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Introdução

A ética é uma disciplina filosófica, que discute os valores que se traduzem em existências
humanas mais felizes, mais realizadas, com mais bem-estar e qualidade de vida.
Na medida em que entendemos a importância da ética para a sobrevivência humana com
qualidade e integridade, compreendemos também a complexidade envolvida em suas relações
com outros campos do saber e da prática, fundamentais à vida humana em sociedade.
A par disto ética é também aplicada para manter boa conduta, o bem-estar, nos locais de trabalho
entre os funcionários, nos estabelecimentos públicos e privadas, dai a necessidade de ser uma
cadeira componente do grupo de cadeiras da formação dos professores. De modo a dotar o
professor de conhecimentos que possam providenciar uma boa conduta ente os intervenientes da
escola onde exerça as suas funções.

Noção de ética
A Ética vem do grego “Ethos”, que significa modo de ser, carácter, também é chamada de
Filosofia da Moral ou ainda de Ciência do Dever, diz respeito à reflexão, à interpretação e ao
debate sobre os aspectos e regras morais que devem nortear o comportamento humano numa
determinada sociedade e tempo histórico. A ética tem como objecto a Moral, e é através da
interpretação e investigação teórica, é que ela estabelece os princípios e preceitos da Moral e,
orientará a consciência do indivíduo em suas decisões e comportamentos.
As primeiras reflexões sobre a ética e a moral foram feitas na antiguidade clássica ocidental pelo
filósofo Sócrates, que, segundo Marilena Chauí, percorria Atenas questionando os cidadãos
sobre “o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir”.
Conceito de ética
Segundo Aurélio Ferreira (2005, p. 383), a ética pode ser definida como “O estudo dos juízos de
apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal”. Ou ainda, segundo
o mesmo autor, um “Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser
humano”.
Ao conceituar ética, enquanto disciplina, FORTES (1998) se refere à reflexão crítica sobre o
comportamento humano, reflexão que interpreta, discute e problematiza, investiga os valores,
princípios e o comportamento moral, à procura do “bom”, da “boa vida”, do “bem-estar da vida
em sociedade”. 

Relação da ética com a moral


Ética é o estudo do conjunto de valores morais de um grupo ou indivíduo. A ética se refere ao
comportamento humano, orientado por regras de boa conduta na convivência em sociedade,
sendo sinónima de moral. Moral uma construção cultural que permite os indivíduos se adequar
às tendências mais convenientes para o desenvolvimento social.

Se considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante semelhante, pois


ambas são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o
seu carácter e a sua forma de se comportar em determinada sociedade. Portanto, a ética e a moral
relacionam-se pelo facto de preocupar-se pelo estudo das regras de boa conduta na convivência
na sociedade.

Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente
prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na acção
humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.

Diferença entre ética e moral


A ética tem a mesma raiz etimológica que a moral, só que esta deriva da palavra latina mores que
também significa costumes. Todavia, a ética tem um significado mais amplo do que a moral.
Moral é um conjunto de regras, valores e proibições vindos do exterior ao homem, ou seja,
impostos pela política, a religião, a filosofia, a ideologia, os costumes sociais, que impõem ao
homem que faça o bem, o justo nas suas esferas de actividade. Enquanto a ética implica sempre
uma reflexão teórica sobre qualquer moral, uma revisão racional e crítica sobre a validade da
conduta humana, a moral é a aceitação de regras dadas. A ética é uma análise crítica dessas
regras. É uma "filosofia da moral". No entanto, é preciso estar atento, uma vez que os termos são
frequentemente utilizados como sinónimos, sobretudo entre os autores anglo-saxónicos.
A moral tem uma dimensão imperativa, porque obriga a cumprir um dever fundado num valor
moral imposto por uma autoridade. Por isso, aplica-se através da disciplina e a motivação para a
acção é, neste caso, a convicção “interiorização do bem e do mal e da legitimidade da entidade
que os enuncia” e a sanção.
Porem, pode se diferenciar a ética e moral de seguintes modos:
 Ética é princípio, moral é aspectos de condutas específicas;
 Ética é permanente, moral é temporal;
 Ética é universal, moral é cultural; Ética é regra, moral é conduta da regra; Ética é teoria,
moral é prática.

