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FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Introdução ao Direito Financeiro.............................................................................................................................5
1. Ponto de Partida: o que é a Atividade Financeira do Estado?............................................................5
2. Entendendo o Direito Financeiro......................................................................................................................12
2.1. O que é o Direito Financeiro?...........................................................................................................................12
2.2. Como diferenciar o Direito Financeiro da Ciência das Finanças e dos outros Ramos
do Direito?...........................................................................................................................................................................13
2.3. Quais Princípios Gerais são Aplicáveis ao Direito Financeiro?..................................................15
2.4. A quem Compete Legislar sobre Direito Financeiro?......................................................................23
2.5. Quais Normas Disciplinam o Direito Financeiro?. ..............................................................................27
2.6. Quais são as Fontes do Direito Financeiro?..........................................................................................34
3. Jurisprudência............................................................................................................................................................36
Resumo................................................................................................................................................................................38
Questões de Concurso................................................................................................................................................45
Gabarito...............................................................................................................................................................................57
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................58
Referências........................................................................................................................................................................ 87
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
Apresentação
Olá, querido aluno!
Meu nome é Natália Riche e leciono Direito Financeiro e Econômico no Gran Cursos Carrei-
ras Jurídicas. Será um prazer acompanhá-lo durante essa árdua (e recompensadora) trajetória.
Minha história no ramo dos concursos públicos é concisa, após me formar em direito fui apro-
vada no concurso de analista do MPU, e antes de ser convocada, fui aprovada no concurso de
procurador da fazenda nacional (PGFN).
Atuo na PGFN há mais de seis anos, três deles na divisão de defesa da 1a instância da Pro-
curadoria Regional da Fazenda Nacional da 1 região, em Brasília (onde exerço o cargo de chefe
há mais de 2 anos).
A primeira observação que quero deixar registrada é que no “mundo” dos concursos cada
trajetória é única, mas o objetivo final é sempre o mesmo e por isso você deve se preparar com
antecedência, perseverança e muita dedicação. Sempre gosto de dizer que não importa quan-
tos concorrentes você tem, o maior desafio é vencer a si mesmo. Cansaço, desânimo, falta de
tempo, e principalmente, falta de um material adequado são os maiores percalços no caminho
de quem busca a aprovação.
Por essa razão, nós trazemos o material em PDF com todo o conteúdo cobrado nas provas
mais recentes de Magistratura, Ministério Público e Procuradorias, incluindo COMENTÁRIOs
detalhados e explicação sobre os temas abordados e os assuntos que os tangenciam.
Vamos estudar com detalhes tudo que será cobrado na disciplina Direito Financeiro, deba-
ter questões atuais e importantes para memorização e compreensão da matéria. Além disso,
vamos verificar como é feita a abordagem das bancas nas questões de Direito Financeiro,
quais os temas recorrentes e qual o enfoque dado pelos examinadores.
No que se refere à nossa matéria, os editais dos concursos de carreiras jurídicas geral-
mente são semelhantes, por isso elaborei um cronograma separado por tema e baseado nos
últimos editais, abordando tudo que pode ser cobrado.
O Direito Financeiro não é uma disciplina muito conhecida pelos alunos, mas é cobrado
em todos os concursos para Procuradorias, Magistraturas e Ministério Público e, por isso, não
pode ser menosprezado pelos candidatos. Pelo contrário, a matéria pode servir como diferen-
cial na hora da prova, já que não é extensa e não existe muita jurisprudência a respeito.
Pela análise de inúmeras provas da matéria, fica muito claro que nosso estudo deverá se
pautar basicamente em três pontos: Finanças Públicas na Constituição Federal, Lei 4.320 e Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A boa notícia é que as provas de nossa matéria_ em termos percentuais e independente da
banca examinadora_ concentram-se muito mais na lei seca (ao contrário do que acontece com
a maioria das outras matérias). A título exemplificativo, verifiquei que o percentual de jurispru-
dência e doutrina nas provas de Direito Financeiro não chega a 10%.
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Por essa razão você notará que alguns temas exigem que se transcreva artigos das referi-
das leis (a intenção é que você realmente decore os principais), em outras aulas recorreremos
à documentos que exemplificam e facilitam a compreensão de temas específicos (como as
leis orçamentárias).
Diante dessas informações, peço que você leia as aulas, faça (e refaça) os exercícios, fo-
que nos COMENTÁRIOs e confie no material, pois lhe garanto que valerá a pena. A qualidade
do material apresentado, a preparação da equipe, o comprometimento dos professores e do
curso serão aliados para a obtenção do tão sonhado objetivo. Juntos, iniciaremos e terminare-
mos essa jornada.
Por fim, lembre-se que o tamanho dos editais, a dificuldade das questões e a concorrên-
cia não devem assustar os candidatos, ninguém precisa saber tudo ou ser o melhor para ser
aprovado, pois os que permanecem no caminho muitas vezes são os mais persistentes e que
acreditam em si mesmos.
