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CURRICULAR
DO SISTEMA SESI-SP DE ENSINO
2a edição
São Paulo, 2020
Álvaro Luiz Grave
APRESENTAÇÃO
Gestão democrática
Compreende a valorização do consenso, diálogo, participação e corresponsabilidade nos
diversos níveis de decisão e de todos os protagonistas envolvidos: estudantes, familiares,
comunidade, equipes técnico-administrativa e pedagógica nas diversas instâncias.
Em cada uma das escolas que integram o sistema SESI-SP de ensino, situadas em diferentes
municípios do Estado de São Paulo, há uma preocupação constante em possibilitar que todos
os estudantes conheçam e reconheçam a importância do imenso legado técnico, científico e
cultural construído pela humanidade ao longo de milhares de anos de história, necessário para
compreender conceitos, fenômenos e fatos.
Nesse contexto, os estudantes são estimulados, também, a desenvolver competências que
lhes permitam explorar outras dimensões de sua curiosidade intelectual, realizar projetos pes-
soais e agir com autonomia, responsabilidade e independência, valorizando o espaço coletivo
e a cooperação.
Orientado pelos princípios que permeiam sua organização curricular, o sistema SESI-SP de
ensino tem por objetivos:
• Assegurar as condições necessárias para o pleno desenvolvimento de todos os estudan-
tes, independentemente de sua condição física, emocional, cognitiva, étnico-racial, de
origem, de classe social, de crença, entre outras.
• Desenvolver uma educação de qualidade, possibilitando a formação integral do estu-
dante.
• Propiciar a todos os estudantes uma formação que possibilite o acesso aos conhecimen-
tos e aos bens culturais da sociedade.
• Formar professores e estudantes aptos a estabelecer uma relação crítica, criativa e
construtiva com as tecnologias de informação e comunicação.
• Garantir as condições para o desenvolvimento de estudantes autônomos, críticos e par-
ticipativos, potencializando a compreensão do seu papel ativo na sociedade, o exercício
da cidadania e a valorização da diversidade e da diferença.
• Privilegiar a construção da identidade e da autonomia da unidade escolar, a partir da
valorização dos profissionais da educação e dos processos de formação continuada.
• Fortalecer o vínculo com a família e a comunidade, valorizando-as como parceiras no
processo de formação do estudante.
• Proporcionar meios que favoreçam o ensino, a pesquisa e as aprendizagens de todos,
articulando as experiências pedagógicas às dos estudantes, da comunidade na qual se
insere a escola, da região e do mundo.
• Propiciar a todos os estudantes condições para que possam conhecer a si mesmos, iden-
tificar seus próprios sentimentos e emoções, saber como eles influenciam nas suas de-
cisões e construir autoestima e valores considerados universalmente desejáveis pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
• Contextualizar os objetos de conhecimento tanto no plano de sua origem específica
quanto em outros planos – o pessoal-biográfico, o entorno sociopolítico, histórico e cul-
tural, como também no horizonte da sociedade científico-tecnológica.
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Álvaro Luiz Grave
FUNDAMENTOS
TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Pressupostos teóricos
Estudos que tomaram por base Piaget, Vygotsky, Ausubel, Wallon, Freire, Perrenoud, entre
outros, refletem sobre a construção de um conjunto de conhecimentos sobre a complexidade
dos problemas relacionados ao universo escolar, particularmente sobre os processos presen-
tes nas relações construídas no cotidiano escolar.
De acordo com essas perspectivas, os processos de desenvolvimento e de configuração de
singularidades devem ser compreendidos como aqueles constituídos a partir da articulação
de uma grande complexidade de elementos, que envolvem fatores e significações ligados aos
componentes pessoais, interações e contextos sociais, históricos e culturais.
Esse desenvolvimento é entendido como um processo ativo, de apropriação pelo sujeito
da experiência histórico-cultural, e nele o sujeito é visto como alguém que transforma e é
transformado nas relações produzidas em dada cultura.