Tipos de éticas
Os tipos de ética são muitos e aplicam-se em diversas áreas, entre eles estão a normativa,
aplicados, religiosos, utilitários, epicuristas, estóicos, entre outros. Deste modo, temos os
seguintes:
Ética estóica: afirma que o ser humano deve viver de acordo com as leis da natureza.
Ética normativa: é responsável por estudar o que os seres humanos deveriam pensar como
"bom" ou "ruim", de acordo com valores morais.
Ética religiosa: é aquela que é influenciada pela religião.
Ética empírica: é aquela que é criada enquanto se vive.
Ética cívica: responsável pelo ser humano se comporta "correctamente" na sociedade,
Ética profissional: é responsável pelo estudo de comportamentos e valores na vida profissional
dos seres humanos.
Ética utilitarista: estabelece que o que beneficia a maioria da população é bom.
Consequentemente, o bem e o mal dependerão da utilidade para a humanidade.
Ética ambiental: considera especialmente as relações entre homens e o meio ambiente.
Dessa forma podemos ter uma ideia de quais são os tipos de ética e qual é sua responsabilidade,
porém, existem muitas outras.
Neste sentido, podemos perceber que o tipo de ética em que se enquadra a ética e deontologia
profissional, vai ser a ética profissional, pois, é responsável pelo estudo de comportamentos e
valores na vida profissional dos seres humanos.
2. DEONTOLOGIA
Etimologia
A deontologia é uma palavra de raiz grega composta de dois vocábulos: “Deon” ou “Deontos”
que significa “o que fazer” e “Logos” que significa “tratado” traduzindo-se assim como a
“Ciência dos Tratados” (Dias, 2004).
A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta, deveres inerentes
a uma determinada profissão. Assim, cada profissional está sujeito a uma deontologia própria a
regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de Ética de sua categoria. Nesse caso,
entende-se deontologia como o conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de
uma determinada área, no exercício de sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios
profissionais, tendo em vista não exactamente a qualidade moral, mas a correcção de suas
intenções e acções, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a
sociedade.
O primeiro código deontológico foi destinado à área médica, tendo sido elaborado nos Estados
Unidos, em meados do século XX.

Princípios gerais da deontologia

Segundo Nalini (2009: 298-311) os princípios gerais da deontologia são:

