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Aulas de Dpciii
Aulas de Dpciii
Aulas Teóricas
INTRODUÇÃO
Processo Executivo – meio compulsório de cumprimento, sendo uma expressão do direito de ação
(20º, nº4, CRP), sendo a sua finalidade a realização coativa da prestação (ou seja, atua-se no
processo executivo, enquanto se discute/decide no Processo Declarativo). Não comporta
contradição mas pode haver oposição – que não faz parte do processo em si)1, é decidido perante
um órgão não jurisdicional que é o agente de execução.
A execução pode ser:
1. Singular – proposta p/ 1 exequente contra 1 executado
2. Universal – processo de insolvência
Atualmente temos a execução mista restritiva que consiste num meio termo, aquando são notificados
os credores reclamantes.
É na AE que é exercido um direito à prestação do credor, caso esteja garantido por uma garantia
real, valendo no processo executivo nos termos do 604º, nº1, nº2 – extinção da garantia pela venda
executiva.
Há um certo monopólio estadual para a ação executiva, uma vez que será deduzida a coação e até
a coerção, detendo o Estado o monopólio do ius imperium. Conforme decorre dos 817º, seguintes
do CC encontram-se regulados a ação de cumprimento e de execução, sendo que no 817º e 818º
há a previsão do direito de execução ( direito do credor contra o devedor, como agressão do
património), sendo que este não pode ser realizado a não ser recorrendo ao ius imperium do Estado.
O credor tem direito à execução, e não um direito de execução que pertence ao Estado.
Há duas execuções específicas que decorrem do 827º/CC e duas execuções não específicas (v.g.
prestação de facto infungível).
A pretensão deve constar num título executivo (713º/CPC), sendo os requisitos da obrigação
exequenda:
1) Exequibilidade intrínseca;
2) Exequibilidade Extrínseca – que conste de 1 título executivo (703º CPC: não tem de ser
apenas sentenças de condenação, podendo ser títulos de crédito, documentos autênticos ou
autenticados.
Quanto às formas de processo:
1. Comum (forma única)
2. Especial (ordinária ou sumária)
546º/nº1/CPC
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Dispositivo: o processo encontra-se na disponibilidade das partes, por iniciativa do
exequente, inclusive existência de negócios substantivos celebrados entre as partes reflexos
no Processo Executivo, 602º/CC convenção quanto aos bens que podem responder pelas
dívidas ainda 806º e 810º para extinguir a própria execução, mas não tudo na disponibilidade
das partes uma vez que quanto aos títulos executivos, o elenco é taxativo;
Cooperação: manifestações com particularidades como é o caso do 726º, nº4, possibilidade
de o tribunal convidar o exequente a aperfeiçoar o requerimento executivo, dever de
cooperação do executado por exemplo quanto à transparência patrimonial;
Gestão Processual: não encontra grande expressão, exceto quanto à execução de facto
negativo ser objeto de execução, conforme os poderes de gestão processual à medida do
caso concreto;
Ponderação de interesses: entre exequente e executado, prevalecem os interesses do credor
sobre os do executado, favor creditoris ex.: possível executar uma decisão ainda não
transitada em julgado, mas não deixa de o executado tutela nos termos dos seus direitos
fundamentais
Juízo de proporcionalidade: face a proteção do executado ex.: habitação de família, despejo
versus carência económica, também haverá proporcionalidade nas medidas executivas – ex.:
na penhora, limitada nos bens necessários para liquidar a dívida e as despesas do processo;
Ponderação de interesses entre exequente e terceiros: no concurso de credores, sendo que
em termos de Direito Comparado ( Espanha, apenas singular; França/Itália todos, mas
alguns; em Portugal 786º, nº1, alínea b) CPC sendo citados para a execução os credores
que sejam titulares de direitos reais de garantia sobre o bem penhorado, é uma solução
intermédia, sendo que tem ónus sob pena de perder a hipoteca
Responsabilidade do exequente no âmbito do processo sumário a regra é a citação
posterior à penhora do executado, benefício concedido ao exequente, se após isso
descobrirmos que é indevida 866º/CPC – responsabilidade destes pelos danos
culposamente causados ao executado, eventualmente multa
[ isto deve-se ao facto de não devermos facilitar a penhora de bens, em especial imóveis na
maioria dos casos executado já se encontra em situação económica difícil – ex.: executado
paga empréstimo bancário para casa de habitação, preterição das outra dívidas sendo que
este credor ação executiva para pagar, só tem essa habitação, caso este credor o execute já
não será apenas a execução da dívida mas fica sem casa, será sempre preferível a penhora
temporária do salário).
ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO
A ação executiva:
1. Tribunal
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2. Agente de execução – é quem tem a direção processual, sendo o ius imperium em nome do
Estado (* antes quem detinha era o funcionário judicial que praticava atos materiais sob a
orientação do juiz declarativo e simultaneamente responsável pelos atos de execução)
Esta mudança de paradigma (*) deu-se com a revisão do CPC em 2003, havendo uma “privatização
da execução” segundo o Lebre Freitas o solicitador da execução hoje é o agente da execução;
contudo houve uma inspiração no modelo francês que consiste num profissional liberal que de forma
privada realiza atos de ius imperium.
Em termos orgânicos houve a criação de uma figura privada, que é indispensável para o processo
executivo, sendo parte de uma ordem profissional – “Solicitadores e Agentes de Execução” com
cédula Profissional Lei n.º 154/2015. São tidos como auxiliares de justiça, sujeitos a fiscalização por
parte de uma entidade administrativa externa.
Nem sempre estaremos no âmbito deste estatuto quando o Estado for o exequendo não se verifica
o agente de execução; ex.: dívida laboral até 30.000 euros oficiais de justiça e não agentes de
execução conforme resulta do 722º/CPC.
O estatuto conferido pela ordem profissional regular as formas de acesso à profissão, regime de
incompatibilidade e impedimentos, sujeitos a um conjunto de dever gerais: legalidade e justiça;
imparcialidade e independência; diligência; informação; sigilo e organização. Por norma designada
pelo exequente, o AE não o represente, não é seu mandatário. É importante o 721º, nº1 que trata os
honorários devido ao AE e pagamento por reembolso das despesas (tudo isto suportado pelo
exequente), que depois integram as custas de parte que serão pelo executado, aqui quanto às
custas:
Caso a penhora não chegar, possível ação à parte para reaver as custas ao executado. Rui
Pinto questiona a constitucionalidade do excesso destas custas
Portaria nº 282/2013 – conjunto de normas que estabelecem os valores, com tabelas anexas, x valor
ao início e depois vislumbrada fase a fase, se deixar de pagar as custas do AE então isto extingue-
se.
P/ além da renumeração fixa, temos uma variável percentual consoante o dinheiro recuperado ou
garantido na ação.
Como designamos o AE? É escolhido pelo exequente aquando elabora o requerimento executivo
(720º, nº1 CPC), caso não o escolha a secretaria do Tribunal irá escolher aleatoriamente com base
na lista oficial // havia considerações do AE ser tido como mandatário do exequente devido a
possibilidade de escolha contudo o Professor Rui Pinto considera que tal não é assim. // Após a
designação, o AE poderá recusar-se passado 5 dias (720º, nº8) e se não aceitar, haverá designação
eletrónica. Podemos substituir o AE quando este morre, incapaz ou cessa funções, assim como
motivos disciplinares averiguados pela comissão de fiscalização sendo sancionado e afastado do
processo; não pode ser destituído pelo juiz, mas pode ser destituído pelo exequente 720º, nº4
CPC por declaração unilateral – RP critica por faltar a tal imparcialidade. O AE tem competências
pré-executivas no procedimento extra judicial pré executivo conforme resulta da Lei 34/2014 pode
procurar bens para satisfação da dívida, incentivando ao cumprimento e como forma de prevenção
da ação executiva que pode culminar na constância do nome da lista dos devedores, caso ñ sejam
encontrados bens, terá de haver uma certidão que declara a dívida incobrável, e caso AE seja
sorteado = recuperação do IVA.
Quanto às competências executivas 719º, nº1 que atribuí a direção do processo, tida como um poder
expansivo, incluindo todas as matérias de penhora, mesmo quando a lei não o determina, conquanto
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se for em termos constitucionais jurisdicional ou atribuída por lei ao Tribunal ou secretaria não caberá
ao AE, sendo que quanto a este último também é de conhecimento oficioso.
O Juiz da Execução tem 1 competência típica e nominada. O AE tem essencialmente competência
executiva (ius imperium) mas pontualmente também não executiva como é o caso da apreciação
liminar do requerimento executivo na forma sumária nos termos do 852º/CPC podendo deferir
despachos (ex.: de fixação da modalidade de venda): Os atos do AE sujeitos as regras gerais dos
atos processuais em termos supletivos 130º/CPC e ainda serão aplicáveis as que regulam os atos
decisórios do juiz; são impugnáveis pelo regime de nulidades processuais (falta de citação 195º
CPC exemplo), regimes próprios para alguns atos (penhora, meios de oposição – incidente de
oposição, embargo de terceiro) assim como através do 615º/CPC nulidades de decisão, ex.:
falta/excesso de pronúncia, falta de fundamentação. // Naquilo que não estiver abrangido por estas
vias, há 1 meio residual de impugnar: reclamação dos atos e decisões do AE 723º, nº1, c) sendo
tal mecanismo mesmo residual, abrangendo qualquer ilegalidade que não esteja prevista, é a única
via quando violado norma de estatuto de regulamento de execução, forma de recorrer das decisões
do agente de execução face a erro de direito ou de facto. O AE ainda que entidade privada atua em
nome do Estado, mandatário deste e NÃO do exequente – 162º Estatuto da OSAE. É tido como
prossector do interesse público exercendo poderes de autoridade, respondendo o Estado em termos
civis pela atuação do AE (o exequente só responderá se proceder à escolha intencional de AE para
x finalidade).
Processo deserto: quando por culpa do exequente esteja “deserto” por mais de 6 meses, mas já não
será assim se for por culpa do AE.
Os atos do AE são administrativos.
Como suspendemos a execução?? Por variadas situações: a execução provisória; sentença não
revogada em julgado; revogado pela relação e suscetível de recurso para o supremo; suspensão da
execução em função do embargo. Extingue-se com os fundamentos do 849º/CPC:
Satisfação da pretensão do exequente ou com a falta de pagamento das quantias devidas
nos termos do 721º, nº3 CPC podendo nem chegar a iniciar-se;
Revogação da 1ª Instância por decisão definitiva do Supremo;
especiais aplicar-se-á em tudo o que não estiver previsto o regime comum: especificidades nos casos
de recurso 853º, 854º - tramitação será eletrónica.
1 – Fase inicial
Despacho do juiz pode ser indeferimento nos termos 726/2 quanto a questões substanciais,
de remessa para o tribunal competente – 104º / 105º incompetência relativa de
conhecimento oficioso; aperfeiçoamento 726º, nº4 ou citação do executado 726º, nº6,
CPC
A citação do executado pode ser realizada num moimento prévio da ação executiva, quando
seja necessário tornar a obrigação do exequente exigível e líquida // citação prévia do
executado em relação ao momento da penhora, mas mesmo no processo ordinário 727º CPC
é possível ao exequente pedir dispensa de citação prévia do executado aquando receio
fundamento de dissipação do património do executado, ocorrendo após a penhora – isto traz
problemas de se interromper a prescrição com a citação 322º/2/CC sendo a escolha do
exequente entre o risco da prescrição (antes da citação) versus salvaguarda da posição
através de uma “execução surpresa”
MTS afirma ser possível compatibilizar com o 323º, nº1/CC porque a própria formulação do
pedido de dispensa da citação prévia do executado pode ser entendida como ato que exprime
a intenção de exercer 1 direito de crédito, e aí se dará a interrupção
Quanto a contradição do exequente 728º, nº1 CPC por via dos embargos da execução 20
dias a contar da citação ou do processo declarativo, sendo possível o contraditório nos termos
do 734º ainda que tal não se tenha verificado, poderá o juiz com base em situações de
conhecimento oficioso, tomar em conta causas de oposição até à 1ª transmissão de um bem
335º, nº1 – respondem quaisquer bens do executado passíveis pela dívida 601º/CC // o inicio da
penhora varia 748º, nº1 CPC e tem quatro momentos diferentes do início da mesma:
i. 724º, nº1, l) e nº3 – quando o exequente indica quais os bens suscetíveis de penhorados,
que nos termos do 751º/CPC o AE deve seguir, a menos que violem indicação norma
legal imperativa, princípio da proporcionalidade da penhora ou regra de economia
(penhorar o que for + fácil para satisfação do crédito
ii. Falta de indicação 748º, nº2 deve o agente de execução consultar o registo 717º/CPC
conforme a situação da execução:
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Caso o AE no registo identifique que está pendente outra execução contra = executado, através das
consultas prévias do 749º, nº1 afere ainda os bens. Quando haja extinção da 1ª Execução contra o
= executado devido a falta de pagamento integral 751º/CPC o exequente vai ser notificado dessa
situação, e na falta de bens penhoráveis 748º, nº3 CPC; caso encontre bens precede a 1ª, e só
depois a 2ª; caso o exequente da 1ª não queira prosseguir, o 2º pode substituir-se a este.
Depois da penhora de bens determinados, vão ser realizadas as citações – quando o executado não
tenha sido citado antes (se já antes notificado) – ex.: penhorado bem comum para pagamento de
dívida própria, citação do cônjuge do executado; credores (e apenas estes) que detenham garantias
reais sobre os bens executados para poderem reclamar os seus créditos;
4 – Fase da Venda
Venda dos bens penhorados, e após a obtenção da quantia, irá ocorrer o pagamento – PRIMEIRO
pelas custas do AE, depois exequente, e por fim aos credores reclamantes, não esquecer do 796º,
nº2 porque a graduação de créditos marcante, em teoria poderá também suceder o exequente nada
receber; depois também poderá haver recursos analisados numa fase posterior
Processo Sumário:
i. importa o 855º, nº1: uma vez verificada a entrada do requerimento executivo no tribunal
por via eletrónica;
ii. Enviado ao AE nomeado que pode recusar/aceitar – no caso de exceção dilatória, pode
este suscitar decisão de juiz = incompetência/ilegitimidade
iii. Penhora
iv. Citado o executado para se opor à execução e à penhora, diferentes motivos para cada
uma, ambos ou apenas para 1 delas, no prazo de 20 dias conforme resulta do 856º, nº1
– há uma exceção aquando execução dos próprios autos em que foi proferida nos termos
do 626º/CPC a execução segue a forma sumária e notificação do executado, citado para
ação declarativa;
v. 855º, nº5 de forma a não se penhorar bens que agridam especialmente, se titulo executivo
extrajudicial 550/2/d) não é titulo tao forte como sentença, permite sumária, determinados
bens (Como os imóveis) só serão penhorados depois da citação do executado
Outras formas de execução
iv. 786º, nº1, a) – por analogia para norma prevista para a execução para pagamento de
quantia certa, quando necessário consentimento do cônjuge sob a alienação do imóvel
por exemplo;
Caso 3º com posse da coisa: o professor considera que depende entre uma ponderação entre o
direito do exequente e possuidor: DR > DOBRIGACIONAL. Quanto à entrega de coisas:
Móveis – vale o 861º e 755º a coisa é entregue ao exequente;
Imóveis – o exequente é investido na pose desse bem 861º, nº3, contudo excecionalidade
quando:
Imóvel e o executado o ocupe como arrendatário, terá que o excuta proteção de arrendatário
863º, nºç1 e 864º, nº1 razoes de especial carência económica ou saúde obstam à
desocupação
Imóvel arrendatário é terceiro, aplicamos o 863º, nº2
Caso não conseguimos encontrar a coisa a entregar (inexistente) ocorre a conversão da execução
através do 867º, ainda que saiba que a coisa não existe, será de entrega de coisa certa convertida
a pagamento de quantia certa.
Regra fundamental: ninguém é obrigado a cumprir a prestação de facto (v.g. pintar 1 quadro), poderá
ser de facere/fungível ou não ou non facere/infungível.
Quando facto fungível ocorre à custa do devedor quando este não queira realizar por via de terceiro
868º/CC diferentes resultados quando perda de interesse do credor = quantia equivalente, mas na
mesma AE. Ainda quando não haja prazo para tal prestação 874º, 875º sendo que o nº2 deste fixa
um prazo preliminar, possível de articular com 874º, nº2. A tramitação é a seguinte:
i. Fase inicial – pedido do exequente e eventual oposição
ii. Se não houver oposição ou improcedente, custo da prestação de facto 870º, 869º, 868º,
867º e quantificação da indemnização;
iii. Realização de facto por 3º em certos casos 871º o próprio exequente se poderá oferecer
para realizar o facto
Se facto infungível admissível nos termos do CC uma compensação compulsória pecuniária 229º,
alínea a) CC, o 626º CC referente baseada em sentença estabelece no nº4 especificidades dessa
execução, não sendo fixado prazo aplicamos 874º e 875º; havendo prazo i) fase inicial –
requerimento + oposição eventual após citação; ii) conversão desta execução numa de pagamento
de quantia devida 869º/CC -> + regime de tramitação dessa.
Caso seja um facto negativo que tem como fim último a remoção do que decorra da obrigação ex.:
prédio construído, antes obrigação de não construir 876º, b) e c); restituição da situação anterior caso
não seja possível é devida apenas 1 indemnização 876º e 877º CC. Caso seja possível: demolição
da obra, indemnização e pagamento de sanção pecuniária compulsória se for infungível. Compete
ao exequente reconstituição da situação. Os deveres de gestão processual e omissão que não os
expressamente.
CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO
Professor MTS faz coincidir o objeto de ação executiva com o direito à execução nos termos do
817º/CC, o objeto de pretensão do credor. Sendo que 817º afirma que condições:
Verificação de 1 sentença condenatória
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Versus
Professor RP crítico desta posição quando no caso sejam direitos reais, em que não há 1 pretensão
prévia do credor, o direito à execução verifica-se quando haja violação de 1 direito dependente da
colaboração da outra parte contra a sua vontade. [*] determinada, liquidável, certa ou determinável
para efeitos de admissibilidade (RP – 732º, nº5)
Exequibilidade Extrínseca
Temos de atender às classificações do título executivo, uma vez que há diferenciação de regimes:
Sentença Condenatória – 703º, nº1, alínea a) CPC sendo que toda e qualquer decisão
judicial que a título de mérito imponha 1 comando de atuação ao réu, que pode ser como
pedido único ou cumulado. Corresponde a uma ordem de cumprimento, de atuação
protagonizada pelo juiz que carece quando não seja acatada de forma voluntária, de uma AE
(≠ das sentenças constitutivas ou de simples apreciação, uma vez que estas duas últimas
são excluídas do âmbito deste TE, a menos que cumuladas, pois são sentenças unilaterais,
independentes da execução por via de colaboração do réu); também não incluí as sentenças
nas custas ou em matéria de litigância de má fé (705º) por não serem tidas como
condenações de mérito → Ex.: sentença de homologação de partilha de uma herança,
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Freitas será o caso de contrato promessa, mútuo, depósito ou seja contrato preparatório de
mútuo, banco utiliza 1º título executivo para justificar outro TE; ex.: é preferível o 1º porque
tem hipoteca associada, contrato que demonstre levantamento de dinheiro, título como prova.