Isto posto, a concepção de ensino do SESI-SP busca contemplar os quatro pilares da edu-
cação: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a conviver e aprender a fazer, propostos
por Delors (1998); de modo a considerar o estudante como sujeito ativo no processo de en-
sino e aprendizagem, com foco na formação integral, tendo em vista o seu desenvolvimento
como pessoa e cidadão, aliado ao seu projeto de vida. De acordo com o autor, o
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O currículo do SESI-SP
O currículo do sistema SESI-SP de ensino é guiado por orientações legais, sociais e educa-
cionais. Para tanto, procura garantir o domínio de conhecimentos, habilidades, competências
e valores, considerando os conteúdos como consequências do desenvolvimento e aprimora-
mento de habilidades e competências.
Tem-se como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL,
2013, p. 27), para as quais o currículo “configura-se como o conjunto de valores e práticas que
proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social, e contribuem intensa-
mente para a construção de identidades socioculturais dos educandos”. Assim, entende-se que
O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata
de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente
à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas
educativas. (GRUNDY, 1987, apud SACRISTÁN, 2000, p. 5)
Dessa forma, o SESI-SP compreende o currículo como uma construção coletiva e essen-
cialmente social, que se pauta na vivência dos estudantes, estimulando-os a refletir sobre o
exercício da cidadania e a solução de problemas inerentes ao seu cotidiano.
Por conseguinte, a escola assume papel fundamental na formação do cidadão, uma vez
que é por meio de experiências curriculares, permeadas pelas relações sociais, que o estu-
dante articula suas vivências e saberes com os conhecimentos historicamente acumulados,
contribuindo para a construção de sua identidade.
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
incorporação de objetos da realidade a es-
quemas mentais preexistentes, enquanto
a acomodação se refere às modificações
dos esquemas de assimilação para incluir
novos conhecimentos.
A interação entre assimilação e aco-
modação é permanente ao longo da vida
e está presente em todos os níveis de fun-
cionamento intelectual e comportamental
do aluno, e, ainda que sejam processos
diferentes e opostos, na prática eles ocor-
rem ao mesmo tempo. O conflito cognitivo
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR
Álvaro Luiz Grave
Para que essa aprendizagem seja significativa, é preciso que o professor proporcione si-
tuações que provoquem e estimulem o estudante, de forma a engajar todos os atores do
processo, fazendo com que sejam atribuídos significados aos objetos do conhecimento, con-
ferindo-lhes, também, significado social.
Outra perspectiva a ser considerada na busca de proporcionar situações de ensino e apren-
dizagem significativas é a existência de diferentes formas de aprendizagem, tendo em vista
a existência de múltiplas aptidões que influenciam na forma como se aprende. Com base
nessa multiplicidade, a diversidade de metodologias e recursos a serem desenvolvidos deve
ser ampliada, considerando a necessidade de proporcionar condições para o engajamento e
a aprendizagem de todos.
Para Howard Gardner (STRAUSS, 2013), cada pessoa nasce com inteligências distintas
que estão além dos conhecimentos científicos, e essas diferenças devem ser exploradas
pelo professor em sala de aula, incentivando e estimulando as diferentes aprendizagens
e proporcionando meios que deem espaço para a autonomia e, consequentemente, para o
desenvolvimento do protagonismo do estudante.
Pesquisa no SESI-SP
Álvaro Luiz Grave
A pesquisa é um elemento da
concepção do sistema SESI-SP de
ensino, devendo estar presente
durante os processos de ensino e
aprendizagem, com a finalidade
de contribuir com a construção de
conhecimento e proporcionar con-
dições para o diálogo e a aproxima-
ção entre o estudante e os objetos
do conhecimento.
Esse elemento deve ser uma
prática cotidiana presente na
ação do professor e do estu-
dante, com o objetivo de esta-
belecer um diálogo inteligente
com a realidade, como diz Demo
(2007), por meio de questiona-
mentos reconstrutivos.