Cronograma
O cronograma apresentado abaixo, baseado nos editais dos principais concursos, nos per-
mitirá cobrir todo o conteúdo de Direito Financeiro, enfatizando sempre os aspectos mais im-
portantes e as questões atuais acerca do tema.
1-Introdução ao Direito Financeiro e à atividade financeira do Estado.
2-Introdução ao Orçamento Público. Ciclo e execução orçamentária.
3-Princípios aplicáveis ao orçamento público
4- Leis orçamentárias: PPA,LDO e LOA.
5-Elaboração das leis orçamentárias.
6-Conceito e disciplina dos créditos adicionais. Orçamento Público na Constituição Fede-
ral: vedações orçamentárias
8-Despesa Pública: conceitos, classificações e disciplina normativa
9-Receita Pública: conceitos, classificações e disciplina normativa
10-Dívida Ativa. Disciplina, conceitos e classificações da Dívida Pública e do Crédi-
to Público.
11-Controle e fiscalização financeira. O Tribunal de Contas.
Encerrada a apresentação, vamos iniciar nossos estudos.
Analise o material, e encontre a sua melhor forma para fixar o conteúdo. Sugiro que utilize
nosso resumo para revisar cada aula. Ao ler cada um dos tópicos, tente lembrar tudo que vi-
mos a respeito e se notar que esqueceu, tente reler apenas a parte correspondente no material,
já que muitas vezes falta tempo para revisar tudo exaustivamente.
Desde já me coloco à disposição para ajudá-lo não só com a matéria, mas também com
dicas de estudo e memorização.
Agora vamos ao que interessa!
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Obs.: A realização dessas necessidades pode ocorrer por meio da prestação de serviços
públicos delegáveis ou não a particulares.
Nesse sentido a Constituição Federal trata de vários temas relevantes: segurança, edu-
cação, saúde e alimentação ( art. 3º da CF).
Como exemplo concreto da atuação do Estado, temos a construção de prédios públi-
cos, monumentos, manutenção de sistemas de transporte, rodovias, praças, hospitais
prestação jurisdicional, cultura etc.
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satisfação das
necessidades
coletivas
criar, gerir e
instrumental despender
recursos
ATIVIDADE
FINANCEIRA
regime de
direito público
princípio da
interesse geral
legalidade
NECESSIDAD
E PÚBLICA
Outra pergunta que pode surgir nesse início é a seguinte: existe outra atividade que pode
ser exercida pelo Estado para obtenção de receitas públicas que cubram os custos com a
prestação de serviços públicos?
A resposta é afirmativa. É possível, por exemplo, que os entes atuem na ordem econômica.
Além da possibilidade de intervenção no domínio econômico, por meio do poder normativo
estatal, o exercício do poder de polícia também permite a obtenção de receitas.
poder
normativo:
intervenção no poder de polícia
domínio
econômico
prestação de
serviços
regime de
públicos,
COMO O despesas
delegáveis ou
não ESTADO
REALIZA AS
NECESSIDADE
S PÚBLICAS?
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Para facilitar a compreensão do tema e tendo em conta que já foi objeto de prova, cito
o autor Ricardo Lobo Torres1 que divide a evolução da atividade financeira estatal nas se-
guintes fases:
i)Estado Patrimonial: baseado no patrimonialismo financeiro e na confusão entre o patri-
mônio público e privado. Nas palavras do autor:
A característica patrimonialista, porém, não decorre apenas dos aspectos quantitativos,
posto que o fundamental é que o tributo ainda não ingressava plenamente na esfera da publi-
cidade, sendo apropriado de forma privada, isto é, como resultado do exercício da jurisdictio e
de modo transitório, sujeito à renovação anual.
ii)Estado de Polícia: baseado no paternalismo e no intervencionismo estatais. Nas pala-
vras do autor:
O Estado de Polícia (...)visa sobretudo à garantia da ordem e da segurança e administração
do bem-estar e da felicidade dos súditos e do Estado.
iii)Estado fiscal: baseado no liberalismo, capitalismo e na diminuição do intervencionismo,
com forte influência do Estado de Direito. Nas palavras do autor:
o que caracteriza o surgimento do Estado Fiscal, como específica figuração do Estado de
Direito, é o novo perfil da receita pública, que passou a se fundar nos empréstimos, autorizados
e garantidos pelo legislativo, e principalmente no tributos - ingressos derivados do trabalho e
do patrimônio do contribuinte - ao revés de se apoiar nos ingressos originários do patrimônio
do príncipe. (...) Com o Estado Fiscal se aperfeiçoam-se os orçamentos Públicos, substitui-se
a tributação do campesinato pela dos indivíduos,minimiza-se a intervenção estatal, tudo o que
representa uma nova Constituição Financeira.
O Estado Fiscal é subdividido em três fases:
• Estado Fiscal Minimalista: restrição do poder de polícia, prestação de poucos serviços
públicos.
• Estado Social Fiscal, Estado do Bem Estar Social, Estado Distribuidor ou Estado Provi-
dencial: maior intervenção do Estado na economia e na área social, influência das ideias
de Keynes.
