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DESAFIOS EM
ELETROCARDIOGRAMA
CY

MY

K
C

Desafios em
CM

MY

ELETROCARDIOGRAMA
CY

CMY

Autoras Coordenadoras
Manuela Almeida Viana
Thainá de Lima Quinteiro
E
L
E
DESAFIO Devagar
T
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O
C
A
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D
I
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G Autora Yana Mendonça Nascimento

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R
A Revisor Jônatas Pereira Dos Santos
M Médico Revisor Sérgio Câmara
A

Apresentação do caso clínico

G.F.H, sexo feminino, 20 anos, branca, solteira, estudante de Direito, natu-


ral e procedente de Salvador, é levada pela genitora à consulta de retorno ao
ambulatório de endocrinologia. A acompanhante relata que a filha tem ema-
grecido, se alimentado mal, exagerado nas atividades físicas e apresentado fa-
diga excessiva. Traz eletrocardiograma solicitado na consulta anterior (Figura
1). Refere amenorreia. Nega tontura, náuseas, vômitos, diarreia. Não faz uso de
medicações. Sem outras comorbidades. Nega tabagismo e etilismo. Com rela-
ção aos antecedentes familiares, informa que pais e irmãos são saudáveis. Nega
doenças de caráter heredofamiliar.
Paciente está em ruim estado geral e nutricional, emagreci­da (IMC 16,8 kg/
m²), mucosas descoradas ++/IV. Dados vitais: FC 45 bpm; FR 20 ipm; SatO2 95%.

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Figura 1 - Eletrocardiograma solicitado na consulta anterior

Fonte: Burns E, 2018³.

Laudo sistematizado (R-E-F-O-C-I-S)


Ritmo Sinusal, regular
Eixo 75º - Normal
Frequência 35 bpm
P: 80 ms – Normal
Ondas
T: 120 ms – Normal
Complexo QRS 120 ms – Normal
PR: 160 ms - Normal
Intervalos
QTcorrigido: 410 ms - Normal
Segmento ST Sem alterações

?
QUESTÕES PARA ORIENTAR A DISCUSSÃO

1. Qual o diagnóstico mais provável?


2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?
3. Como diferenciar de um bloqueio atrioventricular (BAV) de 1º grau?

*A discussão das questões deste desafio encontra-se na página 556

296
0-1 1-3 3-7 7-30 1-3 3-6 6-12 1-3 3-5 5-8 8-12 12-15
dia dias dias dias meses meses meses anos anos anos anos anos

0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,10/ 0,20/ 0,20/ 0,20/ 0,30/ 0,60/ 0,90/ 1,50/ 1,40/
R/S V6
9,00 12,00 10,00 12,00 14,00 18,00 22,00 27,00 30,00 30,00 33,00 39,00

Intervalo 378/ 378/ 378/ 378/ 381/ 386/ 379/ 381/ 377/ 365/ 365/ 362/
QTc (ms) 462 462 462 462 458 453 449 455 448 447 447 449

Fonte: III Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Ele-
trocardiográficos, 2016¹.

Referências

1. PASTORE, C. A. et al. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão
de Laudos Eletrocardiográficos. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 106, n. 4, p. 1-23, 2016.
2. Diagnóstico Diferencial no Eletrocardiograma / Antônio Américo Friedmann, José Grindler,
Carlos Alberto Rodrigues de Oliveira. – 2 ed, Barueri, SP: Manole 2011
3. LIFE IN THE FASTLANE. Paediatric ECG interpretation. Disponível em: < https://lifeinthefastla-
ne.com/ecg-library/paediatric-ecg-interpretation/ >. Acesso em: dezembro 2018.
4. DUARTE, Djalma. O eletrocardiograma normal. Disponível em: < http://ecg.med.br/eletro-
-normal.asp >. Acesso em: dezembro 2018.
5. ECG WAVEN-MAVEN. Disponível em: < https://ecg.bidmc.Harvard.edu >. Acesso em: dezem-
bro 2018.
6. NEVES, Flávio. Marca-passo atrial migratório. Disponível em: < https://www.youtube.com/
watch?v=RLyc5LI_tVk > Acesso em: dezembro 2018.
7. MY EKG. Repolarização Precoce. Disponível em: < http://pt.my-ekg.com/doencas/repolariza-
cao-precoce-ecg.html >. Acesso em: dezembro 2018.

94. Devagar

1. Qual o diagnóstico mais provável?

Bradicardia sinusal em paciente com Anorexia. O achado eletrocardiográ-


fico ocorre por menor cronotropismo do nó sinoatrial. Geralmente, está
associada a causas extrínsecas ao sistema de condução, como reflexo va-
gal, infarto agudo do miocárdio, hipertensão intracraniana, medicamen-
tos (betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, digoxina), doen-
ça do nó sinusal, anorexia e hipotireoidismo.

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2. Quais anormalidades do traçado corroboram com o diagnóstico?

A alteração mais importante é a bradicardia: frequência cardíaca < 50 bpm


(no eletrocardiograma em questão, 35 bpm), associada a um intervalo P-R
dentro da normalidade (120 a 200 ms), onda P positiva em DI, DII e aVF
(com seu eixo entre +30° a 90°) e uma relação de uma onda P para cada
complexo QRS (relação P/QRS 1:1).

3. Como diferenciar de um bloqueio atrioventricular (BAV) de 1º grau?

Na Bradicardia sinusal, o intervalo P-R não sofre alterações (120 a 200 ms),
diferente do BAV de 1º Grau, no qual este intervalo tem duração aumenta-
da (> 200 ms)

Referências

1. Homoud MK. Sinus bradycardia. UpToDate. 2017 [acesso em 27 jul 2017]. Disponível em: ht-
tps://www.uptodate.com/contents/sinus-bradycardia/print?search=sinus%20bradycardia&-
source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia so-
bre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos. Arq Bras Cardiol: 2016; 106, (4 Supl 1).
3. Burns E. Sinus bradycardia [acesso em 27 jul 2018]. Disponível em: https://lifeinthefastlane.
com/ecg-library/sinus-bradycardia/
4. Kawabata VS, Martins HS. Bradiarritmia. In: Martins HS et al. Medicina de emergência: abor-
dagem prática. 11. ed. Barueri: Manole, 2016. p. 809-822.

95. Batedeira invertida

1. Qual é o diagnóstico mais provável de acordo com o quadro e com as anor-


malidades do traçado eletrocardiográfico?

O diagnóstico mais provável é de uma taquicardia supraventricular (TSV)


paroxística por reentrada atrioventricular antidrômica.
A TSV paroxística por reentrada com via acessória antidrômica é caracteri-
zada pela presença de frequência muito elevada, geralmente em torno de

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