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Os estudantes se colocam como sujeitos ativos e protagonistas na investigação e na bus-
ca de respostas a situações propostas pelo docente, de modo a permitir um processo, cada
vez mais autônomo, de construção e reconstrução de conhecimentos. Levando em conside-
ração que o estudante, na Educação Básica, é um sujeito em processo de formação, o alcance
da autonomia na pesquisa se dá progressivamente, sempre contando com a orientação do
professor no que diz respeito aos procedimentos e aos métodos de pesquisa.
Embora toda pesquisa deva se concretizar em um produto, é importante que não seja
reduzida a “trabalhos superficiais que objetivam única e exclusivamente a obtenção de
uma nota”, mas encarada como “investigação feita com o objetivo expresso de obter co-
nhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso” (BAGNO, 2001, p. 17-18),
culminando na elaboração própria, como uma etapa da construção de conhecimentos por
parte do estudante.
Vista como um princípio pedagógico, a pesquisa possibilita a formação do sujeito crítico e
criativo, uma vez que “as habilidades de raciocínio, de observação, de formulação e testagem
de hipóteses – em uma palavra, de independência de pensamento – são um pré-requisito à
formação de indivíduos capazes de aprender por si mesmos, criticar o que aprendem e criar
conhecimento novo” (PERINI, 1996, p. 31).
Uma das formas de pesquisar, buscar e construir conhecimento é a prática investigativa.
Esse recurso didático busca a aplicabilidade de conhecimentos em vivências ou experiências
educativas, já que para a atividade ser considerada concreta precisa ter significado, de forma
que o estudante possa “compreender as […] conexões entre as suas ações sobre o meio e a
ação do meio sobre si” (MOGILKA, 2010, p. 128).
Além do mais, Mogilka propõe que “a experiência não é primariamente cognitiva, mas ati-
va […] ao mesmo tempo que age e modifica o meio, a pessoa também sofre (vivencia) a ação
deste meio sobre si”. Para a autora, ainda, é possível afirmar que o aprendizado dos estudan-
tes acontece pela atividade focada em um objetivo, onde este se tornará, após aprendido, um
meio para alcançar novos objetivos, caminhos que devem ser propostos e estimulados pelo
docente durante e na condução dos processos de ensino e aprendizagem.
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR
De acordo com Morin (2000), a supremacia do conhecimento fragmentado impede que se
opere o vínculo entre as partes e a totalidade. Essa visão deve ser substituída por um modo
de conhecimento interdisciplinar, capaz de permitir o diálogo e a circulação entre compo-
nentes e especializações e, principalmente, o contato com objetos de conhecimento em seus
contextos, complexidades e conjuntos.
A presença da interdisciplinaridade no desenvolvimento do currículo implica uma ação
dialógica a ser adotada, iniciando-se nas escolhas e na organização dos conhecimentos a
serem trabalhados pelos objetos do conhecimento que serão materiais para futuro diálogo
em sala de aula.
A atitude interdisciplinar se faz igualmente presente por meio do diálogo que ocorre nos
processos de ensino e aprendizagem, na relação entre educador e estudante, entre educador
e educador, e entre estudante e seus pares. Ressalte-se que todo conhecimento é passível
de construção e de recriação, desde que haja mediação entre ele e o ser que aprende e que
educa (FREIRE, 2005).
Contextualização
Uma das finalidades dos processos de ensino e aprendizagem é o conhecimento da reali-
dade como “uma totalidade concreta que se transforma em estrutura significativa para cada
fato ou conjunto de fatos” (KOSIK, 1976, p. 35-36). Entende-se que tal conceituação encerra
um importante princípio educacional, pois a realidade para o estudante é algo que adquire
sentido gradativamente.
O todo não é a simples soma das partes, portanto é necessário pensar os fatos como
partes ou como pequenas totalidades que integram um conjunto maior. Dessa forma, a rea-
lidade só pode ser apreendida, na sua totalidade, a partir de uma abordagem interdisciplinar
e contextualizada do conhecimento.