Princípio da conduta ilibada – é o comportamento sem mácula, sobre o qual nada se possa
moralmente levantar contra o profissional. Significa uma conduta límpida e irrepreensível na
vida pública e particular.
- Princípio da dignidade e do decoro profissional – A dignidade constitui um valor inerente à
pessoa humana que deve ser protegido e respeitado. Portanto, fere a dignidade e o decoro
profissional a prática de crime como, por exemplo, o estelionato, falsidade, a receptação e outros.
- Princípio da incompatibilidade – A carreira jurídica é daquelas raramente acumuláveis com
outras, excepção feita ao magistério.
- Princípios da correção profissional – Todas as profissões, observam um complexo de
comportamentos deontológicos próprios. O profissional correcto é aquele que actua com
transparência no relacionamento com todos os protagonistas da área da actuação.
- Princípios do coleguismo – Os membros de um grupo estão ligados entre si por um vínculo
orgânico que lhes obriga a ter determinado comportamentos homogéneos, com o objectivo de
salvaguardar o bem comum sectorial.
- Princípio da diligência - O conceito de diligência compreende aspectos eminentemente
pessoais, tais como o zelo, o escrúpulo, a assiduidade, a precisão, a atenção, etc., que comumente
afloram no exercício das funções técnicas da profissão e em todos aqueles comportamentos de
contorno que são do domínio da deontologia.
- Princípio do desinteresse – Por esse princípio é conhecido o altruísmo de quem almeja uma
carreira jurídica por querer buscar o interesse da justiça, desconsiderando o aspecto
eminentemente financeiro.
- Princípio da confiança – No exercício das profissões, o profissional é escolhido por seus
atributos personalíssimos e não intercambiáveis.
- Princípio da fidelidade – Esse princípio é correlato ao princípio da confiança. A todo e
qualquer profissional do direito se exige fidelidade à causa da justiça, fidelidade à verdade e à
transparência, fidelidade aos valores abrigados pela Constituição. Assim, não fora esse
- Princípio da independência profissional – Por independência se concebe a ausência de
quaisquer vínculos interferentes na acção do profissional do direito, capazes de condicionar ou
orientar sua actuação de forma diversa ao interesse da justiça.
- Princípio da reserva – o fundamento lógico desse princípio satisfaz a exigência de garantir a
todo cidadão a liberdade de poder recorrer à justiça com a plena confiança de que se manterá a
máxima discrição sobre o que virá a ser de conhecimento de seus operadores durante o decorrer
da demanda.
- Princípio da lealdade – A lealdade é uma regra costumeira, desprovida de sanção jurídica,
mas eticamente sancionada pela reprovação comunitária. A lealdade precisa inspirar toda a
actuação jurídica.
- Princípio da discricionariedade – Mesmo subordinado à lei, o profissional do direito possui a
liberdade de actuar, em determinados momentos, pela sua conveniência, oportunidade e
conteúdo.
Relação com ética
A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercício da uma profissão. Existem
inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação da responsabilidade de associações ou ordens
profissionais. Os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e esforçam-se por
traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de
cada grupo profissional. Para, além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e
procedimentos explícitos, para os infractores do mesmo.
Dessa forma, a ética se articulam com a deontologia, que contém todas as obrigações e deveres
que devem ser cumpridos pelas pessoas, a fim de proporcionar o bem-estar geral, gerando o
equilíbrio e harmonia das relações sociais, respeitando as diferenças.

3. PROFISSÃO
Noção
No sentido mais amplo o conceito de profissão tem a ver com ocupação profissional, ou seja,
uma actividade produtiva/profissional que o indivíduo desempenha perante a sociedade onde está
inserido.
Cabral (s.d.) sugere o seguinte: “O termo «profissão» no português moderno abrange toda e
qualquer actividade, identificando ocupações não remuneradas, locais de trabalho, ramos de
serviço e sectores de organização político-económica.”. Sendo que, toda a profissão se reveste de
uma dimensão social, de utilidade comunitária, que suplanta a concreta dimensão individual ou o
mero interesse particular. Acrescenta-se ainda que: “…considera-se como profissão de um
indivíduo, o ofício ou a modalidade de trabalho, remunerado ou não, a que corresponde um
determinado título ou designação profissional, constituído por um conjunto de tarefas que
concorrem para a mesma finalidade e que pressupõem conhecimentos semelhantes, que este
efectua ou efectuava, se tratar de um desempregado à procura de novo emprego.”
Profissão é um trabalho ou actividade especializada dentro da sociedade, geralmente exercida
por um profissional.
Wilenky [1970] apud Ponte, 1999) define o conceito de profissão como processo de
profissionalização, que, para este autor, implica as seguintes etapas: o trabalho torna-se ocupação
a tempo integral; criam-se escolas de ensino/aprendizagem da profissão; cria-se uma Associação
Profissional e a profissão é regulamentada.
Diferença com trabalho e emprego
Trabalho, emprego, e profissão são três palavras comuns no ambiente profissional, e muitas
vezes usadas das formas mais erradas possíveis. Cada uma tem sua própria definição e uso no
mundo dos Recursos Humanos.
Enquanto trabalho está ligado a objectivos e realizações profissionais,  emprego é simplesmente
uma forma de conseguir renda.

