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GUIA DO CONSUMIDOR

PARA AVALIAÇÃO DO
FRESCOR DO PESCADO
Coordenação
ROGÉRIO SOUZA DE JESUS
JHONATHAN IZEL SILVA
GUIA DO CONSUMIDOR
PARA AVALIAÇÃO DO
FRESCOR DO PESCADO
Coordenação
ROGÉRIO SOUZA DE JESUS
JHONATHAN IZEL SILVA

Manaus
2020
Copyright © 2020 - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

PRESIDENTE DA REPÚBLICA CATALOGAÇÃO NA FONTE (CIP-Brasil)


Jair Messias Bolsonaro
G943 Guia do consumidor para avaliação do frescor do pescado [Livro Digital] /
Coordenação Rogério Souza de Jesus, Jhonathan Izel Silva. - Manaus:
MINISTRO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA Editora INPA, 2020.
E INOVAÇÕES
Marcos Cesar Pontes 10.695 KB
21 p. : il. color.

DIRETORA DO INSTITUTO NACIONAL ISBN : 978-65-5633-012-9 (on-line)


DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Antonia Maria Ramos Franco Pereira 1. Pescado - guia do consumidor. I. Jesus, Rogério Souza de. II. Silva,
Jhonathan Izel.

CDD 639.977

PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO


ELETRÔNICA
Rodrigo Verçosa

EDITORA INPA
EDITOR-CHEFE
Mario Cohn-Haft

PRODUÇÃO EDITORIAL
Rodrigo Verçosa Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Shirley Ribeiro Cavalcante Av. André Araújo, 2.936 - Petrópolis, CEP 69067-375 - Manaus - AM, Brasil
Tito Fernandes +55 92 3643-3223 editora.inpa.gov.br editora@inpa.gov.br
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...............................................................................................................................................................................................................5

1. Qual a base da alimentação do amazonense?.....................................................................................................................................................5

2. Quais os procedimentos para manter as características que identificam o frescor do peixe?................................................................6

3. O que é e como realizar a avaliação sensorial?...................................................................................................................................................6

4. Avaliando o peixe nas primeira e segunda semanas – qualidade excelente e boa....................................................................................7

5. Avaliando o peixe nas terceira e quarta semanas – qualidade de consumo corrente.............................................................................10

6. Avaliando o peixe nas quinta e sexta semanas – qualidade de consumo corrente.................................................................................13

Aparência externa e orgãos internos de Tambaqui – dia 0 ao dia 42..............................................................................................................16

Aparência externa e orgãos internos de Matrinxã – dia 0 ao dia 42................................................................................................................17

Aspectos da pele de Tambaqui e Matrinxã.............................................................................................................................................................18

Aspectos dos olhos de Tambaqui e Matrinxã.........................................................................................................................................................19

ANEXO - MÉTODO DO INDICE DE QUALIDADE (MIQ) Para a avaliação sensorial do tambaqui inteiro.................................................20

GLOSSÁRIO.....................................................................................................................................................................................................................21
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 5 Jhonathan Izel Silva, MSc.

1. Qual a base da alimentação do


APRESENTAÇÃO
amazonense?