A contextualização, por sua vez, “favorece a construção de significados, constituindo
uma estratégia fundamental para a mobilização do conhecimento” (DEMO, 2002, p. 150).
Ao modificar a condição do estudante como espectador passivo, a contextualização promove
entre ele e o objeto de conhecimento uma relação de reciprocidade, gerando, assim, aprendi-
zagens significativas.
Por meio do processo de contextualização, é possível explicitar referências, origens e fa-
tores envolvidos nos problemas/temas de estudo. É possível, também, identificar relações
entre fenômenos e entre saberes, situando temas, questões e os conteúdos escolares em
seus espaços de pertencimento e criação.
Para isso é importante ressaltar que a contextualização deve ser promovida mediante
situações de aprendizagem permeadas por dificuldades e desequilíbrios, a fim de estimular a
construção de conhecimentos na busca por soluções para o problema proposto pela situação
apresentada.
Assim, relacionar os conhecimentos novos ao cotidiano do estudante é promover a re-
lação dele com o objeto do conhecimento de modo a desafiá-lo, por meio de atividades e
estratégias que promovam uma aprendizagem progressivamente mais complexa.
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Competências, habilidades e objetos do conhecimento
A noção de competência no campo da educação remete à faculdade de mobilizar um con-
junto de recursos cognitivos e de outras naturezas – como saberes, habilidades e informa-
ções – para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (PERRENOUD, 2000).
As habilidades decorrem das competências desenvolvidas e se referem ao plano imedia-
to do saber fazer. Por meio das ações e das operações, as habilidades aperfeiçoam-se e arti-
culam-se, possibilitando nova reorganização das competências que devem ser desenvolvidas
“privilegiando-se os aspectos intelectuais, afetivos, sociais e políticos que se desenvolvem de
forma entrelaçada, na unidade do processo didático” (BRASIL, 2013, p. 33).
De acordo com essa perspectiva, o sistema SESI-SP de ensino compreende que os objetos
do conhecimento designam uma seleção de conhecimentos, saberes e expressões, cultural e
socialmente concebidos, cuja construção pelo estudante se dá com base nas relações sociais,
favorecendo o seu pleno desenvolvimento.
Assim, esses objetos devem estar relacionados a ações pedagógicas que “priorizem apren-
dizagens através da operacionalidade de linguagens visando à transformação dos conteúdos
em modos de pensar, em que o que interessa, fundamen-
talmente, é o vivido com os outros, aproximando mundo, A aprendizagem de conceitos se torna cada
escola, sociedade, ciência, tecnologia, trabalho, cultura e vez mais significativa à medida que os no-
vida” (BRASIL, 2013, p. 53). vos objetos do conhecimento se relacionam
Os objetos do conhecimento se referem não só à apren- com os saberes do estudante, por meio dos
processos de ensino e aprendizagem que,
dizagem de conceitos e procedimentos, mas também ao
por apresentar desafios, favorecem essas
desenvolvimento de uma consciência crítica de valores e relações, permitindo ao estudante vivenciar
atitudes. Isso significa que o critério de gradação e ade- o conhecimento, realizando generalizações
quação deles deve considerar o que o estudante sabe em e transposições para a prática.
relação ao conhecimento de mundo.
Com base nisso, segundo Zabala (1998), esses
A aprendizagem dos fatos está im- objetos compreendem quatro dimensões do conhe-
plícita no trabalho pedagógico na di- cimento, todas estreitamente articuladas: conceitual,
mensão conceitual, uma vez que para procedimental, atitudinal e factual.
a interpretação e a compreensão do
significado desses objetos do conhe- A dimensão conceitual refere-se à construção ati-
cimento serão imprescindíveis a asso- va das capacidades cognitivas que engloba conceitos,
ciação e a construção de conceitos. fatos e princípios, os quais permitem atribuir sentido à
realidade.
