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Rafaela Mangueira Cunha • CIRURGIA 2021 1

Universidade Federal de Campina Grande • Artigos semicríticos: Têm contato com o interior do
Unidade Acadêmica de Medicina corpo, mas não penetram as barreiras de proteção
Medicina 2021.1 – 7° Período → Necessitam de desinfecção, podendo passar
por esterilização
Rafaela Mangueira Cunha
→ Ex: Laringoscópio, endoscópio
• Artigos não críticos: Todos os outros artigos que estão
dentro do centro cirúrgico, mas não têm contato
TÉCNICA ASSÉPTICA direto com o interior do corpo
→ Necessitam de limpeza
CONCEITOS → Ex: Mesa cirúrgica, carro de anestesia,
• Assepsia: Conjunto de procedimentos utilizados com aparelho do bisturi elétrico
o objetivo de manter o doente, o campo operatório
e o ambiente cirúrgico livres de microrganismos CUIDADOS COM O DOENTE
❖ Os demais conceitos vão ser abarcados dentro do
grande processo de assepsia
• O banho deve ser tomado preferencialmente no dia
• Esterilização: Total eliminação de todas as formas de da cirurgia
vida em superfícies inanimadas. → Quanto mais limpa a pele estiver, menores as
→ Processo químico ou físico chances de contaminação
• Antissepsia: Inibir reprodução ou eliminar germes de • Deve-se trocar a roupa pessoal e a do leito antes de
uma superfície animada. adentrar no centro cirúrgico (não podem ser roupas
→ Processo químico que tiveram contato com o ambiente extra-
→ Processo “inferior” à esterilização, quando não há hospitalar)
eliminação completa de todas as formas de vida • A tricotomia deve ser realizada apenas se os pelos da
em superfícies animadas região atrapalharem a realização da cirurgia
• Desinfecção: Eliminação subtotal de germes em → Deve ser tricomizada a menor área possível,
superfícies inanimadas até 2 horas antes do ato cirúrgico
→ Processo químico ou físico ▪ A tricotomia gera pequenas lacerações à
→ Processo “inferior” à esterilização, quando não há pele, sendo passível de promover
eliminação completa de todas as formas de vida contaminação por agentes transitórios.
em superfícies inanimadas Quanto maior o tempo entre a tricotomia
→ Subdividida em: e a cirurgia, maior a chance de infecção
▪ Desinfecção de baixo grau → Não usar lâminas de barbear!
▪ Desinfecção de médio grau ▪ Lâminas de barbear: risco de infecção
▪ Desinfecção de alto grau: Há a de 5,6%
eliminação de todos os germes, exceto os ▪ Uso de agente depilatório (não
esporos bacterianos remoção do pelo): risco de infecção
• Descontaminação: Processo pelo qual se reduz o de 0,6%
número de germes de um determinado local • O ideal é que no momento da introdução na sala de
→ Processo um pouco mais rigoroso que a cirurgia não haja lençóis ou cobertores de enfermaria
limpeza, mas ainda assim reduz de forma
superficial os microrganismos CUIDADOS COM A EQUIPE
• Limpeza: Eliminação de material estranho visível em
um determinado elemento
LAVAGEM DAS MÃOS
• Germicida: Substância química que destrói germes.
→ Desinfetantes: Germicida para superfícies • Formas de lavar as mãos:
inanimadas 1. Lavagem básica: Lavagem cotidiana,
→ Antissépticos: Germicida para superfícies animadas apenas com agente saponáceo
2. Antissepsia direta: Utilização apenas do
BACTERIOLOGIA DA PELE germicida à exemplo do álcool gel
• A distribuição de germes pela pele não é uniforme! 3. Lavagem e antissepsia: Utilizada no ambiente
→ A depender do local, haverá maior concentração cirúrgico. Lavagem com material saponáceo
e colonização por diferentes germes associado a um germicida
• Ductos sudoríparos: livre de germes • A lavagem deve ser realizada antes de tocar o
• Ductos sebáceos: material proteico, detritos celulares campo, instrumentais estéreis ou a própria pele
e germes preparada do paciente
• Flora permanente da pele: Estafilococos coagulase- • Atualmente se preconiza uma tempo de 5 minutos
negativos e Difteroides para a primeira lavagem e 2-3 minutos para as
→ Difícil descontaminação seguintes
• Flora transitória: Depende do ambiente • Ordem da lavagem:
→ Colonização temporária 1. Limpeza dos leitos subungueais
→ Fácil descontaminação 2. Escovação de palmas, comprimento dos
→ São esses microorganismos que se objetiva dedos e unhas
diminuir ou inibir durante o processo de 3. Escovação do dorso dos dedos
antissepsia 4. Escovação das regiões interdigitais
5. Escovação do antebraço distal
CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS 6. Escovação do antebraço proximal
• Artigos críticos: Instrumentos que entram na ❖ A lavagem pode ser feita de forma segmentar e
intimidade do tecido, rompendo as barreiras de simultânea aos dois braços (palma-palma/ dorso-
proteção (pele ou mucosas) dorso/ antebraço-antebraço) ou primeiro lavar todo
um braço e depois passar para o outro. O professor
→ Necessitam de esterilização
prefere da segunda forma
→ Ex: Pinça cirúrgica, tesoura...
Rafaela Mangueira Cunha • CIRURGIA 2021 2

