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Info “Organic HACCP”

Produção de Tomate
Controlo da Qualidade e Segurança em Cadeias de
Produção Biológica
Kirsten Brandt, Lorna Lück, Gabriela S. Wyss,
Alberta Velimirov, Hanne Torjusen

© BLE, Bonn / Thomas Stephan

Publicado por:
Este desdobrável destina-se a produtores e outros agentes
envolvidos na produção e embalamento de tomate biológico,
sobre o que se pode fazer nas várias etapas de cadeia de
Em cooperação com produção de forma a melhorar a qualidade e a segurança do
tomate biológico, de acordo com os requisitos gerais da
certificação da segurança alimentar. Foram também preparados
desdobráveis para outros produtos, bem como desdobráveis
dirigidos aos consumidores e retalhistas.

Financiado pela Comissão das Comunidades Europeias sob a Acção 5 do


Quinto Programa Estrutural para a Investigação e
Desenvolvimento Tecnológico.
Os desdobráveis do projecto “Organic HACCP” Selecção de cultivares
Este é o nº 12 de uma série de 14 desdobráveis que Importantes aspectos a controlar nesta etapa
descrevem o modo como pode ser melhorado o controlo de A escolha da cultivar é muito importante para o sabor,
qualidade e segurança nas cadeias de produção / aparência e longevidade na exposição (“shelf life”).
comercialização na Europa. O projecto “Organic HACCP” Contudo, cultivares com muito bom sabor, aparência e
fez uma revisão dos estudos relacionados com as grande longevidade muitas vezes não dão grandes
preferências e preocupações dos consumidores rendimentos.
relativamente aos sistemas de produção e fez uma recolha
Problemas específicos da produção biológica
de informação acerca das cadeias de produção-tipo para 7
produtos em várias regiões da Europa. Para cada um dos Muitos consumidores de tomate biológico preferem ter uma
critérios que abaixo se descrevem, foi analisada a oportunidade de escolha de cultivares locais e tradicionais
informação de forma a identificar os pontos críticos de com diferentes sabores e usos. Ao invés, o negócio de
controlo (PCC), definidos como, etapas nas cadeias de publicidade e marketing exigem grandes quantidades de
comercialização susceptíveis de poder melhorar a produtos uniformizados que é em grande medida contrário
qualidade do produto final através do seu controlo. Os às aspirações dos consumidores.
pontos críticos foram identificados usando a metodologia Para os produtores biológicos a resistência a pragas e
HACCP (Análise Casual de Pontos Críticos de Controlo), doenças é muito importante, em particular às doenças dos
um procedimento padrão utilizado na prevenção do risco sistemas radiculares das plantas na produção em estufa e
relativamente à segurança do produto. Neste projecto do míldio (Phytophtora) na produção de ar livre.
considerou-se não só a segurança mas também os Recomendações
aspectos relacionados com as preocupações do
consumidor, através da metodologia HACCP para um vasto ƒ Escolha cultivares com bom sabor e baixa
número de critérios. susceptibilidade às doenças mais relevantes.
1. Toxinas microbiológicas e contaminação abiótica ƒ Se a informação sobre ensaios de cultivares biológicas
na região não estiver disponível, tente por si próprio ou
2. Potenciais doenças em conjunto com outros produtores biológicos organizar
3. Compostos tóxicos naturais em pequena escala ensaios. Inclua ensaios de sabor e
4. Frescura e sabor resistência.
5. Nutrientes e aditivos alimentares ƒ Sempre que possível faça acordos com outros produtores
biológicos no sentido de cobrir encomendas de grande
6. Fraude
quantidade.
7. Aspectos éticos e sociais.
Manutenção da cultura
Visão das cadeias de produção para o tomate
Importantes aspectos a controlar nesta etapa
Cadeia T2 CadeiaT3 Cadeia T4
(Holanda) (Portugal) (Dinamarca) Elevadas doses de azoto favorecem o desenvolvimento das
Produção de tomate por Produção de tomate Produção de tomate doenças, enquanto que baixas doses de azoto parecem
agrupamento de vários produtores por um único produtor por um único produtor resultar numa melhor qualidade do produto (sabor) e numa
maior resistência à podridão. A couve pode ser consumida
Embalamento de tomate pelo
Embalamento de Embalamento de crua, portanto qualquer contaminação com bactérias
tomate pelos tomate pelos
agrupamento de produtores
produtores individuais produtores individuais patogénicas deve ser prevenida.
Problemas específicos da produção biológica
Armazenamento e Distribuição de tomate
Transporte de tomate por
empresas de transporte
venda de tomate pelo pelas cadeias de Em estufa, para o tomate de produção biológica utiliza-se o
produtor supermercados
solo e só muito raramente a lã-de-rocha. Em estufas
Armazenamento de tomate pelos Transporte de tomate Venda a retalho pelas permanentes pode ser difícil prevenir a acumulação de
armazenistas pelo produtor superfícies comerciais esporos de agentes patogénicos responsáveis pelas
Venda a retalho pelas
podridões das raízes.
Distribuição de tomate pelas
lojas dedicadas à Muitos consumidores acham que a produção intensiva em
cadeias de supermercados
produção biológica
estufa com elevados inputs de energia e altas doses de
Venda a retalho pelas superfícies fertilizantes vai contra os ideais da produção biológica.
comerciais
Na produção em ar livre, o míldio, Phytophtora, tem sido
O diagrama mostra a análise efectuada à cadeia de tradicionalmente controlado pela aplicação de sais de
produção biológica de tomate na Europa. Na página “web” cobre, mesmo em produção biológica. A utilização de
do projecto (www.organichaccp.org) são apresentados mais pesticidas à base de cobre é um problema para a imagem
detalhes desta análise e de cada Ponto Crítico. da produção biológica entre os consumidores e muitos
retalhistas exigem uma produção sem a presença de tal
substância. Em algumas explorações, as pulverizações por
vizinhos menos cuidadosos podem resultar na
contaminação da produção. Cabe ao agricultor biológico

