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DOUTRINA 1

As denominadas condições da ação, no processo penal brasileiro, condicionam o


conhecimento e julgamento da pretensão veiculada pela demanda ao
preenchimento prévio de determinadas exigências, ligadas ora à identidade das
partes, com referência ao objeto da relação de direito material a ser debatida, ora
à comprovação da efetiva necessidade da atuação jurisdicional. 1

DOUTRINA 2

Justa causa é o suporte probatório mínimo (probable cause) que deve lastrear
toda e qualquer acusação penal. Tendo em vista que a simples instauração de um
processo penal já atinge o chamado status dignitatis do imputado, não se pode
admitir a instauração de processos levianos, temerários, desprovidos de um lastro
mínimo de elementos de informação, provas cautelares, antecipadas ou não
repetíveis, que dê arrimo à acusação. 2

DOUTRINA 3

Há um estreito relacionamento no campo das provas, pois as infrações que


deixam vestígios materiais exigem laudo pericial, realizado, naturalmente, em
muitas situações, pelo médico forense. O exame necroscópico, por exemplo, é
típico para a formação da materialidade do crime de homicídio. 3

JURISPRUDÊNCIA 1

APELAÇÃO. LESÃO CORPORAL LEVE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.


MATERIALIDADE E AUTORIA. PROVA PERICIAL. DOSIMETRIA. CIÚMES.
MOTIVO FÚTIL. 1) Os depoimentos colhidos na fase policial e confirmados em
juízo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, coincidentes com as provas
periciais, são elementos suficientes para a prova da materialidade e da autoria do
crime. 2) O cometimento do crime por motivo de ciúmes é apto para configurar
agravante por motivo fútil. 3) Recurso não provido. 4

JURISPRUDÊNCIA 2

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – DECISÃO DE PRONÚNCIA – HOMICÍDIO


QUALIFICADO PELO MOTIVO TORPE E MEIO CRUEL E PELO CRIME DE
ROUBO – TESE DE LEGÍTIMA DEFESA – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA –
DESCABIMENTO – DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE LESÃO
CORPORAL – IMPOSSIBILIDADE – DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À
EXISTÊNCIA DE ANIMUS NECANDI – PRESENÇA DOS INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA – EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS – MOTIVO
TORPE – SUPOSTO DESENTENDIMENTO POR DÍVIDA DECORRENTE DE

1 PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2020, p. 155. E-book
2 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8. ed. Salvador: JusPodivm,
2020, p. 306-307. E-book
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020, p. 108. E-book
4 TJAP. Apelação 0002889-96.2019.8.03.0002. Órgão julgador: Câmara Única. Relator:Desembargador
CARMO ANTÔNIO. Julgamento em 15 de novembro de 2019.
RELAÇÃO TRABALHISTA – MEIO CRUEL – INTENSIDADE DOS GOLPES DE
FACÃO – MANUTENÇÃO – CRIME CONEXO – COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL
DO JÚRI – RECURSO DESPROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER
MINISTERIAL. Não estando nitidamente demonstradas, pelas provas coligidas ao
longo da fase do judicium accusationis, a excludente de legítima defesa, ou a
ausência do animus necandi, é de se manter intacta a decisão de pronúncia,
conferindo ao Tribunal do Júri a soberania e a autonomia que lhe são ínsitas para
resolver as matérias correlatas aos crimes dolosos contra a vida. Deve ser
conserva a qualificadora do motivo torpe, quando houver indícios de que o crime
de homicídio foi perpetrado em razão de suposta dívida existente o acusado e a
vítima, decorrente de uma relação de trabalho anterior mantida entre as partes.
Conquanto a mera reiteração de golpes, por si só, não configure o meio cruel, a
qualificadora deve ser mantida em decorrência da intensidade empregada
pelo do agente. “Somente se admite a exclusão das qualificadoras na pronúncia
quando manifestamente improcedentes, sob pena de se suprimir a competência
constitucional do Tribunal do Júri” [Enunciado Orientativo n. 2, Turma de Câmaras
Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso]. 5 (grifo nosso)

JURISPRUDÊNCIA 3

PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. HOMICÍDIO QUALIFICADO.