O conhecimento de fatos, acontecimentos, situações,
O desenvolvimento e utilização de estraté-
dados e fenômenos concretos e singulares (nomes, có- gias, técnicas e destrezas é a materialização
digos, símbolos, classificações) que se referem à apren- de uma perspectiva educacional dialógica e
dizagem memorística é parte da dimensão factual dos participativa, cujo objetivo é a formação de
objetos do conhecimento. estudantes que leiam, interajam e analisem
A dimensão procedimental, por sua vez, refere-se ao o mundo a sua volta e, a partir daí, possam
tomar decisões sobre questões relevantes
conjunto de ações ordenadas que permite mobilizar es-
para sua comunidade ou para a sociedade
tratégias, técnicas e destrezas para atingir determinado como um todo.
objetivo. É um saber fazer, que envolve tomar decisões e
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR
realizar uma série de ações voltadas para um objetivo Compreendem-se valores, normas e
proposto. juízos como elementos que alicerçam
a formação integral dos indivíduos,
Já a dimensão atitudinal versa sobre valores, passando pelos costumes e compor-
normas e juízos, que possibilitam escolhas relaciona- tamentos sociais. Os juízos represen-
das à realidade e à manifestação de posturas críticas tam a postura do indivíduo perante
pautadas em princípios éticos. Essa dimensão cons- as normas estabelecidas, sendo estas
titui-se basicamente de três elementos essenciais: a construídas de acordo com deter-
minadas visões de mundo, isto é, o
curiosidade, a afetividade e a atitude positiva, que
que chamamos valores. Os princípios
fazem parte da construção do conhecimento. éticos, por sua vez, norteiam a legi-
Ao enfocar os objetos do conhecimento escolares timidade dos valores, levando-se em
sob essas dimensões, as questões de convívio social conta o respeito à vida, à diversidade
assumem destaque, uma vez que a escola é um con- e às diferenças.
texto socializador e gerador de atitudes.
Com isso, entende-se que os objetos do conhecimento se referem não só à aprendizagem
de conceitos e procedimentos, mas também ao desenvolvimento de uma consciência crítica
a respeito de valores e atitudes.
Pressupostos metodológicos
Os fundamentos e os pressupostos aqui apre-
sentados, alinhados aos princípios e objetivos O NEN T E C U R RI CU
MP LA
R
declarados, estruturam a proposta curricular do CO
sistema SESI-SP de ensino. Nela, articulam-se os
componentes curriculares com as áreas de conhe- D ES SIGNIFICAT
DA I
cimento, buscando ampliar saberes, habilidades e
VA
I
UN
S
competências por intermédio do trabalho efetivo
com unidades significativas, expectativas de ensino
e aprendizagem e procedimentos metodológicos. OBJETOS DE
As unidades significativas são conjuntos de CONHECIMENTO
objetos de conhecimento considerados importan-
tes em cada área, dentro dos grandes campos de
conhecimento, que serão priorizados, sem que se
esgotem neles mesmos. Portanto, são necessários
para o desenvolvimento do trabalho com as didáticas específicas, possibilitando a construção
de novos saberes. Assim, as unidades significativas têm um caráter de integração e coerência
entre as áreas, sendo, portanto, o fio condutor na efetivação do currículo em sala de aula.
Já as expectativas de ensino e aprendizagem explicitam a ação docente e discente, ar-
ticulando a tríade: objetivos (intenções da ação educativa), objetos de conhecimento (nas
dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais); e competências e habilidades. Articulá-
veis entre si, as expectativas não são lineares nem sequenciadas, mas definem a intenciona-
lidade do docente ou o que se pretende que o estudante construa em determinado período.
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Partem das unidades significativas indicadas neste Referencial Curricular e expressam uma
seleção dos saberes que serão priorizados em cada ano.
OBJETIVO
+
EXPECTATIVA
OBJETO DE CONHECIMENTO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
+
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Por fim, os procedimentos metodológicos têm como objetivo explicitar uma prática pe-
dagógica direcionada a uma aprendizagem significativa. São estratégias presentes na prática
do professor e, por conseguinte, nos planejamentos docentes, tendo como ponto de partida
as expectativas de ensino e aprendizagem.
