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Transporte nas Plantas

Nas plantas complexas é ao nível dos sistemas de transporte especializados que se faz o
movimento – translocação - de água e solutos.
As estruturas dos sistemas de transporte intervêm a
três níveis:
• captação da água e solutos do meio;

• transporte de substâncias a pequena distância, de


célula a célula;

• transporte de materiais a longa distância, ao longo


do xilema e ao longo do floema.

Transporte nas Plantas

Absorção de água e solutos pelas plantas

A maior parte da água e dos solutos necessários para as


atividades da planta são absorvidos pelo sistema
radicular.

A eficiência da captação de água pela raiz é devida à


presença de pêlos radiculares – extensões das células
epidérmicas que aumentam muito a área da superfície
da raiz.

Normalmente, o meio intracelular das


células da raiz é hipertónico
relativamente ao exterior, pelo que a
água tende a entrar na planta por
osmose, movendo-se do exterior para
dentro da raiz até atingir os vasos
xilémicos.

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Transporte nas Plantas

Absorção de água e solutos pelas plantas


Os iões minerais, quando presentes na solução do solo
em concentração elevada podem entrar nas células da
raiz por difusão simples.

Mas a solução do solo é normalmente muito diluída e


verifica-se que nas raízes podem acumular iões em
concentrações centenas de vezes superiores.

Nestas condições, o movimento destes iões ocorre


contra gradiente de concentração, por transporte
ativo, com gasto de energia.
O transporte ativo de iões cria um
gradiente de concentração (gradiente
osmótico) que determina o transporte de
água por osmose até ao xilema.
A água e solutos uma vez no xilema
constituem a seiva xilémica.

Transporte nas Plantas


Transporte no Xilema
O transporte da seiva bruta ou xilémica desde a raiz, passando pelo caule até às folhas é realizada de
forma passiva.

O movimento da água no xilema é dos transportes mais rápidos.

Que forças fazem deslocar a seiva xilémica contra a força da gravidade?


Várias hipóteses têm sido propostas para explicar o movimento da seiva xilémica,
envolvendo todas elas a ação de forças físicas como causa desse movimento.

Hipótese da pressão radicular


Diversas observações levaram a pensar que, na raiz, devido à osmose, se desenvolve
uma pressão, pressão de raiz, que pode explicar a ascensão da água no xilema em
algumas situações.

Se cortar uma planta envasada, 6 a 8 cm acima do solo,


dispondo a planta de água suficiente, e adaptar um tubo de
vidro ao topo do caule seccionado, observará a subida de
água no tubo.

Fenómeno idêntico ao referido ocorre sempre que se procede a uma poda tardia (ex. videira), em que a
água sai através do caule – exsudação ou vulgarmente conhecido por “choro da videira”.

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Transporte nas Plantas

Transporte no Xilema
Hipótese da pressão radicular

A pressão na raiz ou pressão radicular, é um fenómeno causado pela contínua e ativa acumulação de iões
nas células da raiz, que aumenta a concentração de soluto, tendo como consequência a entrada de água
por osmose.

A acumulação de água nos tecidos provoca uma pressão radicular que força a
água a subir no xilema.

Em algumas ocasiões a pressão radicular é tão elevada que a água é forçada a


subir até às folhas, onde é libertada nas margens sob a forma de gotas –
gutação.

Vários estudos sobre pressão radicular demonstraram que os valores dessa pressão não seriam suficientes
para explicar a ascensão de água até ao cimo de certas árvores.
Por outro lado, certas plantas, como as coníferas (ex. pinheiro), não apresentam pressão radicular.

Este processo, embora possa ajudar a explicar a ascensão da água e solutos nas plantas, não
parece ser o principal fator responsável por essa subida, especialmente se se trata de grandes
árvores.

Transporte nas Plantas

Transporte no Xilema
Hipótese da tensão-adesão-coesão
As plantas absorvem grande quantidade de água pelo sistema radicular, mas também perdem muita água
através da transpiração.

Estes dois fenómenos, intimamente relacionados, criam uma dinâmica que explica a ascensão
de água nos vasos xilémicos.
A quantidade de água que uma planta
perde por transpiração varia ao logo do dia.