Cumpre ainda referir neste âmbito as eventuais como é o caso do banco obrigado a negociar
com o cliente maior empréstimo // quanto aos contratos de execução duradoura não se
encontram abrangidos p/ esta previsão (empreitada, fornecimento) pois a obrigação de
pagamento nasce com o 1º momento contratual ainda que não vencida até à entrega e assim
não 2 títulos executivos, não existe obrigação mas questão de exigibilidade de obrigação face
ao tipo (715º/CPC). | alínea c) } títulos de créditos que apesar de serem documentos
particulares (livrança, prazo de 3 anos, cheque prazo de 6 meses (VER LUL!) ) documentos
que incorporam o próprio direito de crédito sendo literais (nos limites das dívidas que
enunciam), abstratos e autónomos (não releva a validade de ato subjacente; sendo que o TE
crédito cheque apenas tem força executiva se verificados requisitos:
Levado a pagamento em 8 dias a contar da data aposta no cheque
Banco fazer protesto que houve (demonstrar) incumprimento [ jurisprudência que
defende que apenas após os 8 dias; a maioritária defende contudo que deixa de ter
força executiva se não nesses 8 dias)
Após o término do prazo de 8 dias, 6 meses para a AE (exequibilidade rápida, após 6
meses, o direito prescreveu)
Após o decorrer desse prazo a dívida do cheque não será executada mas não
significa que o crédito se extinga passando a valer como reconhecimento de
dívida, confissão como devedor e é possível (ainda) uma AE com base em
cheque prescrito = causa da dívida constar do cheque, é indiferente o negócio
solene e apenas se mediata, ou seja já não vale se transmitida a terceira,
decorre de direito substantivo.
Pressupostos Processuais
Há 1 coincidência entre os pressupostos na AD e na AE. Sendo que na AE temos especificidades:
Competência – 85º / 90º
Patrocínio judiciário -58º
Legitimidade – 53º, 55º, 57º
Intervenção de terceiros – 54º
Coligação das partes – 56º
Cumulação objetiva – 709º
Se falta um dos pressupostos processuais insanáveis = indeferimento liminar do RE;
Se for sanável há convite sanatório nos termos do 734º sendo que o conhecimento dos pressupostos
processuais até ao 1º ato de transmissão de bens penhorados;
Competência internacional } [diferente da AD] uma vez que principio que cada Estado
apenas é competente para medidas executivas cuja prática deve ocorrer nesse Estado, tendo
presente o princípio da territorialidade. Ex.: bens em PT, pode ser executado em PT, se
nenhuma medida ocorrer em Portugal, não relevam critério do domicílio; se requerente
solicitar penhora de bem x , sito em Espanha, os tribunais portugueses são
internacionalmente incompetentes para tal, faltando um pressuposto. Quanto a prática de
atos processuais: ex. – penhora, competência internacional para proceder mas não sobre o
bem sito em Espanha. – consequência do PT que os tribunais portugueses são
exclusivamente competentes para ações executivas quanto a bens imóveis sitos em PT nos
termos do 62º, d) + 89º/3 + 86º ou 90º - embora na opinião do professor MTS este 90º está
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desatualizado, uma vez que pensa na revisão da sentença estrangeira pela relação, propõe
a substituição pelo 62º que é útil quando bens penhoráveis em PT;
Competência Interna } temos de ter em conta os vários tipos:
1) Material – 85º, nº1 a execução segue os autos onde foi proferida a decisão, nº2 quando
não seja competente devendo o tribunal remeter para o competente (especialização). Os
tribunais de competência alargada (territorial) são os de marítimo, propriedade intelectual
sendo próprios para executar as suas próprias decisões nos termos do 85º, nº2/CPC;
quanto a especializada (ex.: menores) valerá a mesma regra. Ex.: decisão proferida por
juízo central cível – 99º, nº1 ou 199º (?, juízo de execução na comarca e não o tribunal
que proferiu a decisão, contudo se não houver juízo de execução é competente o juízo
central cível nos termos do 117º e 130º, isto para execução de decisões judiciais
(SENTENÇAS) ≠ quando o título executivo extrajudicial há juízo de execução na comarca
ou não o há, e aí conforme o valor da execução será local ou central cível 117º + 130º.
2) Hierárquica – consta do 88º correndo sempre a competência pelo de 1ª Instância
3) Territorial – 85º/1 se proposta no tribunal competente, se não remetida. Eis alguns
exemplos: i) 86º domicílio da executado em alguns casos; 89º, nº1 a regra geral para
quando seja titulo executivo oposição à forma executiva (ações especiais face a
obrigações pecuniárias); se decisão arbitral 95º, nº3 e se julgado de paz 89º, nº1. Caso o
título seja extrajudicial o professor MTS admite que haja convencional, contudo não serão
validos quando a matéria da competência seja de conhecimento oficioso conforme 104º
Patrocínio Jurídico: artigo 58º CPC obrigatório quando valor superior a alçada da relação,
se for < à alçada da relação mas > 1ª instancia, o PJ não será obrigatório mas pode ser
enxertado algum procedimento declarativo, diferente de incidentes na AE que são embargos
de 3º ou execução a penhora, o PJ nesses casos define-se nos termos do 40º; PJ obrigatório
advogado, advogado estagiário ou solicitador;
Legitimidade singular: afere-se nos termos do 53º, nº1 CPC são as que constam do título
executivo, contudo há casos que não são determinados no momento da celebração como
ex.: pessoa a nomear, terá legitimidade quem for posteriormente nomeado; sucessão no título
executivo 54º, nº1. O 53º, nº2 vem adaptar esta regra segundo a qual são legitimas as que
constam do título, para abranger os casos em que não seja possível determinar as mesmas,
sempre que titulo de crédito ao portador, ex.: cheque = portador do cheque. O 54/2 estabelece
aferição com base na PJ – situações em que a divida garantida por GR, mas sobre bens de
3º, em que este adquiriu um bem onerado por garantia real 218º, nº2 CC devendo ser
proposta contra este (e devedor = litisconsórcio). Há mais 2 situações pela posição jurídica:
1) impugnação pauliana 616º, CC; 2) caso julgado contra terceiro 55º - casos especiais para
execução/ 316º e 320º não pratica nenhum ato em juízo, mas abrangido pela decisão, 263º,
nº3 ainda que não intervenha no processo, efeitos contra o adquirente, caso de substituição
processual.
Legitimidade Plural:
Cônjuges – litisconsórcio passivo quanto aos bens comuns segue o regime AD;
litisconsórcio ativo o Professor MTS afirma uma especialidade da AE: para adquirir
um bem não é necessário que ambos estejam em presença, tal como na AE não será
necessário para propor a ação e enquanto mera aquisição, até que haja oposição, a
presença dos 2 em juízo, contudo é necessária se houver oposição porque poderá
haver perda de bem comum. | Se as dívidas forem próprias respondem os bens
próprios do cônjuge devedor e subsidariamente a sua meação nos BC (separação de
bens para meação); quando dívidas comuns respondem os BC de ambos, sendo
necessário a presença dos 2 na AE. Se do título executivo não constarem ambos, se
sentença será ilegitimidade por preterição de litisconsórcio necessário mas preclusão;
se titulo extrajudicial 741º e 742º CPC que estabelece que DC quer em termos ativos
como passivo, ambos em juízo – sendo que o exequente/executado promove a
intervenção
Outros – se TE for sentença nessa constarão como C e D as partes da AD, caso não
tenham estado na AD todas as partes que deveriam estar em juízos, nalguns casos
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conforme o que resultar da sentença entre as partes referidas, noutros tal poderá
conduzir a sentenças inúteis pela circunstância de não estarem todas as partes (v.g.:
3 coproprietários numa ação de divisão de coisa comum, e ação somente entre 2
sentença inútil e insusceptibilidade de execução porque é um litisconsórcio natural) –
não haverá preclusão, apenas constam da AE aqueles que tenham estado na AD,
quando titulo judicial = TE (se extrajudicial não haverá de todo preclusão)
Nota: quanto à ilegitimidade, violação de litisconsórcio
necessário na AE = conhecimento oficioso, conhecida em
despacho liminar, devendo pedir sanação ou indeferir se não for
sanado.
Interesse Processual: há situações discutíveis sobre a sua verificação, regime especial no
caso de arrendamento urbano 849º, nº1 alínea c) – inutilidade superveniente da execução, o
que significa extinção por falta de interesse processual (MTS)
Intervenção de terceiros: admissível em termos gerais, serve para suprir a ilegitimidade
plural que se verifique assim como possibilitar a intervenção de litisconsórcio voluntário.
Quanto ao regime geral relevam os embargos de terceiros que é uma forma de intervenção
(342º a 350º) com importância na ação executiva (reação contra penhora), também regimes
especiais como 786º, nº1, a) + b) – cônjuge do executado, penhora sobre ambos; e ainda
credores reclamantes
Cumulação de Execuções: 709º a 711º é possível na AE, sendo simples (não
alternativa/subsidiária) é exigível compatibilidade substantiva sob pena de inaptidão do RE
146º/1/c), a cumulação pode ser inicial que se verifica desde o inicio é admitida por 1 questão
de economia processual (sentença: cumulação de 2 condenações; não é possível de executar
quando deva ocorrer nos próprios autos, apenas sentença proferida nesses autos 626º);
quando títulos extrajudiciais 709º consagra os requisitos admissibilidade (↔ AD) contudo
▲ alínea d) → requisito específico apenas quando execuções de = categoria, com =
finalidade ex.: ambas para entrega de coisa certa, competência absoluta e não relativa.
Quando verifiquemos cumulações baseadas em ≠ títulos executivos com fins diferentes} 709º,
nº2 através da conversão será passível a cumulação. / Quanto a cumulação sucessiva poderá
ser quando TE seja o mesmo – 850º, trato sucessivos: obrigações vincendas e vencidas (se
depois de extinta a execução → renovação para pagamento de prestações que se venceram,
então o MTS defende que será possível durante a pendência da execução.
Coligação: regime = AD, para alem dos requisitos legais, na AE é necessário que todos estes
constem do mesmo título, para assegurar 1 conexão entre as prestações.
Exequibilidade Intrínseca
Artigo 713º CPC – necessidade de verificarmos a exigibilidade, certeza e liquidação, se os
requisitos não se encontrarem preenchidos 726º, nº 4 e convite para sanação sob pena de
indeferimento:
1) Exigibilidade – obrigação sujeita a prazo tem que se ter verificado, se necessário fixamos
1016º/1027º; quanto a prestações vincendas, condenação in futurum a lei não estabelece
um regime mas temos que aplicar 707º, nº2 em que o exequente terá que provar que a
obrigação se venceu entretanto após a obtenção do título executivo; quando obrigação pura
sem prazo a citação para AE valerá como declaração para cumprimento, não se diferindo
logo não é possível começar pela penhora de bens = ação sumária sem interpelação para o
cumprimento; se sinalagmática 715º o exequente tem de provar que cumprir a sua parte; se
condicionais sujeitas a suspensiva 715º; obrigações que decorram de contratos reais quoad
constitutionem (ex.: mútuo) é essencial a realização de 1 prestação para afirmarmos que o
contrato foi celebrado nos termos do 707º/CPC e prova complementar; obrigação de juros
703º, nº2 mesmo que do TE este não constem, os de mora são sempre devidos, podem ser
cobrados na execução versus Acórdão do STJ 09/2015 que firmou a jurisprudência de que
as sentenças condenatórias não abrangidas neste preceito → MTS critica. 550º, a) (nº3)
quer no sumário/ordinário citação prévia do executado; se obrigações alternativas no 714º,
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nº1 a citação inclui citação para declarar por qual delas opta, se optar por escolha de 3º
notificação desse para escolher; quanto as genéricas como nada se refere aplicamos
(também) o 714º.
2) Liquidez – não quer dizer que sejam somente as pecuniárias, ainda que assim o seja no
geral, mas também pode ser de quantidade. Procedemos na fase preliminar ou até antes à
liquidação da obrigação, a menos que ilíquida mas não seja exigível (duas exceções na
diferida 716/2 juros devidos + universalidade de facto/direito - ex:716/7, a liquidação
antecipada nos termos do 794/6 só a própria sentença condenatória só constitui título
executivo, contendo condenação genérica (609º) quando se verifique no PD. // A liquidação
liminar será cálculo aritmético no RE. 724º, nº1, alínea h) | Se titulo extrajudicial 716º, n6
quando não tenha de ser realizada pelo árbitro, 716/4 se não possível realizar cálculo
aritmético, executado será citado para contestar a liquidação apresentada pelo exequente.
Se nada se disser consideramos liquidada; se oposição 2ª parte do nº4/716º. Quando
liquidação por cálculo aritmético: oposição à execução (729º, alínea e) serve
nomeadamente para o executado deduzir oposição a liquidação. Contudo faz sentido abrir
PD para contestar 1 CA? Doutrina dominante criticam esta solução, a oposição não pode
implicar a abertura do Processo Declarativo, apenas oposição simples, sendo que o 716º,
nº8 consagra que se uma parte da obrigação for líquida e outra ilíquida, a primeira será logo
executada.
Oposição à Execução
Com a redação dada em 2013, o legislador retomou a expressão “embargo de executado”; em
todas as formas da AE se prevê esta forma de OE. Visam discutir (embargos do Executado –
doravante EE) se o TE é efetivamente, os pressupostos processuais da AE e questões da
exequibilidade intrínseca. Há tratamentos diferenciados para a OE conforme o TE que esteja em
apreço, nomeadamente quanto aos fundamentos que devam ser apresentados.
Fundamentos encontram-se previstos 729º a 731º aplicáveis a generalidade de formas da AE.
Quando comparamos 729 versus 696º (fundamentos para o recurso de revisão ou extraordinário
contra decisões transitadas em julgados) há situações comuns:
Alíneas b) – falsidade do processo
Alíneas i) e d) respetivamente – nulidade/anulabilidade
Se no momento da oposição a execução pendente recurso com base nestes fundamentos comuns,
não deixa de estar o executado dependente de apresentar oposição havendo eventualmente
suspensão do embargo do executado a aguardar a decisão de recurso.
Referência à Proposta de Grupo de Trabalhos nos termos do 729º ex.: meio de prova de alínea
g), qualquer meio de prova e já não exigência, problema histórico de base quanto a coleção de
PE, antes sumário com modalidades
606º, nº1 → património do devedor = garantia geral de créditos; são penhoráveis todos os
direitos que possam garantir o crédito (esfera de devedor) – não apenas bens, mas também
direitos reais v.g. direito de superfície; inclusivos a penhora de expetativas de aquisição, rendas,
abonos, vencimentos e salários, depósitos e Estabelecimento Comercial. // Quando se verifique
uma garantia real é relevante para AR, quer do exequente como de terceiro (regime de reclamação
de créditos de 3º na AE).
2) Proporcionalidade – ñ se deve penhorar nem mais nem menos do que o necessário 735/3;
751/3
3) Fungibilidade – 753º, sempre possível a substituição de 1 caução equivalente assegurando
a satisfação de interesse de ambas as partes
Quanto à competência funcional para os atos de penhora (a busca de bens penhoráveis) esta
será de competência do AE, sendo que o juiz tem 1 papel residual (759º, nº1). Quanto ao seu
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âmbito 755º a 763º (Bens imóveis); 764º a 772º (bens móveis), 773º a 783º quanto a direitos
fundamentalmente de crédito sob 3º, penhora de créditos/executado por sua vez ser credor de 1
devedor. Também temos o 823º, nº1 CC quanto à convolação da penhora, que ad início de 1 bem
e passa para outro. As vicissitudes da penhora é que é possível 1 2ª penhora de bens
penhorados 794º, nº1, solução em certos casos, mas no sentido em que o exequente da 2ª
execução (REGRA: não podem ocorrer 2 execuções paralelas sobre o mesmo bem, apenas
possível venda) → reclama o seu crédito na 1ª execução, desse mesmo bem. Caso o 1º desista,
pode ser substituída. Poderá ser levantada 773º, nº1 face à decorrência do tempo, a requerimento
do executado e casos gerais.
Funções da Penhora
1) Individualizadora – incide a execução em bens determinados do executado, sobre os que
tenham suscetibilidade de ser penhorados: o AE procura → se não encontra ambas as
partes notificadas para identificar → se não o fizerem, extingue-se. A escolha dos bens
penhoráveis será dispensável quando exista uma garantia real (752º, nº1) aí cairá sobre
esses mesmos bens, o 751º/2 regula a situação em que o exequente indique os bens
penhoráveis no requerimento, e o AE ficará obrigado a respeitar essas indicações caso não
violem norma legal imperativa (limites da penhora/Impenhorabilidades) ou se ofenderem o
princípio da proporcionalidade.
2) Proporcionalidade – 751º, nº3 CPC, há uma confusão interpretativa em termos doutrinários
sendo que o Regente afirma que estabelece condições para a habitação do executado em
função de fatores, contudo não concorda com esta interpretação afirmando que atendendo
ao PP na penhora (6 meses), assim propõe a alteração de regime, e não mantendo.
3) Conservativa – quando é constituído um depositário para cuidar dos bens, conservação
jurídica dos mesmos, cabe aferir o que ocorre quando se após a penhora dos bens, o
executado vender a terceiro? Caso aplicássemos o 263º a execução continuaria perante 3º,
porém o regime está no 819º e seguintes do CC – preceitos fundamentais, sendo
inoponíveis à execução os atos de disposição, onerações sobre bens penhoráveis, para a
penhora será como se nunca tivesse ocorrido (o alienante não deixa de ser o executado) –
mas há exceções: determinados direitos de terceiros não podem ficar paralisados – ex.:
prédio rústico foi penhorado, o vizinho pode constituir direito de passagem; bem em
copropriedade apenas um deles é penhorado, não impede que outro peça a divisão de bem
comum; situações em que se verifique a oponibilidade de garantias reais ainda que
constituídas após a penhora (direito de retenção 759º, nº2 CC); 820º CC crédito de
prestação de trabalho, se motivo justificado o devedor executado e cujo salário foi
penhorado pode terminar o seu contrato de trabalho.
O Regente concluí que a penhora não é um direito real de garantia (inoponibilidade, regime de
arresto, remissão) enquanto o direito real se adapta a 1 dinâmica (ex.: compra de 1 bem
hipotecado), a penhora ficciona a estática. Não deixa de ter uma função primordial de garantia,
porquanto o exequente obtém com a penhora a satisfação do seu crédito 822º/CC direito a ser
pago com preferência sob qualquer outro credor que não detenha garantia real.
