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ATIVIDADE ESTUDO DE CASO

OHNO-SAN VAI AO SUPERMERCADO

Nome: Elena Assis Da Silva Del Mastro

RA: 2040482022700

Turma: Análise De Sistemas – Tarde

ESTUDO DE CASO: OHNO-SAN VAI AO SUPERMERCADO

1. Qual a relação entre o funcionamento do supermercado e o sistema Toyota de produção?


Taiichi Ohno ao visitar os Estados unidos na década de 50 observou que os supermercados seguiam um sistema que se
assimilava a uma linha de produção, em que seu fluxo de funcionamento estabelecia uma dinâmica que envolvia a
exposição das mercadorias para a escolha dos clientes e a compra de cada cliente como parâmetro para reposição dos
produtos (mercadorias para fabricação) para a fornecedora (empresa produtora). Assim, ao regressar para o Japão e
implantar sua nova abordagem sistemática na Toyota, Ohno organizou a linha de produção dos automóveis baseada
no controle de produção advindos da necessidade apresentada pela demanda, ou seja, a fabricação de novos
automóveis viria da necessidade de reposição dos estoques sinalizada pelo mercado.

2. Quais as diferenças entre o sistema Toyota de produção e o sistema tradicional? Em que são diferentes as
proposições de Ohno e Taylor e Ford?
As principais diferenças entre os sistemas de produção ocidental (Ford, Taylor) e o sistema oriental (Toyota)
são:
1) Os processos na linha de produção na visão fordista significam trabalhadores especializados, sequenciados e
pouco autônomos em suas funções. Na linha de produção taylorista / fordista a ênfase está na capacidade do
trabalhador em desempenhar uma função repetitiva e especializada. Não há espaço para sugestões ou administração
participativa; além das organizações informais ou participativas de trabalhadores serem desencorajadas.
O modelo de produção oriental, justamente por suas características culturais de coletividade e sentimento de
pertencimento e dever, está voltada para grupos autogeridos de trabalhadores nas linhas de produção e trabalhadores
com perfil qualificado, priorizando longos relacionamentos com seus funcionários.

2) Vale mencionar que no modelo fordista e taylorista há uma priorização pela divisão hierárquica verticalizada
e pouco flexível dos indivíduos e cargos na empresa. Seu modelo de produção opta por produzir no estilo just in case,
ou seja, quanto mais melhor e não há uma definição clara de necessidade oportuna do fluxo de produção. Sua ideia de
sucesso é medida pelo parâmetro tamanho é documento, ou seja, quanto maior, melhor.

3) O modelo de Toyotista de Taiichi Ohno trabalha com ideias e abordagens diferentes, tanto no campo
administrativo, com estruturas menos hierarquizadas, participativas e mais horizontais, quanto no campo produtivo,
em seu controle de produção e estoque.
O modelo japonês funciona administrativamente de modo autogerenciado, ou seja, há um protagonismo
valorizado do fator humano neste tipo de modelo de produção. Sua dedicação, sua participação, seu sentimento de
coletividade e integração com a organização são fatores que para esse modelo determinam o sucesso da produtividade
e a qualidade no resultado final.
Diferentemente do modelo ocidental que prioriza o estilo utilitário e não prioriza os laços do indivíduo com a
organização, o sistema de Ohno é um sistema focalizado nas pessoas, em estimular a formação de seus ideais e forjar
fortes laços de pertencimento e participação.

4) Ainda em suas diferenças, quanto as escolhas produtivas, o modelo japonês prioriza o estilo just in time, em
detrimento do estilo just in case, adotado no modelo ocidental (americano).
Orientada pelos princípios do JUST IN CASE, KANBAN, MUDA E KAIZEN a linha de produção
japonesa prioriza ao enfoque de produzir somente o necessário, no momento necessário e no tempo necessário (just in
time), utiliza ferramentas de controle de entrada e saída de produção (cartões/ KANBAN), controle de suprimentos,
estoque, materiais e seres humanos para evitar desperdícios e alcançar a satisfação dos clientes com rígidos controles
de qualidade e bons relacionamentos com fornecedores e compradores (MUDA/KAIZEN), além do princípio de auto
aperfeiçoamento e melhoramento contínuo.