A atividade financeira baseia-se na receita de tributos mas a principal finalidade dos impos-
tos passa a ser o desenvolvimento dos setores da economia.
Há uma expansão exacerbada do orçamento, gerando uma crise financeira.
• Estado Democrático e Social de Direito: diminuição do intervencionismo social e eco-
nômico, e utilização dos tributos como principal fonte de receitas. A privatização de
empresas gera uma redução de receitas patrimoniais e extrafiscais.
1
Lobo Torres, Ricardo. Curso de Direito Financeiro e Tributário, 18 ed. Renovar.
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A questão baseia-se na divisão elaborada por Ricardo Lobo Torres, que estudamos na
aula de hoje.
a) Errada. O Estado Patrimonial é baseado no patrimonialismo financeiro e na confusão entre
o patrimônio público e privado.
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Nesse ponto de nossa matéria, é importante dar destaque a diferenciação entre atividade
financeira em sentido estrito, que está relacionada ao exercício do poder da soberania e ao
poder de império estatais e atividade financeira em sentido amplo, que admite como atividade
financeira a atuação do setor privado, já que os agentes privados estão incluídos no Sistema
Financeiro Nacional por expressa disposição constitucional.
Atividade financeira em
soberania do Estato
sentido estrito
Em relação aos órgãos da administração indireta que atuam no setor privado (empresas
públicas e sociedades de economia mista), o Supremo Tribunal Federal admite a ampla fisca-
lização pelo Tribunal de Contas, mesmo que não ocorra dano ao erário:
JURISPRUDÊNCIA
(...)I. – Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as contas dos administradores
e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade
de que resulte prejuízo ao erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. – As empre-
sas públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta,
estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores esta-
rem sujeitos ao regime celetista. (...)
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Espero que agora você já tenha conseguido compreender o ponto de partida de nossa
matéria. Para que não reste qualquer dúvida, vamos abordar o tema de uma forma diferente,
destacando os quatro conceitos fundamentais que compõem a atividade financeira estatal: a
receita, a despesa, o orçamento e o crédito público.
a) receita:
Trata-se da obtenção de receitas/recursos financeiros para fazer frente aos gastos do es-
tado. Aqui estarão incluídas tanto as receitas originárias (decorrentes do patrimônio estatal)
como as receitas derivadas (decorrentes do poder coercitivo estatal).
Simples. A exploração do patrimônio do estado ocorre, por exemplo, por meio de aluguel de
um prédio de sua propriedade. Por sua vez, o poder coercitivo é exercido mediante a cobrança
de impostos.
b) crédito público:
Aqui também tratamos da obtenção de recursos financeiros, mas de modo diverso. Basica-
mente, o Estado obterá ingressos financeiros/empréstimos que posteriormente serão devolvi-
dos, com pagamento de juros e encargos correspondentes.
O recebimento desses recursos gera, portanto, uma obrigação de pagamento para o Esta-
do, que é denominada endividamento público (teremos aula específica sobre o tema).
c) Despesa:
Trata-se da aplicação dos recursos recebidos para satisfação de um objetivo do estados,
sendo necessária autorização legal.
d) Orçamento:
Trata-se do gerenciamento dos recursos recebidos, a fim de se estabelecer condições, limi-
tes e formas de controle do gasto.
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a) na requisição pura e simples, pelo Estado, de coisas e serviços dos administrados, sem ne-
cessidade de qualquer contraprestação.
b) na colaboração gratuita e honorífica dos administrados nas funções governamentais, em
prol do bem comum.
c) no deslocamento apenas do setor público para o setor privado de recursos e serviços, para
atendimento das necessidades essenciais da população e para o fomento das atividades
econômicas.
d) em não ter nenhuma essência política, porque os juristas concordam que não existe caráter
político na atividade financeira do Estado, a ser estudado pelo Direito Financeiro ou pela Ciên-
cia das Finanças.
e) em obter, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o
Estado assumiu.
A explicação que vimos acerca da atividade financeira do estado já é suficiente para demons-
trar o erro dos demais itens.
A atividade financeira nada mais é que o conjunto de ações desempenhadas pelo Estado, com
o fim de criar, adquirir, gerir e despender recursos para suprir as necessidades humanas cole-
tivas, de natureza pública.
Em outras palavras, são os meios utilizados pelo Estado para obtenção de valores pecuniários
e realização de gastos, visando à execução de necessidades públicas.
Letra e.
Por fim, também é necessário registrar que a atividade financeira do Estado pode ter focos/
naturezas diversas.
O foco fiscal, que tem como principal objetivo a arrecadação e o foco extrafiscal ou regu-
latório, que tem como principal objetivo intervir na economia, induzindo o comportamento de
agentes privados ou fomentando determinado setor econômico. Exemplo: controle da infla-
ção, redistribuição de riquezas.
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para a obtenção da receita pública e a realização dos gastos necessários à consecução dos
objetivos do Estado.
Identificamos qual o conteúdo e o objetivo de nossa matéria, agora temos que diferenciá-
-la de outras que possuem algumas semelhanças e podem acabar gerando alguma confusão.