Limites à Penhora
Em termos processuais, podemos penhorar os bens do devedor/executado que sejam suscetíveis
de penhora. Podemos concluir que o objeto de penhora depende de 3 fatores:
1) Responsabilidade pelas dívidas: os bens que a lei substantiva preveja que
respondam: a regra da responsabilidade das dívidas quer PC/PS é universal e imediata
das dívidas (601º, CC) porém temos exceções –
Por lei – ex: PC e Responsabilidade Limitada + Regime de bens cônjuges
Verificação de Patrimónios separados – massas de bens destinados a certas dívidas
ex.: 1744º separação plena ou autonomia perfeita do património) ou massas de bens
que respondem subsidariamente (autonomia imperfeita) através da verificação da
subsidiariedade objetiva 697º CC, 752º CPC – benefício de excussão prévia real +
697º/752º base para defesa do executado na OE); subjetiva 638º, nº1 e fiador
subsidiariedade subjetiva em que o fiador tem legitimidade pelo 52º, devedor
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subsidiário é devedor que consta do titulo; 745º, nº1 a 4 direito de defesa preventiva
da penhora no prazo da oposição a penhora, em principio não forma sumária contra
o fiador, sob pena de beneficio de excussão prévia a menos que renúncia 550º //
questões entre fiador e devedor principal, hipoteca e beneficio de excussão real, se
3º diferente 639º/CC // hipoteca contemporânea: o fiador já contava com a mesma
ainda que posterior a penhora, não tem de ser anterior
Convencionalmente as partes poderão restringir a responsabilidade conforme 602º a
603º CC restringir a certos bens ou excluir certos bens, a garantia real das obrigação
está sujeita à disponibilidade das partes, mas não se pode esvaziar a mesma sob
pena de credor abdicar do seu direito, renuncia antecipada que é proibida pelo CC
segundo a doutrina
2) Disponibilidade e transmissibilidade (direitos indisponíveis/intransmissíveis):
determina em 1º lugar que apenas podem ser os bens disponíveis, não podem ser as
coisas que se encontram foram do comércio (202º), o direito a alimentos (2008º/CC) ou
indemnização por acidente de trabalho. Não poderemos penhorar direitos intransmissíveis –
dependentes de consentimento de terceiro para transmissão, subjetivamente
intransmissíveis ou uso e habitação objetivamente intransmissíveis pela própria lei
3) Impenhorabilidades (limite processual e não substantivo, que constam sendo que há
quem diga que não é substantivo, apesar de Rui Pinto assinalar que é direito
substantivo na prática): são um limite por via de regimes concretos, são normas que
proíbem a penhora a certos bens nunca em qualquer circunstância podem ser penhorados
= impenhorabilidades absolutas 736º CPC – ofensiva a bons costumes (móveis para
culto religioso; indispensáveis (cadeira de rodas); animais de companhia que não seja
predominantemente à exploração económica; Rui Pinto afirma que qualquer bem viole os
bons costumes ex.: penhorar uma aliança; bens com diminuto valor económico sob pena de
gerar 1 ato processual inútil, insatisfação do objetivo da penhora; isentos por lei de penhora
(435º CT), contudo algumas críticas porque todo este artigo remonta aos anos 30 ainda que
modernizado, deveremos sempre averiguar casuisticamente mas não taxativamente tendo
presente a DPH e a Proporcionalidade = clausula geral da constitucionalidade; em que as
normas que certos bens podem ser penhorados em determinadas circunstancias
(impenhorabilidades relativas 737º, CPC) e normas que não restringindo a penhorabilidade
do bem o limitam em termos quantitativos ex.: certos direitos de créditos apenas
parcialmente penhorados, impenhorabilidades parciais 738º e 739º. | É, ainda, atendível as
≠ e as classificações da im/penhorabilidade:
Impenhorabilidade voluntária (727º)
Subjetiva versus Objetiva: nº4; nº5; - ex: 725/1 bens onerados por garantia real – são
os que respondem em 1º lugar; dívidas de cônjuges 740º, nº1 CC;
Parcial: 738º/CPC salários, apenas essa parte nº3 e 4 = 2/3 do salário, o limite máximo
à impenhorabilidade será de 3 salários mínimos nacionais; nº5 quanto a conta bancária:
é de aferir que o salário impenhorável é o do mês corrente, se X tem Y na conta
bancária que advenha de salários anteriores podemos penhorar; nº6 a pedido do
executado, competência discricionária caberá ao juiz da isenção/redução do salário da
penhora durante um ano
Forma da penhora: 754º, nº5
Quanto aos limites subjetivos da penhora: se 3º executado (54º/2), e para casos em que incide
sobre bens de 3ºs (embargos de terceiro, oposição/ação de reivindicação alternativamente). 735/2
– situações sobre bens de terceiro, que não seja estranho a execução todavia que
cumulativamente não seja devedor temos o 818º/CC (exemplo) vinculados à garantia de 1 crédito
ou quando o bem seja objeto do ato praticado em prejuízo do credor e esse impugnado =
impugnação pauliana 616º, nº1, nº4 CC → em qualquer uma destas situações encontramos a
penhorabilidade subsidiária [fiador → beneficio de excussão prévia 639º, nº1 – subsidiariedade
subjetiva]. Há 3 situações possíveis de se verificarem aquando demanda:
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Constituição da Penhora
Em termos de Direito Comparado a forma do Processo é dependente dos bens que forem
penhorados. Em Portugal, no CPC também 772º (móveis/imóveis); 783º (direitos).
A penhora tem inicio através do lavramento pelo AE, nalgumas situações registadas, e notificadas
ou citada (notificação acompanha a citação se for sumário).
Quanto à penhora de crédito – ex.: credor sobre 3º devedor, esse crédito tem suscetibilidade de
ser penhorado como ativo patrimonial do executado, complexo sendo 773º que estabelece através
da comunicação à ordem de execução: 3º devedor tem ónus/deveres. Quanto aos créditos
penhoráveis pecuniários (situação mais comum, contudo também pode ser de facere facto
fungível) não terão que estar vencidos, uma vez que tal diminuiria a possibilidade de penhora, mas
desconto por antecipação vide nº5) e podem ser futuros. // Caso existam vários devedores, temos
que seguir o regime substantivo (regime/relação dos D – solidária, qualquer pode ser). → 773º, nº1
comunicação ao AE , crédito a seu cargo → se falta de comunicação esse 3º devedor tem que
declarar a existência de crédito, sobre esse há garantias ou não → meio de ónus do devedor mas
773/4 na falta de resposta de 3º devedor, se este reconhece a existência de obrigação para efeitos
de penhora declaração nº2 espera-se pela verdadeira, justificando o nº5 (responsabilidade de
litigância de MF). → Nada disser aplicamos o 777º, nº1 a 4 em que o devedor poderá deduzir
oposição mas com fundamentos deviam ser antes, a omissão não será preclusiva da dedução da
obrigação mas responsável pelos danos causados. O reconhecimento da parte deste devedor pode
ser simples/complexo (776º, nº3, CPC). Alguns créditos litigiosos quando contendem as partes
(ausência da confluência de razoes), solucionada na lei (obrigação sinalagmática por exemplo) →
caso 3º negue o crédito face a pedido de informação 775º, ouve o juiz exequente e executado,
depois exequente decide manter, se mantiver crédito litigioso, se 773º/1 e não comunicação →
oposição à penhora. // Quando o crédito se vença 777º, nº1, A) e b) mas quando não requerimento
voluntário 777º, nº3: execução contra 3º devedor possível, não material.
Por sua vez, a penhora de depósitos bancários
A penhora de expectativa de aquisição de um direito verifica-se nos casos paradigmáticos da
promessa de compra e venda ou da venda com reserva de propriedade (enquanto não se verificar
o pagamento). A expectativa de aquisição apenas existirá enquanto realizados os pagamentos
devidos pelo executado – ex aluguer de automóvel de longa duração com aquisição -, podendo ser
realizados pelo próprio exequente. 778°/3) – passa depois a penhora a incidir sobre o próprio bem,
uma vez na esfera do executado.
A administração dos bens penhorados consta do 760° e ss. Quando se verifique depósito, 756°/1
– em regra o depositário é o próprio agente de execução, a menos que o exequente consinta face
à solicitação do executado. Pelo 760°/1 o depositário estará vinculado aos deveres gerais (1187°
CC). O prof considera que o depositário terá legitimidade para propor ações em relações a atos de
administração ordinária, mas já não quanto à extraordinária (dependendo de autorização do juiz). O
761° regula depois a remoção do depositário.
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Impugnação da Penhora
Violação dos Limites Objetivos
Uma vez penhorados os bens, é possível verificar-se a oposição à penhora. Esta pode ter como
fundamento a violação dos limites objetivos à penhora (incidentes nos bens), por via do incidente de
oposição à penhora regulado nos artigos 784° e 785°, que dispõem, nomeadamente, dos
fundamentos objetivos de oposição em concreto. Trata-se de um incidente, ação declarativa
acessória à execução - para MTS, valor do 302°/1; tendo legitimidade para tal o executado (742° o
cônjuge do executado pode promover oposição à penhora, invocando a comunicabilidade// 1682°
CC e 784°/1 – o cônjuge do executado pode ainda opor-se à penhora, citado nos termos da aliena
a) do n°1, por ser necessária a presença de ambos quando bens comuns e não questão de ambos
próprios do cônjuge pois tal será já fundamento de oposição subjetivo); a dedução deste incidente
terá que cumprir o prazo de 10 dias a contar da citação e no sumário de 20 dias (795° e 856°/1). A
circunstância de ter sido deduzida oposição à penhora terá consequências na ação – admissível que
possa vir a ser considerada procedente, 785° e cautelas, ainda que a execução não seja suspensa,
chegados ao momento da venda dos bens, nenhum credor poderá ser pago pelo produto da venda
de um bem sem prestar caução (+ se casa de habitação, primeiro decisão de 1° instância, para que
se possa vender a mesma). Sendo procedente a oposição, o 785°/6 determina o levantamento da
penhora e o cancelamento dos registos que tenham sido realizados. A lei admite, porém, ainda que
excecionalmente, a oposição por via de requerimento, em situações simples que não justifiquem o
incidente – 738°/6, 741°/4 e 751°/4.
Terceiros para efeitos de Registo – ligados pela circunstância de terem adquirido o mesmo bem
(apenas B pode opor o registo a A e apenas C pode opor o seu Registo a B). 5°/4 do CRP – em
relação ao exequente a situação nunca se verifica quando penhora do bem e não alienação ou
aquisição, ainda que executado e terceiro sim. Assim, não sendo o exequente terceiro para efeitos
de Registo – o exequente não poderá invocar o Registo da penhora contra o terceiro que não detenha
o direito registado, desvalorizando a penhora registada, o terceiro poderá embargar e vencer o direito
do exequente. MTS critica esta consequência do 5°/4 do CRP, entre outros problemas (em termos
de venda executiva).
300° - a posse ou direito incompatível como fundamentos para os embargos de terceiro – porém, no
âmbito da ação executiva, a penhora em si mesma não fundamenta que possa o mero possuidor ou
o possuidor em nome alheio, apenas o de detenha um direito associado (porém, se alegar a posse,
presunção de um direito subjacente. O terceiro pode opor nos embargos de terceiro os direitos:
direitos reais de garantia (em princípio não poderá, 786°/1/d e 788°/1, reclamar o crédito ao invés//
apenas em caso excecional); direitos reais de gozo; direitos pessoais de gozo (apenas em
determinados casos - promessa de compra e venda, promitente comprador pode também quando
contrato de eficácia real e Registo anterior à penhora// jurisprudência e construção desta
possibilidade quando eficácia meramente obrigacional// contrato de arrendamento, 597° CC, a venda
não implica a extinção do contrato de arrendamento// 1183°/2, comodatário e depositário,
possibilidade de embargos de terceiro, meio de oposição à penhora e à apreensão do bem noutras
situações, em regra não se verificara motivo de oposição à penhora).
Quanto ao regime deste incidente declarativo - os embargos podem ser preventivos ou posteriores
– em 30 dias após citação da decisão 344°/2 CC. Não sendo deduzido embargo de terceiro, este
não perderá o seu direito – a venda executiva é uma transmissão derivada, o adquirente só adquire
os direitos do executado, não originária, e assim se o executado não era proprietário, não passa o
adquirente a ser. Os embargos de terceiro são sempre sujeitos a indeferimento liminar nos termos
gerais – 345°, especificidade, com fundamento na extemporaneidade da sua dedução. Se não
indeferido, o tribunal terá ainda que apreciar da sua admissibilidade (verosimilhança, 345°), havendo
que ser realizada a prova (344°/2) e os embargos apenas continuam se o juiz entender pela
verisimilhança do direito invocado pelo terceiro. Se forem os embargos recebidos – 347° CC,
possivelmente meio ou fundamento para a restituição provisória da posse. Os embargos serão
contraditórios (348°, notificação para que o exequente e executado contestem). Posto isto, segue-se
o regime geral do processo declarativo. O 349° estabelece a constituição de caso julgado da decisão
dos embargos (remissão – na hipótese de o exequente ter deduzir a exceptio domíni, ter oposto
direito do executado, também caso julgado/ decisão de mérito sobre a titularidade de um bem).
Além dos embargos de terceiro, há ainda que atender à ação de reivindicação, meio de oposição
à penhora quando violadora dos limites subjetivos (839°/d/1, mesmo depois da venda do bem
penhorado na ação executiva – se depois, também antes). Esta não tem contudo efeitos tão
favoráveis como os embargos para o terceiro embargante (840° e 841°, alguns).
Solução desarmónica com o 824°/2 – extinção dos direitos não registados vs antes da venda
executiva direitos não registados podem fundamentar a oposição à execução (não deveria ser
oponível).
pode ser rejeitada pela secretaria, nos termos gerais do 558.º, mas pode também ser rejeitada
liminarmente – 791.º/4.
Tendo havido reclamação, há que analisar a sua tramitação - são notificados quer o exequente quer
o executado, bem como os demais credores reclamantes. Há possibilidade de qualquer um deles
poder contestar as oposições - 789.º/1 e 2. Porém, a reclamação pressupõe um TE, logo, segundo
o regime do 789.º/4 e 5, os fundamentos de oposição à execução têm de ser em função do TE ser
judicial ou extrajudicial. 790.º - o credor reclamante pode voltar a responder.
Depois da fase dos articulados, segue-se os termos do processo comum de declaração. Em todo o
caso, nos termos do 798.º/5, tudo isto pode ser inútil quando seja provável que o produto da veda
não ultrapasse as custas da própria execução.
Se a petição foi aceite pela secretaria, passamos para a graduação dos créditos – 798.º/5, há uma
graduação relativa dos créditos entre si. Se o credor exequente não tiver nenhuma garantia real
sobre os bens penhorados – importa referir que todos os credores que tenham garantias reais,
independentemente de quais sejam, os seus créditos são graduados antes do exequente e tudo é
pago antes deste.
Embora haja uma opção divergente, não se pode deixar de entender que a sentença de reclamação
de créditos faz caso julgado quer quanto aos créditos reclamados, quer quanto aos créditos na
reclamados.
extinguem-se, outros direitos reais ainda em certos casos constantes do artigo (819°). Quanto aos
direitos reais de garantia, o preceito é claro ao consagrar a sua extinção com a venda executiva,
devido ao facto de os titulares de direitos reais de garantia poderem reclamar os respetivos créditos
(se reclamarem pagos, se não, extinto o direito). Quanto ao direitos reais de gozo, se sujeitos a
registo e registo posterior ao arresto de penhora ou garantia, extinguem-se, a menos que direitos
reais de gozo que sejam constituídos ainda que depois da penhora na sequência de exercício de
direitos de terceiros (ex constituição de servidão após penhora de um bem, direito de terceiro). Por
sua vez quanto aos direitos reais de aquisição (422° do CC determina quais os direitos de preferência
– legais ou convencionais com eficácia real, apenas estas podem ser exercidas na ação executiva),
nos termos do 819° CPC os titulares serão notificados para exercer o seu direito na ação executiva,
não o fazendo, há que distinguir a preferência legal da convencional, sendo que as convencionais
têm eficácia relativa enquanto as legais poderão ser exercidas em qualquer alienação do bem e
portanto a convencional se extingue quando não exercida, e a legal se mantém. Quanto aos direitos
pessoais de gozo, estes não constam do 824°/2 do CC, mas estes não podem deixar de se extinguir
com a venda executiva, ainda que com exceção (1547° CC, adquirente de um bem arrendado passa
a assumir a qualidade de senhorio, o contrato de arrendamento não se extingue com a venda
executiva). Um outro efeito da venda executiva será o repristinatório – com a venda executiva
renascem ou repristinam situações que se deveriam extinguir, por exemplo: 2 prédios, servidão de
passagem, venda executiva e o mesmo proprietário, depois passa ao mesmo titular, com a venda
executiva passa um dos prédios a outro titular e renasce a servidão; nu proprietário de um imóvel,
adquire o usufruto, renasce. Por fim, será ainda efeito da venda executiva, o sub-rogatório – os
direitos de terceiro que caducarem transferem-se para o produto da venda dos respetivos bens
(824°/3 CC). Neste âmbito há que distinguir os DR de garantia dos outros direitos reais ou pessoais
de gozo extintos numa venda executiva – o produto da venda serve para o pagamento dos titulares
de direitos reais de garantia extintos/ nos restantes casos, apenas se o produto da venda chegar
para pagar os créditos, os credores reclamantes e ainda sobra dinheiro, situação rara.
Vale tudo isto para as situações de remissão? O exequente adquire?
Quanto à invalidade da venda executiva tal vem previsto nos artigos 838° (óptica do adquirente) e
839° (na óptica do executado). A invalidade poderá ser substancial ou formal. Dentro da invalidade
substancial, o 838° determina que será a venda inválida por erro sobre o objeto, como regime
especial para a venda executiva, quer para a venda de coisas oneradas (205° a 209° CC’ quer para
o regime geral (251°/247° CC). Este verifica a especialidade de o declaratório não não se exigir que
o adquirente não conhecesse ou não devesse ignorar, por uma questão de bom senso – não faria
sentido fazer depender a anulação da venda o conhecimento pelo agente execução da
essencialidade das características para o adquirente. A indemnização a que o adquirente irá ter
direito consta do 908° e 909° do CC. O 838° apenas trata dos casos de vendas oneradas – no CC,
o 913°/1 manda porém aplicar este regime à venda de coisas oneradas, podendo-se então concluir
que tal será de cumprir na venda executiva. Outra situação de invalidade substancial consta do
839°/1/d, quando a coisa vendida não pervença ao executado e seja reivindicada pelo seu
proprietário – esse terceiro, com direito incompatível ao direito penhorado, terá também os embargos
de terceiro, que obstam à venda executiva. O 840° prevê ainda o protesto pela reivindicação – antes
da realização da venda, o terceiro vem protestar pela reivindicação da bem, propor ação de
reivindicação e afirma-lo na execução, do qual derivam certas consequências como cautelas face a
este protesto (840°/1 2° parte, os bens móveis não são entregues ao comprador e o produto da venda
não é levantado sem que se preste caução). Se esta ação de reivindicação for considerada
procedente – há que equilibra as posições de ambos, 240° como proteção ou cautela dos interesses
do reivindicante mas há que conciliar com os do adquirente, 825° CC (o adquirente pode exigir que
o preço seja restituído e que os danos sejam espadados pelos credores e executado que hajam
procedido com culpa). Serão ainda fundamentos da invalidade da venda o que constam das alíneas
a), b) e c) do 39°/1, referentes a vícios formais. Por fim, o 839°/2 determina já não a invalidade mas
a ineficácia da venda – sem efeito se exercício do direito de preferência por quem o possa exercer.
tiver sido realizada a venda e adjudicação, há que assegurar o pagamento dos seus direitos. O 847°/3
estabelece, para o procedimento do pagamento, que o oficial de justiça determine qual a quantia que
deve ser depositada para satisfação os créditos. Não se prevê a hipótese em que a execução ocorre
perante agente de execução – mas aplica-se esta disposição na mesma. Tal implica a realização do
chamado depósito preliminar, com base nas informações prestadas, depósito dispensado, porém,
nos termos do 846°/5, quando o requerente junte documento comprovativo da quitação. Verificado o
pagamento preliminar – afere-se da suficiência da sua quantia, n°4 do 846°, seguindo-se o
apuramento final das quantias devidas para pagamento, devendo o exequente, executado ou terceiro
depositar essas mesmas quantias. O 847°/6 prevê que há que seguir a lei substantiva quando
pagamento realizado por terceiro – eventual sub-rogação de terceiro em relação ao credor. A sub-
rogação pode verificar-se de forma voluntária (581°/591° CC) ou de forma legal (592° CC, quando
terceiro estiver diretamente interessado na satisfação do crédito, automaticamente sub-rogado). Nem
sempre a satisfação do crédito, assim, conduz à sua extensão, passando a verificar-se outro credor.
Quanto ao pagamento coercivo, previsto no 795°, para aferir do montante a pagar a cada um dos
reclamantes e exequente, nenhuma disposição no CPC o regula – podemos defender a aplicação
analógica do 847°. O 796°/2, em relação aos credores reclamantes, prevê que cada um deles receba
o pagamento apenas do produto da venda dos bens sobre os quais tem garantia real. A satisfação
dos créditos é depois realizada pela ordem da sua gradação sucessiva – primeiro, são pagas com o
produto da venda, as custas (541°), depois, o credor hipotecado e apenas depois, se sobrar, se
pagará ao credor exequente (dentro da totalidade da quantia a que tem direito). 796°/3 – credor
estado muitas vezes tem privilégios creditórios mobiliários ou imobiliários, prevalecentes sobre
titulares de outras garantias reais/ se credor privilegiado pago na sua totalidade, já pouco restaria
para os outros 2, estabelecendo este preceito a possibilidade de que outros credores para além do
privilegiado (impostos, SS), vejam satisfeitos os seus créditos (já algumas limitações à própria
reclamação de créditos por parte destes credores/ apenas aplicável se graduado à frente do credor
reclamante e exequente e se a quantia não for suficiente para a satisfação dos seus créditos). Este
preceito, porém, gera um problema na sua aplicabilidade – refere duas grandezas, não estabelecidas
uma em função da outra/ para mais, complexidade agravada quando mais do que um credor
privilegiado/ publicação do prof sobre a sua aplicabilidade.
conforme a forma como se extinguiu a anterior (se 794°, iniciativa oficiosa do juiz porque tribunal
incompetente já não se poderá renovar).
