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RESUMO
Considera-se a Aids uma desafiadora expressão da questão social, pois a ela sempre estão associadas as
minorias historicamente excluídas, como por exemplo: homossexuais, mulheres, dependentes químicos.
Contudo, a doença não acomete somente pessoas empobrecidas. Ela transita meio à toda sociedade. É
relevante engendrar a Aids, não como uma demanda qualquer a ser trabalhada, mas como um problema
profundo ao qual, para qualifica-la, é imprescindível ações de múltiplos conhecimentos, interventivos,
investigativos. Sendo importante além do conhecimento científico, conhecimento humano e social, para
deste modo garantir ao ser social a dignidade de sua existência. O presente artigo tem como objetivo
apontar os aspectos sociais e políticos que permeiam a doença para o fomento de uma reflexão sobre
exclusão, movimentos sociais e políticas sociais.
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Linfócitos TCD4: Também conhecido como Linfócitos auxiliar. Esse é um dos principais organizadores
de nossa defesa, sem ele, o nosso organismo fica suscetível a varias infecções oportunista. O vírus HIV
usa a proteína Tcd4 para entrar nos Linfócitos e se multiplica, destruindo-o.
Para ilustrar a trajetória da Aids no Brasil de forma sintetizada, Parker (1997),
divide a herança da epidemia em quatro períodos nos quais se intercruzam aspectos
políticos, sociais e econômicos, a serem observados no decorrer do texto, juntamente
com a contribuição de outros autores.
Não era incomum a representação de doentes restritos a camas de hospitais, em
estado de fragilidade física e em situação sugestiva de morte iminente, e “Associado a
essa representação, o termo “aidético” passou a ser amplamente utilizado, simbolizando
a forma pela qual a sociedade reconhecia a doença e o doente”. (GRANGEIRO et al.,
2009, p. 90).
Nos primeiros anos da epidemia os pesquisadores entendiam que a doença
estava restrita ao grupo de homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas
injetáveis, isto porque nesta população existia uma incidência maior de contaminação.
Deste modo, criou-se um imaginário social que entendiam que a Aids estava restrita a
um “grupo de risco”. (Marques, 2003). Interessante é que a doença não foi detectada
somente em homossexuais masculinos. Na mesma ocasião, heterossexuais,
principalmente os hemofílicos, também foram atacados pelo HIV, via transfusões ou
mesmo relações sexuais desprotegidas.
A epidemiologia da nova doença apontou inicialmente para uma quase
exclusiva incidência entre homossexuais masculinos. As autoridades científicas
procuraram ligação intrínseca entre homossexualidade e a Aids e essa relação apareceu
na epidemiologia, na clínica, na opinião pública, no julgamento moral, e na pesquisa
conforme assina-la Parker (1997). Porém não perdurou por muito tempo.
Conforme afirma Marques (2003), o surgimento desta doença não ficou restrito
a comunidade científica, em pouco tempo alcançou os meios de comunicação. Estes
primeiros casos da doença ligada aos homossexuais, ainda com a origem da infecção
desconhecida fez com que fosse rotulada como “peste gay” ou “câncer gay”, essa
associação gerou como consequência preconceitos e discriminação em relação à doença.
Contudo, a doença não foi detectada somente em homossexuais masculinos. Na
mesma ocasião, heterossexuais, principalmente os hemofílicos, também foram atacados
pelo HIV, via transfusões ou mesmo relações sexuais desprotegidas.
Ainda conforme Marques (2003), é também no ano de 1983, que são
identificados os primeiros casos da doença em mulheres parceiras de homens com Aids,
o que começava a evidenciar que a doença não estava focalizada no grupo de risco. Em
1984 foi publicado um caso de Aids cuja a vítima era esposa de um hemofílico, o que
veio apontar pela primeira vez a possibilidade da transmissão da doença por contatos
heterossexuais. O que até então não tinha sido considerado pelos pesquisadores.
Com o aparecimento do HIV/Aids em hemofílicos, UDI, veio comprovar
depois a transmissão sanguínea do vírus, e mais tarde, com a ocorrência de casos em
crianças, ficou comprovada a transmissão de mãe para filho, podendo ocorrer durante a
gravidez, no momento do parto ou por meio da amamentação. (MARQUES, 2003). Fato
que foi significativo para descontruir à relação da doença com os homossexuais.