O “Guia do Consumidor para Avaliação do Frescor do Pesca- No estado do Amazonas, o consumo de pescado é um dos
do” foi realizado no contexto do projeto Implantação de Uni- maiores do mundo. Somente na cidade de Manaus, o consu-
dades Demonstrativas Agroflorestais na Amazônia (IUDAA), mo médio per capta é superior a 30 kg de pescado por ano,
financiado pela FINEP / MCTI. enquanto os ribeirinhos consomem mais de 60 kg de pesca-
A correta manipulação e o controle da qualidade dos produ- do/hab./ano.
tos da aquicultura e da pesca artesanal constituem elementos Com uma alimentação a base de pescado proveniente tanto
fundamentais para melhorar a eficiência na comercialização da pesca extrativa quanto da piscicultura de espécies nativas
desses produtos. Uma comercialização eficiente, por sua vez, é da Amazônia, o amazonense também consome produtos
indispensável para o crescimento do consumo do pescado. derivados de pescados de outras regiões do país, além dos
Para colocar um produto de boa qualidade no prato do con- importados.
sumidor, é necessário que o pescado tenha sido tratado com Na região amazônica, culturalmente, a forma mais usual de
higiene desde o instante em que saiu da água. São inúme- comercialização do pescado é “in natura”, porém, a oferta de
ras as possibilidades de deterioração precoce do pescado, produtos beneficiados, tanto regionais como nacionais, vem
entretanto, pequenos cuidados básicos conseguem evitar a aumentando. O peixe fresco, capturado, abatido e armazena-
maioria dos perigos existentes. do de forma adequada, apresenta características específicas
Com uma ilustração bastante informativa, este Guia apre- que identificam o seu frescor.
senta o acompanhamento das alterações organolépticas que Este guia tem como público-alvo justamente essas pessoas
acontecem ao longo do período de armazenagem em gelo, que têm o hábito de comprar e consumir pescado, como
das duas principais espécies de peixes produzidas pela pisci- também para ajudar no trabalho de avaliação feito pelos
cultura amazônica, o tambaqui (Colossoma macropomum) e trabalhadores de frigoríficos, estudantes, técnicos e pesqui-
o matrinxã (Brycon amazonicus). sadores da área da pesca e aquicultura.

Rogério Souza de Jesus


Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 6 Jhonathan Izel Silva, MSc.

2. Quais os procedimentos para


3. O que é e como realizar a
manter as características que
avaliação sensorial?
identificam o frescor do peixe?

Durante a captura, os peixes devem sofrer o mínimo de O método mais antigo e confiável de avaliação do frescor do
estresse possível para evitar danos físicos. Assim, logo após pescado é a análise sensorial. Realizando uma simples obser-
a captura deve-se realizar o abate, preferencialmente por vação de alguns atributos organolépticos, pode-se avaliar a
imersão em água e gelo (hipotermia). Também é necessário qualidade e o frescor do pescado. Existem tabelas que podem
realizar uma lavagem com água corrente para retirar as im- auxiliar nesta avaliação (Anexo), e por meio da análise senso-
purezas e, posteriormente, deve-se armazenar o produto. rial dos atributos nelas descritos, se pode chegar a um escore
numérico que representa o estado de frescor do pescado.
O armazenamento pode ser realizado em câmaras de resfria-
mento ou com utilização de gelo em caixas térmicas. Deve-se O peixe fresco possui um tempo determinado de durabilidade
manter o pescado na temperatura aproximada de 0°C durante quando armazenado em gelo, que pode variar, dependendo da
o transporte até a chegada ao ponto de comercialização, onde espécie, da condição física em que se encontrava ao ser captu-
o produto pode ser comercializado fresco ou beneficiado e con- rado, ou mesmo da forma de acondicionamento que sofreu.
gelado, o que aumenta seu tempo de prateleira, facilitando sua
preparação e consumo. Com base em estudos realizados no INPA, no laboratório de
Tecnologia do Pescado, podemos afirmar que:
É muito importante que os critérios de higiene e limpeza
sejam executados em todas as etapas do processamento. Os • O tambaqui pode ser consumido, quando armazenado ade-
locais de abate, transporte, armazenamento e beneficiamento quadamente em gelo, por um período de cerca de 21 dias,
devem ser mantidos higienizados e o gelo utilizado deve ser em boa qualidade, ou mesmo de até 35 dias em qualidade
de boa qualidade para não contaminar o pescado. Preferen- de consumo corrente (regular), como veremos logo adiante.
cialmente, esse manuseio e o beneficiamento devem ser rea-
lizados por profissional capacitado, utilizando equipamentos • O matrinxã, por ser uma espécie onívora (hábito alimentar di-
e utensílios higienizados, bem como adequados EPI´s (equi- versificado, consumindo vegetais e animais), possui um tempo
pamentos de proteção individual, tais como: avental, máscara, de guarda menor em gelo, de cerca de 14 dias, em boa quali-
touca, luvas e outros). dade, e de até 28 dias, em qualidade de consumo corrente.
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 7 Jhonathan Izel Silva, MSc.