Aulas Práticas
Caso 1
Na sequência de um aparatoso acidente rodoviário, A e B foram condenados pelo tribunal
competente a ressarcir C dos danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes do acidente
que envolveu o automóvel daqueles e a motorizada desta, de acordo com os valores que se
viessem a apurar futuramente, atendendo à impossibilidade de calcular, desde logo, e em
termos definitivos, os danos sofridos por Celeste.
Munida da referida sentença, C pretende agora propor Acão executiva para pagamento de
quantia certa contra A e B, apresentando, para tal, um requerimento executivo, no qual, após
juntar os valores que considera necessários para a liquidação da obrigação, conclui por um
pedido de 12.500€.
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1. Celeste tinha um título executivo? Analise a pretensão desta, atendendo aos pressupostos
de exequibilidade extrínseca e intrínseca.
Estamos perante uma ação executiva nos termos do 10º, nº4, nº5 do CPC sendo que é uma AE de
pagamento de quantia certa. Neste sentido é necessário analisar as condições de ação executiva
(não se trata de pressupostos processuais), ou seja, quanto a exequibilidade extrínseca e intrínseca.
Quanto à extrínseca nos termos do 703º CPC é daqui que resulta a exequibilidade de pretensão, ou
seja, é necessário um título executivo, que irá determinar a possibilidade realização coativa da
correspondente prestação através de 1 AE, ou seja de acordo com a sua função constitutiva irá
atribuir exequibilidade a 1 pretensão, delimitando os fins e limites da AE e tendo também uma função
probatória. Conquanto, o TE não é suficiente por si mesmo para fundamentar a ação quando a
obrigação não for certa, exigível e líquida. Quanto à exequibilidade intrínseca decorrente do
713º/CPC corresponde as caraterísticas da obrigação que consta do titulo, neste sentido quanto à
exigibilidade diz respeito à justificação da execução (se não for, ainda, exigível não justifica proceder
a realização coativa da prestação), certa e líquida correspondente à possibilidade, uma vez que
temos que determinar e quantificar a prestação devida de forma a proceder à realização coativa. No
caso em apreço, quanto à exequibilidade extrínseca temos um título executivo, uma sentença (703º,
nº1, alínea a)), conquanto é uma sentença genérica conforme 609º, nº2 e 556º, nº1, alínea b), sendo
aplicável o nº6 do 704º porque é ilíquida, não indicando os valores em carência, carecendo de
exequibilidade intrínseca, uma vez que não estamos perante um caso simples cálculo aritmético
como seria o caso dos juros 716º, nº2 CPC, terá que existir uma liquidação antecipada para que seja,
nos termos do 716º, nº1 teria que haver uma especificação dos valores que considera devidos, não
obstante a sentença não seria titulo executivo, pela necessidade de haver uma liquidação da
obrigação em processo declarativo, não caindo nas exceções do 716º, nº2 e nº7, carecendo assim
de exequibilidade extrínseca e intrínseca.
Se admitirmos que o recurso foi feito para a Relação, presumimos apelação. Se Supremo
diferente. Sendo uma execução de natureza provisória pode mudar consoante a decisão no
recurso – ver Esquema 5, 647º/4 e 649/2.
3. Explique de que forma seria liquidável a quantia exequenda, bem como a admissibilidade
e o meio processual a que A e B poderiam recorrer para contestar o valor indicado no
requerimento executivo por C.
Estamos no âmbito da exequibilidade intrínseca. Para uma obrigação pode ser executada tem que
ter as características do 713. In casu, o problema é a liquidez. 716º diz nos como proceder à
liquidação da obrigação para que ela dique exequenda. Sempre que temos uma obrigação cuja
liquidação pode ser feita por simples calculo aritmético aplica-se o 716º/1 e 724º/1h). o executado
vai poder responder se quiser a este valor a partir do 729ºe). Diferente é quando a liquidação da
obrigação não dependa de simples cálculo aritmético. Ai temos q dividir entre títulos extra judiciais
(716/4) e judiciais (716/4 e 5). 716/4 diz nos que o exequente vai também no requerimento executivo
colocar o valor mas depois disso o executado é citado para contestar. Ou seja, nestes caso, o
processo é sempre o ordinário (porque o sumario suprime esta situação). Na falta de contestação
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considera se fixado o valor do requerimento executivo, se ele contestar passa se para os termos do
processo declarativo e o valor e2fixado por sentença. No caso dos títulos judiciais, aplica se o 716/4
e 5. Como é que sabemos qual aplicar? quanto vigorar o ónus mencionado no nr 5, aplicamos o
716/5 e não vamos ao nr4.
O nosso caso cabe no 556º/1b. Perguntar se vigor ou não o ónus de proceder a liquidação. Vamos
ao 358º. Se combinar mos o 716º/5 com o 556º/1a) e b) e com o 358º/ 1 e2 vemos que são os casos
da universalidade e outro qualquer que tem o ónus. 404/6 se ele não liquidar na acção declarativa
AKA não usar o ónus. Quando não vigora este ónus AKA só na alínea c) do 556º/1, ai aplica se o
716º/4.
No 716/5 o que tem que chegar é já uma sentença que já esteja líquida.
Quando no caso dizem que o exequente apresentou um requerimento e juntos os valores
necessários não é possível porque havia um ónus de liquidar na accao declarativa. A luz do 359º
devia ter requerido logo à partida que fosse feita esta liquidação na acção declarativa.
Ver esquema 6 do livro da AA
Caso 2
J celebrou um contrato-promessa de CV com M, nos termos do qual ficou acordado que celebrariam
no mês seguinte um contrato de CV da casa de férias de M. Posteriormente, tendo M recusado celebrar
o contrato prometido, J pediu a execução específica do contrato prometido, o que veio a acontecer. No
entanto, M teima em não entregar a chave da casa a J.
1. Pode J propor acção executiva contra M para forçar a entrega da chave da casa ou deve recorrer
a uma nova acção declarativa?
A execução específica (830º CC) é uma ação executiva? É uma ação declarativa constitutiva: completa o
contrato prometido. Esta sentença não é condenatória.
Princípio do dispositivo: o tribunal tem de se pronunciar sobre tudo o que é alegado pelas partes e não se pode
pronunciar sobre mais nada. Ela pediu ao tribunal o quê? Pediu para declarar que a casa era dela. Ela tinha
de pedir para lhe entregar a casa e ela não fez. Ela não fez um pedido de condenação, só fez um pedido de
mera apreciação.
O Professor Miguel Teixeira de Sousa diz que o tribunal pode fazer uma condenação implícita, que é um pedido
implícito: pode conhecer e condenar quando não havia qualquer utilidade económica em só fazer este pedido;
racionalizar o pedido do autor. Ou seja, ela pedir para que seja declarado que a casa é dela não tem utilidade
económica, visto que com isso ela continua sem poder entrar em casa, uma vez que não tem a chave.
O Professor Rui Pinto não aceita condenações implícitas: Fundamentos:
Princípio do dispositivo: o advogado do autor foi mau, problema dele.
Princípio do contraditório: os pedidos implícitos podem acabar por ser usados para limitar os meios de
defesa do réu.
O Professor Lebre de Freitas admite excepcionalmente as condenações implícitas.
Se eu for advogado do autor, vou tentar evitar as condenações implícitas, pedir tudo o que tenha a pedir,
inclusive a chave. Se eu for parvo e não o fizer, tendo defender as condenações implícitas para já ter um título
executivo para a ação executiva.
A ação enquanto instrumento de resolução, final e efectiva de um conflito, como decorre dos artigos 20º e
202º/1CPC, é possível na medida em que assegura um direito à tutela jurisdicional. No caso concreto, a
Josefina perante um incumprimento do contrato-promessa pela parte da Mimi tem um direito à ação, tendo que
se averiguar qual assegurará mais o seu direito.
Nos termos do artigo 10º, nº1 do CPC, podemos distinguir as acções declarativas e executivas, sendo que
estas últimas, são aquelas pelas quais o credor consegue a realização coactiva de uma obrigação que lhe é
devida (10º/4).
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A J tem efectivamente uma obrigação que lhe é devida, a entrega da casa pela Mimi, no seguimento da
sentença de execução específica. Logo, à partida poderia recorrer à ação executiva para dessa forma
conseguir que a devedora cumpra o que lhe é imposto. Porém temos que analisar se será necessária uma
nova ação declarativa e se os pressupostos para uma ação executiva estão preenchidos.
No presente caso estamos perante uma ação para entrega de coisa certa (10º/6 e 859º e ss.), a chave da casa,
corre por isso em forma única, nos termos do artigo 550º/4 e 626º/ 1, e segue a tramitação dos artigos 859º e
seguintes do CPC.
O artigo 10º, nº5 diz-nos que toda a execução tem por base um título, pelo qual se determinam o fim e os
limites da ação em causa, já o artigo 703º diz-nos quais os títulos executivos possíveis.
Esta necessidade de título executivo para se intentar uma ação executiva é qualificada por alguns autores
como pressupostos processuais, como é o caso dos professores Anselmo de Castro e Lebre de Freitas, porém
o entendimento do professor Rui Pinto é diferente, como expõem no seu manual, “a exigência de título ou de
certeza e liquidez da obrigação constitui claramente um requisito de tipo diferente dos pressupostos
processuais - diferentes da competência ou da personalidade, capacidade ou legitimidade”. O professor
acrescenta ainda que não se tratam de pressupostos processuais por não se respeitarem a uma relação
processual, sendo o título executivo apenas uma condição de ação. O professor fala assim de exequibilidade
formal quando se refere ao título executivo e de exequibilidade material quando o que está em causa é a
obrigação.
Quanto à exequibilidade extrínseca (formal): O professor afirma que o título executivo é “um documento pelo
qual o requerente da realização coativa da prestação demonstra a aquisição de um direito a uma prestação,
requisitos legalmente prescritos”. Quanto às espécies, o artigo 703º/1, enumera nas suas quatro alíneas o que
pode servir de base à execução. No caso em questão, o título executivo que serviria de base à execução seria
a sentença do tribunal de execução específica do contrato-promessa, mas não há uma posição clara quanto a
inserir-se na alínea a), sentenças condenatórias, estes casos.
Quanto à posição do professor Lebre de Freitas, este entende que sentença condenatória existe em qualquer
tipo de ação, não apenas de condenação, mas também de mera apreciação, constitutiva ou até de execução,
sendo a decisão o título executivo para efeito da sua cobrança coerciva. Afirma que “em qualquer tipo de ação,
tem, em princípio, lugar a condenação em custas e a decisão que a profere constitui título executivo para o
efeito da sua cobrança coerciva”. Artur Anselmo de Castro dá o exemplo da sentença de execução específica
de um contrato-promessa, como um caso de condenação implícita, referindo que esta pode levantar problemas
ao nível do princípio do dispositivo. O professor Rui Pinto não concorda que se fale de condenação implícita,
dizendo que apenas o admite a título excepcional.
A execução específica do contrato-promessa é uma ação constitutiva em que se impõem de modo imediato,
pela própria sentença, o direito a uma prestação, assim sendo não faz sentido a Josefina recorrer a uma nova
ação declarativa. Nas palavras do professor Rui Pinto, “uma ação constitutiva como a de execução específica
é uma ação executiva”.
Quanto à exequibilidade intrínseca (material), o título deve demonstrar uma obrigação, que seja certa, líquida
e exigível, de acordo com o artigo 713º CPC. A obrigação exequenda terá de ser certa (ou seja, determinada
em relação à sua qualidade, sendo possível diferenciá-la de todas as outras), exigível (ou seja, quando se
encontra vencida ou quando o seu vencimento depende de simples interpelação do devedor) e líquida (ou seja,
quando se encontra determinada ou determinável em relação à sua quantidade), nos termos do art. 713º.
Neste caso parecem estar verificados os três requisitos, a Mimi já estava em incumprimento do contrato-
promessa, e a obrigação do contrato era a venda e posteriormente a entrega da casa, que se encontrava
determinado.
Ter ainda em conta que a sentença só pode constituir título executivo depois de trânsito em julgado, nos termos
do artigo 704º/1 CPC. E que o título executivo deve acompanhar o requerimento inicial de execução, enquanto
pressuposto formal. Como consequência da falta deste defende-se, actualmente, de acordo com o princípio da
economia processual, que o juiz deve proferir despacho de aperfeiçoamento, porém em tempos já se defendeu
um despacho de indeferimento liminar.
2. Admitindo que a pretensão de J relativa à entrega da chave se encontrava abrangida pelo título
executivo, pronuncie-se sobre a consequência de J propor, desde logo, uma nova acção
declarativa, desconsiderando a exequibilidade do documento em causa.
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Admitindo que seria possível à Josefina recorrer à ação executiva para que assim lhe fosse entregue a casa,
estando assim esta ação abrangida por título executivo e a exequente legitimada, poderia mesmo assim propor
contra o devedor legitimado, uma ação declarativa, mas que era desnecessária.
Assim, nos termos do artigo 535º/2/c), havendo esta desnecessidade em causa, o autor é responsável pelas
custas. Tendo, contudo, que se verificar a “manifesta força executiva” e que não haja esta necessidade do
processo de declaração.
Caso 4
O, empreiteiro analfabeto, em agonia no leito da morte, pediu á sua namorada N para esta lhe redigir e
assinar, a seu rogo, o seu testamento. Elaborado de acordo com as instruções de O, do testamento
cerrado constava o seguinte:
i) Um legado a N da sua casa de férias na Comporta, hipotecada a favor de M;
ii) Sem prejuízo do legado, deixou todos os seus bens ao seu único herdeiro, o irmão L;
iii) Reconheceu ter uma dívida de 100.000€ para com M, resultante de um fornecimento de
calçada portuguesa, dívida essa garantida pela hipoteca já constituída e que onerava a sua
casa de férias na Comporta.
O testamento cerrado não foi aprovado por notário.
O faleceu uns meses depois, tendo N prontamente aceitado o legado e L prontamente aceitado a
herança. M pretende agora, após a partilha do acervo hereditário de O, exigir o pagamento dos 100.000€.
1. M tem título executivo? Contra quem?
Este caso refere-se a um testamento cerrado (2206º CC) não autenticado que, entre outras coisas, contém um
reconhecimento de dívida como consta do art. 458º/2 CC.
Este testamento é válido?
Não, 2208º CC: invalidade material, era analfabeto.
2206º/1/4 e 5, 2208º CC + 154º/4 e 6 CNotariado.
Como testamento não servia para nada.
Vamos presumir que era válido. Ele vale como título executivo, visto que ele tem um reconhecimento
de dívida?
Perguntando-se se este testamento vale para Miquelino como um título executivo?
O título executivo é um documento que demonstra um facto aquisitivo do direito à prestação por parte do
requerente da prestação coativa, dentro dos requisitos legalmente prescritos. Esses mesmos títulos executivos
encontram-se previstos no art. 703º CPC, sendo o artigo taxativo.
O testamento cerrado é considerado um documento particular simples, uma vez que não houve nenhum tipo
de intervenção pública (não foi aprovado pelo notário e é omisso quanto às outras duas entidades
equiparadas).
Antes da entrada em vigor do Lei 41/2013 de 26 junho, o CPC no art. 46º alínea c) previa que tinha força
executiva qualquer documento particular mesmo que esse documento fosse simples ou com assinatura
reconhecida, exigia-se para ser considerado título executivo somente que fosse assinado pelo devedor e que
constituísse uma obrigação.
Atualmente já não é assim, foi suprimida a previsão da ampla categoria dos documentos particulares simples
e com assinatura reconhecida.
Na nova redação, no art. 703º/1/b) não cabem documentos particulares simples, nem documentos particulares
com assinatura reconhecida. Só cabem os documentos particulares autenticados, com duas exceções.
Uma constante no art. 703º/1/c) relativamente aos títulos de crédito.
Outra é pela existência de um DL que dê força executiva ao documento, cabendo, portanto, no art.
703º/1/d).
Porém, como nenhuma destas alíneas se encaixa no problema, não sendo, portanto, de aplicar, ele não valerá
como título executivo. E agora? Como é que podíamos passar a ter título executivo?
Podia servir de meio de prova, pegava nele, intentava uma ação declarativa de condenação (10º/2/b))
e, assim, transformava-o num título executivo (sentença condenatória – 703º/a)).
Outra via:
Nós não sabemos quando é que ele fez o testamento. Se tivesse sido antes de 2013, visto que era
um documento particular, era título executivo.
O TC declarou inconstitucional retirar-se força executiva a este tipo de documentos constituídos
antes de 2013 – tutela da expectativa.
Contra quem é que o título executivo podia valer?
Sucessores do de cujus – NÃO.
Só contra o morto, porque não havia testamento
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Evidentemente que o testamento, ato de disposição de bens por morte, não pode constituir título executivo
enquanto nele radica a transmissão dos bens do testador. Mas já o será, por nos situarmos no campo das
obrigações, quando o testador nele confessa uma dívida sua ou constitui uma dívida que impõe a um sucessor.
Em ambos os casos, tem de se verificar a posterior aceitação da herança pelo sucessor, a qual
constitui, no primeiro caso, condição da transmissão da dívida, e, portanto, fundamento da legitimidade
passiva do sucessor para a execução, e, no segundo, condição suspensiva da própria obrigação.
Por isso, a aceitação tem de ser alegada e, pelo menos no segundo caso, provada pelo exequente
(54º/1 e 715º/1), respetivamente); mas o título executivo é sempre o testamento e não o ato da
aceitação da herança.
4. Imagine que, iniciada a execução contra L, M constata que o valor dos bens herdados é inferior
ao valor da obrigação exequenda e pretende demandar N, que se defende, afirmando que M
renunciou tacitamente à execução da hipoteca. Quid iuris?
O Miquelino, ao não indicar o bem onerado à penhora e o agente de execução também não o ter mencionado,
significa que não está a exercer o seu direito real de garantia e que não pode Nandinha, nesse caso, ser
executada.
Se fosse penhorar o bem sem o ter mencionado na execução, daria origem a uma ilegitimidade. Existiria então
uma ilegalidade subjetiva da penhora e podia a Nandinha fazer uma oposição através de embargo de terceiros
ou de uma ação de reivindicação.
Contudo, por de forma tácita não exercer este direito da garantia real, não está de maneira nenhum a renunciá-
lo, pois tal só seria possível pelos modos previstos na lei civil. A única maneira de renúncia, no caso em
concreto, seria pela forma extrajudicial preenchendo os requisitos de validade do 731º CC e feita antes da
execução.
Nada impede que, se os bens do devedor não chegarem, o exequente não possa propor uma nova ação
executiva contra o terceiro, embora não exista uma disposição legal expressa, pode retirar-se esta conclusão
das regras gerais sobre a legitimidade na ação executiva.
Como o título executivo proveio de uma sentença, a propositura da ação executiva contra o proprietário dos
bens onerados pressupõe que contra ele também tenha sido proposta ação declarativa de condenação e nesta
tenha sido declarada a existência da garantia pelo 635º/1, 667º/2 e 717º/2, todos do CC.