JULGAMENTO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS.
INOCORRÊNCIA. DECISÃO DO TRIBUNAL POPULAR COMPROVADA EM
SUPORTE FÁTICO-PROBATÓRIO EXISTENTE. 1. Condenado à pena de 10
(dez) anos e 08 (oito) meses de reclusão, por violação ao art. 121, § 2º, IV c/c art.
14, II, todos do Código Penal, o réu interpôs o presente apelo afirmando, em
síntese, que o veredicto do Conselho de Sentença foi manifestamente contrário à
prova dos autos, tendo em vista não ter sido ele o autor do disparo contra a vítima.
Insurge-se ainda contra a qualificadora reconhecida, tendo em vista a ausência de
provas. Subsidiariamente, requer o redimensionamento da sanção imposta. 2.
Compulsando os autos, percebe-se claramente suporte fático-probatório à decisão
dos jurados, especificamente por prova testemunhal, no sentido de que o réu foi
um dos autores do crime em comento, a exemplo do depoimento da vítima em
juízo, contido na mídia digital, que confirmou que o acusado foi até o seu
estabelecimento comercial na companhia de corréu e que ambos estavam
armados. Disse que o primeiro disparo foi efetuado por Francisco Egilando e que o
recorrente também disparou contra ele. Corroborando a autoria do recorrente,
tem-se o depoimento de Fernando Rodney em juízo. 3. Ressalte-se que o fato de
o apelante não ter sido o responsável por efetuar o disparo que atingiu a vítima
não afasta sua responsabilidade pelo delito em comento, já que ambos agiram
com liame subjetivo, adentrando no local armados e iniciando a execução,
assumindo, portanto, o risco da ocorrência do resultado danoso. 4. Sobre o pleito
de retirada da qualificadora, tem-se que o mesmo também não merece
provimento, pois existem relatos (da vítima e da testemunha Fernando Rodney,
por exemplo) no sentido de que os réus adentraram no estabelecimento e, sem
qualquer discussão, dispararam, atingindo o ofendido no peito. Em plenário, a
vítima ainda frisou que os réus chegaram sorrateiramente e que em nenhum
momento percebeu o que estava acontecendo. Quando foi levantar para levar o
pedido para a cozinha, os dois agentes o cercaram e ele não teve tempo de
sequer correr ou dizer nada, já tendo levado o disparo (a partir de 5min50s). 5.
Dessa forma, a decisão vergastada é irretocável e merece permanecer intacta,
tendo em vista que não foi verificada a contrariedade do veredicto em relação às
provas coligidas nos autos, as quais sustentam a tese à qual que se afiliaram os
jurados, rejeitando a tese da defesa, sem qualquer vício que ocasione dúvidas
quanto à legitimidade e soberania características da decisão do Júri. DOSIMETRIA
DA PENA. REPRIMENDA FIXADA EM CONSONÂNCIA COM OS DITAMES
LEGAIS E JURISPRUDENCIAIS. 6. Adentrando à análise da dosimetria da pena,
tem-se que o magistrado de piso entendeu como desfavoráveis os vetores das

5 TJMT. RESE N.U 1000956-21.2020.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE


ALMEIDA PERRI, Primeira Câmara Criminal, Julgado em 05/05/2020, Publicado no DJE 08/05/2020.
"circunstâncias" e das "consequências" do crime. Por isso, afastou a pena-base
em 03 (três) anos do mínimo legal, que é de 12 (doze) anos. 7. Não merece reparo
a negativação das circunstâncias do crime, pois ao contrário do que foi afirmado
pela defesa, o magistrado singular não incorreu em bis in idem. Diz-se isto porque
a qualificadora de recurso que impossibilitou a defesa da vítima pautou-se na
surpresa decorrente do modus operandi empregado, ao passo que a exasperação
da pena-base aconteceu em virtude do delito ter sido cometido no local de
trabalho da vítima, o que demonstra maior reprovabilidade na ação. 8. De igual
forma, permanece negativada a vetorial das consequências do crime, pois o
disparo efetuado contra a vítima a deixou paraplégica e internada no hospital por
quase três meses, conforme se extrai do seu relato em juízo, extrapolando os
limites do tipo penal e justificando a exasperação da reprimenda. 9. Na 2ª fase da
dosagem, mostrou-se proporcional o agravamento da pena em 01 (um) ano,
decorrente da agravante de reincidência, pois tal valor foi, inclusive, inferior ao
patamar de elevação de 1/6 aplicado pela jurisprudência pátria. Precedentes. 10.
Na 3ª fase da dosimetria, também se mostrou correta a diminuição da pena em 1/3
em virtude de o crime ter sido cometido na modalidade tentada, pois o iter criminis
percorrido aproximou-se bastante da consumação, na medida em que o ofendido
foi atingido por projétil de arma de fogo na altura do peito, passou quase três
meses internado, levou cerca de 600 (seiscentos) pontos e ficou paraplégico.
Desta feita, permanece a reprimenda no patamar de 10 (dez) anos e 08 (oito)
meses de reclusão, conforme fixado em 1ª instância. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.6 (grifo nosso)

6 TJCE. 1ª Câmara Criminal. Relator (a): MARIO PARENTE TEÓFILO NETO; Comarca: Fortaleza; Data
do julgamento: 28/05/2019; Data de registro: 28/05/2019.

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