• Após a realização da lavagem as mãos devem ser → Mais ativo


mantidas para cima com os cotovelos flexionados → Não volátil (passa mais tempo na superfície)
• A secagem das mãos deve ser feita com toalha estéril → Poder proporcional à concentração
• Etílico
PARAMENTAÇÃO → Ideal entre 70 e 90%
• Para adentrar no ambiente cirúrgico, o profissional já
deve estar vestido com a roupa do serviço e terminar HEXEDINE
a paramentação dentro do centro • Principal exemplo: Gluconaco de clorexidine
• Deve-se manter as unhas rentes aos dedos e não
utilizar unhas artificiais (recomendação 1B)
• Política de adorno zero! VANTAGENS
→ Proibido anéis, pulseiras e relógios • Grande atividade residual (6hrs)
• No centro cirúrgico, se faz a paramentação com o → Da mesma forma que possui grande
capote e as luvas atividade residual, tem 3-4min de período de
latência
PREPARO DO CAMPO OPERATÓRIO → Para adentrar a pele imediatamente após
• Realizado apenas após a paramentação da equipe uso de Clorexidine, é necessário que também
com o paciente já deitado na mesa cirúrgica haja álcool na composição do antisséptico
• Processos: • Não alérgeno
1. Degermação: Utilização de compressas • Não deixa manchas
estéreis para a primeira limpeza do campo • A presença de matéria orgânica (sujeita, detritos
cirúrgico com antisséptico e sabão. Após a celulares...) no local da aplicação não afeta sua
limpeza, passa outra compressa estéril para a eficácia
retirada do excesso do que fica sobre a pele
2. Antissepsia: “Pintura” de todo o campo ESPECTRO DE AÇÃO
operatório com substância antisséptica, sem ❖ Atua através da ruptura da parede celular dos
deixar ilhas descobertas microorganismos atacados, por isso só será eficaz em
organismos que possuam parede celular
• Boa ação bactericida (excelente para gram-positivos)
ANTISSÉPTICOS
• Menor atividade para fungos e gram-negativos
• Praticamente não atua contra vírus e micobactérias
PARA SER CONSIDERADO UM BOM ANTISSÉPTICO
NECESSITA:
IODODOFÓRMIOS
1. Efetividade
→ Ser capaz de destruir com eficiência vírus e ❖ Atua através da oxidação proteica e substituição por
bactérias de superfícies animadas iodo livre dos microorganismos atacados
2. Segurança • Tempo de latência intermediário ao álcool e à
→ Não pode causar mal ao ser humano Clorexidine (2 min)
→ O formaldeído (formol) deixou de ser • Moderado efeito residual
considerado um antisséptico por ser nocivo
ao ser humano, tornando-se desinfetante DESVANTAGENS
3. Baixo custo • Tóxicos e irritantes
• Afetada por matéria orgânica
BONS ANTISSÉPTICOS
• Álcoois (maior espectro de ação) ESPECTRO DE AÇÃO
• Hexedine • Gram positivos
• Iodofórmios • Gram negativos
• Micobactérias
ÁLCOOIS • Fungos
• Vírus
❖ Atuam causando a desnaturação proteica dos
microorganismos atacados
APRESENTAÇÕES
• Aquosa
VANTAGENS
• Degermante
• Baixo custo
• Alcoólica
• Seguro aos seres humanos
• Rápida ação
DESINFETANTES E ESTERILIZANTES
→ Ideal para procedimentos rápidos
→ Da mesma forma que tem uma rápida ação,
tem baixa ação residual, tendo seu efeito GLUTARALDEÍDO
antisséptico curta duração • Se na forma de ácido é desinfetante, se ativado
torna-se esterilizante
ESPECTRO DE AÇÃO → Após ativado tem duração de 14 dias
• Bactericida não esporicida • O tempo de exposição também determina o grau de
• Fungicida desinfecção/esterilização
• Ativo contra micobactérias → Varia de 30 min (desinfetante) a 10hrs
• Ativo contra vírus (esterilizante)
• Não corrosivo
FORMAS DE APRESENTAÇÃO • Substância mais usada em materiais endoscópios
• Isopropílico
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FORMALDEÍDO
• Estado líquido ou gasoso
• Bactericida, tuberculicida, fungicida e virucida após
30 min de contato
• Corrosivo, tóxico, irritante e cancerígeno
• Utilizado em capilares dos sistemas de diálise e em
vidrarias

ÁCIDO PARACÉTICO
• Desinfetante em 10 min e esterilizante em 30 min
• Esterilização de materiais termossensíveis
• Não são tóxicos
• Desvantagens:
→ Mais caros
→ Maior efeito corrosivo (os materiais expostos ao
ácido paracético tendem a ter vida útil menor que
os expostos ao glutaraldeído, mesmo que o tempo
em contato com o produto para esterilização seja
menor)

ESTERILIZAÇÃO
• Aplicados aos instrumentos críticos
• Natureza química e física

MÉTODOS FÍSICOS
• Estufa
→ Calor seco
→ Oxidação e dessecação
→ Limitado por ser pouco penetrante
→ Distribuição irregular
• Autoclave
→ Vapor sob pressão
→ Utiliza das variantes temperatura, pressão,
umidade e tempo de acordo como material
a ser esterilizado
→ Causa termocoagulação e desnaturação
proteica
→ Economia operacional e facilidade de
controle
→ Associa a indicadores de esterilização
(químicos ou biológicos) para garantir a
eficácia do processo
• Óxido de etileno
→ Artigos termissensíveis (ex: borracha)
→ Alquilação de proteínas
→ Inflamável, explosivo, tóxico e carcinogênico

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