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tomar a acção de prevenir qualquer contaminação dos seus convencional, o que aumenta os riscos de misturas
produtos. acidentais bem como da utilização de agentes não
Recomendações permitidos.
ƒ Minimize a utilização de adubos contendo azoto, mesmo Recomendações
do tipo orgânico; utilize fontes alternativas de energia ƒ Colha os frutos rapidamente e assim que possível
para aquecimento. coloque-os directamente num contentor (por exemplo
ƒ Utilize pequenas quantidades de cobre, menos até do numa caixa) com uma determinada disposição, de forma
que as permitidas (ou mesmo nenhuma) e prepare-se a evitar danos durante o manuseamento.
para uma produção livre de cobre. ƒ Se possível, utilize redes em vez de películas de plástico,
para embalamento.
ƒ Tente estabelecer rotações de culturas relevantes, por
exemplo usando estufas móveis e culturas intercalares. ƒ Quando embalar, utilize preferencialmente etiquetas com
o nome e morada do produtor bem como da data de
ƒ Se forem usados sistemas aéreos de irrigação da cultura, colheita.
não use a água de reservatórios abertos (onde os
ƒ Mantenha o produto a 14-18 ºC após a colheita e sugira
pássaros têm acesso).
aos seus consumidores para também estabelecerem
ƒ Aplique medidas indirectas para evitar o aparecimento de sistemas de protecção contra temperaturas muito baixas,
pragas e doenças e para se preparar para uma produção de forma a preservar a qualidade em toda a cadeia até ao
livre de cobre, tais como: utilização de cultivares consumidor.
resistentes; provimento de habitats para organismos ƒ Forneça informação fidedigna acerca das instalações e
benéficos; utilização de culturas armadilha bem como dos equipamentos, por exemplo numa página web, com
culturas intercalares ou, ao longo das margens do campo; ligação a cada produto.
utilização de plantas como repelentes de insectos ƒ Monitorize e documente as actividades e biológicas e não
(hortelã, alho, cebola, salva, coentro, cebolinho, anis, biológicas (input-output) quando consideradas relevantes.
malmequer);; adaptação da rotação de culturas.
ƒ Estabeleça cercas ou outras barreiras para proteger a Recomendações gerais
cultura das pulverizações dos produtores vizinhos e Questione as empresas e as pessoas responsáveis pelas
promova a convergência de pequenas áreas com campos outras partes da cadeia pelos seus resultados quando
de produção biológica incluindo a mudança de local. acedem à qualidade do produto final. É também do
ƒ Se os pesticidas forem aplicados na sua parcela, recolha interesse deles que use esse retorno de informação para
uma folha de uma planta para análise. Se forem melhorar o seu procedimento. Acordos de colaboração
detectados resíduos: i) questione o seu vizinho, produtor formal podem assegurar que a qualidade e a segurança é
convencional, para comprar o tomate afectado ao mesmo controlada a cada etapa da cadeia de fornecimento e que
preço do tomate de produção biológica ou, ii) acorde com os custos são repartidos equitativamente entre todos os
os seus vizinhos na utilização de medidas como a participantes.
pulverização apenas em certas condições de vento com
um bom equipamento de aplicação, ou na utilização de Continuação no projecto QLIF
apenas substâncias permitidas em agricultura biológica,
em partes do campo de agricultura convencional. O trabalho realizado no âmbito do projecto HACCP identificou
diversas áreas nas quais mais investigação é necessária para
Colheita e embalamento melhorar o controlo da qualidade e segurança dos produtos
biológicos. Em 2004 foi iniciado o projecto QualityLowInputFood
Importantes aspectos a controlar nesta etapa (QLIF, www.qlif.org) de forma a aprofundar a compreensão sobre
O tomate colhido no estado maduro desenvolve muito qualidade dos alimentos biológicos. O QLIF é um projecto
melhor sabor e apresenta uma maior longevidade após a integrado financiado pela Comissão Europeia através do 6º
compra pelo consumidor do que aquele colhido quando Programa Comunitário (6th Framework Porgramme) com 31
ainda verde ou parcialmente maduro no entanto, são mais participantes distribuídos por 15 países. O QLIF é um projecto para
susceptíveis aos danos mecânicos. A cedência de 5 anos que visa a investigação e o desenvolvimento na qualidade,
informação aos consumidores sobre quem produziu e na segurança e na eficiência de métodos de produção biológica e
embalou o produto quando colhido, mostra determinação na de baixos inputs agronómicos na Europa.
assumpção de responsabilidade, permitindo reduzir o risco Serão investigados no QLIF os seguintes tópicos relevantes para a
de fraudes. A exposição do tomate a temperaturas de 12 ºC produção de tomate:
ou superiores causa uma rápida deterioração do sabor. ƒ Estudos das relações entre os diferentes aspectos da qualidade,
Problemas específicos da produção biológica percepção do consumidor e comportamento de compra
(expectativas do consumidor e atitudes, 2004-2007).
Frequentemente, instalações de certificação biológica para
ƒ Desenvolvimento dos métodos de custos efectivos para melhorar
selecção e embalamento não estão disponíveis nas áreas
a qualidade e produtividade (Sistemas de Produção, 2004-2008).
envolventes da produção.
ƒ Desenvolvimento de procedimentos de HACCP para o controlo
Em grande medida, alguns equipamentos de selecção e da qualidade e segurança em cadeias de fornecimentos de
embalamento são utilizados em paralelo quer para produtos produtos orgânicos e cursos de treino para auditores (transporte,
de origem biológica quer para produtos de origem negociação e retalho, 2006-2008).

