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Texto de apoio

A questão da verdade

Dizer que algo é verdadeiro implica fazer uma correspondência entre o que é dito e a realidade,
ou seja, é a adequação do intelecto ao real. Portanto, não se pode confundir a realidade com a
verdade porque a verdade está além da realidade. Existem quatro principais estados do espírito
perante a verdade: ignorância, dúvida, opinião e certeza.

A ignorância é a ausência de todo o conhecimento relativamente a um enunciado. Esta pode


ser culpável ou não culpável, dependendo o dever de dominá-la.

A dúvida é a permanência no estado de meio-termo entre a afirmação e a negação.

A opinião é a união do espírito entre a afirmação ou negação em torno de um enunciado.

A certeza é a conformidade de uma verdade conhecida e afirmada sem receio de se errar.

O erro

O erro é a afirmação plena de um enunciado falso, mas do ponto de vista subjectivo parece
verdadeiro. Quem erra não sabe, mas julga ou pensa que sabe. As causas psicológicas do erro
são, falta de atenção e paixão. As causas morais são, a vaidade, o interesse, a preguiça e
intelectual. Um dos remédios do erro é a reflexão profunda sobre todas as coisas e a falta de
precipitação.

Epistemologia contemporânea

A epistemologia é a disciplina filosófica que estuda o conhecimento científico, esta refere-se


as condições pelas quais se pode produzir o conhecimento científico e dos modos para alcança-
lo avaliando a consistência logica de suas teorias. No debate sobre a epistemologia
contemporânea, notou-se uma necessidade de se fala de várias ciências, porque não existe
apenas uma ciência. A Matemática, a Física, a Biologia entre outras, são ciências autónomas,
mas interdependentes. Portanto, não há uma só ciência, mas muitas ciências que apresentam
aspectos comuns.
Continuísmo ou descontinuísmo

Continuísmo

No continuísmo encontramos duas perspectivas debatendo sobre a ciência: continuísmo radical


e moderado. O continuísmo radical defende que a ciência evolui de forma linear no qual os
conhecimentos estabelecidos nunca são postos em causa e de forma acumulativa, pelo facto dos
conhecimentos se juntarem aos anteriores. O continuísmo moderado acredita que o progresso
da ciência de uma época depende das investigações e debates de épocas precedentes, em que
os erros são examinados e corrigidos, havendo uma ligação entre as épocas.

Descontinuísmo

Gaston Bachelard (1884-1962), um dos defensores desta corrente, defende que é necessário que
haja uma ruptura com o senso comum para estarmos a caminho da própria ciência. A
objectividade da ciência é construída e não há verdades sem erros rectificados. “Não há
verdades primeiras, o que há são erros primeiros”. Para um espírito científico, todo o
conhecimento é uma resposta a uma questão. Se não há questão, não pode haver conhecimento
científico.

Karl Raimund Popper (1902-1994)

A sua posição descontinuísta reside na negação de acumulação de conhecimentos com


pressuposto para o progresso da ciência. Para Popper, a ciência analisa e critica as teorias
anteriores para corrigir e substituí-las. Este acredita que é a possibilidade de falsificar uma
hipótese científica que permite a correcção e o desenvolvimento das teorias científicas, assim
sendo, é impossível na ciência uma certeza definitiva.

Thomas Kuhn (1922-1996)

A sua análise constitui nas seguintes expressões chave: ciência normal, anomalia, ciência
extraordinária e paradigma. Paradigma é um conjunto de padrões, regras, metodologias ou
princípios que permitem os cientistas resolver um fenómeno em estudo.

Ciência normal é a fase em que a comunidade científica desenvolve com sucesso as suas
pesquisas com paradigma vigente. É o momento em que o paradigma está forte e resolve os
problemas cujos foi adoptado.

Anomalia é a violação do paradigma em vigor, ou seja, o aparecimento de problemas


científicos dos quais o paradigma não consegue responder ou captar.
Ciência extraordinária é a procura de novo paradigma para responder a crise da ciência, por
causa do paradigma anterior estar defeituoso. Portanto, em Kuhn só há revolução científica
quando existe uma ruptura total do paradigma anterior. Trata-se de uma nova visão para a
explicação dos fenómenos.

Grupo de disciplina de Filosofia

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