Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Este trabalho apresenta reflexões sobre a música no desenvolvimento infantil. Tem como
objetivo analisar a música e seu papel nos anos iniciais de uma criança e também o papel da
escola como agente estimulador e implementador da música em seu currículo. Nessa
perspectiva, enfatiza-se a importância de um trabalho com a música no contexto do
desenvolvimento infantil.
ABSTRACT
This paper presents some reflections about music and its influence on child development. It
also aims to analyze music and its role in the first childhood as well as the role of schools as
responsible for implementing and estimulating music as a curricular activity. From this
perspective, the paper emphasizes the relevance of working with music as an ally in the
context of child development.
1
Doutora em Linguística pela UFRJ, professora de Língua Portuguesa da Faculdade Metodista Granbery e da
Rede Municipal de Juiz de Fora, autora de livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II e do
Ensino Médio.
2
Graduado em comunicação pela UFJF.
3
Graduada em Pedagogia pela Faculdade Metodista Granbery, pós-graduanda em Psicopedagogia pela
Faculdade Metodista Granbery.
1
Keywords: Music. Child Development. Musical Education. Education. Schools
1 Introdução
A música está presente na vida de um ser humano desde antes do seu nascimento.
Além de transmitir ideias e sentimentos, a música também pode ser considerada uma forma de
linguagem que causa sensações e que pode desenvolver capacidades que serão de suma
importância durante o crescimento e desenvolvimento de uma criança. A escolha dessa
temática para elaboração da pesquisa e do trabalho de conclusão do curso de Pedagogia da
Faculdade Metodista Granbery se deu a partir do meu interesse por música e devido a
experiências vivenciadas por mim. Tenho observado, em crianças de minha família e
próximas a mim, o quanto a música pode contribuir para a aprendizagem e para o
desenvolvimento físico e cognitivo.
Quantas crianças não aprendem os números com cantigas? Quantas crianças não
aprendem as cores com o auxílio de uma música? A partir daí surge o interesse em entender
de que forma a música pode contribuir para o desenvolvimento infantil, tema deste artigo.
O objetivo principal dessa pesquisa é o de investigar o papel da música no
desenvolvimento infantil. Seus objetivos específicos são: discutir o papel da música na
educação e apresentar a música como uma possibilidade de contribuição para a aprendizagem.
Este artigo é composto por duas seções, que abordam a música e o seu papel na
educação infantil e o papel da escola perante ela, além das considerações finais.
2 A música na infância
2
De acordo com Nicole Jeandot (2001), durante a gestação a criança possui contato
com a música, pelo menos com um de seus elementos fundamentais, o ritmo, através das
pulsações do coração de sua mãe. A mesma afirma que é fato que, logo ao nascerem, as
crianças passam a ter contato com a música. Ao acalentar seus filhos, por exemplo, é natural
que a mãe emita sons e cante alguma música para o bebê. Os familiares também costumam
cantar para a criança. Além disso, a casa é um espaço no qual as crianças estão em direto
contato com sons, através de aparelhos de som, TV, computador, entre outros.
É natural, antes mesmo de a criança começar a falar suas primeiras palavras, que ela
emita alguns sons; muitas vezes parecem até estar cantarolando. É comum também que as
crianças se movimentem junto com os sons, balancem seus membros, ou até mesmo o corpo;
algumas batem palmas, batem o pé, mexem a cabeça e iniciam um movimento bilateral.
Assim, sozinhas, começam a entender e explorar esse mundo da música, de maneira natural e
espontânea. Aos poucos, manuseando objetos, a criança descobre novos sons, tornando-os em
instrumentos, batucando e formando ruídos. A criança prende sua atenção com esses sons por
muito tempo e os acha algo interessantíssimo.
Jeandot (2001) analisa:
4
A Teoria das inteligências múltiplas possui importante papel na reforma educacional. Consiste na aplicação de
exercícios, testes e políticas de esquema de mudança em sala de aula; sua principal intenção é de ampliar o
intervalo de funcionamento mental. Para Gardner, a inteligência é a capacidade de resolver problemas ou de criar
produtos valorizados por uma sociedade (CHEN, 2001, p.30).
4
Chiarelli e Barreto (2005) contextualizam a música na infância:
Para estes, o desenvolvimento cognitivo é aguçado. Uma vez que a criança trabalha
com sons, sua acuidade auditiva é aperfeiçoada e, quanto mais for estimulada, melhor será seu
desenvolvimento intelectual. Nogueira (s/d) também considera a música como fator
importante no desenvolvimento cognitivo da criança. Para ela, quem cresce com a prática
musical tem seu cérebro trabalhando “em rede”, ou seja, o indivíduo faz, com mais facilidade,
conexão do que aprende com outras informações.
A música também pode interferir no estado de ânimo da criança. Baseando-se em
estudos de Lasov e Nogueira, Levi Silva (2006, s/p) diz que “crianças que estão habituadas a
ouvir música, principalmente clássica, tem um aumento nas atividades neuronais e a
concentração para aprendizagem aumenta.”
Sendo assim, tanto a criança que aprecia a música desde cedo, como aquela que estuda
música, potencializa a aprendizagem cognitiva, aumentando e agilizando o raciocínio e a
memória.
As danças e os gestos que a música pode despertar na criança também trabalham a
coordenação motora e, de alguma maneira, fazem com que ela descubra capacidades,
levando-a estabelecer relação com o ambiente em que vive. Nogueira (s/d) acredita que a
criança que vai além, que não apenas tem contato com a música, mas também passa a
aprender um instrumento, desenvolve grandes habilidades com a mão, no que diz respeito à
coordenação motora.