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A preparação desse movimento, foi estrategicamente realizado a partir de mobilizações para o evento,
foram realizadas pré- conferências em quase todos estados brasileiros com temário pré-estabelecido.
O conceito de saúde em seu sentido mais abrangente, proposto pela Oitava
Conferência versava o seguinte: a saúde é resultante das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.
É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. A saúde não
é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de determinada sociedade e num
dado momento de seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em
suas lutas cotidianas. BRAVO (2009). Neste contexto a saúde passa a ser
problematizada entrando na agenda do governo e tendo um caráter político.
A Conferência, realizada em 1986 aprovou a bandeira de viabilizar uma
“Reforma Sanitária”, com objetivo de operacionalizar mudança na configuração do
sistema de saúde. Os reformadores tinham como principio a crítica ao modelo de saúde
curativa, restrita à dimensão biológica e individual, bem como a afirmação da relação
entre organização social, organização dos serviços e práticas médicas.
(VASCONCELOS, 2002).
Os ideais propostos pela reforma Sanitária serviram de base para negociação na
reformulação da política de saúde contida na Constituição de 1988 que assumiu o
caráter de Constituição Cidadã, em virtude de seu compromisso com a criação de uma
nova ordem social. Essa nova ordem tem a seguridade social como “um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistencial social” (BRASIL,
1988, art. 194).
Conforme Bravo (2009), o texto constitucional, com relação à saúde, após
vários acordos políticos e pressão popular, atende em grande parte às reivindicações do
movimento sanitário, desfavorece os interesses empresariais do setor hospitalar, mas
não altera a situação da indústria farmacêutica. As políticas sociais são frutos das lutas
de classes, jogo de interesses, legitimação do poder e a acumulação capitalista. Então
não podemos dizer que tem um único motivo para as políticas públicas.
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Entre as células de defesa estão os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV, O HIV liga-se a um
componente da membrana dessa célula, o CD4, se múltipla dentro desta Célula e a destrói.
farmacêuticos, nutricionistas, educadores, assistentes sociais que compõem as equipes
de enfrentamento a Aids desde a década de 1980.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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QUALIAIDS Ferramenta criada pelo Ministério da saúde para avaliar os serviços ambulatoriais do SUS
que assistem adultos vivendo com HIV/Aids no Brasil. esta avaliação é realizada de 4/4 anos. A primeira
foi em 2007.
mobilização. Em relação ao SAE essas atividades compreendem ao processo de adesão
ao tratamento.
Assim, a presença de assistentes sociais nos serviços de saúde em especial as
PVHA, se justifica em função de que o adoecer envolve outras necessidades subjetivas e
objetivas, cabendo a esse profissional captar o que há de social relacionado à questão da
saúde. Entre as demandas postas para este profissional está o empobrecimento da
doença, que se expressa pela busca de benefício previdenciário, sobre tudo o BPC
(Benefício de Prestação Continuada) por não haver necessidade de contribuição, apesar
das suas condicionalidades. Cada caso exige uma busca constante de recursos sejam
jurídicos, sociais, redes familiares e ONG’s. (SANTOS, 2006).
Portanto faz mister que o profissional procure qualificação, adquira
especialização e conhecimento de todos os seguimentos sociais, principalmente do
campo do HIV/Aids que requer uma política interdisciplinar para seu enfrentamento,
considerando que esta demanda representa um vasto campo de atuação para assistente
social no qual a ação não ocorre de forma isolada, mas articulada a outros profissionais
e a diversos serviços.
REFERÊNCIAS
BRITO, Ana Maria de; CASTILHO, Ayres Euclides de; SZWARCWALD, Célia
Landmann. AIDS e Infecção pelo HIV no Brasil: Uma Epidemia Multifacetada. Revista
da Sociedade Brasileira de Medicina: Artigo de Opinião. São Paulo, 2001, v. 34, n. 2,
p. 207-217, mar./abr. 2001.
COSTA, Maria Dalva Horácio da. O Trabalho nos Serviços de Saúde e a Inserção dos
(as) Assistentes Sociais. Revista Interface, Botucatu, v. 13, n. 28, p. 233-255,
jan/mar, 2009.