O DESPOTISMO E O PODER POLÍTICO.................................................3

6. DA PROPRIEDADE E DOS MEIOS DE A ADQUIRIR...................................................................4

7. DOS PODERES MARITAL E PATERNO...................................................................................4

8. ACERCA DO GOVERNO DOMÉSTICO.....................................................................................5

8.1. O PODER DO SENHOR OU DESPOTISMO............................................................................5

9. DO CIDADÃO E DA CIDADE..................................................................................................6

10. Referência Bibliográfica......................................................................................................7

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1. Introdução

Este trabalho pratico, tem como principal objectivo analisar exaustivamente o pensamento
político de Aristóteles. O nosso foco de análise circunscreve-se na sua obra principal intitulada
“A Política”.

O pano de fundo da análise da obra versa estruturalmente em torno dos seguintes conceitos e
questões:

 O conceito de Estado, o processo da sua formação e a sua finalidade;


 A significação da frase “o homem como animal politico”;
 Diferença entre o despotismo e o poder político; da propriedade e dos meios de aquisição
do poder politico;
 Aquisição natural ou económica e apreciação dos dois modos de aquisição.
 Dos poderes marital e paternal;
 Acerca do governo domestico;
 Do cidadão e da cidade;

Portanto, será em torno dessas temáticas que o presente exercício prático centrara a sua análise.
Nessa ordem de ideias, em consonância do as temáticas acima ilustradas, pretendemos dissertar,
também, sobre a origem e o fundamento do Estado, a legitimidade e o exercício do poder
politico, e o lugar e o papel do cidadão na polis.

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2. O conceito de Estado segundo Aristóteles

Segundo Aristóteles, o Estado deve ser compreendido como uma sociedade, tendo como seu
princípio e esperança o bem-comum. Nesse sentido, destaca-se como principal efeito a relação
Estado-sociedade. As sociedades (domesticas) e os indivíduos são vistos como parte integrante
do Estado. Importa referir, que olhando para o contexto em que o autor desenvolve o seu
pensamento político, dentro de um contexto político grego, a concepção do Estado que
modernamente o concebemos antes era visto como polis (cidades-estado).

Portanto, o Estado concebido como uma sociedade politicamente organizada onde se exerce o
poder político. Ele existe com um propósito, que é o bem-publico. É o interesse comum que uni
os indivíduos no seio da polis, para melhor viver, garantindo a nossa segurança.

Porém, o autor adverte-nos que não é unicamente para viver em conjunto que o Estado existe,
mas sim para bem viver em conjunto, que os homens se constituem em Estado. pois, essa a
principal finalidade do Estado.

3. O Processo de formação do Estado

Ora, se o Estado é o centro organizado e territorialmente delimitado, onde se exerce o poder


político, tendo como principal finalidade a garantia do bem de todos os indivíduos. Então,
questiona-se: como o Estado surge, segundo Aristóteles, ou seja, qual é o processo da sua
formação?

Bem, podemos dizer que o autor traça dois momentos principais da formação do Estado. Num
primeiro momento, antes de mais torna-se necessário reunir as pessoas que não conseguem viver
umas sem as outras. Isto é, num primeiro momento há uma união entre o macho e a fêmea
(homem e a mulher). Nessa relação existe uma primeira subordinação de uma a outra. Verifica-
se logo, a primeira manifestação do poder: o poder marital. Dessa união forma-se a primeira
sociedade que se traça cronologicamente da seguinte ordem: homem vs. Mulher depois a família,
de seguida o senhor e o escravo.

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O segundo momento, como consequência do anterior, da origem a aldeia, de seguida a sociedade
e por fim Estado. Com efeito, surge o Estado submetido ao governo real, formado de pessoas que
vivem sob o poder de um monarca.

4. O Homem como “Animal Político”

Pois, a sociedade que se formou de varias aldeias, famílias que se constituíram em Cidades
(Estados), possibilitou que o homem se torna-se eminentemente um ser gregário, ou nas palavras
de Aristóteles “o homem, o animal político”. Mas o que isso quer dizer?

É evidente que, todo o Estado pertence à natureza e que o homem é naturalmente feito para a
sociedade politica. O homem foi feito para viver em sociedade e para a ela servir. O homem só
pode conseguir a sua auto-realização no seio de uma comunidade politica e em interacção com
os seus semelhantes. Segundo Aristóteles, “aquele que pela sua natureza, e não como
consequência do acaso, existisse sem qualquer pátria seria um individuo detestável”.

O homem é um animal político mais social do que outros animais. O homem civilizado é o
melhor de todos os animais, portanto, aquele que não conhece nem leis nem justiça é o pior de
todos. Sobretudo, não existe algo de mais intolerável do que a injustiça armada. As armas e a
força são, por si próprias, indiferentes perante o bem e o mal.

5. A diferença entre o Despotismo e o Poder Político

O poder despótico e o poder político, são para Aristóteles coisas muito diferentes. O poder
despótico é aplicável aos escravos. Aos que não tem nenhuma liberdade. Por seu turno, o poder
político, segundo o autor, é para pessoas que a natureza honrou-os com a liberdade. O poder
politico é exercido pelo governo e o governo pertence à todos que são livres e iguais. Porém,
ambos os poderes se assemelham pelo facto de neles existir uma relação de poder de mando e a
obediência.

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6. Da propriedade e dos meios de a adquirir

Dentro do Estado, haverá necessariamente a propriedade, que consiste de bens diversificados. As


suas formas de aquisição conforme mostra o autor, serão diferentes. Variando em: aquisição
natural ou económica; aquisição artificial ou cremática.