O sistema Toyota opera no modelo just-in-time, de fabricar apenas o necessário. Já o sistema tradicional
opera com a idéia de produção: quanto maior a produção, maior o lucro.
Como dito anteriormente, o sistema just in case americano e ocidental, trabalha com a ideia de que
quantidade é sinônimo de qualidade e de eficiência, além de ser sinal de prosperidade e sucesso. Por isso, no sistema
ocidental da Administração Clássica de Ford e Taylor, não há uma preocupação com o controle de produção, ou seja,
não há o estabelecimento de números e tamanho da produção de mercadorias. Não há a preocupação, especialmente
no começo do século XX com problemas como superprodução de mercadorias ou recessão econômica, levando a
acumulação de estoques nas organizações. É preciso destacar que o fenômeno da superprodução começa a aparecer a
partir da segunda metade do século XX com a tendência do capitalismo de se globalizar econômica e politicamente.
Há uma política até então de abastecimento contínuo das grandes populações consumidoras da Europa e
Estados Unidos, que estabelecia demandas de produção muito elevadas. Entretanto, a partir da segunda metade do
século XX, com o incremento rápido das novas tecnologias e o avanço nos sistemas de produção, há o começo da
crise de superprodução entre as grandes potências econômicas. Vemos este fenômeno no ocidente e no oriente. Países
como EUA e a própria Europa enfrentam novas necessidades de impor limites e diminuir seu volume produtivo. A lei
básica para a crise de super produção é a de que o volume de mercadorias produzidas não acompanha a demanda do
mercado, levando ao acúmulo de mercadorias paradas.
O controle de produção japonês deriva deste processo. É a partir da metade do século XX que as grandes
potências começam a sofrer com períodos recessivos e acúmulo de estoques. A observação de Ohno a possibilidade
de crise superprodutiva americana a partir dos anos 60, o leva a desenvolver um sistema de controle de produção a fim
de controlar esta anarquia produtiva.
Nenhum dos dois sistemas produtivos garante eficiência e eficácia na produção de mercadorias neste modelo
econômico que vivemos. Isso por que a lucratividade pressupõe o aquecimento contínuo do mercado. Ou seja, as
pessoas precisam comprar o tempo todo e também não é possível aplicar todo o avanço tecnológico disponível nas
linhas de produção. Pois mesmo com a obsolescência induzida das mercadorias como padrão produtivo e a
propaganda fetichista do consumo em massa, a demanda ainda é limitada e a produção deve se submeter a este limite.
Uma contradição do capitalismo contemporâneo e um motivo a mais para grandes crises econômicas.

3. Quais as vantagens de fabricar apenas o necessário? Há desvantagens?


A principal vantagem de produções planificadas ou controladas está na prevenção a superprodução e ao
desperdício. Tomemos como exemplo a produção na indústria alimentícia. O controle produtivo leva a economia de
suprimentos, a uma economia menos predatória, e a prevenção de desperdício de toneladas de alimentos todos os dias
em detrimento da validade, fatores temporais, sazonalidade de mercado ou a baixa demanda.
Há por outro lado desvantagens. Um exemplo interessante de produção planificada foi a antiga URSS e a
própria China até os anos 90. Estes países exerceram centralização sobre seu volume produtivo por décadas e uma das
principais desvantagens desse modelo centralizado e controlado de produção de mercadorias na época foi a falta de
diversidade entre as mercadorias produzidas. Ou seja, o controle não era apenas no volume de itens produzidos, mas
também nos tipos de itens produzidos, gerando uma grande escalada cíclica de regulação, tanto na produção primária,
de extração e de matérias primas, como na final, de produção e distribuição.
Para o oriente no geral e principalmente para o Japão, o controle produtivo foi uma alavanca de
desenvolvimento no pós guerra. O controle produtivo no Japão se deu a partir do gerenciamento do volume de peças
produzidas e controle do tempo de produção, a fim de evitar desperdício com transporte, consertos, logísticas de
movimentação e aumento de estoques parados.
A tática de controlar sua capacidade e volume produtivos, típica dos países de economia planificada na época,
possibilitou ao Japão administrar seus compromissos econômicos pesados deixados como dívidas pela derrota no
conflito mundial e ao mesmo tempo reestruturar sua economia e sociedade. A palavra-chave é controle e super
exploração do trabalho como bem pontuam os livros do jornalista L.L. Matthias, O reverso dos EUA, de 1964 e da
filósofa Hanna Arendt, Origens do Totalitarismo, de 1950.