Esse tema já apareceu em algumas provas, inclusive para a Magistratura Federal.
A primeira distinção se refere à Ciência das Finanças, que é uma atividade anterior à nor-
ma, de caráter especulativo e que aborda os fenômenos financeiros sobre aspectos teóricos
diversos: sociológico, político e econômico (como já afirmado, mesmo que inexista lei).
Em outras palavras, seu objetivo consiste em estudar os elementos que influenciam a ob-
tenção de recursos, sendo orientada por três vertentes:
• economia financeira: estuda fatores da riqueza e recursos que podem ser obtidos pelo
estado por meio da exploração de seu patrimônio ou do particular.
• política financeira: estabelece as finalidades do estado e os meios financeiros para su-
pri-las
• técnica financeira: estabelece a atuação do estado a partir das conclusões fornecidas
pelas duas anteriores.
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A Constituição Federal também deixou nítida a diferenciação entre as matérias por meio
das seguintes disposições:
=>novos artigos para o capítulo do Sistema Tributário Nacional
=> novas artigos para o capítulo referente às Finanças Públicas
=> previsão de competência da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre
Direito Financeiro e Direito Tributário.
Nesse contexto, as receitas derivadas passaram a ser tratadas por normas e princípios
autônomos, tornando-se parte do ramo específico do Direito Tributário.
Nesse contexto, o objeto da nossa disciplina abarca a atividade financeira do estado, in-
cluindo as receitas públicas, juntamente com o crédito público, as despesas e o orçamento
público. Em outras palavras, o Direito Financeiro contempla a arrecadação em sentido amplo,
bem como a gestão e gasto dos recursos, a execução e elaboração do orçamento e a disciplina
da dívida pública.
Por outro lado, o Direito Tributário abarca uma relação jurídica específica, que se forma entre
o particular e o estado e estuda apenas parte da receita pública: a receita tributária (derivada).
Em síntese, o direito financeiro é mais amplo que o direito tributário, pois cuida de todas
as receitas públicas, sejam elas tributárias ou não.
Por fim, é salutar estabelecer a relação do direito financeiro com outros ramos do direito:
Direito Administrativo: regula a administração pública e a relação entre órgãos, agentes
e coletividade. Como a atividade financeira é realizada por agentes públicos, os princípio do
direito administrativo devem ser rigorosamente observados.
Direito Penal: regula crimes contra as finanças públicas, punindo condutas que lesem a
administração financeira e também a sonegação fiscal.
Direito Processual Civil: regula as relações entre estado e particular quando existe conflito
de interesses. Um exemplo clássico é a disciplina da cobrança de dívidas fiscais pela lei de
execução fiscal (Lei 6.830/80) e a disciplina dos direitos dos cidadãos durante o processo ad-
ministrativo fiscal (Código de Processo Civil, Lei do Mandado de Segurança etc).
Direito Internacional: disciplina contratação de empréstimos externos e contratos in-
ternacionais.
Passaremos agora à análise dos princípios e da disciplina jurídica que norteiam nos-
sa matéria.
Direito Financeiro Direito Tributário Ciências das finanças
=>atividade pós normativa => atividade pré-normativa,
=>relação jurídica
=>arrecadação em sentido amplo especulativa =>fenômenos
específica, que se forma
(todas as receitas) financeiros sobre aspectos
entre o particular e o estado
=>gestão e gasto dos recursos teóricos: sociológico,
=>parte da receita pública:
=>execução e elaboração do político e econômico,
a receita tributária
orçamento independente de haver
(derivada).
=>disciplina da dívida pública. regulamentação legal.
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Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei n. 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei n. 10.028, de 2000)
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A delegação contida na lei orçamentária para que o poder executivo transfira recursos de uma
dotação para outra não fere o princípio da legalidade.
Sim, a abertura de crédito adicional extraordinário será feita por medida provisória, dado
seu caráter imprevisível e urgente (que exige uma maior celeridade no trâmite).
Veja o que diz a Constituição Federal sobre o tema:
Art. 167, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.
guerra
calamidade pública
Essas situações imprevisíveis e urgentes previstas no art. 167 podem ser analisadas com a
mesma discricionariedade que as situações de urgência e relevância previstas no art. 62 (que
trata das medidas provisórias)?
O STF entendeu que não!!! No caso do art. 167, as expressões “guerra”, “comoção interna”
e “calamidade pública” devem direcionar a interpretação/aplicação da norma, diminuindo a
discricionariedade. Além disso, entende o STF que a abertura de crédito extraordinário só pode
ocorrer se a situação de enquadrar em uma das três hipóteses legais.
Vamos conferir?