4. Avaliando o peixe nas primeira e segunda semanas


Qualidade excelente e boa

Os olhos devem estar salientes e brilhantes, com córneas tura firme e elástica, sem nenhuma deformidade ou marca
translúcidas e pupilas negras com matizes amareladas. A pele de pressão, retornando imediatamente quando pressionado
deve ser brilhante e resplandecente, com escamas aderidas com o dedo. O odor característico de algas ou plantas aquá-
e presença de muco límpido. O abdômen deve ter muscula- ticas deve estar presente.

Tambaqui Matrinxã

Dia 0

Dia 7
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 8 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas primeira e segunda semanas


Qualidade excelente e boa

As guelras devem ter cor vermelho vivo, com presença de


muco límpido, apresentando odor característico de algas.

Tambaqui Matrinxã

Dia 0

Dia 7
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 9 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas primeira e segunda semanas


Qualidade excelente e boa

Os órgãos internos e o peritônio (membrana transparente que recobre


tanto a parede abdominal quanto as vísceras) devem estar íntegros.

Tambaqui Matrinxã

Dia 0

Dia 7
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 10 Jhonathan Izel Silva, MSc.

5. Avaliando o peixe nas terceira e quarta semanas


Qualidade de consumo corrente

A pele perde o brilho e a resplandecência; os olhos ficam existe o muco límpido, o odor torna-se neutro e o abdômen
encovados, podendo estar brancos ou nebulosos; as córne- encontra-se firme, com elasticidade moderada, retornando
as ficam opacas e as pupilas iniciam a descoloração. Já não lentamente quando pressionado com o dedo.

Tambaqui Matrinxã

Dia 14

Dia 21
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 11 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas terceira e quarta semanas


Qualidade de consumo corrente

As guelras apresentam coloração castanho-avermelhado ou castanho


pálido; ocorre perda do odor de algas ou plantas aquáticas.

Tambaqui Matrinxã

Dia 14

Dia 21
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 12 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas terceira e quarta semanas


Qualidade de consumo corrente

Os órgãos internos iniciam a fase da digestão, apresentando-


se, quase sempre, desfeitos e com a parede abdominal
podendo se apresentar oxidada, com peritônio escuro.

Tambaqui Matrinxã

Dia 14

Dia 21
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 13 Jhonathan Izel Silva, MSc.

6. Avaliando o peixe nas quinta e sexta semanas


Qualidade de consumo corrente

A pele apresenta descoloração avançada, os olhos podem apre- pouca elasticidade, retornando lentamente quando pressio-
sentar-se encovados, brancos, embaçados ou avermelhados, nado com o dedo ou nem retorna. A aderência das escamas
com pupilas leitosas ou acinzentadas, e as córneas côncavas, se reduz e o odor pode apresentar-se adocicado, ligeiramente
sujeitas a descoloração. O abdômen apresenta-se firme, com azedo, rançoso, mas ainda não com odor de putrefação.

Tambaqui Matrinxã

Dia 28

Dia 35
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avaliação do frescor do pescado 14 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas quinta e sexta semanas


Qualidade de consumo corrente

As guelras apresentam-se pálidas, com coloração castanho


escuro a castanho amarelado; pode-se perceber a presença
de muco leitoso com odor ligeiramente azedo.

Tambaqui Matrinxã

Dia 28

Dia 35
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 15 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Avaliando o peixe nas quinta e sexta semanas


Qualidade de consumo corrente

Os órgãos internos apresentam-se desfeitos e digeridos; o


peritônio bem escuro, pode aparecer espinhas salientes e o
fígado e o rim podem apresentar-se pálidos ou escurecidos.