O trabalho tem relação directa com o estilo de vida do indivíduo: em quem ele hoje em dia e em
quem deseja se tornar. O conceito está pautado em projectos, metas, objectivos e sonhos. Já o
emprego é uma actividade alienada em que o profissional actua por mera necessidade financeira,
distante de algum tipo de apreciação.

O trabalho é uma actividade ou conjunto de actividades realizadas por um ou mais indivíduos


para atingir um objectivo ou meta. No ambiente profissional, o trabalho é todo o esforço
realizado por profissionais em uma empresa ou individualmente para manter o negócio
funcionando e competindo no mercado.
Emprego é uma definição burocrática e jurídica de uma relação contratual estabelecida entre
duas partes: o empregador e o empregado. Este fornece seu conhecimento, seu tempo, sua força
física, enfim, sua mão-de-obra ao empregador, em troca de uma compensação monetária.
Profissão é uma vocação que requer conhecimento de alguma área específica ou formação em
um curso técnico, superior, ou de pós graduação.
A profissão envolve uma remuneração e a capacitação específica para exercer uma dada
actividade.
Várias profissões podem fazer um trabalho em conjunto. Mas vários trabalhos não formam uma
profissão. Uma mesma profissão pode realizar vários tipos de trabalhos diferentes, e diferentes
profissões podem fazer um mesmo trabalho. Porém, apenas um grupo específico de tarefas e
trabalhos serão parte intrínseca de uma profissão, enquanto os trabalhos continuarão sendo
trabalhos.
O emprego é basicamente a contratação do trabalho ou conjunto de trabalhos que um ou mais
indivíduos são capacitados a realizar. O emprego é a remuneração legal por um trabalho
realizado através da relação entre empregador e empregado.

O emprego é a contratação de um profissional para exercer uma dada tarefa. Basicamente, o


emprego é o estabelecimento de um profissional no mercado de trabalho formal, seja através da
assinatura da carteira de trabalho do indivíduo ou através do próprio indivíduo abrindo sua
empresa, trabalhando como autónomo ou como profissional liberal.

Aspectos da deontologia do professor


Em Moçambique, os professores são representados pela ONP. Os professores, segundo este
organismo, têm duas responsabilidades fundamentais: (i) ensinar e (ii) promover a divulgação do
conhecimento científico. O código de conduta do professor moçambicano estabelece cinco
compromissos que devem orientar este profissional que, de forma abnegada, contribui
grandemente para o desenvolvimento do país através da formação de diversos quadros.
 O primeiro compromisso do professor é com os alunos - A 1ª obrigação profissional dos
professores de Moçambique é com aqueles a quem ensinam (os alunos).
O segundo compromisso do professor é com os pais e encarregados de educação - O
trabalho do professor poderá enriquecer-se caso houver uma colaboração saudável com os Pais e
Encarregados de educação, encorajando, por isso, a sua participação na educação.
O terceiro compromisso do professor é com a sociedade - A missão do professor consiste,
fundamentalmente, na preparação do Homem para a vida em/na Sociedade.
O quarto compromisso do professor é com a profissão - Os professores devem envidar todos
os esforços para manterem e promoverem altos padrões profissionais, contribuindo para atrair os
mais inteligentes para o exercício da profissão.
O quinto compromisso do professor é com a integridade - Os professores moçambicanos
devem pautar pelo abandono e denúncia de todo o tipo de práticas que minam a qualidade de
ensino em Moçambique, comprometendo os esforços de desenvolvimento socioeconómico em
curso.
Referências bibliográficas
FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6. Ed. rev. Atual. Curitiba:
Positivo, 2005. p. 383
DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. Trad. James Sunderland Cook e
Martha Malvezzi Leal. São Paulo: Thomson, 2003. 471 p.
MINEDH. Guião do professor. Maputo, 2019

NALINI, José Roberto. Ética geral e profissional. 7. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009

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