JURISPRUDÊNCIA
(...) III. Limites constitucionais à atividade legislativa excepcional do Poder Executivo na
edição de medidas provisórias para abertura de crédito extraordinário. Interpretação do
art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea “d”, da Constituição. Além dos requisitos
de relevância e urgência (art. 62), a Constituição exige que a abertura do crédito extraor-
dinário seja feita apenas para atender a despesas imprevisíveis e urgentes. Ao contrário
do que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62), que se subme-
tem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do Presidente da República, os
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JURISPRUDÊNCIA
(...) Nesses termos, no caso da MP 427/94, não cabe ao Poder Judiciário perscrutar a
respeito do atendimento dos requisitos da relevância e urgência, pois se trata de situa-
ção tipicamente financeira e/ou tributária, na qual deve prevalecer, em regra, o juízo do
administrador público. Entendo apenas que, afastada hipótese de abuso, no caso em tela,
deve-se adotar orientação já consolidada por esta Corte e, portanto, rejeitar a alegação
de inconstitucionalidade por afronta ao art. 62 da Constituição Federal. (STF-ADI 1055/
DF- DJ em 01/08/17)
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
II – plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública
e emissões de curso forçado;
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Para finalizar o tema, destaco interessante julgado do STF que entendeu que as decisões
judiciais que determinam o bloqueio, penhora ou liberação, para satisfação de créditos traba-
lhistas, de receitas públicas violam o princípio da legalidade orçamentária:
JURISPRUDÊNCIA
Decisões judiciais que determinam o bloqueio, penhora ou liberação, para satisfação de
créditos trabalhistas, de receitas públicas oriundas do Fundo Estadual de Saúde objeto
de contratos de gestão firmados entre o Estado-membro e entidades de terceiro setor,
violam o princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88), o preceito da sepa-
ração funcional de poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III, da CF/88), o princípio da eficiên-
cia da Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88) e o princípio da continuidade dos
serviços públicos (art. 175 da CF/88). STF. Plenário. ADPF 664/ES, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 16/4/2021 (Info 1013).
b) Transparência
Esse princípio visa operacionalizar a publicidade e possibilitar um maior controle dos gas-
tos públicos.
Apesar de não estar expresso na Constituição (isso já foi perguntado diversas vezes em
provas) ele pode ser inferido dos arts. 37 e 165, §3 que preveem a publicidade como um dos
princípios aplicáveis à Administração Pública. Já a Lei de Responsabilidade Fiscal, prevê ex-
pressamente sua aplicação.
Constituição Federal
Art. 31, § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei.
Art. 74, § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na
forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês
subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos
recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos crité-
rios de rateio.
Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
§1º A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar n.
156, de 2016)
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de
elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei
Complementar n. 131, de 2009).
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informa-
ções pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso
público; e (Redação dada pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mí-
nimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído
pela Lei Complementar n. 131, de 2009) (Vide Decreto n. 7.185, de 2010)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e
dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de
amplo acesso público. (Incluído pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
§ 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão ao Ministério da Fazenda, nos
termos e na periodicidade a serem definidos em instrução específica deste órgão, as informações
necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas
interna e externa, de que trata o § 4º do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
§ 4º A inobservância do disposto nos §§ 2º e 3º ensejará as penalidades previstas no § 2º do art.
51. (Incluído pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
§ 5º Nos casos de envio conforme disposto no § 2º, para todos os efeitos, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
cluído pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
§ 6º Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos autarquias, fundações públicas,
empresas estatais dependentes e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada a
autonomia. (Incluído pela Lei Complementar n. 156, de 2016)
Acerca das contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo, dispõe o art. 49 da LRF
sobre a disponibilidade durante todo o exercício para consulta e apreciação pelos cidadãos e
instituições da sociedade.
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Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
A publicização dos atos que impliquem gastos e recebimento de receitas [e objeto de al-
guns dispositivos legais específicos, a e exemplo do portal da transparência (www.portalda-
transparencia.gov.br) que contém pagamentos de servidores, gastos e também pelo Siga Bra-
sil (Senado Federal).
Os entes que descumprirem os artigos 48, II e III e 48-A nos prazos assinalados no art. 73-B
ficarão impedidos de receber transferências voluntárias.
Por sua vez, a Lei de acesso à informação (Lei 12.527/11) também contribui para a concre-
tização do princípio, pois autoriza que o cidadão requisite aos poderes públicos informações
de seu interesse particular (salvo dados confidenciais) a respeito da política e dos gastos pú-
blicos, independente de justificativa.
A lei é aplicada para todos os órgãos públicos dos três poderes nas esferas federal, estadu-
al e municipal, incluindo Tribunal de Contas e MP e, no que couber, também serão abrangidas
as entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos.
O STF já se manifestou acerca da legitimidade dessas publicações:
JURISPRUDÊNCIA
CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO MUNICÍPIO
DE SÃO PAULO, DONOME DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES
VENCIMENTOS. LEGITIMIDADE.
1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração
Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e
vantagens pecuniárias. (STF-ARE 652777- DJE em 01/07/15)
c) Responsabilidade fiscal
Nos termos do art. 11 da LRF são requisitos de uma gestão fiscal responsável a institui-
ção, previsão e efetiva arrecadação de tributos da competência do ente federativo. O ente que
descumprir essa previsão em relação aos impostos, ficará impedido de receber transferências
voluntárias.