Durante o dia, quando a temperatura é


mais elevada, a transpiração é mais
intensa e excede a intensidade de absorção
da água a nível radicular.

Durante a noite, a temperatura baixa, os


estomas fecham e a intensidade da
transpiração diminui, sendo inferior à
intensidade de absorção das plantas .

Os estomas podem controlar a quantidade de água perdida por transpiração, devido à capacidade
que têm de abrir e de fechar.

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Transporte nas Plantas

Controlo da transpiração – Funcionamento dos estomas

• Quando a água entra para as células-guarda, esta


exerce pressão sobre a parede celular – pressão de
turgescência – as células-guarda ficam túrgidas.
20
µm
• Como as células-guarda têm diferente espessamento da
Parede
parede, a região mais delgada da parede deforma-se celular
mais facilmente do que a região mais espessa.

• Esse movimento provoca a abertura dos estomas.

• Se as células-guarda perdem água, ficam plasmolisadas,


Vacúolo
retornando à sua forma original. Célula-guarda

• As células-guarda aproximem-se e, em consequência o A- estomas abertos B- estomas fechados


ostíolo fecha. H2O H2O
H2O H2O

Vários fatores podem variar a turgescência das células- H2O


H2O
guarda: intensidade luminosa, concentração de CO2, pH,
concentração de iões. H2O
H2O H2O H2O

Transporte nas Plantas

Hipótese da tensão-adesão-coesão
A energia solar e, consequentemente, a 1
Vaso
xilémico
transpiração é o motor da ascensão xilémica.
Células do
1 mesófilo
• Quando as células do mesófilo perdem água por Estoma
Molécula de
transpiração, cria-se um défice de água na parte Transpiração água
Ar
superior da planta. Células de 2
xilema Adesão Parede
• Devido à saída de moléculas de água do mesófilo, celular
Gradiente de potencial da água

a concentração do soluto nessas células aumenta,


aumentando assim a pressão osmótica.

• As células do mesófilo ficam hipertónicas em Coesão por


Coesão e pontes de
relação às do xilema e por isso novas moléculas de adesão no hidrogénio
água passam do tecido vascular para o mesófilo. xilema
Molécula 3
de água
• Assim, a quantidade de vapor de água que sai das
Pêlo radicular
folhas por transpiração causa uma tensão na parte
Partícula de
superior da planta que provoca a ascensão de água solo
da raiz até às folhas, numa coluna contínua. Água captada Água
do solo

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Transporte nas Plantas
Hipótese da tensão-adesão-coesão
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• A continuidade da coluna de líquido é explicada Vaso
xilémico
pelas forças de coesão (mantém as moléculas de
Células do
água unidas umas às outras por pontes de mesófilo
Estoma
hidrogénio) e forças de adesão (mantém as Molécula de
Transpiração água
moléculas de água ligadas às paredes dos vasos
Ar
xilémicos). Células de 2
xilema Adesão Parede

Gradiente de potencial da água


3 celular
• A ascensão de água cria um défice de água no
xilema da raiz fazendo com que a água passe da
zona cortical para o xilema, levando à absorção ao
nível da raiz. Coesão por
Coesão e pontes de
adesão no hidrogénio
O movimento de moléculas no mesófilo faz xilema
mover toda a coluna hídrica. Este sistema só Molécula 3
de água
funciona corretamente se existir continuidade na coluna
Pêlo radicular
de água*
Partícula de
Quanto mais rápida for a transpiração foliar, solo
Água captada Água
mais rápida se torna a absorção radicular. do solo

Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos

Potencial da água – quantifica a tendência para a água entrar num sistema ou sair
dele. Na água pura é zero. Todas as soluções têm potencial de água mais baixo
que a água pura.

Pressão osmótica – tendência para uma solução receber água quando separada da
água pura por uma membrana seletivamente permeável. A pressão osmótica da
água pura é zero. Quanto maior for a concentração osmótica, maior a pressão
osmótica e maior a tendência para a solução receber água.

Pressão de turgescência - pressão que o conteúdo de uma célula vegetal exerce


sobre a parede celular quando a célula fica túrgida.

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