Qualquer que fosse a hipoteca (704º e 710º/1 e 714º), o 731º dispõe que a renúncia tem de ser expressa.
Ainda que eu dissesse no requerimento executivo que não queria, que renunciava etc., não estava a renunciar,
porque tem de ser documento autenticado. Podia sempre chamar a Nandinha, posteriormente.
Não estamos renunciar à hipoteca porque tal renúncia está regulada pelo 731º/1 CC que no diz que ela deve
ser expressa e escrita em documento reconhecido e uma vez que o requerimento executivo por si não é um
documento em que o exequente consiga fazer esta renúncia. A renúncia não pode ser tácita. Se o exequente
não o faz então ela continua valida e a produzir efeitos, ainda que nesta acção o exequente só possa fazer
valer dela se demandar a 3ª proprietária do bem sobre a qual está constituída a hipoteca.
54º/2. A doutrina no geral admite a intervenção do 3º anda que inicialmente a acção só tenha sido proposta
conta o devedor. MTS diz que se admite a intervenção principal provocada em quase rodos os casos (opinião
muito aberta). Lebre de feitas também diz que em geral é admissível quando a intervenção seja passiva isto é,
intervenção do réu (ele é obrigado a entrar na acção) e provocada pelo exequente (ou seja, é o exequente que
chama o réu à acção).
Ver esquema 13 do livro da AA
Assim, Leopoldo é o devedor principal, como sucessor de Osvaldo; Nandinha figura como um terceiro garante
do cumprimento visto que ela adquiriu a coisa (isto é, a casa de férias) que estava onerada com a hipoteca;
Miquelino é, por sua vez, o credor da obrigação de 100,000,00 EUR, crédito esse que estava garantido com
hipoteca sobre o bem de Nandinha, terceira à divida.
Concretizando, Miquelino, sendo credor da obrigação, é ele que deve promover a execução, de acordo com o
53º CPC, detendo assim legitimidade processual ativa.
Já do lado da legitimidade processual passiva, há que referir que Osvaldo é o devedor originário da dívida de
100,000,00 EUR, visto que é ele que figura no título como devedor da obrigação exequenda. Logo, de acordo
com o mesmo art. 53º CPC seria contra ele que deveria ser instaurada a ação.
Com a sua morte, sendo esta um facto sucessório posterior à formação do título e anterior à produção do
requerimento, segundo o art. 54º nº1 CPC a execução teria, na verdade, de correr contra os seus sucessores,
neste caso, Leopoldo, seu único herdeiro, que lhe sucede na obrigação (caso Osvaldo tivesse falecido já na
pendência da ação executiva o exequente teria primeiro de promover o incidente de habilitação de herdeiro
por morte do devedor, de acordo com o art. 351º CPC).
Porém, figura no caso que existe ainda um terceiro interveniente, Nandinha, que vem a adquirir, por legado, a
casa hipotecada e contra quem Miquelino instaura a ação pelo facto de a casa daquela ter sido dada como
garantia do pagamento da dívida. Há desde logo que referir que não é pelo facto de Nandinha ser agora a
proprietária da casa que é ela o devedor principal; ela é apenas o garante do cumprimento da obrigação por
deter um bem onerado com uma hipoteca que foi dada por Osvaldo como garantia do pagamento da dívida
que este detinha para com Miquelino. Isto advém da conjugação dos artigos 686º nº1 e 818º, 1ª parte do CC e
735º nº2 CPC. Assim, de acordo com as regras de legitimidade passiva do 54º CPC, a execução pode também
ser movida contra esta.
Ora, no caso em apreço, Miquelino moveu apenas a ação contra Nandinha, garante do cumprimento, o que
não tem qualquer problema visto que a lei confere ao exequente a possibilidade de escolha entre mover a ação
contra o devedor e terceiro, em coligação, ou apenas contra o terceiro, sem chamar o devedor, ao abrigo do
54º/2 1ª parte CPC e de acordo com o 697º a contrario CC. Configura-se, assim, um caso de legitimidade
opcional visto que o 735º/2 CPC determina que podem ser penhorados bens de terceiro desde que a ação
tenha sido movida contra ele, o que ocorre neste caso.
Além disto, há que referir que, de acordo com a opinião do senhor Professor Rui Pinto, o 54º/2 CPC é uma
norma de legitimação passiva de terceiro (a norma “dá legitimidade ao terceiro, mas não a retira ao devedor”)
e não configura um caso de litisconsórcio necessário do terceiro com o devedor.
Deste modo, e de acordo com a posição do Professor Rui Pinto, Miquelino poderia instaurar a ação somente
contra Nandinha, ao abrigo do 54º/2, 1ª parte CC.
Questão diversa é a de saber o que ocorre se, ao apenas se demandar o terceiro garante do cumprimento, se
verificar que o bem em causa não é suficiente para pagar a totalidade da dívida, o que efetivamente ocorre
com Miquelino no caso em apreço.
Ora como bem explica o professor Rui Pinto, se se verificar, após a distribuição do produto da venda, que o
bem onerado com a garantia (neste caso, hipoteca) é insuficiente para o pagamento da dívida, o exequente
pode requerer, no processo corrente, o prosseguimento da ação executiva também contra o devedor para que
o seu crédito seja satisfeito na totalidade, de acordo com o 54º/3 CPC.
Portanto, ao deparar-se com a insuficiência da casa de férias de Nandinha para o pagamento total da sua
dívida, Miquelino pode demandar na decorrência da execução, Leopoldo (atual devedor principal da dívida, por
sucessão por morte a Osvaldo, devedor originário). Deste modo, esta intervenção principal constituí, agora,
uma situação de litisconsórcio superveniente, visto que o devedor apenas foi chamado à ação no decorrer da
mesma. Além disto, a obrigação exequenda é a mesma, o pagamento dos 100,000,00 EUR,
independentemente da diferente posição dos executados (Leopoldo, devedor, e Nandinha, garante real), logo
não poderia ficar extinta face a um e não extinta face ao outro. Há que referir que este é um caso de
litisconsórcio superveniente em que não há discordância na doutrina quanto à admissibilidade da intervenção
de um terceiro na execução, visto que é um dos casos tipificados na lei, concretamente, no já referido 54º nº3
CPC.
Apesar disto, há apenas que referir que Miquelino poderia desde o início da ação ter chamado Leopoldo
(devedor) e Nandinha (Garante real) em litisconsórcio voluntário, de acordo com a possibilidade conferida pelo
54º nº2, 2ª parte CC. A única situação em que existiria problemas seria se o exequente (Miquelino) tivesse
apenas demandado inicialmente o devedor (Leopoldo) e executasse ao mesmo tempo a garantia (de
Nandinha). Como explica Rui Pinto, este não seria um caso de ilegitimidade do devedor, mas de ilegalidade
subjetiva da penhora.
Situação prevista no 54º/3.
No 54º/2 ou demandamos logo a partida o 3º mais o devedor, ou enato, no 54/3 diz nos que no caso em que
apresentamos o requerimento executivo e colocamos la como executado apenas o 3º nos podemos
posteriormente, se vir-mos que o bem é de valor inferior à dívida, podemos depois vir demandar o devedor.
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Este caso é um caso de litisconsórcio voluntario sucessivo porque o exequente não e obrigado a demandar o
devedor, só o faz se quiser ver a sua divida cumprida, e sucessivo porque ele depois pode demandar o devedor.
Neste caso, a dúvida é: se demandarmos em 1º lugar o devedor, podemos mais a frente demandar o 3º?
Questão da intervenção principal provocada! É admissível se não estiver expressamente consagrada na lei!
Sim! Mas esta questão não se coloca neste caso, porque neste caso a questão esta completamente resolvido
pelo 54º/3.
6. Imagine que L, cabeça-de-casal da herança, procedeu, de má-fé, à alienação gratuita dos bens
que compõem a herança a favor de P. P tem legitimidade passiva para a acção executiva
intentada por M?
Nesta situação, tal como configurada pelo caso, parece que houve um ato praticado em prejuízo do credor,
isto é, Leopoldo alienou gratuitamente e de má-fé os bens da herança a favor de Patrícia para que a dívida
reconhecida no testamento não pudesse ser paga a Miquelino por falta de bens, visto que, de acordo com a
regra do 744º/1 CPC, para pagar as dívidas da herança, só podem penhorar-se os bens dessa mesma massa
patrimonial.
Ora, o 818º CC permite que a execução possa incidir sobre bens de terceiro quando esses bens tenham sido
objeto de ato praticado em prejuízo do credor. Concretamente, esta situação é configurada pelo 610º CC como
impugnação pauliana e que concretiza uma extensão subjetiva do âmbito primário da penhora a quem não é
devedor, mas sim um terceiro à dívida.
Há desde logo que referir que a impugnação pauliana do 610º CC não se confunde com a sub-rogação do 606º
CC visto que, enquanto nesta última o credor reage contra a inação do devedor; já na primeira, o credor reage
conta os atos praticados pelo devedor em seu prejuízo. No caso concreto, o devedor doa os bens que fazem
parte da herança para que o pagamento ao credor não seja possível. Ora é exatamente contra estas situações
que o instituto da impugnação pauliana visa dar proteção, dando a possibilidade ao credor de reagir contra
aqueles atos.
Deste modo, o primeiro requisito da impugnação pauliana é que exista uma diminuição da garantia patrimonial
(610º, 1ª parte CC), isto é, a diminuição dos valores que respondem pelo cumprimento da obrigação.
Para além disto, é necessário que daí resulte uma impossibilidade de satisfação do crédito (610º alínea b)).
Ora no caso concreto, como só iriam responder pela dívida, os bens da herança (de acordo com o
744º CPC), tendo estes sido alienados, não existiam bens para pagar a dívida, logo existe uma
diminuição da garantia patrimonial que impossibilita o cumprimento da obrigação. É de referir que a
alienação dos bens também não tinha natureza pessoal (isto é, não era para dar cumprimento a
encargos patrimoniais com casamento, adoção, perfilhação, etc.).
Por último, o crédito/dívida era anterior ao ato de alienação gratuita dos bens, estando preenchida a previsão
da al. a) do 610º CC.
Sequencialmente, o 616º/1 CC permite que o credor possa executar esses bens no património de terceiro (o
que significa que não é necessário que os bens voltem para o património do devedor para o credor os poder
executar), o que é confirmado pelo já citado, 818º CC. Porém, para que tal execução seja possível, é necessário
que contra esse terceiro seja obtida uma sentença de impugnação pauliana, que será o título executivo, de
acordo com a segunda parte do 818º CC.
No caso concreto, para que Miquelino pudesse intentar ação executiva também contra Patrícia seria necessário
que primeiro obtivesse sentença de impugnação pauliana, para usar essa sentença como título executivo para
executar os bens no património de Patrícia, adquirindo esta, consequentemente, legitimidade passiva.
Dúvida da doutrina – ainda não há sentença da impugnação pauliana, mas querem chamar Patrícia apesar de
não haver título. Ou seja, dentro do 54º/2 e 3, cabe a impugnação pauliana?
O Professor Rui Pinto diz que há legitimidade passiva, como se fosse um garante dos bens que estão
a ser dissipados.
Deste modo, o professor Lebre de Freitas vê este terceiro (Patrícia) como devedor visto que foi
condenado; já Rui Pinto entende que o terceiro adquire legitimidade passiva por causa dos bens, isto
é, como garante da obrigação exequenda, aplicando, por este motivo, o 54º/2 CPC.
MCM não concorda.
Diz que o 20º/4 e 18º CRP estariam a ser violados.
Resposta: não tem legitimidade passiva. Mas alguma doutrina minoritária diz que sim.
Podemos demandar pessoas que não o devedor, que são os terceiros. Estes terceiros não são terceiros à
execução, mas sim um terceiro à obrigação exequenda. Podem ser demandados nos casos do 725º/2 e 818º
CC. 818º diz-nos que pode ser executado terceiro que é garante da obrigação. Caso da impugnação pauliana.
O que acontece é que o Leopoldo, que ia ser executado, queria alienar de má-fé os seus bens a terceiro, de
modo a dissipar o seu património, para evitar que seja executado. 0 818º/2 CC resolve porque diz que quando
o devedor vende os seus bens de forma a prejudicar o credor o credor intenta uma acção de impugnação
pauliana e se ela for procedente ele fica com um título executivo para ele poder executar os bens ao terceiro
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que alienou os bens. Neste caso, o título executivo já é a sentença da impugnação pauliana. 616º/1 CC diz
que o credor tem o direito a restituição dos bens através da execução dos bens no património do tereceiro. O
que vamos fazer é executar directamente o património do terceiro. Surge um novo título executivo. Para
conseguir-mos fazer isto, no entanto, temos que executar o terceiroº (porque não podem ser executado bens
se não tiver sido executado na acção aquele a quem foram executados os bens). Se não conseguir-mos
executar, o bem foi com o caralho.
Lebre de Freitas e Rui Pinto dizem que se aplica analogicamente o 54º/2 porque dizem que a legitimidade do
devedor continua a resultar do 53º/1. Já a razão da legitimidade do terceiro resulta do facto de ele ser garante
do bem, porque ele alienou o bem do devedor (os Professores consideram que o património do devedor é o
seu garante e como tal passa o terceiro a ter esse garante, dai resultando a sua legitimidade).
Mas não dar muita importância a isto, está mal explicado.
Pelo que temos de verificar se Miquelino pode propor uma ação contra vários devedores por
dívidas diferentes e independentes entre si e, ainda, tituladas por títulos executivos de
diferente natureza.
Desde logo, há que notar a dualidade de regimes que procuram gerir situações deste género.
Deste modo, somos confrontados com o regime do 709º e 710º CPC, pelo que importa
esclarecer a diferença entre os dois:
Relativamente ao 709º, está em causa uma cumulação de execuções fundadas em
títulos diferentes (judiciais, extrajudiciais e quase judiciais);
Já no 710º consta o regime aplicável à cumulação de execuções fundadas em
sentença.
Ora, atentando no caso concreto, podemos logo verificar que estamos perante uma situação
do 709º visto que um dos títulos executivos é um testamento e, os restantes, sentença
condenatória. Assim, há que analisar os requisitos do 709º CPC, verificar se estão
preenchidos e concluir se a pretensão de Miquelino é admissível.
Cumulação de execuções baseadas em títulos diferentes: 709º:
709º1/a): estamos perante um caso de incompetência absoluta do tribunal para
alguma das execuções, o que não torna possível a cumulação.
85º e 89º: a competência é diferente para as execuções baseadas em sentença
(85º) e para as execuções baseadas em outros títulos executivos (89º).
Normalmente, quando temos títulos de natureza diferente, a competência do
tribunal também será diferente.
Não podia haver cumulação, o pedia para o exequente escolher com qual queria
seguir.
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Coligação (56º):
São raras as situações de coligação.
Também não é possível, pois para além de se verificarem as situações impeditivas
do 709º/1, 56º/1/b) exige que os devedores se encontrem obrigados no mesmo título,
o que não acontece.
Logo, 38º e 726º/4 e 5: o processo sobe ao juiz e ele faz um despacho liminar ao
exequente a dizer que apenar de as duas partes separadas terem legitimidade, juntas
não têm legitimidade, por isso, haverá absolvição do pedido se o exequente não
escolher um executado.
Para além de termos uma pluralidade de execuções (pluralidade de pedidos), temos também
uma pluralidade de partes. Há litisconsórcio ou coligação? No litisconsórcio (passivo) o que
nos temos é um exequente que vai demandar vários executados, mas os pedidos em relação
aos executados são sempre os mesmos. Ou seja, os pedidos são feitos de todas as partes
contra todas as partes (in casu, na parte activa só está uma pessoa, mas podiam ser vários).
Já na coligação, o exequente vai executar vários devedores, mas as execuções vão ser
diferentes. Neste caso há uma coligação. É uma coligação ilegal por isso o juiz deve proferir
o despacho de aperfeiçoamento e basicamente perguntar-lhe qual é o pedido que ele quer
escolher (38º e 726º/4). Caso ele nada diga vamos para o 727º/5 e 739º/c e 731º (ou 8, não
percebi bem).
22/Mar/2019
709º/1c) e pressuposto a compatibilidade de processos. Se um for sumario e outro ordinário
é indiferente porque ambos são processo comum (pagamento de quantia certa é processo
comum). Se for por exemplo acção executiva para pagamento de alimentos já é um processo
especial por não isso pode. Também é exigido que as execuções não tenham fins diferentes
(709º/1b)). Também é necessária a competência absoluta do tribunal. Doutrina vai ao 555/1
e 186º/2b para dizer que tem que haver compatibilidade substantiva.
Nota sobre o 709º e 710º: sempre que hajam títulos diversos vamos ao 709º; se for uma
condenação baseada na mesma sentença vamos ao 710º, portanto pressupõe que só
tenhamos uma titulo executivo, que é essa sentença.
Quanto a este caso do testamento, havendo hipoteca a forma de processo pelo 550º/2 seria
o sumário.
Caso 5
Pedro vendeu um barco a Raquel, por 20.000€, no dia 3 de Abril. No dia 5 de Abril,
Pedro dirigiu-se ao Banco X para apresentar a pagamento o cheque que Raquel
entregara. Contudo, o pagamento foi-lhe recusado por falta de provisão.
1. Pode Pedro intentar uma acção executiva contra Raquel, anexando ao
requerimento executivo o cheque sem provisão? Manteria a sua resposta se,
em vez de um barco, o negócio subjacente fosse a compra e venda e um imóvel?
703º/1c), 10º/5
Exequibilidade extrínseca. O cheque é um título de crédito e portanto é titulo executivo por
força do 703º/1c. A grande questão é saber se cheque ainda esta válido. De acordo com
29º/1 da lei uniforme relativa ao cheque, tem 8 dias. O cheque não tinha provisão, se tivesse
não haveria problema nenhum.
No cheque temos sempre que separar dois grandes campos: campo da obrigação cartular,
que é aquela que vamos executar enquanto o cheque ainda está válido + relação subjacente
a esta obrigação cartular que é a relação que as artes têm e que leva uma a dar a outra o
cheque. Nestes 8 dias aquilo que nos temos é a obrigação cartular.
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MTS diz que sendo uma obrigação abstracta (o cheque) o exequente não vai ter que alegar
os factos constitutivos desta obrigação.
Quanto à compra do imóvel, claro que a nossa resposta não ia mudar. O cheque é título
executivo independentemente da forma do negócio e do seu valor.
cartular e sem o acordo do executado (264º), por tal implicar alteração da causa de
pedir.
O cheque constitui um titulo de credito que, enquanto meio de pagamento, se materializa
numa “ordem pura e simples dada por uma pessoa (sacador) a um banco (sacado) para que
pague determinada quantia por conta da provisão bancária à disposição do sacador”. Para
que o cheque possa valer como titulo de credito, a lei uniforme relativa aos cheques
estabelece dois requisitos cumulativos:
Em 1º lugar, o cheque pagável no país onde for passado deve ser apresentado a
pagamento no prazo de 8 dias, sendo que esse prazo começa a correr no primeiro
dia seguinte ao indicado no cheque como “data de emissão” (29º e 56º LUC).
Terminando o prazo de 8 dias em dia de feriado legal, o termo transfere se para o
primeiro dia útil seguinte.
Em 2º lugar, acção do portador contra os endossantes, contra o sacador ou contra os
demais coobrigados (15º a 27º LUC) prescreve decorridos que sejam 6 meses,
contados do termos do prazo de apresentação (52º LUC).
De todo o modo, mesmo que não tivessem sido observados os prazos legais previstos no
29º e 52º/1 LUC, para a apresentação do cheque a pagamento ou para o acionamento
judicial do sacador, ainda assim o cheque conservaria o valor de titulo executivo, agora
enquanto quirógrafo da obrigação, desde que o exequente invocasse no requerimento
executivo a relação jurídica subjacente a emissão do cheque.