Existem vários outros artigos da LRF que tratam da uma gestão fiscal responsável, deter-
minando que o gasto público cumpra limites e regras legais, envolvendo uma ação planejada e
transparente e almeje o equilíbrio das contas públicas.
Nesse contexto, todos os gastos públicos devem observar limites previstos na lei: fixação
de metas de resultado fiscal, limites e condições para execução de despesas, renúncia de re-
ceitas, contratações de operação de crédito e concessão de garantias.
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A desobediência das disposições acima pode acarretar sanções ao ente público que as
descumprir.
LRF
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei
2.848/1940 - (Código Penal); Lei 1.079/1950 (Crimes de Responsabilidade); Decreto-Lei 201/1967
- (Crimes de responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores); Lei 8.429/1992 - (Lei de Improbidade
Administrativa) e demais normas da Legislação Pertinente.
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autori-
zação legislativa. Parágrafo Único - Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza opera-
ção de crédito, interno ou externo: I - com inobservância de limite, condição ou montante estabeleci-
do em lei ou resolução do Senado Federal; II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa
o limite máximo autorizado por lei.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido pre-
viamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei (...)
O princípio da responsabilidade na gestão fiscal, como vimos, pressupõe que o gasto público
seja realizado com a observância de limites e regras legais, envolvendo uma ação planejada e
transparente, zelando sempre pelo equilíbrio das contas públicas.
Nesse sentido, a lei de Responsabilidade Fiscal prevê a responsabilidade fiscal e estabelece a
necessidade de cumprimento de metas de resultado e obediência a limites relativos às renún-
cias de receitas e às despesas públicas.
Portanto, poderá ocorrer a renúncia de receita, desde que obedecidas as normas de responsa-
bilidade na gestão fiscal estabelecidas na LRF:
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra
renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições (...)
Errado.
d) Economicidade
Esse princípio é de fácil compreensão, basta recordar da necessidade de se buscar sempre
o melhor custo benefício na realização das necessidades públicas e na alocação dos recur-
sos públicos.
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A finalidade desse princípio é, em última análise, a busca de uma maior eficiência econômica.
A previsão constitucional está no art. 70:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, apli-
cação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Art. 150, § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito pre-
sumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias aci-
ma enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155,
§ 2º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 3, de 1993)
Legalidade
Economicidade Transparência
Princípios Gerais
Especialidade dos
Responsabilidade Fiscal
incentivos fiscais
Impessoalidade,
Moralidade,
Publicidade e
Eficiência
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Não! Por isso, pela interpretação literal, eles não possuem competência concorrente para
legislar sobre direito financeiro.
Os autores que defendem essa tese também se utilizam de outros argumentos além da
literalidade da norma:
• art. 24,§3 estabelece que as normas somente poderão ser federais ou estaduais, por
isso não cabe legislação suplementar municipal. Disso decorre a conclusão de que se
a competência do município visa suplementar uma lei prévia da União ou dos estados,
não pode ser considerada autônoma.
• uma das condições para que o município exerça competência suplementar é o interesse
local, isso decorre da expressão “no que couber “ mencionada no artigo.
Nesse ponto, chamo a atenção de vocês para outra posição doutrinária que defende a pos-
sibilidade de os municípios exercerem a competência suplementar. Essa tese é baseada na
interpretação sistemática do art. 30, II, da CF, que assim dispõe:
É possibilitar que seja dado o mesmo tratamento à matéria por todos os entes, ou seja,
garantir a unidade federativa para as matérias previstas no artigo 24.
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Mas atenção!!! Isso não é empecilho para que algumas matérias sejam reguladas de forma
específica no âmbito federal.
Conclusão: a União tem competência para editar normas gerais, mas também tem com-
petência para suplementar tais normas, no âmbito de sua atuação funcional e territorial.
É aqui que surgem os conceitos de lei federal (com aplicação exclusiva na União, da mes-
ma forma que existem leis estaduais e municipais que se aplicam especificamente em seus
âmbitos restritos) e lei nacional (com aplicação a todos os entes, mantendo a unidade federa-
tiva e fundamentando as leis específicas dos entes).
Outra observação importante é que a competência da União não exclui a competência su-
plementar dos estados e do DF (art. 24, § 2º).
Isso quer dizer que os entes poderão estabelecer normas específicas de Direito Financeiro?
Sim! Nesse caso, haverá uma situação de “condomínio legislativo”, de modo que os es-
tados exercerão a competência concorrente não cumulativa ou suplementar (atribuição do
poder de legislar a mais de um titular).