A aquisição natural ou economia consiste na aquisição de bens alimentares provindos da


natureza. Como também, da intervenção da força humana em produzi-los. Trata-se a agricultura
que garante os alimentos, para o bem de todos os indivíduos. Por seu turno, a aquisição artificial
ou cremática, diz respeito estritamente às coisas criadas pelo homem através da sua experiencia e
arte.

Portanto, na sua apreciação dos dois modos de aquisição, Aristóteles defende que a politica não
faz os homens, mas os recebe da natureza e se serve deles. Pois, é preciso que antes, para a
economia os possa administrar, que a natureza forneça os meios de subsistência, ou do seio da
terra, ou do mar, ou de qualquer outra maneira.

Portanto, é importante a obtenção do conhecimento das coisas antes de proceder à sua aquisição:
saber quais são os melhores, onde se encontram e qual é a forma mais vantajosa de as procurar. E
quanto às maneiras de adquirir por troca, a principal é o comercio, que se divide em três partes: a
navegação, transporte terrestre, comércio sedentário; partes que diferem entre si, na medida em
que umas são mais seguras, enquanto as outras são mais lucrativas.

7. Dos Poderes Marital e Paterno

Tendo sido dividido anteriormente, o governo domestico em três poderes: o do senhor, o do pai e
o do marido. Importa esclarecer como estes poderes se manifesta e onde eles incidem. O poder
marital é o poder do marido sobre a sua mulher. E o poder paternal é o poder do homem sobre
seus filhos. Portanto, segundo Aristóteles, no que respeita aos sexos, a diferença é indelével,
qualquer que seja a idade da mulher, o homem deve conservar a sua superioridade.

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8. Acerca do Governo Doméstico

Dentro da administração do Estado (administração doméstica), existe uma estrutura


administrativa interna da organização do governo. A saber: o poder despótico (o poder do patrão
sobre o escravo); o poder marital (o poder do marido sobre a mulher); e o poder paterno (o poder
do pai sobre os filhos).

Essa é a forma como o governo doméstico se organiza segundo Aristóteles, porém, há algumas
variações entre eles, pelo que passamos de seguida a analisar.

8.1. O poder do Senhor ou Despotismo

O poder despótico é o poder do patrão sobre o seu escravo. O escravo é uma propriedade
instrumental animada. É um agente preposto a todos os outros meios. Chama-se instrumento o
que realiza o efeito e propriedade doméstica o que ele produz. O patrão é só o proprietário do seu
escravo, mas não lhe pertence. O escravo, pelo contrario, não está simplesmente ao serviço do
seu patrão, mas faz parte das suas coisas.

O homem que, por natureza, não pertence a si próprio, mas a outro, é, por natureza, escravo, é
um objecto de posse e um instrumento para agir separadamente e sob as ordens do seu patrão. A
escravidão para o autor é natural. Segundo o autor

“Não é somente necessário, é também vantajoso que haja comando duma parte e
obediência da outra, é todos os seres, desde o primeiro instante do seu
nascimento, estão, por assim dizer, marcados pela natureza, uns para mandar,
outros para obedecer”.

Portanto, pode-se verificar que a escravidão é natural. Os homens são por natureza marcados uns
para obedecerem e outros para mandarem. O animal (o homem) é composto, em primeiro lugar,
duma alma e depois de um corpo. A primeira, pela sua própria natureza, comanda, e o segundo
obedece.

De acordo com a natureza, o homem é aquele perfeitamente constituído de alma e corpo. Se nas
coisas viciosas e depravadas o corpo aparece muitas vezes a mandar na alma, isso acontece
seguramente por erro e é contra a natureza. É naturalmente escravo aquele que não tem alma
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nem meios, para se decidir a depender de outrem. De acordo com as leis da natureza, há homens
feitos para a liberdade e outros para a escravidão, aos quais, por justiça e por interesse, é
conveniente a sujeição.

Além da escravidão natural há aquela que se chama, escravidão convencional, aquela


estabelecida pela lei. Esta lei é uma espécie de convenção generalizada, de acordo com a qual o
saque feito na guerra pertence ao vencedor.

9. Do Cidadão e da Cidade

Segundo Aristóteles, o Estado é o sujeito constante da política e do governo. O Estado consiste


numa multiplicidade de partes, é a universalidade dos cidadãos. Porém, nem todos os que fazem
parte do Estado devam ser considerados como cidadãos. Havendo algum critério da cidadania.
Existem cidadãos de nascimento e cidadãos naturalizados. E também, há habitantes e cidadãos.
Os estrangeiros, os escravos, as crianças e as mulheres são habitantes e não cidadãos (são mais
nada do que supranumerários).

Portanto, o que constitui propriamente o cidadão, sua qualidade verdadeiramente característica é


o direito de sufrágio nas Assembleias e de participação no exercício do poder publico na sua
pátria. Dentro do exercício do poder, há que distinguir o poder temporário, que só se atribui por
um período determinado e que não se pode obter duas vezes seguidas. Outros tipos de poderes
não têm um período fixo e é marcado como o de julgar nos tribunais ou de votar nas assembleias.

Portanto, é cidadão todo aquele que é admitido a esta participação e é principalmente por meio
dela que o se distingue dos outros habitantes. O cidadão só existe dentro dos Estados
democráticos, e fora dali não se pode procurar o cidadão. A aptidão de participar no exercício do
poder político é o primeiro ingrediente da cidadania.

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10. Referência Bibliográfica

ARISTÓTELES, O Tratado da Política. 1977.

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