Sistematização
Tomada de
Problematização
decisão
Conhecimentos
Mobilização
prévios
Avaliação
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR
Como pode ser visualizado na figura anterior, esses procedimentos não devem ser com-
preendidos de forma linear e sequencial, mas de maneira integrada, sendo eles:
Mobilização – Os desafios considerados produtivos são aqueles que sensibilizam o estudan-
te para o conhecimento, ou seja, que despertam o entusiasmo, o interesse e a curiosidade.
Porém, mobilizar requer conhecimento do conteúdo por parte do professor e sensibilização
dos aprendizes, por meio de ações que devem estar relacionadas às expectativas de ensino e
aprendizagem. Diante disso, é preciso compreender que se deve apresentar ao estudante um
desafio que o motive e o faça sentir a necessidade de saber mais sobre ele, sensibilizando-o,
provocando-o, aguçando sua curiosidade em relação ao conteúdo, direcionando o foco para o
que se espera dele, criando um ambiente para continuamente querer aprender.
Levantamento dos conhecimentos prévios – Investigação dos conhecimentos que os estu-
dantes já possuem sobre determinado objeto de estudo, por meio de situações em que se-
jam estimulados a formular hipóteses, colocar em jogo o seu conhecimento e ativar recursos
próprios para a solução de desafios propostos. Considerando o que o estudante já sabe, o
docente precisa estar atento às hipóteses formuladas durante a solução do desafio proposto,
reconhecendo todas como válidas. Condição indispensável para a ampliação dos saberes dos
estudantes, é fundamental que eles tenham oportunidade para explicitá-los, justificá-los e
defendê-los.
Análise e tomada de decisão – As situações de aprendizagem vivenciadas ao longo do pro-
cesso formativo possibilitam caminhos ou soluções para os problemas apresentados, e é nes-
se momento que o professor deve intervir, incentivando suposições e opiniões. Faz-se neces-
sário escolher e indicar aos aprendizes fontes para a obtenção de informações necessárias.
Deve-se salientar que a análise dos saberes que os estudantes trazem para a aula pressupõe
um exame crítico, uma observação, um estudo por parte do professor, antes da tomada de
decisão. Essa análise deve ser subsídio para planejar ou realinhar ações. A tomada de decisão
assume assim uma função reguladora.
Problematização – A apresentação de situações desafiadoras que levam os estudantes a
confrontarem suas hipóteses, colocando em jogo todo seu repertório de saberes na tentativa
de solucionar desafios, adquire papel de destaque. Isso os faz perceber que não conseguem
solucionar o problema apenas com os saberes que possuem, fazendo-os recorrer a outras
fontes e informações. Essas situações, sempre que possível, devem levar em conta o que o
estudante já sabe, pois é o diálogo entre o senso comum e o saber escolar um dos caminhos
através do qual se constrói uma aprendizagem significativa. A problematização tem como
tarefa primordial ativar o processo de ensino e aprendizagem, superando uma postura me-
ramente descritiva, questionando, provocando conflitos cognitivos, pois quando o estudante
desestabiliza suas hipóteses (desequilíbrio), precisa buscar soluções que restabeleçam uma
nova síntese (equilíbrio).
Sistematização – Práticas que permitem ao estudante organizar, verificar novas hipóteses,
registrar e comunicar ao professor e ao coletivo, por meio de diferentes linguagens, sua com-
preensão do conteúdo estudado e dos novos conhecimentos adquiridos. Não se constitui,
portanto, em mero produto final do processo de ensino e aprendizagem, mas em um recurso
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
de comunicação para estudantes e professores, pois ao mesmo tempo que organiza informa-
ções, também desenvolve competências. A sistematização também está presente no fazer
do docente no processo de registro de sua prática para subsidiar suas análises, questiona-
mentos e novas tomadas de decisões. Durante a sistematização, é possível questionar suas
ideias prévias, verificar o entendimento do conteúdo estudado, e, quanto mais os educandos
têm oportunidade de refletir sobre um assunto, falando, escrevendo ou representando, mais
eles o compreendem.