Como já tinham passado os 6 meses, valia como quirógrafo. Ou seja, nem sequer é aquilo
relevante àquela questão doutrinária dos 8 dias vs 6 meses. A partir do 6 meses não há
ninguém que diga que o cheque valha como título executivo como titulo de credito porque
esta prescrito pelo 52º/1 LUC.
703/1c esta expressamente previsto que l quirografo vale como titulo executivo.
Condições: Têm que ser indicado os factos constitutivos do facto subjacente + doutrina
acrescenta que o negócio valutel não pode ser negócio formal. Ou seja, se fosse CV de
imóvel já não podia porque esse é um negócio formal.
4. Suponha que Pedro tinha endossado o seu cheque a Quina, e que esta, no dia
20 de Dezembro do mesmo ano, apresentou o cheque a pagamento o Banco X,
que lhe comunicou a falta de provisão de Raquel. Quina poderia usar o cheque
como título executivo?
Se o cheque for apresentado a pagamento e a conta sacada não se achar devidamente
provisionada, o banco deve proceder a devolução do cheque, com a menção, aposta no seu
verso, da recusa por falta de provisão. Com efeito, nos termos do 40º LUC, o portador do
cheque só pode “exercer os seus direitos de acção contra os endossantes, sacador e outros
coobrigados, se o cheque, apresentado em tempo útil, não for pago e se a recusa do
pagamento for verificada:
Quer por um acto formal (protesto)
Quer por uma declaração do sacado, datada e escrita sobre o cheque, com a
indicação do dia em que este foi apresentado
Quer por uma declaração datada duma câmara de compensação, constando que o
cheque foi apresentado em tempo útil e não foi pago”.
A questão é que já se tinham passado 8 meses.
Ora, tratando-se o cheque de um título de crédito, este constitui titulo executivo, nos termos
do 703º/1c). Nessa eventualidade, “Estando o direito de credito do exequente titulado por
um cheque e sendo este um título de crédito que incorpora a relação cambiária que constitui
causa de pedir do pedido executivo, não necessita o exequente, com vista a fazer valer a
sua pretensão alegar a factualidade respeitante a causa ou relação jurídica subjacente a
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Caso A
Nesta semana os jornais económicos e desportivos têm capas semelhantes: Xavier,
futebolista e antiga glória da seleção nacional, faz parte das listas de devedores de
mais um Banco prestes a rebentar (“BPR”) e pode ver os seus bens penhorados no
âmbito de um processo de execução.
Segundo o notário que falou com os jornalistas, Xavier terá celebrado, na sua
presença, dois contratos:
(i) Um contrato de abertura de crédito com o BPR, que tinha sede em Lisboa,
nos termos do qual este se obrigava a disponibilizar ao cliente, durante um
ano, um montante máximo de 100.000,00 €, podendo Xavier solicitar a
qualquer momento os montantes que desejasse. O contrato teria comissões
com uma taxa de 3,5% (que incidiam sobre o montante imobilizado) e uma
taxa de juro de 6,5% (sobre o montante solicitado). Diz-se terem sido os
valores solicitados utilizados para cobrir as despesas que Xavier foi
acumulando recentemente decorrentes de um vício na aplicação para
telemóvel Football Manager Mobile, que o parece ter prendido ao seu
telemóvel para constantemente;
(ii) Um contrato de compra e venda, também com o BPR, através do qual este
vendeu a Xavier um imóvel de que se queria desfazer, um pequeno terreno
para este usar como campo de futebol. O preço deste bem deveria ser pago
em dez prestações mensais de 10.000,00 €. Xavier só terá assegurado o
pagamento das três primeiras prestações.
Uns meses mais tarde, em entrevista exclusiva na televisão, olhos nos olhos, cheios
de lágrimas, Xavier declarou que já não tem dinheiro e afirmou muito assertivamente
que não irá pagar o que deve, nem juros, nem comissões – “estou pobre e aquele
banco está cheio de malandros!” – apesar das suas obrigações no âmbito do primeiro
contrato ainda não se terem vencido. Os jornais já haviam revelado que Xavier tinha
solicitado “apenas” 75.000,00 €, prontamente disponibilizados pelo BPR.
No dia seguinte, o BPR emitiu um comunicado em que afirmava que já tinha
encarregado os seus advogados de, tão rápido quanto possível, intentarem uma única
ação executiva contra Xavier para conseguirem recuperar todos os créditos em dívida.
Os jornalistas vêm falar consigo, especialista em Executivo e fazem-lhe as seguintes
perguntas:
1. Haveria algum problema quanto à exequibilidade extrínseca e intrínseca desta
ação executiva? Se sim, que problemas? E quais as suas consequências?
Nota: relativamente ao segundo contrato, vamos pressupor que já tinham
decorrido 8 meses desde a celebração do mesmo e que Xavier tinha assegurado
apenas o pagamento das três primeiras prestações.
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Para que seja possível intentar uma acção executiva, é necessário que exista um título
executivo (10º/5). Com efeito, a acção executiva só pode ser intentada se tiver por base um
título executivo, o qual, para além de documentar os factos jurídicos que constituem a causa
de pedir da pretensão deduzida pelo exequente, confere igualmente o grau de certeza
necessário para que sejam aplicadas medidas coercivas contra o executado.
Quanto ao 1º contrato: contrato de abertura de crédito
Exequibilidade intrínseca: a obrigação exequenda deve ser certa, exigível e líquida
(714º a 716º), devendo a execução principiar pelas diligencias, a requerer pelo
exequente, destinadas a tornar a obrigação certa, exigível e líquida, quando esta não
o seja em face do título executivo (713º):
A obrigação diz-se certa quando está determinada em relação à sua qualidade,
o que implica que o objecto da prestação se encontre perfeitamente delimitado
ou individualizado, isto é, que se saiba precisamente o que se deve. O mesmo
é dizer que a obrigação será certa desde que seja possível diferenciá-la de
todas as outras, sendo que essa diferenciação pode ter lugar antes da
propositura da acção executiva ou nas diligências iniciais da execução.
Compreendendo a obrigação exequenda juros que continuam a vencer-se, a
sua liquidação é feita pelo agente de execução em face do título executivo e
dos documentos que o exequente ofereça em conformidade com ele, ou,
sendo caso disso, em função da taxas legais de juro de mora aplicáveis
(716º/2).
A obrigação diz-se exigível quando já se encontra vencida ou quando o seu
vencimento depende da simples interpelação do devedor, ou seja, quando já
pode ser exigida. Na falta de estipulação ou disposição especial da lei, o credor
tem o direito de exigir a todo o tempo o cumprimento da obrigação, assim como
o devedor pode, a todo o tempo, exonerar se dela (777º/1 CC). Estando em
causa uma obrigação a prazo ou a termo, isto é, uma obrigação em que as
partes convencionaram “um dia ou um prazo para que o credor exija a
prestação ou para que o devedor a realize”, o mero decurso do prazo implica
o vencimento e exigibilidade da obrigação, sem necessidade de interpelação
ao devedor (779º CC).
A obrigação diz-se líquida quando se encontra determinada em relação à sua
quantidade, isto é, quando se sabe exactamente quando se deve ou quando
essa quantidade é facilmente determinável através de uma operação de
simples cálculo aritmético, com base em elementos constantes do próprio título
executivo (716º/1).
Atenção ao 703º/2, segundo o qual, ainda que o título executivo seja omisso, considera-se
abrangidos por ele os juros de mora à taxa legal, da obrigação dele constante.
Exequibilidade extrínseca: um título executivo é um documento pelo qual o requerente
da realização coactiva de prestação demonstra a aquisição de um direito a uma
prestação. É necessário que estejamos perante um dos títulos executivos previstos
no 703º. Penso que se aplica o 703º/1b) e 707º porque é dito no caso que Xavier
celebrou o contrato na presença de notário, ou seja, documento particular
autenticado, uma vez que terá sido confirmado pelas partes (363º/3 CC: os
documentos particulares são havidos por autenticados quando confirmados pelas
partes, perante notário). Ver 150º a 152º do código do notariado.
No momento da celebração o banco cobra logo a taxa de imobilização dos 100.000€: nesta
altura, já é título executivo para cumprimento desta obrigação de pagamento da taxa de
3.5%
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Não decorre do contrato a obrigação de Xavier pagar logo a restituição dos 100mil nem as
taxas de cada mobilização.
Quando Xavier levanta 75.000€ e dispõe do valor de 10.000€ constitui-se o contrato de
mútuo (contrato real quoad constitutionem).
Do contrato de mútuo retira-se a obrigação de restituição dos 75.000€ + juros
Aqui, por força do 707º iríamos provar esta constituição do mútuo por prova complementar.
Contrato de abertura de crédito. Não é logo um contrato de mútuo porque logo à partida o
banco não entregou o dinheiro. O contrato de mútuo é real quoad constitutionem pelo que
só produz efeitos dom a entrega da coisa. O que acontece no crédito e que o banco obriga-
se a disponibilizar o dinheiro, mas só a partir do momento em que Xavier dispõe do dinheiro
é que se constitui o contrato mútuo.
Há que distinguir dois grandes momentos:
Num primeiro momento, da abertura do credito, o devedor é o banco (porque se
obrigou a disponibilizar 100.000 €) e o credor é Xavier. À taxa de 3,5% chama-se
comissão de imobilização. A sua obrigação nasce logo na constituição do contrato de
abertura de credito. Ou seja, temos o banco como devedor no que toca a disponibilizar
os 100.000, mas também temos o xavier como devedor quanto a pagar a taxa de
imobilização. Disto resulta que se mostrássemos o contrato, ele constituía logo título
executivo (pelo menos no que toca a exequibilidade extrínseca) quanto aos juros.
Basicamente o que temos neste momento é um contrato promessa de mútuo.
Num segundo momento, quando o Xavier levanta os 75.000, já podemos falar de
contrato de mútuo. Aqui, xavier é devedor não só da restituição do capital (75.000 que
ele levantou), mas também dos juros convencionados. 703º e 707º
Através de prova complementar é que se vai provar que aconteceu este 2º momento! Porque
neste segundo momento não basta o contrato de abertura de credito para provar que ele
levantou os 75.000€. Vamos ter que provar (707º) para provar que o segundo momento
aconteceu. Se não se conseguisse provar, havia indeferimento liminar por falta de titulo
executivo (?).
2. Será que o Banco pode mesmo intentar uma única ação executiva, com base
naqueles dois contratos, contra Xavier?
Nota: vamos pressupor que Xavier, tendo pago todas as prestações até lá,
incumpriu a 9ª prestação.
Equacionar a hipótese estar-mos perante uma cumulação de execuções fundadas em títulos
diferentes (709º CPC).
Sendo que Xavier só incumpriu na 9ª prestação, tal prestação (no valor de 10.000€), por não
exceder 1/8 do preço (12.500€), não origina o direito de resolução do contrato, nem a perda
do beneficio do prazo relativamente às prestações seguintes, como dispõe o 934º CC. No
entanto, uma vez que estamos perante uma obrigação com prazo certo (já que está em
causa uma prestação que se vence mensalmente), o mero decurso do prazo implica o
vencimento da obrigação, com a consequente constituição do devedor em mora (805º/2a)
CC). Ou seja, a prestação em falta (10.000€) é exigível.
Assim, em princípio, poderia haver cumulação, desde que não se verifique nenhuma das
circunstâncias impeditivas do 709º/1. Dúvida sobre se os processos são os mesmos..
Quanto às formas de processo:
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3. Imagine que, em vez de três meses, já tinham passado oito meses e que Xavier
tinha pago todas as prestações relativas ao segundo contrato (CV do imóvel).
A sua resposta alterava-se?
Aqui já não existiria cumulação porque Xavier já teria pago todas as prestações relativas ao
contrato de CV do imóvel, pelo que a acção apenas poderia ser intentada contra Xavier
relativamente ao contrato de abertura de crédito. Faltando apenas uma prestação ele só
podia executar essa, não se aplica o 934º, a obrigação exequenda é 10.000€.
elenco. Então o que fazemos aos documentos particulares anteriores a 1 de setembro? Vão
ou não configurar título executivos nas acções executivas que sejam propostas de 1 de
Setembro de 2013 em diante? As execuções anteriores a entrada em vigor estão protegidas.
Como a lei se aplica para o futuro e se já não consta do elenco os documentos particulares,
todos estes documentos que sejam constituídos depois de 1 de Setembro de 2013
obviamente já não vale como título executivo. Então e os documentos particulares
constituído antes de 1 de setembro de 2013? Podem ser título executivo em acções
propostas depois de 1 Setembro de 2013? Rui Pinto diz que sim! E que se dissermos que
não, basicamente estão a aplicar retroactivamente a lei. Já MTS e Lebre de Freitas dizem
que o facto de nós dizer-mos que este documento não pode ser título executivo não equivale
a uma forma de retroactividade, equivale apenas a aplicar a nova lei para o futuro. MTS diz
que e exagerado falar de uma legítima expectativa da tutela do exequente porque é certo
que a CRP garante o direito aos tribunais, mas isso não significa que também garanta o
direito ao acesso a uma forma de processo, que é a forma executiva! O exequente tem
sempre aberta a porta do processo declarativo!
O TC no Ac. n° 408/2015, de 23 de Setembro, veio declarar com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade da norma que aplica o 703º a documentos emitidos anteriores a 1 de
Setembro de 2013. No fundo vem concordar com o Professor Rui Pinto.
27/Mar/2019 1x
29/Mar/2019 1x
Caso 11
Fausto deslocou-se ao stand de automóveis do seu amigo Gualdino, pretendendo
comprar um automóvel para oferecer a sua filha Helga como prenda de casamento.
Foi celebrado por documento autenticado o contrato de compra e venda entre Fausto
e Gualdino. Ficou estipulado que o contrato apenas produziria os seus efeitos após a
celebração do casamento de Helga. Fausto encontrava se indeciso em relação à cor
do automóvel (rosa, roxo ou amarelo) a escolher. Tendo Gualdino dois automóveis de
cada uma destas cores no seu stand, ficou acordado que Helga telefonaria a Gualdino,
durante aquela semana, a indicar a cor escolhida.
Helga casou com um conhecido actor (o casamento foi noticiado em toas as revistas
cor-de-rosa) sem ter escolhido a cor do seu novo automóvel. Fausto, por seu lado,
cumpriu a obrigação de pagamento do preço no dia seguinte ao casamento, na
presença da sua mulher, Ivone.
1. Pode Fausto propor acção executiva contra Gualdino para a entrega forcada do
automóvel? E Helga?
Não é um contrato a favor de 3º porque daqui não conseguimos retirar que ficou no próprio
contrato formalmente indicado que aquele contrato visava beneficiar Helga. O que temos é
uma compra e venda entre Fausto e Gualdino. O Fausto tinha como intenção, depois de
comprar o carro, entregá-lo a Helga. Mas isso não significa que seja um contrato a favor de
3º. Tinha que ser mais explícito e constar formalmente do contrato. Ela não tinha então
legitimidade. Fausto tinha legitimidade porque era credor.
Caso 14
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de 1ª instância são executadas pelos tribunais de comarca, em regra (79º LOSJ). Assim, os
tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de recurso e de resolução
de conflitos de jurisdição e de competência, nos termos do 42º/2, 52º a 55º e 72º a 74º LOSJ.
Têm, ainda, uma competência de reconhecimento de sentenças estrangeiras (cfr 73º e)
LOSJ).
Competência em razão do território: neste caso o título executivo é uma sentença, pelo que
são aplicáveis as disposições do 85º a 88º e 90º CPC. No caso, diz-nos o 85º/1 CPC que,
uma vez que o processo subiu em recurso o processo corre no traslado (649º/1 CPC).
85º/1 e 2: há que distinguir o tribunal que recebe o requerimento e o tribunal que tem
competência para fazer a execução.
O tribunal a que era dirigido o requerimento executivo seria a comarca do Porto.
Competência em razão do território: neste caso o título executivo é uma sentença, pelo que
são aplicáveis as disposições do 85º a 88º e 90º CPC. Por força do 85º/1 CPC e 128º/3
LOSJ, compete ao juízo de comércio (que foi quem proferiu a decisão) a execução das
decisões. Ou seja, a acção deveria ter sido proposta na 1ª secção de comércio da comarca
de Lisboa e não na 1ª secção de execução do tribunal judicial da comarca de lisboa.
Competência em razão da matéria: uma vez que, dentro da Comarca de Lisboa, quem
proferiu a decisão foi o tribunal de comercio, e este que tem competência, por força do 129º/2
e 128º/3 LOSJ.
de Beja. Cabe no 703ºd) CPC, injunção é título executivo por força deste artigo porque está
especialmente previsto no Anexo do DL 269 de 98, 14º/1
A injunção é um procedimento que permite que o credor de uma dívida obtenha um título executivo, sem necessidade de
promover acção declarativa no tribunal.
Competência em razão da matéria: uma vez que em Beja não existe juizo de execução (70º
ROFTJ). Não havendo, passamos para competência em razão do valor.
Uma vez que foi proposta a acção na secção cível da comarca do Porto, estamos perante
uma incompetência material ou relativa, uma vez que está em causa a violação de regras
de competência fundadas na divisão judicial do território (violação do 88º/1, 1ª parte CPC).
Esta incompetência é de conhecimento oficioso, conforme o 104º/1 CPC.
é competente o juízo local cível (130º/2c) LOSJ). Neste caso, o valor da acção é 20.000€
pelo que será competente o juízo local cível (130º/2c) LOSJ) da comarca da Guarda (penso
que a secção de competência genérica, desdobrada em matéria cível e criminal, com sede
na Guarda (81º/2e) ROFTJ)).
Uma vez que a acção foi proposta na secção cível da comarca de Lisboa, estamos perante
um caso de incompetência relativa, uma vez que está em causa a violação de regras de
competência fundadas na divisão judicial do território (violação do 89º/2 CPC). Esta
incompetência é de conhecimento oficioso, nos termos do 104º/1 CPC. Quanto à
incompetência, devia haver remessa para o tribunal competente pelo 105º/3 CPC.
Competência internacional: uma vez que não estamos perante uma situação plurilocalizada
e portanto são competentes os tribunais portugueses.
Competência em razão da jurisdição: na acção executiva os únicos tribunais competentes
são os judicias (64º CPC e 40º/1 LOSJ).
Competência em razão da hierarquia: no plano da hierarquia, apenas os tribunais de 1ª
instância têm competência executiva (85º/1 e 86º CPC), ou seja, os tribunais de comarca
(29º/3 LOSJ). Esta abrange, designadamente, a competência para a execução de decisão
proferida em acção proposta na Relação ou no Supremo, em algum dos casos especiais
(indemnização contra magistrados; revisão de sentenças estrangeiras) em que, no âmbito
da acção declarativa, o tribunal superior funciona como 1ª instância. Portanto as decisões
de 1ª instância são executadas pelos tribunais de comarca, em regra (79º LOSJ). Assim, os
tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de recurso e de resolução
de conflitos de jurisdição e de competência, nos termos do 42º/2, 52º a 55º e 72º a 74º LOSJ.
Têm, ainda, uma competência de reconhecimento de sentenças estrangeiras (cfr. 73º e)
LOSJ).
Competência em razão do território: Partes convencionaram, 95º. Se formos ao 104ºa)
temos que o a convenção é possível porque neste caso vamos aplicar a segunda parte do
89º/1 (se fosse a primeira já não era admitida). Sendo admissível a convenção, seria
competente o tribunal acordado, ou seja, comarca de Lisboa.
Competência em razão da matéria: Tem juízo de execução, sendo esse o tribunal
competente
Competência em razão do valor: não importa.
Competência internacional: uma vez que não estamos perante uma situação plurilocalizada
e portanto são competentes os tribunais portugueses.
Competência em razão da jurisdição: na acção executiva os únicos tribunais competentes
são os judicias (64º CPC e 40º/1 LOSJ).