O desenvolvimento da psicomotricidade também é citado por Chiarelli e Barreto
(2005). O ritmo auxilia o sistema nervoso da criança, aprimorando habilidades motoras. Elas
aprendem a controlar, com mais facilidade, seus músculos. Os autores exemplificam:
O desenvolvimento afetivo é destacado tanto por Nogueira (s/d), quanto por Chiarelli
e Barreto (2005). A primeira afirma que todos podem perceber que os afetos que a música
pode movimentar nas crianças são muitos. Por exemplo, nossas avós já acreditavam que, ao
acalentar os bebês perto do colo, junto ao peito, poderiam deixá-los mais calmos. Estudos da
Universidade de Toronto passaram a validar o que o senso comum já acreditava: que ao estar
em contato com a música, as crianças tendem a se acalmar. Nogueira (s/d) exemplifica:
Outro desenvolvimento que pode ser aperfeiçoado está ligado a sua vida social. Por
exemplo, dependendo do repertório e gosto musical, o indivíduo pode ser membro de certos
grupos sociais. Mas não é só isso, a música pode ser aliada ao aprendizado de
comportamentos sociais.
Nogueira (s/d) vê as brincadeiras musicadas como um exemplo para as crianças.
Durante as brincadeiras elas passam por situações de perda ou de ganho, de dúvidas e de
afirmação. As cantigas podem ser aliadas na preparação da criança para a vida adulta. Suas
letras falam de amor, trabalho, disputas, tristezas, ou seja, sentimentos e realidades com os
quais precisará lidar em toda sua vida.
O Referencial Curricular Nacional (1998) aborda as brincadeiras cantadas:
6
A criança, brincando, faz música e é dessa forma que ela se relaciona com o mundo e
com suas descobertas. A criança descobre instrumentos, inventa e imita melodias e ainda
possui a sensibilidade de escutar com prazer diferentes músicas de diferentes povos.
7
adulto caberá compreender em que medida a música constitui uma
possibilidade expressiva privilegiada para criança, uma vez que atinge
diretamente sua sensibilidade afetiva e sensorial (JEANDOT, 2001, p.
20).
Para Jeandot (2001), o professor deve ser criativo, utilizando a música não só como
motivação para criança, mas também na formação do seu imaginário, envolvendo as
atividades do currículo escolar do aluno. As atividades com música podem explorar as
culturas de diferentes povos, devem envolver diferentes compositores, analisar as diferentes
épocas, etc.
A autora acredita que muitas vezes essas crianças não se tornarão músicos
profissionais, mas serão capazes de sentir, viver e apreciar a música.
Alicia Maria Loureiro (2008) segue uma linha de pensamento um pouco diferente em
relação aos outros autores citados anteriormente. Acredita na relevância de aprender a música
mais profundamente, através de instrumentos e partituras.
A autora acredita que a música sempre esteve presente no cotidiano escolar, no
intervalo, na entrada e na saída, ou ainda nas festividades (festa junina, festa da família, dia
das crianças). Para ela, isso não é suficiente, a música não deve aparecer apenas como
atividade recreativa, e sim estar presente na construção do conhecimento.
8
Loureiro (2008) vê a música como uma possibilidade de reintegração social e de
construção do conhecimento. Muitas vezes, em casa, a criança não tem acesso à música, e,
quando lhe é colocada a diversidade de ritmos e gêneros, ela se interessa. Além disso, a
música pode atraí-la e passar a servir de motivação para outras atividades.
Loureiro vai mais além e acredita no ensino da música mais aprofundado nas escolas.
Para ela, a criança que tem aula de música tem oportunidade não só de lidar com a música e
seus elementos, mas também aprimora a audição, a expressão rítmica e melódica, a
sensorialidade, a emotividade, a inteligência ordenadora e a criatividade.
A esse ensino da música nas escolas, dá-se o nome de Educação Musical, e a proposta
da autora consiste na formação e na capacitação musical.
Sobre a Educação Musical, Loureiro (2008) constata:
A autora acredita que a música nas escolas deva aparecer com condições necessárias
para que ela possa ter um valor significativo no processo de educação escolar. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais propõem que:
Loureiro (2008) acredita que a música foi por muito tempo excluída e/ou
desprestigiada pelo currículo escolar, desde que o ensino da música deixou de ser obrigatório,
com o fim da disciplina de Canto Orfeônico, na década de 60. A música só voltou a fazer
parte do currículo quando a LDB (Lei de Diretrizes bases) Lei nº 5692, de 1971, passou a
garantir o ensino da música através da disciplina de Educação Artística:
9
Art. 7º. Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e cívica,
Educação Física, Educação Artística e Programa de Saúde nos
currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus, observando
quanto a primeira o disposto decreto-lei nº.869, de 12 de setembro de
1969. (BRASIL, 1971).
4 Considerações Finais
10
REFERÊNCIAS
BENNETT, Roy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
BRASIL. . Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que “fixa Diretrizes e Bases para o ensino de
1º e 2º graus e dá outras providências”. Brasília. Diário Oficial da união,v.1, p.6.377, de
12/08/1971
BRITO, Teca Alencar. Criança, sons e música. 2.ed. São Paulo: Ed. Petropólis, 2003.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Ed. Scipione, 2001. 2ª
Edição.
11
MOURA, Vagner Aparecido de. A sedução discursiva da música créu. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_1/380-398.pdf>. Acesso em: 10 set. 2011.
SILVA, Levi Leonido Fernandes da. Música na Infância. Filomúsica: Revista de música
culta, Espanha, n. 78, nov. 2006. Disponível em:
<http://filomusica.com/filo78/infancia.html>. Acesso em: 01 ago. 2011.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. Uma outra história das músicas. São Paulo: Ed.
Schwarcz Ltda, 2007.
12