EXEMPLO
Um exemplo clássico de exercício dessa competência pelo estado é o caso do ITCMD (Impos-
to sobre transmissão causa mortis ou doação. Nessa situação, inexiste lei federal que estabe-
leça normas gerais de modo que os estados fazem uso de sua competência legislativa plena.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. AUSÊNCIA DE LEI COMPLE-
MENTAR NACIONAL QUE DISPONHA SOBRE O TRIBUTO NOS TERMOS DO ART. 146, III, A, DA
CONSTITUIÇÃO. EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PLENA PELOS ESTADOS MEM-
BROS COM AMPARO NO ART. 24, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. PRECEDENTES. PREVISÃO DE ALÍ-
QUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DE VEÍCULO. POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPRO-
VIDO. I – Ante a omissão do legislador federal em estabelecer as normas gerais pertinentes
ao imposto sobre a doação de bens móveis, os Estados-membros podem fazer uso de sua
competência legislativa plena com fulcro no art. 24, § 3º, da Constituição. II – A jurisprudência
do STF firmou orientação no sentido de que, mesmo antes da EC 42/03 – que incluiu o § 6º, II,
ao art. 155 da CF –, já era permitida a instituição de alíquotas de IPVA diferenciadas segundo
critérios que não levem em conta a capacidade contributiva do sujeito passivo, por não ensejar
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Haverá suspensão da eficácia da lei estadual ou distrital, no que lhe for contrária. (art.
24, § 4º).
O artigo fala de suspensão e não de revogação, por isso, caso a lei federal sofra alteração
que elimine o conflito, o dispositivo da lei estadual ou distrital voltará a ter eficácia. Essa ques-
tão, embora simples, continua aparecendo em muitas provas de concursos.
Em relação a organização dos estados e municípios, temos os artigos 25 e 29 a 32 da CF,
respectivamente.
Em ambos os casos deve haver observância à Constituição Federal, com base no princípio
da simetria, o que também está expresso no art. 11 do ADCT. Confira:
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Esta-
do, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios
desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de
seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o
disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Pelo exposto acima, verifica-se claramente que a Constituição Federal atribuiu autonomia
aos entes para dispor sobre sua atividade financeira, seja por meio de Constituições estaduais
ou leis orgânicas, mas consagrou a necessidade de observância de suas normas e princípios
(simetria).
No que se refere a iniciativa das leis orçamentárias, temos a iniciativa privativa do Chefe do
Executivo, nos termos do art. 84 e 165 da CF. Vale lembrar que, em relação ao direito tributário,
a iniciativa é concorrente tanto do Legislativo quanto do Executivo.
Embora sejam objeto de estudo mais detalhado nas aulas posteriores, é importante men-
cionar os arts. 48 e 52 da CF que tratam das competência do Congresso Nacional e do Sena-
do Federal.
Nos termos do art. 48 cabe ao Congresso Nacional, com sanção presidencial, dispor sobre:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
II – plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública
e emissões de curso forçado;
XIII – matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;
XIV – moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal
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I – finanças públicas;
II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades con-
troladas pelo Poder Público;
III – concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V – fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios;
VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
VIII – sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 109, de
2021)
a) indicadores de sua apuração; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 109, de 2021)
b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 109, de 2021)
c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação; (Incluído
pela Emenda Constitucional n. 109, de 2021)
d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 109, de 2021)
e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. Parágrafo
único. A lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a aplicação
das vedações previstas no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional n.
109, de 2021)
Esse artigo aparece nas provas de forma literal ou com algum “peguinha”. Por exemplo, já
vi examinadores afirmando que no item II não estão incluídas as entidades controladas pelo
poder público.
O Supremo Tribunal Federal entende que os dispositivos do art. 163 podem ser regulados
por diferentes leis complementares, de maneira fragmentada. (STF,ADI 2.238-MC).
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O art. 165, §9 da CF também dispõe sobre outras matérias que deverão ser reguladas por
lei complementar.
• exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano pluria-
nual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
• normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como
condições para a instituição e funcionamento de fundos.
• critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quan-
do houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação
das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12
do art. 166.
A LC prevista no art. 165,§9 ainda não foi aprovada, por essa razão alguns pontos são tratados
pelo art. 35, §2 do ADCT.
Ao contrário da norma citada acima, o caput do art.165 dispõe que lei ordinária irá tratar de
normas gerais:
Diante do cenário traçado acima, podemos chegar a duas conclusões sobre as leis que
tratam de direito financeiro:
Primeiro, podemos afirmar que existem normas gerais de direito financeiro veiculadas tan-
to por meio de lei ordinária quanto por meio de lei complementar. Entretanto, desde que espe-
cificamente exigido pela Constituição, algumas normas gerais devem observar a reserva de lei
complementar.
A segunda conclusão é de que dentro do art. 165 temos as leis orçamentárias que devem
ser veiculas por lei ordinária e alguns pontos específicos dessas leis que deverão ser veicula-
dos por meio de lei complementar.
Vamos visualizar melhor essa questão, com o auxílio da tabela abaixo:
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O art. 62, da Constituição Federal veda a edição de medidas provisórias referentes à planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, bem
como à matérias reservadas à lei complementar.
A intenção desse artigo é garantir a democracia fiscal, por meio da participação do Poder Le-
gislativo no processo de elaboração e aprovação das leis orçamentárias.
A redação do art. 68,§1 da CF tem o mesmo objetivo, na medida em que proíbe a utilização de
leis delegadas sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/2000) é, sem dúvida, a preferida das bancas
examinadoras.