Competência em razão da hierarquia: no plano da hierarquia, apenas os tribunais de 1ª
instância têm competência executiva (85º/1 e 86º CPC), ou seja, os tribunais de comarca
(29º/3 LOSJ). Esta abrange, designadamente, a competência para a execução de decisão
proferida em acção proposta na Relação ou no Supremo, em algum dos casos especiais
(indemnização contra magistrados; revisão de sentenças estrangeiras) em que, no âmbito
da acção declarativa, o tribunal superior funciona como 1ª instância. Portanto as decisões
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de 1ª instância são executadas pelos tribunais de comarca, em regra (79º LOSJ). Assim, os
tribunais superiores não têm competência executiva. São tribunais de recurso e de resolução
de conflitos de jurisdição e de competência, nos termos do 42º/2, 52º a 55º e 72º a 74º LOSJ.
Têm, ainda, uma competência de reconhecimento de sentenças estrangeiras (cfr. 73º e)
LOSJ).
Competência em razão do território: neste caso o título executivo é uma sentença, pelo que
são aplicáveis as disposições do 85º a 88º e 90º CPC. Assim, por força do 85º/1 CPC, será
competente o tribunal onde foi proferida a decisão: comarca de Lisboa.
Competência em razão da matéria: uma vez que na comarca de Lisboa existe juízo de
execução (84º/1p) ROFTJ), será esse juízo o competente.
Competência em razão do valor: não releva pois existe juízo de execução na comarca de
Lisboa.
Uma vez que a acção foi proposta na secção cível da comarca de Lisboa estamos perante
uma incompetência absoluta por violação de normas de competência em razão da matéria
(96º CPC). Dado ser um vício insuprível, após o despacho de indeferimento liminar ou a
decisão de absolvição do executado da instância, o exequente terá que instaurar nova
execução no tribunal competente: juízo de execução da comarca de Lisboa.
05/Abr/2019 Participei 1x
10/Abr/2019
Caso 18
Maria propôs acção executiva contra Nuno, munida de setnça que condenava este a
pagar aquela a quantia de 15.000€. Citado para a acção executiva, Nuno deduziu
oposição à execução trinta dias depois, com os seguintes fundamentos:
(i) A dívida fora parcialmente perdoada (no montante de 5.000€) por Maria já
antes da propositura da acção declarativa, numa festa em que ambos se
encontravam, embora Nuno apenas se tenha lembrado desse facto agora.
Nuno afirma que a dívida foi parcialmente extinta, arrolando dez
testemunhas que também se encontravam na festa, apesar de não ter
qualquer prova documental para apresentar na oposição à execução.
(ii) Nuno detinha um contra-crédito sobre Maria, cujo valor ascendia a 30.000€,
que se constitui antes da propositura da acção declarativa, mas que apenas
se tornou exigível na pendência da mesma. Nuno apresentou um documento
a provar a sua pretensão, que revestia todos os pressupostos de
exequibilidade extrínseca e intrínseca. Tendo em conta o exposto, pretende
compensar a sua dívida remanescente de 10.000€ e apresentar reconvenção
quanto aos restantes 20.000€.
(iii) Nulidade da citação para a acção executiva.
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temos que olhar para o artigo 733º/4 CPC. Havendo suspensão, a eficácia dos actos que já
foram produzidos mantém-se.
Caso 21
António é casado com Benta no regime de comunhão de adquiridos.
1722º CC: são bens próprios os bens que levaram para o casamento, os bens que
adquiriram por herança e por doação e os bens adquiridos por virtude de direito próprio
anterior.
1724º CC: são bens comuns o produto do trabalho de cada um e os bens adquiridos durante
o casamento.
Ou seja, se Benta nada fizer, a execução prosseguirá nos bens penhorados (740º/1). Caso
contrário, a execução é suspensa até que se verifique a partilha e se, nesta, os bens
penhorados não forem atribuídos ao executado, poderão ser penhorados outros que lhe
tenham cabido (740º/2 CPC).
Se Benta for citada para declarar se aceita que a dívida é comum, essa aceitação é,
incompatível com a separação de bens do 740º/1 CPC, pelo que, se esta tiver sido requerida,
ou se Benta tiver provado que a requereu antes de António suscitar a questão da
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comunicabilidade, a citação de Benta para o efeito de se pronunciar sobre esta já não tem
de ter lugar.
Quanto ao incidente de comunicabilidade, dado que a dívida já é comum, não tem efeito útil.
Lebre de Freitas entende que não existe litisconsórcio necessário, mas sim um
litisconsórcio voluntário, pelo que o credor que disponha de título executivo contra
ambos pode decidir contra quem quer deduzir a execução. A seu ver, o 740º CPC
aplica-se a todos os casos de execução movida contra um só dos cônjuges! Ou seja,
aplica-se não só os casos de responsabilidade exclusiva do executado, mas também
aqueles em que a responsabilidade é comum, mas a execução foi movida contra um
só dos responsáveis. Simplesmente, há que atender, na ordem a observar na
penhora, à diferença dos regimes substantivos aplicáveis:
Sendo a dívida da responsabilidade exclusiva do executado, a penhora deve
começar pelos bens próprios dele e só depois pode ser penhorada a meação;
Sendo a dívida comum e havendo título executivo contra ambos os cônjuges,
a penhora deve começar pelos bens comuns e só na sua falta ou insuficiência
pode incidir sobre bens próprios. Assim, só se não houver bens comuns é que
se justifica a propositura da execução contra um só dos obrigados no título;
Sendo a dívida comum e baseando-se a execução em sentença que apenas
constituía título executivo contra um dos cônjuges, o executado, que não
chamou o cônjuge a intervir no processo declarativo, para o convencer da sua
responsabilidade (316º/3a) CPC), não pode alegar no processo executivo que
a dívida é comum. Segue-se assim o regime da penhora das dívidas de
responsabilidade exclusiva do executado, sem prejuízo do apuramento ulterior
de contas entre os cônjuges (1671º/1 CC) e da possibilidade de o credor ainda
propor nova acção declarativa contra o cônjuge não condenado. O
chamamento a intervenção principal do cônjuge não demandado constitui
assim um ónus do cônjuge demandado na acção declarativa, cuja
inobservância preclude a invocação da comunicabilidade da dívida;
Sendo a dívida comum e baseando-se a execução em título extrajudicial contra um
só cônjuge: 741º e 742º CPC.
(iv) António comprou a Capitolino um veleiro para passear com a sua amante de
longa data. O contrato de compra e venda foi autenticado por notário. O
preço não foi pago.
a) Capitolino propõe acção executiva contra António e Benta.
Dívida própria de António, não havendo comunicabilidade. Assim, é da exclusiva
responsabilidade de António, nos termos do 1692º/1a) CC. Pela dívida vão responder os
bens próprios de António e, subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns (1696º CC).
Tendo sido proposta a ação contra ambos os cônjuges, Benta deverá opor-se à execução
alegando a sua ilegitimidade (731º e 53º/1 CPC). Se a oposição for procedente, passa a ser
cônjuge do executado e deverá requerer a separação de bens, sob pena de a execução
prosseguir sobre os bens comuns (740º/1 CPC).
24/Abr/2019 2x
Caso 23
Vasco, casado com Xica no regime de comunhão geral de bens, adquiriu diversos
electrodomésticos para equipar a casa que comprara com Xica, pelo valor global de
50.000€, tendo pago através de cheque à ordem da Wortin. No acto da compra, Zito,
pai de Vasco, foi parte no contrato, na qualidade de fiador. Dois dias depois, a Wortin
verificou que o cheque não tinha provisão, razão pela qual intentou imediatamente
uma acção executiva contra Zito, requerendo a dispensa de citação prévia deste.
1732º CC: são bens comuns todos os bens presentes e futuros dos cônjuges, que não sejam
exceptuados pela lei; 1733º CC: bens próprios.
Fiança: 627º ss CC
Títulos em causa: cheque e contrato. Ambos são títulos executivos. Se wortin tiver proposto
a acção executiva apenas com base no cheque, então o único devedor que nele consta é o
Vasco, pois no cheque não há menção à fiança, pelo que não título executivo contra Zito, e
por isso ele só podia demandar o Vasco. Já se o título executivo fosse o contrato (que tinha
que ser autenticado, caso contrário não valia como título), então nessa caso já temos título
executivo contra o fiador pois aqui ele já se encontra no título executivo.
CPC, no prazo de 20 dias a contar da citação (728º/1, aplicável por força da remissão do
745º/1 CPC). Se o invocar, a penhora começa pelos bens do devedor principal e só pode
incidir em bens do devedor subsidiário, depois de efetuada a venda dos primeiros, se apurar
que eles são insuficientes para o pagamento das custas da execução, do crédito exequendo
e dos credores reclamantes que antes dele tenham sido graduados.
Se a execução tiver sido movida apenas contra o devedor principal, o problema não se põe,
uma vez que nela não podem ser penhorados bens de terceiro (o fiador), contra quem a
execução não foi proposta; mas (cfr. litisconsórcio sucessivo), sempre que haja título
executivo contra o devedor subsidiário, é possível a sua citação ulterior para a execução,
depois de verificada, após excussão, a insuficiência do património do devedor principal
(745º/3 CPC).
In casu, a execução parece ter sido movida apenas contra o devedor subsidiário (fiador:
Zito), pelo que poderá este, invocando o benefício da excussão prévia, obter a sua
suspensão, até que o exequente (Wortin) requeira a citação do devedor principal, contra
quem tenha também título executivo, para excutir o respectivo património (745º/2). Mas, se
o título executivo for uma sentença proferida apenas contra o devedor subsidiário, em acção
em que não tenha intervindo o devedor principal, o benefício da excussão prévia não é já
invocável, por o réu, na acção declarativa, não ter chamado a intervir o devedor principal,
nos termos do 316º/3a) CPC, a menos que então expressamente tenha declarado que não
pretendia renunciar ao benefício da excussão (641º/2 CC).
Qual a forma e qual o prazo em que Zito (fiador) se pode valer do benefício da excussão
prévia, quando este não é automático? Quanto à forma, basta um simples requerimento.
Quanto ao prazo, deve ser invocado no prazo para os embargos de executado (745º/1).
A ação executiva só pode ser proposta sob a forma de processo ordinário, nos termos do
550º/3d) CPC.
Afastar aplicação do 640º CC (“Exclusão dos benefícios anteriores”)
2. Considere agora que a Wortin, não tendo título executivo contra Zito,
intentou uma acção declarativa apenas contra este, e que este, enquanto
fiador, foi condenado a responder pela dívida contraída por Vasco.
Mudaria alguma coisa na sua resposta à questão anterior?
se pode fazer valer da hipoteca (ou seja, não pode vir dizer que antes de executarem os
seus bens, têm que executar o T0) portanto a única coisa que ele podia fazer era alegar o
benefício da excussão prévia em relação ao devedor principal.
Caso 28
Numa acção executiva proposta contra Clotilde foi penhorado um valioso colar de
safiras que esta herdara da sua bisavó. No dia seguinte ao da constituição da penhora,
e já sem o colar em seu poder, Clotilde vendeu o colar a Diamantina (apesar de o
mesmo não ter sido entregue a esta), que nada sabia sobre a penhora em curso.
Acresce que, uma semana depois, Clotilde empenhou o mesmo colar a favor de Estela.
1. Após a penhora, quem é o proprietário do colar de safira? E o possuidor? E o
detentor?
Quando falamos da penhora da casa, do carro, do colar, estamos a falar da penhora de
coisas, mas na verdade não se penhoram coisas, penhoram-se sempre direitos (ex: direito
de propriedade). Aquilo que se apreende, isso sim são coisas. Uma coisa é o objecto da
penhora, outra é o objecto da apreensão.
Depois da penhora vendeu o bem, portanto o problema aqui é a alienação de bens
penhorados. 819º CC (“sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis à execução os
actos de disposição, oneração ou arrendamento dos bens penhorados”) é essencial para
determinar o direito incompatível de terceiro para efeitos de embargo de terceiro.
Efeitos de penhora de coisas:
Concessão de preferência (822º CC):
Alguém que constitua a penhora em primeiro lugar vai receber primeiro o
produto da venda. Tem preferência quem constitui o direito real em primeiro
lugar.
Desapossamento do executado:
É o que acontece no caso. Quando existe a penhora de um bem dá-se o
desapossamento, ou seja, o titular executado perde a posse do bem, mas tal
não significa que deixe de ter poder sobre o bem.
A penhora não tem efeito translativo, a acção executiva sim. A penhora não
provoca a transmissão do direito de propriedade. O colar é penhorado e é
apreendido, mas isto não significa que ela deixe de ser proprietária do colar,
só o é com a venda do mesmo (824º/1 e 826º CC). A penhora leva à
transmissão da posse, mas não à transmissão do direito. A proprietária do colar
então portanto Clotilde.
Indisponibilidade jurídica:
819º CC: sempre que estejamos numa situação em que o bem foi penhorado
e a seguir ocorre um acto transmissivo, onerador ou de arrendamento do bem,
temos uma situação em que o acto é ineficaz (não é inválido/nulo).
Quando Clotilde transmite o colar a Diamantina, fá-lo quanto a um direito
(direito de propriedade sob o colar) de que é titular. O que acontece é que essa
transmissão não é eficaz, não é oponível perante os credores da execução:
eficácia relativa (ineficácia perante credores exequentes e credores
reclamantes).
In casu, a venda ocorreu à revelia do credor de execução:
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Se o acto é válido significa que se transmitiu o direito à Diamantina só que esta tem
uma titularidade precária. Imagine se que aparece F que adquire o bem em venda
executiva, a propriedade de Diamantina caduca (824º/2). Além disso, D tem um direito
compatível com a execução, ou seja, não pode embargar de terceiro, pois o direito foi
constituído depois da penhora. Só pode embargar de terceiro quem tem direitos
constituídos antes da penhora!
Diamantina apenas pode pedir uma indemnização à C, mas a tutela é meramente
obrigacional e não real (ao contrário do que sucede na venda executiva). O que pode
Diamantina fazer para se precaver?
Ou adquire mas paga para que haja levantamento da penhora;
Não sabendo da penhora, pode requerer a anulação do negocio pelo regime
da venda de bens onerados.
Através da penhora os bens são apreendidos pelo agente de execução que os entrega a um
depositário quando este seja outrem, 764º/1 e 768º/2 e 3 CPC. Os poderes de uso, fruição
e administração passam para a responsabilidade do agente de execução a partir do
momento da apreensão e não antes. A entrega efectiva tanto pode resultar de tradição
voluntária dos bens pelo executado ao depositário, como de uma “ocupação” forçada por
parte do agente de execução, caso aquele não colabore (cfr 757º/2).
As consequências desta apreensão no plano da posse variam consoante a posição
doutrinária adoptada:
MTS: “a penhora impõe ao executado um desdobramento da posse sobre os seus
bens: o executado permanece possuidor em nome próprio, nos termos do seu direito
de que ainda fica como titular, mas vê constituir-se sobre eles uma posse que é
exercida pelo depositário e que tem o conteúdo que resulta dos poderes que são os
concedidos a este último”. Mesmo quando o executado permanece depositário dos
bens penhorados, 756º/1 e 772º CPC, a sua posse é exercida nessa qualidade e não
como titular de um direito real sobre eles.
Lebre de Freitas: pela penhora o direito do executado é esvaziado dos poderes de
gozo que o integram, os quais passam para o tribunal que, em regra, os exerce
através de um depositário. In casu, tratando-se de uma penhora que incide sobre o
objecto corpóreo de um direito real (penhora de bem imóvel, penhora de bem móvel
(e o caso), penhora de quota em bem indiviso), a transferência dos poderes de gozo
importa a transferência de posse. Cessa a posse do executado e inicia-se uma nova
posse pelo tribunal: o depositário passa, em nome do tribunal, a ter a posse do bem
penhorado”.
Rui Pinto: segue a posição do MTS, entendendo que a penhora não tem efeito
extintivo ou translativo da posse do executado. O depositário, máxime, agente de
execução, ao apreender está a exercer poderes do Estado, ou seja, o Estado é
possuidor em nome próprio e o depositário é detentor, enquanto possuidor em nome
do Estado (1253ºc) CC). O executado não perde a sua posse civil. Mas enquanto a
posse do executado passa a mera posse civil, a posse do Estado é a posse efectiva.
Ou seja, penhorada uma coisa corpórea, não há transferência de posse a favor do
Estado, nem extinção da posse do executado acompanhada de constituição de uma
outra para o tribunal: sobre o bem passam a incidir duas posses, a civil do executado
e a efectiva do Estado.
Mais favorável para o executado esta tese pois a manutenção da posse civil
permite a manutenção da legitimidade do executado para usar meios de defesa
da posse, mesmo na pendência da penhora.
Solução:
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Quanto ao acto de penhor. É um acto de oneração. 822º CPC. Os direitos reais de garantia
são, em geral, eficazes perante a execução. No entanto, e segundo o entendimento da
doutrina, na qual se inclui Rui Pinto, o penhor não pode ter eficácia que pois este contrato
só se perfecciona com a entrega da coisa e esta não verifica. Ou seja, o contrato de penhor
não chegou sequer a formar-se.
Sobre o conceito de “direito incompatível” (342º/1 CPC): sabido que a penhora se destina a
possibilitar a ulterior venda executiva, e com ela incompatível todo o direito de terceiro, ainda
que derivado do executado, cuja existência, tido em conta o ambito com que e feita, impediria
a realização desta função, isto, e a transmissão forcada do objecto apreendido (cfr 840º/1
CC). E incompatível com a penhora o direito de propriedade plena, que sempre impedirá a
venda executiva do bem sobre o qual incide e também o são os direitos reais menores de
gozo que viriam a extinguir-se com a venda executiva. Seja de quem for que o terceiro tenha
derivado o seu direito (do executado ou de outrem), os embargos são lhe consentidos.
Se estiver em causa um direito real de aquisição ou um direito real de garantia, a
incompatibilidade não se verifica, visto que o respectivo titular encontrar satisfação no
esquema da acção executiva.
Diamantina não pode recorrer aos embargos de terceiro porque:
Não tem posse (ela nunca chegou a adquirir a posse, cfr. 1263º CC sobre as formas
de aquisição da posse);
Não tem direito incompatível (porque comprou quando a penhora já tinha sido
constituída);
Portanto a única coisa que ela pode fazer e recorrer ao regime de venda de bens onerados,
905º ss CC. Dado que não sabia da existência da penhora Diamantina encontrava se em
erro, pelo que o contrato é anulável (905º CC).
824º/3 CC. Ocorrendo a venda executiva, este bem, sendo vendido, pelo 824º/2 CC vai
caducar porque ele não é anterior (daí que não seja possível a acção de reivindicação).
Assim, diz-nos o número 3 que o bem vai ser vendido e se sobrar alguma coisa aí o 3º vai
poder exercer o seu direito de propriedade. Em relação ao executado que vendou o bem,
trata-se de uma venda de bem onerado (905º CC), mas isto já não tem a ver com a acção
executiva. 838º CPC tem a ver com a venda executiva de um bem onerado. Não se aplica
neste caso! Esta venda é uma venda complemente à parte da venda executiva.
5. Imagine agora que o colar fora alienado por Clotilde a Diamantina antes da
penhora, uma vez que Clotilde, prevendo uma iminente agressão judicial dos
seus bens, começou a dispor do seu património ao desbarato. Ainda assim, o
exequente pretende penhorar o referido colar. Quid iuris?
Impugnação pauliana, 610º. É fundamento para chamar à execução um terceiro. Se for
julgada procedente o credor tem direito a restituição do bem ou poderia penhora-lo
directamente, 616º. 735º/2, 818º CC e 54º/2 CC Diamantina ia poder ser executada e aquele
bem podia ser penhorado. Se for improcedente não haveria penhora daquele bem, seria
venda de bem alheio que é nula.