Avaliação da aprendizagem – Ações que, ao longo do processo de ensino e aprendizagem,
objetivam subsidiar as intervenções dos professores diante das dificuldades apresentadas
pelos estudantes. Nesse processo, podem ser utilizadas avaliações dos tipos diagnóstica, for-
mativa e somativa/classificatória, de acordo com o momento e a intencionalidade. A ava-
liação permeia todos os procedimentos metodológicos, possibilitando a autoavaliação, o
acompanhamento e a verificação do processo de ensino e aprendizagem, compreendendo
um conjunto de atuações com a função de orientar a ação educativa. Possibilita tanto ao
professor quanto aos estudantes a reflexão e o acompanhamento de toda a trajetória da
construção do conhecimento.
Desta forma, os procedimentos metodológicos constituem uma grande variedade de ro-
tinas e práticas pedagógicas que podem ser realizadas para o desenvolvimento de aprendi-
zado através da relação pedagógica entre professores e alunos no cotidiano escolar. Quando
relacionadas de maneira coordenada, essas ações possibilitam ao estudante vivenciar diver-
sas experiências de aprendizado.
A forma como as ações dos procedimentos metodológicos é organizada permite ao estu-
dante vivenciar diversas experiências de aprendizado, e, como comenta Moran (2018, p. 2),
Nenhum desses procedimentos terá valia se não tiver a participação ativa dos estudantes,
pois a forma de aprendizado varia de pessoa para pessoa. Assim, cria-se a necessidade de
o estudante ser protagonista de seus estudos. A compreensão do papel do estudante como
agente principal do seu aprendizado, associada à individualidade nos processos cognitivos e
a construção de conhecimentos de forma coletiva por meio de interações, estabelece a neces-
sidade de metodologias que abarquem tais características.
Com processos nos quais os estudantes tenham maior autonomia e participação procura-
-se ampliar sua relação com o conhecimento e com as ações de aprendizado que vivenciam,
tornando a experiência de aprender e estudar significativa e prazerosa. Em seu texto, Moran
(2018, p. 6) comenta que:
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR
A aprendizagem é mais significativa quando motivamos os alunos intimamente,
quando eles acham sentido nas atividades que propomos, quando consultamos
suas motivações profundas, quando se engajam em projetos para os quais tra-
zem contribuições […].
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
COMUNICAÇÃO
COLABORAÇÃO CRITICIDADE
CRIATIVIDADE
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REFERENCIAL CURRICULAR • FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
O professor, ao atuar como mediador e curador no processo de ensino e aprendizagem,
pode selecionar recursos complementares que colaborem com o material didático e estraté-
gias de ensino e sequências de atividades adequadas ao desenvolvimento da aula, de acordo
com a proposta curricular da rede SESI-SP. Essa escolha dos materiais, recursos pedagógicos
ou equipamentos de apoio para o desenvolvimento da proposta da aula se torna imprescin-
dível diante de tantos estímulos acessados pelo estudante atualmente.
A otimização e a inovação do uso do material de apoio, aliado à organização do tempo
didático, colaboram para o processo formativo do estudante, dando-lhe mais elementos para
compreender o conteúdo ensinado. É importante considerar que não existem recursos dispo-
níveis para a tarefa de ensinar, dos mais artesanais aos mais sofisticados e tecnológicos, que
superem a ação competente do professor.
Assim, para que toda a intenção educativa presente neste Referencial Curricular seja con-
cretizada, há que se delimitar a organização curricular, revelando o tipo de experiência que se
deseja proporcionar aos estudantes para que a missão do SESI-SP, preconizada anteriormen-
te, seja de fato efetivada.
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FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS • REFERENCIAL CURRICULAR