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Notas editoriais Autores
Kirsten Brandt and Lorna Lück (UNEW), Gabriela S. Wyss
Os editores e os autores agradecem reconhecidamente o
(FiBL), Alberta Velimirov(LBI), Hanne Torjusen (SIFO).
apoio financeiro da Comissão das Comunidades Europeias
sob a Acção 5 do Quinto Programa de apoio à Investigação UNEW: University of Newcastle, Agriculture Building, NE1
e Desenvolvimento e ao co-financiamento pelo Swiss Sci- 7RU, Newcastle upon Tyne, United Kingdom.
ence Agency (SBF) para o projecto " Recommendations Tel. +44 191 222 5852
for improved procedures for securing consumer oriented Fax: +44 191 222 6720
food safety and quality of certified organic products from E-mail kirsten.brandt@ncl.ac.uk,
plough to plate " (Organic HACCP; QLK1-CT-2002-02245). Internet http://www.ncl.ac.uk/afrd/staff/profile/kirsten.brandt
As visões expressas são as dos autores e que não têm
Acerca do projecto “Organic HACCP”
necessariamente de corresponder à visão da Comissão
Europeia, nem antecipam a política futura da Comissão Os principais objectivos desta acção são avaliar
nesta área. procedimentos actuais para gerir e controlar a produção em
O conteúdo deste folheto é da inteira responsabilidade dos cadeias biológicas de produção, com referência particular
autores. A informação contida, incluindo toda a opinião e às características avaliadas pelos consumidores e a partir
qualquer projecção ou previsão, foi obtida a partir de fontes daqui formular e divulgar recomendações para melhorar. O
consideradas credíveis pelos autores, no entanto não é projecto com duração de 2 anos iniciou-se em Fevereiro de
garantida a exactidão ou a sua integralidade. A informação 2003. Os resultados do projecto, incluindo a base de dados
é fornecida sem a obrigação e na compreensão que toda a dos Pontos Críticos de Controlo das cadeias analisadas,
pessoa que a utilizar ou de alguma maneira a modificar, o estão disponíveis no website do projecto
faz pelo seu próprio risco. www.organichaccp.org