Tambaqui Matrinxã

Dia 28

Dia 35
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 16 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Aparência externa e orgãos internos de Tambaqui

Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21

Dia 28 Dia 35 Dia 42


Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 17 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Aparência externa e orgãos internos de Matrinxã

Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21

Dia 28 Dia 35 Dia 42


Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 18 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Aspectos da pele de Tambaqui e Matrinxã

Tambaqui

Pele brilhante e resplandecente Pele brilhante Pele opaca e descolorida

Matrinxã
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 19 Jhonathan Izel Silva, MSc.

Aspectos dos olhos de Tambaqui e Matrinxã


Durante 6 semanas

Tambaqui

1 2 3 4 5 6

Matrinxã
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avaliação do frescor do pescado 20 Jhonathan Izel Silva, MSc.

ANEXO - MÉTODO DO INDICE DE QUALIDADE (MIQ)


Para a avaliação sensorial do tambaqui inteiro

Parâmetros de qualidade Características Pontos/Descrição Avaliação Qualidade

0 – brilhante, resplandecente Mínimo: 0 pontos


Pele 1 – brilhante Máximo: 20 pontos
2 – opaco
0 – nenhuma 0-5 CLASSE A ou ESPECIAL
Manchas de
1 – pequenas, 10%-30% 6 -10 CLASSE B ou BOA QUALIDADE
sangue nos 2 – grandes, 30%-50% 11 – 15 CLASSE C ou CONSUMO CORRENTE
opérculos 3 – muito grandes, 50%-100% 16 – 20 NÃO APTO PARA O CONSUMO
0 – duro, em rigor mortis,
1 – elástico
Aparência geral Dureza 2 – firme
3 – suave
0 – brilhante, resplandecente
Ventre 1 – brilhante
2 – opaco
0 – fresco
1 – neutro
Odor 2 – úmido/amorfo/rançoso
3 – carne passada/rançoso
0 – claros
Claridade 1 – opacos
Olhos 0 – normais
Forma 1 – planos
2 – afundados
0 – vermelho característico
Cor 1 – pálidas, descoloridas
0 – fresco
Brânquias
1 – neutro
Odor 2 – adocicado, ligeiramente rançoso
3 – odor azedo/rançoso Fonte: Cartonilho, M.M. e Jesus, R.S. 2011. Qualidade de cortes
Total de Pontos congelados de tambaqui cultivado. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v. 46, n. 4, p. 344-350.
Guia do consumidor para Rogério Souza de Jesus, Dr.
avaliação do frescor do pescado 21 Jhonathan Izel Silva, MSc.

GLOSSÁRIO

O Abate é a matança do pescado destinado ao O Peritônio é a membrana serosa que recobre as


consumo e pode ser feito por asfixia, quando se paredes do abdômen e a superfície dos órgãos
deixa os peixes morrerem se debatendo fora d’agua, digestivos.
ou por hipotermia, quando se colocam os peixes
em água com gelo para sofrer um choque térmico e As Propriedades organolépticas são as caracte-
morrer. Existem outros modos de abate como apli- rísticas dos materiais que podem ser percebidas
cação de choques elétricos e outros. pelos sentidos humanos, como cor, brilho, luz,
odor, textura, som e sabor. Estas propriedades são
O Estresse é um desequilíbrio no organismo e, na importantes em marketing, mas principalmente na
aquicultura, pode ser causado por práticas pré-aba- avaliação do estado de conservação de alimentos,
te, como: despesca, transporte e método de abate que frequentemente são sujeitos a um “exame or-
escolhido, que mesmo quando bem conduzidas, ganoléptico” para verificar se estão em boas condi-
são consideradas etapas traumáticas para os peixes. ções para o consumo.
LABORATÓRIO
DE TECNOLOGIA
DO PESCADO

ISBN: 978-65-5633-012-9

9 786556 330129

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