4. Considere os argumentos dos adversários do sistema Toyota. Você concorda? Se tivesse que escolher
entre o sistema Toyota e seus adversários, qual escolheria? Por que?
Concordo. Sou muito adepta do controle e da regulação da produção de mercadorias nos mercados globais.
Sem dúvida. Porém, dentro do modelo capitalista de produção que obviamente precisa da reciclagem de suas
mercadorias quase que em tempo real, que precisa do consumo indiscriminado e muitas vezes desnecessário para se
manter ativo, acho que essa técnica, assim como as estabelecidas no ocidente, tendem a levar a super exploração da
mão de obra e a precarização dos sistemas de trabalho (fato que observamos no mundo do trabalho em escala mundial
atualmente).
Por ser fortemente ligado aos valores culturais e tradicionais e reforçar princípios como comprometimento do
indivíduo, fidelidade cega, hiper dedicação e patriotismo exacerbado, este modelo pode sobrecarregar, culpabilizar e
alienar os sujeitos para obtenção de resultados sempre mais altos. Em cenários recessivos, inesperados e negativos
este modelo pode potencializar estes fatores ainda mais, como vamos ao analisar a relação entre hiper produtividade e
breakdown ou suicídio no país.

5. Você já viu o pátio de uma fábrica de veículos em períodos de recessão? Se o diretor da fábrica lhe
mostrasse o pátio cheio de veículos não vendidos e lhe pedisse uma solução, o que você recomendaria?
Recomendaria fortemente que houvesse uma remodelação no volume de produção a fim de controlar seus
níveis e baixa-los, de forma a evitar mais estocagem, preferencialmente. Dentro do possível, é preciso regular o
volume de mercadorias e escoá-las no mercado da melhor forma possível. Poderia haver uma política de baixa de
preços, acessibilidade / facilidade na aquisição de veículos, venda de automóveis para reciclagem, troca de mercadoria
entre empresas e pagamento em mercadoria para fornecedores, leilões em grande escala, e claro, distribuição de
mercadorias em desuso, entre outros.

6. Quais os resultados indesejáveis de se pensar apenas na minimização dos gastos? Quais os resultados
indesejáveis de não se pensar na minimização dos gastos?
A primeira área afetada por pensar apenas na minimização dos gastos é a qualidade do produto fabricado.
Uma vez que este tipo de pensamento leva a decisão de cortar estruturas ou suprimentos que garantem alto padrão de
qualidade. Segundo é que minimizando os gastos você pode ter um menor fluxo produtivo, ou seja, um menor volume
de mercadorias, caso queira manter seu status qualitativo. O que pode levar a uma quebra econômica de valor da
empresa ao disponibilizar a mercadoria para venda e enfrentar grandes levas de produtos concorrentes com preços
reduzidos pela larga escola de produção.
Ao não balancear a minimização de gastos a empresa pode se chocar com prejuízos financeiros graves como
compras sem necessidade, obsolescência, queda de preços e invalidação de mercadorias disponíveis no mercado, além
da possibilidade de falência.

7. Que outras possibilidades existem de aplicação dos princípios de Taylor, Ford e Ohno? Identifique
pelo menos uma instância de aplicação, que não seja convencional.
Acredito que nossas vidas no geral, em quase todas as instâncias são reguladas por valores culturais e sócio
comportamentais que se refletem em nossos corpos e decisões no mundo do trabalho e no mundo das relações
interpessoais e sociais.
Os valores culturais relacionados ao mundo do trabalho, sejam culturalmente distintos entre si, e focalizados
em aspectos diferentes, a depender da região do globo, têm em comum entre si, sua capacidade de modelar nossos
corpos e rotinas em prol do desenvolvimento econômico e produtivo de onde vivemos.
Por isso apresento o exemplo de nossos comportamentos individuais e coletivos enquanto atores socais, aonde
adotamos diversos princípios de comportamento de linha de montagem em nossas vidas e rotinas pessoais. Como
pontualidade, eficiência, minimização de gastos, padronização de atividades, serialização, sequência e repetição,
especialização de funcionalidades do dia a dia, estabelecimento de metas e objetivos, disciplina e hierarquia,
utilitarismo de afetividades e relações, além de mecanicismo, descontrole e alienação, especialmente em desempenhos
de grupo.

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