Informação bibliográfica Os parceiros do projecto


ƒ University of Newcastle (UNEW), Newcastle upon Tyne,
Kirsten Brandt, Lorna Lück, Gabriela S. Wyss, Alberta
United Kingdom.
Velimirov, Hanne Torjusen (2005): Produção de Tomate.
Controlo da Qualidade e Segurança em Cadeias de ƒ Swiss Research Institute of Organic Agriculture (FiBL),
Produção Biológica. Research Institute of Organic Agricul- Frick, Switzerland.
ture FiBL, CH-5070 Frick, Switzerland ƒ Royal Veterinary and Agricultural University (KVL), Co-
© 2005, Research Institute of Organic Agriculture FiBL and penhagen, Denmark.
University of Newcastle upon Tyne ƒ Italian National Research Council, Institute of Food Sci-
ƒ FiBL, Ackerstrasse, CH-5070 Frick, Tel. +41 62 865 7272, ence (CNR-ISA), Avellino, Italy.
Fax +41 62 865 7273, E-mail info.suisse@fibl.org, Inter-
net http://www.fibl.org ƒ University of Aberdeen (UNIABDN), Aberdeen, United
ƒ University of Newcastle, Agriculture Building, UK – NE1 Kingdom
7RU, Newcastle upon Tyne, e-mail ƒ Ludwig Boltzmann Institute for Biological Agriculture (LBI)
organic.haccp@ncl.ac.uk, Internet Vienna, Austria.
http://www.ncl.ac.uk/afrd/tcoa/
ƒ Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apt. 1013, ƒ Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD),
Quinta de Prados, 5001-911, Vila Real, Portugal, e-mail Vila Real, Portugal.
erosa@utad.pt, Internet http://www.utad.pt ƒ Agro EcoConsultancy BV (Agro Eco), Bennekom, The
Edição de Idioma: Eduardo Rosa Netherlands.
Capa e estrutura do texto: FiBL ƒ National Institute for Consumer Research (SIFO), Oslo,
Logo (símbolo) Organic HACCP: Tina Hansen, DARCOF, Norway.
Dinamarca
Uma versão deste documento em pdf pode ser acedida
gratuitamente desde a página web do projecto:
www.organichaccp.org ou em alternativa
www.orgprints.org/view/projects/eu-organic-haccp.html.
Versões impressas podem ser solicitadas à loja FiBL
(shop.fibl.org).

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