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Direito Processual Civil III

APS II
Aluna: Jhessica Vieira
6° Período
Unidade Doctum Manhuaçu
Objeção e exceção de não-executividade

A não executividade é um meio de defesa de extrema importância, que


consiste em uma defesa atípica do executado devedor. Encontra-se fundamentada
no próprio sistema processual civil, mesmo não havendo regulamentação expressa
nos códigos brasileiros.

O novo CPC recepcionou e normatizou implicitamente a execução de pré-


executividade por meio dos arts. 518 e 803 através da possibilidade de atingir as
nulidades da execução (como a ausência de título executivo, falta de regular citação,
falta de verificação do termo ou condição) por meio de simples petição, sem levar
em conta os embargos à execução. Havendo também citação também no
informativo 501 do STJ, REsp 1.096.604-DF, que reconhece a possibilidade de
aplicação desde que cumpridos os pré-requisitos.

Contudo a falta de regulamentação explícita de tal instituto faz com que haja
necessidade de maior cautela na aplicação ou negação. Posto que a negatória da
possibilidade de apresentação tornaria o executado indefeso, para combater
eventual execução indevida, ocasionando prejuízos evitáveis ao patrimônio do
executado e ao poder público que poderia sanar tal conflito mais rapidamente.

Pontes de Miranda foi o primeiro a sugerir a exceção de pré- executividade


em seu parecer n° 95 de 30/07/1966, sendo esta uma forma de defesa nos próprios
autos, mediante simples petição, sem a garantia de juízo antecipada, dando assim a
possibilidade de defesa ao devedor antes que haja a penhora.

A primeira nomenclatura para esse dispositivo surgiu a partir dos anos 90 com
o parecer de Galeno Lacerda, sendo atualmente possível encontrar diversas
expressões, como objeção de executividade, exceção de não-executividade entre
outros. Entretanto o autor alerta que deve se ter cautela na utilização de tais
expressões, pois variam de acordo com o caso, como exemplo, há quem defenda
que a objeção está ligada a ideia de interesse público, enquanto a exceção está
ligada ao interesse privado, podendo estas serem utilizadas em conjunto quando o
executado invocar diversas matérias.

Este mecanismo tem natureza jurídica de incidente processual, pois não se


esgota apenas com a apresentação do executado, pois há a necessidade de uma
dilação processual subsequente, com prolação da decisão do magistrado sobre o
incidente.

Tendo como base, para a defesa com natureza de objeção, o dever-poder do


magistrado de conhecer, ex officio, as questões de interesse público, conforme os
art.485, § 3° e art. 1.013, §§1° e 2°, CPC/2015. Podendo esta ser alegada de forma
oral durante a audiência.

Enquanto a defesa com natureza de exceção, é aceita por não haver razão
jurídica para sua inadmissibilidade dada a brevidade do incidente defensivo, no qual
havendo prova pré-constituída, não há a necessidade de dilação probatória dado
que o executado pode alegar certo vício, sem garantia de juízo através de simples
petição (alegação-contraditório-decisão).

Nos termos do art.779 do CPC/2015, tanto devedores primários quanto


secundários tem legitimidade para apresentar objeção ou exceção de não-
executividade, enquanto para haver legitimidade do cônjuge ou companheiro haverá
a necessidade de interpretação conjunta do art. 790 com o 842 do CPC/15. Sendo
que o exequente não tem legitimidade para propor a não-executividade dado a
possibilidade de desistência do processo.

No que tange o prazo para a propositura da não-executividade , as defesas


com natureza de execução, tem o prazo de propositura de 15 dias conforme os arts.
525 e 915 do CPC/15, podendo ocorrer preclusão. Entretanto as com natureza de
objeção poderão ser alegadas a qualquer tempo, em qualquer fase do processo,
dada a possibilidade de reconhecimento por oficio pelo juiz. Enquanto nas de
natureza mista deverá ser observado o prazo de protocolação da petição inicial, de
acordo com esta, o juiz poderá reconhecer todas as matérias ou apenas as de
interesse público.
Nos casos que a decisão tiver seu resultado previsto nos arts. 485, 487, 924
ou 925, o procedimento judicial terá natureza de sentença. Nos casos em que o
conteúdo for diverso, a natureza da decisão será interlocutória conforme o art.
203,§2°. Sendo que o efeito suspensivo da execução poderá ser requerido
formalmente através de simples petição ou ação cautelar, podendo ser deferido
pelo juiz de ofício.

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