819º CC “sem prejuízo das regras de registo”: o que se pergunta é: um facto de disposição,
oneração ou arrendamento anterior à penhora é oponivel, certo? Sim. Mas o 819º CC
ressalva as regras de registo. Imaginem que temos esta compra e venda mas em vez de ter
sido registada, não foi. E posteriormente temos uma penhora registada. Vejamos o exemplo
da compra e venda de um imóvel (em que é obrigatório o registo). Aquela compra e venda
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anterior à penhora não registada é oponível à penhora? Fazia sentido que não fosse porque
se temos uma penhora que foi registada e uma compra e venda que não o foi (mas que
devia ter sido) fazia sentido que essa compra e venda não fosse oponível. Mas o 5º/1 Código
Registo Predial faz uma interpretação restritiva do conceito de terceiro, estabelecendo que
é terceiro apenas aquele que adquiriu do mesmo transmitente. Ou seja, A vende a B, que
não regista e, posteriormente, B vende a C, que regista. Esta compra e venda é oponível a
C? Não, porque C é terceiro em relação a B. Se nós tivermos uma compra e venda e depois
uma penhora com venda executiva. Imaginem, A vende a B que não regista e depois nós
teríamos na venda executiva o Estado a vender a C, que regista. Nós não temos nesta
situação adquirentes do mesmo transmitente portanto os factos sujeitos a registo produzem
efeito mesmo sem registo porque não são terceiros de acordo com as regras do registo.
Portanto a grande conclusão é a de que o comprador que não registou pode opôr-se à
execução e embargar de terceiro, mesmo sem registo, porque a compra e venda sem registo
produz à mesma os seus efeitos porque não é terceiro para efeitos de registo. MTS é
completamente contra esta posição e percebe-se o porquê.
Caso 29
Ludovina propôs acção executiva contra Belmira para pagamento de uma quantia em
dívida que ascende a 250.000€, indicando no requerimento executivo os seguintes
bens à penhora:
(i) O recheio da casa que Belmira habita com a sua família;
(ii) A casa de férias de que Belmira é comproprietária, sendo Cervantes o outro
comproprietário;
(iii) A papelaria de Belmira, localizada num imóvel arrendado a Emília, a
senhoria;
(iv) O automóvel comercial que Belmira utiliza ao abrigo de um contrato de
locação financeira celebrado com a Locacar SA;
(v) Uma bicicleta que se encontra no jardim de Belmira e que foi comprada a
Felisberto com reserva de propriedade, não tendo ainda sido pago o preço.
2. Considere o ponto (i). Imagine que o agente de execução decidiu penhorar:
(i) Uma máquina de lavar loiça que fora emprestada a Belmira no dia
anterior, pela loja responsável pela reparação da sua máquina e que se
encontrava coberta de inúmeros autocolantes fluorescentes com o
seguinte texto: “Repara Tudo, Lda. - Reparar sem parar de funcionar”.
Quid iuris?
1129º CC (comodato): “contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega a outra certa coisa
móvel ou imóvel, para que que se sirva dela, com a obrigação de a restituir”.
A máquina de lavar loiça não é um bem impenhorável pois não é considerado um bem
indispensável à economia domestica (737º/3 CPC), fazendo-se a sua apreensão nos termos
do 764º/1 CPC (porque é um bem não sujeito a registo).
764º/3 CPC: “presume-se pertencerem ao executado os bens encontrados em seu poder,
mas, feita a penhora, a presunção pode ser ilidida (…)”.
A penhora em causa sofre de uma ilegalidade subjectiva porque foi penhorado um bem que
não é do executado. O nosso sistema jurídico concede três meios de reacção contra este
tipo de penhora:
Oposição por simples requerimento (764º/3): tem lugar no próprio processo de
execução; a lei concede a possibilidade de se fazer, perante o juiz, prova documental
inequívoca de que a coisa pertence a terceiro, mediante simples requerimento
acompanhado dessa prova, presumindo-se até lá que a coisa pertence ao executado
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(764º/3 CPC). Quem tem legitimidade? O executado ou alguém em seu nome e a loja.
Quanto à prova:
Lebre de Freitas: A apresentação de documento autêntico com data anterior à
data da penhora, ou de documento particular que tenha sido autenticado,
reconhecido ou apresentado em serviço público (que nele tenha atestado a
apresentação) em data anterior à da penhora, e normalmente suficiente para
o efeito, se não houver motivo sério para duvidar da sua genuinidade ou da
validade do acto documentado.
Rui Pinto: um simples documento particular também pode ser invocado como
meio de prova.
Se o juiz der despacho de procedência há levantamento da penhora, caso
contrário a penhora mantém-se.
Embargos de terceiro (342º ss CPC): constitui acção declarativa e processa-se por
apenso à execução; o direito de propriedade da loja sobre a máquina é incompatível
com a penhora, pelo que aquela pode deduzir embargos de terceiro.
Acção de reivindicação (1311º e 1315º CC): constitui acção declarativa comum,
afigurando-se como um meio geral, plenamente autónomo da execução, a todo o
tempo ao alcance do proprietário (loja) cujo direito tenha sido ofendido pela penhora.
Se proceder, pode levar à anulação da venda que no processo executivo foi efectuada
(839º/1d) CPC).
Mas a presunção deve funcionar mesmo quando seja manifesto que os bens são de terceiro?
Lebre de Freitas defende que o agente de execução não deve realizar a penhora “quando
seja confrontado, no próprio acto, com a evidência do direito de terceiro”. A seu ver, antes
da penhora, a ilisão da presunção do 764º/3, 1ª parte, caberia ao agente de execução e
depois da penhora seria feita perante o juiz, nos termos do preceito. Rui Pinto não concorda:
diz que o 764º/3 ignora a situação material do bem, a qual apenas pode ser considerada em
sede de ilisão da presunção. Acrescenta ainda que o agente de execução não tem
competência para ilidir a presunção por si mesmo, pelo que será nula uma decisão do agente
de execução de recusa da penhora de bem que esteja na posse no executado.
a presunção pode ser ilidida”). Prova testemunhal não vale de nada. O talão poderia
valer mas o problema é que nós sabemos que a mãe comprou 5 garrafas, mas não
sabemos se foram aquelas 5 garrafas em concreto. Será que mostrar o talão é
suficiente? Se no talão estivessem descriminadas as garrafas e associado a ele o
nome da mãe e o seu NIF não haveria problema. Se disser só “5 garrafas” seria difícil
defender que esta prova é inequívoca.
Lebre de Freitas: A apresentação de documento autentico com data anterior à
data da penhora, ou de documento particular que tenha sido autenticado,
reconhecido ou apresentado em serviço publico (que nele tenha atestado a
apresentação) em data anterior a da penhora, e normalmente suficiente para
o efeito, se não houver motivo serio para duvidar da sua genuinidade ou da
validade do acto documentado.
Rui Pinto: um simples documento particular também pode ser invocado como
meio de prova.
Embargos de terceiro (342º ss CPC): constitui acção declarativa e processa-se por
apenso à execução;
Acção de reivindicação (1311º e 1315º CC): constitui acção declarativa comum,
afigurando-se como um meio geral, plenamente autónomo da execução, a todo o
tempo ao alcance do proprietário cujo direito tenha sido ofendido pela penhora. Se
proceder, pode levar a anulação da venda que no processo executivo foi efectuada
(839º/1d) CPC).
(iii) O computador de Juvenal, que este emprestara a Belmira, e que, por sua
vez, lhe fora locado por Mauro. Quid iuris?
Belmira é a comodatária (1129º CC), Juvenal é o locatário (1022º CC) e Mauro é o
proprietário.
O agente de execução penhorou o computador com base na presunção do 764º/3 CPC.
Ilegalidade subjectiva porque o bem executado pertencia a terceiro. Tanto Juvenal como
Mauro são terceiros à execução.
Quanto a Mauro (proprietário):
O nosso sistema jurídico concede três meios de reacção contra este tipo de penhora
(ilegalidade subjectiva):
Oposição por simples requerimento (764º/3): tem lugar no próprio processo de
execução; a lei concede a possibilidade de se fazer, perante o juiz, prova documental
inequívoca de que a coisa pertence a terceiro, mediante simples requerimento
acompanhado dessa prova, presumindo se ate la que a coisa pertence ao executado
(764º/3 CPC).
Lebre de Freitas: A apresentação de documento autentico com data anterior à
data da penhora, ou de documento particular que tenha sido autenticado,
reconhecido ou apresentado em serviço publico (que nele tenha atestado a
apresentação) em data anterior a da penhora, e normalmente suficiente para
o efeito, se não houver motivo serio para duvidar da sua genuinidade ou da
validade do acto documentado.
Rui Pinto: um simples documento particular também pode ser invocado como
meio de prova.
Embargos de terceiro (342º ss CPC): constitui acção declarativa e processa-se por
apenso à execução; o direito de propriedade da loja sobre a máquina penhora é
incompatível com a penhora, pelo que aquela pode deduzir embargos de terceiro.
Acção de reivindicação (1311º e 1315º CC): constitui acção declarativa comum,
afigurando-se como um meio geral, plenamente autónomo da execução, a todo o
tempo ao alcance do proprietário cujo direito tenha sido ofendido pela penhora. Se
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proceder, pode levar a anulação da venda que no processo executivo foi efectuada
(839º/1d) CPC).
Ver questão da cumulação de embargos com acção de reivindicação.
Quanto a Juvenal (locatário; direito pessoal de gozo AKA direito de crédito):
O nosso sistema jurídico concede três meios de reacção contra este tipo de penhora
(ilegalidade subjectiva):
Oposição por simples requerimento (764º/3): pode porque Juvenal tem um direito
pessoal de gozo sobre o computador! Se o computador pertencesse ao executado
(Belmira), não podia. Mas como pertence a Mauro, que é um terceiro, podem protestar
tanto este, como os seus garantes e titulares de direitos oneradores, ainda que sejam
direito pessoais de gozo. Tem lugar no próprio processo de execução; a lei concede
a possibilidade de se fazer, perante o juiz, prova documental inequívoca de que a
coisa pertence a terceiro, mediante simples requerimento acompanhado dessa prova,
presumindo-se até lá que a coisa pertence ao executado (764º/3 CPC).
Lebre de Freitas: A apresentação de documento autentico com data anterior à
data da penhora, ou de documento particular que tenha sido autenticado,
reconhecido ou apresentado em serviço publico (que nele tenha atestado a
apresentação) em data anterior a da penhora, e normalmente suficiente para
o efeito, se não houver motivo serio para duvidar da sua genuinidade ou da
validade do acto documentado.
Rui Pinto: um simples documento particular também pode ser invocado como
meio de prova.
Embargos de terceiro (342º ss CPC): uma vez que Juvenal apenas tem um direito
pessoal de gozo, sem qualquer eficácia real, de acordo com a posição do MTS ele
não se pode opôr à penhora por embargos de terceiro uma vez que o seu direito se
extinguiria com a venda executiva (824º/2 CC), pelo que não é um direito incompatível
com a penhora. Já Rui Pinto entende que, apesar de, por regra, não apresentarem
incompatibilidade os direitos pessoais de gozo, a locação apresenta um regime
diferente, dada a sua oponibilidade assente na regra do 1057º CC. O professor
discorda da doutrina que defende que a locação não caduca com a venda executiva,
entendendo que a locação deve ser tratada nos mesmos e exactos termos dos
direitos reais de gozo menores. Assim:
Uma locação anterior à primeira garantia não pode integrar o objecto da
penhora; se for objecto da penhora esta é ilegal e os embargos de terceiros
serão procedentes e uma eventual venda será nula;
Uma locação posterior à própria penhora é ineficaz (819º CC); a locação será
inoponível à penhora, os embargos de terceiro serão manifestamente
improcedentes e a futura alienação executiva válida;
Se for uma locação posterior à primeira garantia, sendo esta do exequente,
então a penhora pode ser legal ou se restringe à propriedade de raiz ou se
estende ao arrendamento, conquanto que o arrendatário seja citado nos
termos do 54º/4; se assim não for, os embargos de terceiro serão procedentes.
Constitui acção declarativa e processa-se por apenso à execução;
Acção de reivindicação (1311º e 1315º CC): constitui acção declarativa comum,
afigurando-se como um meio geral, plenamente autónomo da execução, a todo o
tempo ao alcance do proprietário (loja) cujo direito tenha sido ofendido pela penhora.
Se proceder, pode levar a anulação da venda que no processo executivo foi efectuada
(839º/1d) CPC). NÃO pode porque não é proprietário (1311º CC) nem tem um direito
real (1315º CC).
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(v) Imagine que a casa de Belmira era também a sede social da Belmiriti,
unipessoal, Lda., sociedade da qual Belmira era socia única. Poderia a
Belmiriti, Unipessoal, Lda. opôr-se à penhora, alegando que o recheio da
casa lhe pertencia?
03/Mai/2019 2x
Caso 31
Guiomar propôs acção executiva contra Hércules, tendo sido indicada à penhora a
totalidade do salário mensal de Hércules, que ascende a 600€. Foi ainda penhorado
um crédito de Hércules sobre a Sempre Seguro, S.A., no montante de 300€ mensais,
a título de pagamento vitalício de uma indemnização devida na sequência de um
aparatoso acidente de trabalho que provocou lesões físicas irreversíveis em Hércules.
1. Pronuncie-se sobre a admissibilidade e forma por que seria feita a penhora dos
rendimentos de Hércules, referindo ainda o prazo e a natureza do meio de
oposição à penhora deste.
A minha resposta está errada. Ver mais abaixo o que está escrito a azul.
Quanto ao salário:
O 738º/ 1 a 4 estabelece um regime que impede a penhora de parte de um crédito pecuniário
que cumpra a função de sustento de uma pessoa singular, o que parece ser o caso. Assim,
de acordo com o 738º/1 CPC: “são impenhoráveis dois terços da parte líquida dos salários”,
sendo os limites os estabelecidos no 738º/3 CPC: “a impenhorabilidade prescrita no número
1 tem como limite máximo o montante equivalente a três salários mínimos nacionais À data
de cada apreensão e como limite mínimo, quando o executado não tenha outro rendimento,
o montante equivalente a um salário mínimo nacional”.
Sendo que o salário são 600€, 1/3 são 200€. Só esse montante poderia ser penhorado.
Está errada a minha resposta!!! O que o número 3 nos vai dizer é que, admitindo que o
salário mínimo nacional são 600€, sendo que o salario de Hércules era 600€ era tudo
impenhorável!!!! Se ele ganhasse, por exemplo, 601€, só 1€ seria penhorável, pois o
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legislador entendeu que o valor mínimo para alguém viver é 600€. O limite máximo da
impenhorabilidade é 1800€! Tudo o que exceda esse montante vai ser penhorado. Ou seja:
o limite mínimo é 600€ (se for mais baixo que isso não pode ser penhorado) e o limite máximo
é 1800€ (tudo o que for acima vai ser penhorado).
Quanto à indemnização por acidente de trabalho
É duvidoso se na indemnização por acidente se incluem as prestações indemnizatórias por
acidente de trabalho ou doença profissional. No passado era regra a impenhorabilidade dos
créditos resultantes de acidentes de trabalho. Esta solução manteve-se no actual artigo 78º
da Lei n°98/2009 de 4 de setembro em matéria de acidentes de trabalho. No entanto, o 12º
do DL n°329-A/95 de 12 de setembro determina que “não são invocáveis em processo civil
as disposições constantes de legislação especial que estabeleçam a impenhorabilidade
absoluta de quaisquer rendimentos, independentemente do seu montante, em colisão com
o 738 CPC”. Em suma: pretende-se que as penhoras de rendimentos sejam tratadas todas
de igual modo perante os tribunais comuns, mediante a aplicação única do 738º, com
afastamento das impenhorabilidades absolutas criadas por legislação avulsa. Deste modo,
conclui-se que nas acções do âmbito de processo civil, as pensões pagas em acidentes de
trabalho são penhoráveis, mas beneficiando da impenhorabilidade de dois terços do 738º.
Já nas acções do âmbito de processos especiais, como o laboral, as pensões pagas em
acidentes são absolutamente impenhoráveis.
Sendo que a pensão são 300€, 1/3 são 100€. Só esse montante poderia ser penhorado.
Quando no 738º/3 CPC diz “quando o executado não tenha outro rendimento”, o que nós
temos que ver é se ele no final fica ou não com 600€! Se penhorar um bocado do salário e
um bocado da indemnização e ele ficar com menos de 600€ não é admissível! Ele tem
sempre que ter 600€ no total.
A impenhorabilidade previsto no 738º/1 CPC supõe que a função de assegurar a
subsistência do executado foi conhecida oficiosamente pelo agente de execução. Se isso
não suceder, restará ao executado opôr-se depois à penhora com fundamento na parte final
do 784º/1a) CPC. A função de sustento do executado constitui um facto impeditivo da
penhora da totalidade do valor, pelo que o ónus da sua prova cabe ao executado e, por isso,
a dúvida ou incerteza sobre o carácter periódico da referida indemnização resolve-se, nos
termos do 414º CPC, contra a parte a quem aproveitaria a demonstração desse facto.
3. Considere agora que Hércules tem três filhos e que a sua mulher se encontra
desempregada. Com o seu salário penhorado, Hércules não tem forma de pagar
as despesas mensais do seu agregado familiar, razão pela qual se encontra
numa situação de desespero. O que pode Hércules fazer, de forma a mitigar os
efeitos desta penhora?
738º/6 CPC: “Ponderados o montante e a natureza do crédito executado, bem como as
necessidades do executado e do seu agregado familiar, pode o juiz, excepcionalmente e a
requerimento do executado, reduzir, por período que considere razoável, a parte penhorável
dos rendimentos e mesmo, por período não superior a 1 ano, isentá-los de penhora”.
O requerente poderá recorrer a diversos meios de prova, incluídos os de natureza
testemunhal, sendo o despacho do tribunal proferido no uso de um poder discricionário. De
modo a evitar decisões-surpresa, o despacho deve ser fundamentado e, sob pena da
equidade se transformar em arbitrariedade deve haver sujeição ao princípio do contraditório.
Por outro lado, esta providência não suspende a execução, pois apenas reduz a fracção
penhorável dos rendimentos ou os isenta de penhora. A redução e a isenção temporárias da
penhora são absolutamente excepcionais. Destinam-se à salvaguarda da sobrevivência
digna do executado e do seu agregado familiar, pelo que o juiz deverá tentar alcançar um
equilíbrio justo entre o direito do credor à satisfação do seu crédito e o direito do devedor à
garantia de um mínimo de subsistência própria e do seu agregado familiar.
4. Uma semana depois da penhora do seu salário, Hércules é despedido com justa
causa. Quid iuris?
08/Mai/2019 2x
Sai toda matéria dada nas teóricas, inclusive a venda (mas se a venda sair é em pergunta
teórica). Mas não é certo que haja pergunta teórica. Reclamação de créditos também sai.
MTS é direito incompatível aquele que não caduca. 824/2 diz que os direitos reais anteriores
à penhora sem registo não caducam com a venda (ex: usufruto: o que vai acontecer é que
a venda é nula por ser venda de bem alheio). Se o usufruto for posterior à penhora, ele é
ineficaz. Por isso MTS diz que só pode embargar de 3º os que têm direitos anteriores à
penhora.
O embargo de terceiro pode ter como fundamento não só direito incompatível mas também
a posse. A posse neste caso é a posse fundada num direito incompatível.
Discussão sobre a posse em nome alheio (ex: locação, comodato). Pode por exemplo um
comodatário embargar de 3º em nome próprio e em nome da pessoa que lhe deu o bem em
comodato. Uma pessoa pode embragar de 3º com fundamento na posse quando o direito
de que ela seja titular e que funde essa posse seja incompatível com a penhora. A posse
acompanha o direito incompatível, sempre que seja possível embargar de 3º com base num
direito incompatível da titularidade de um direito próprio, não pode é em nome alheio. Não
percebi bem.