Acerca de seu alcance, ressalto que também atinge todos os entes federados, adminis-
tração direta e parte da administração indireta. A lei detalha todos os órgãos e poderes que
devem se submeter aos seus preceitos:
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Art. 1º, § 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios.
§ 3 Nas referências:
I – à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judici-
ário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais depen-
dentes;
II – a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
III – a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Esta-
do e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
Art. 2º, III – empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador re-
cursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital,
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
A LRF busca garantir maior transparência, eficiência e controle por meio de normas mais
rigorosas a serem aplicadas e observadas no planejamento e no gasto do dinheiro público.
Com o advento da LRF houve um enorme avanço na transparência fiscal, por meio da di-
vulgação em diversos meios de acesso das finanças e serviços públicos; foram criadas novas
formas de controle contábil e financeiro; mecanismos de controle e limitação de gastos, plane-
jamento e acompanhamento de resultados na elaboração e execução orçamentária; além de
inovações nos conteúdos das leis orçamentárias (por exemplo, os famosos anexos da Lei de
Diretrizes Orçamentárias).
Obs.: Vários artigos da LRF foram julgados no STF, na ADI 2238, sob o argumento de que
extrapolaram o limite de veicular apenas normas gerais, dentre outros. Algumas limi-
nares foram deferidas em 2002 e 2008 e em agosto de 2019 iniciou-se o julgamento
do mérito.
Analisando os conteúdos de cada uma dessas leis fica fácil perceber que são legislações
que tratam de temas distintos (portanto, a LRF não substitui nem revoga a lei n. 4.320/1964).
Nesse sentido, temos a lei 4.320/64 regulamentando s normas gerais sobre elaboração e
controle dos orçamentos e balanços e a LRF estabelecendo normas de finanças públicas vol-
tadas para responsabilidade na gestão fiscal.
E em caso de conflito? Qual delas irá prevalecer?
Tendo em vista que ambas são materialmente complementares, o conflito é resolvido pelo
critério cronológico de resolução de antinomias, prevalecendo a LRF, que é posterior.
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A Lei n. 4.320/1964 é que estabelece normas gerais para elaboração e controle dos orçamen-
tos e balanços, enquanto a LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a res-
ponsabilidade na gestão fiscal.
Errado.
EXEMPLO
Ao contrário do que muitos pensam, nossa matéria está presente no dia a dia dos cidadãos bra-
sileiros, principalmente, devido às crises políticas e econômicas ocorridas nos últimos anos.
Você se lembra das “pedaladas fiscais” ocorridas durante o governo da ex presidenta Dilma?
Pois é! Na verdade, toda a situação ocorreu devido à inobservância de normas da LRF quando
foram efetuados pagamentos pela CEF e pelo BNDES para cobrir despesas oriundas de progra-
mas federais, como o Bolsa-Família.
O cerne da questão foi o seguinte: os pagamentos foram feitos sem que o Tesouro houvesse
repassado os recursos aos Bancos, violando os seguintes artigos:
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à reali-
zação de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro-
ladas, direta ou indiretamente.
I – existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em
créditos adicionais ou lei específica;
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Fede-
ração que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa
durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
IV – estará proibida:
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.
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JURISPRUDÊNCIA
(...)
22. Passando agora ao objeto inicial desta representação, qual seja, o suposto atraso,
por parte da União, nos repasses de valores destinados ao pagamento de benefícios de
programas sociais, subsídios e subvenções de sua responsabilidade, restou confirmado
nos autos que: i) despesas concernentes ao bolsa família, ao seguro-desemprego e ao
abono foram pagas pela Caixa: ii) subsídios do Programa Minha Casa Minha Vida –
PMCMV vêm sendo financiados pelo FGTS; e iii) subvenções econômicas, sob a modali-
dade de equalização de taxas de juros, vêm sendo bancadas pelo BNDES ou pelo Banco
do Brasil.
28. Note-se que, nesse caso específico, o pagamento de dívidas pelo FGTS deu-se sem a
devida autorização em Lei Orçamentária Anual ou em Lei de Créditos Adicionais, reque-
rida no art. 167, inciso II, da Constituição da República e o art. 5º, § 1º, da LRF, caracte-
rizando a execução de despesa sem dotação orçamentária.
(...)
31. Todas essas movimentações financeiras e orçamentárias acarretaram, evidente-
mente, o surgimento de passivos do Governo Federal junto à Caixa, ao FGTS e ao BNDES,
em cujos balanços constam devidamente registrados tais haveres, a débito do Tesouro
Nacional. Ou seja, no bojo dessas operações, créditos foram efetivamente auferidos
pela União, à margem da Lei Complementar 101/2000 (LRF).
32. Uma vez caracterizados como operações de crédito, tais procedimentos violam restri-
ções e limitações impostas pela LRF.
33. Primeiro, porque, no que se refere aos recursos disponibilizados pela Caixa e pelo
BNDES, envolvem instituições financeiras públicas controladas pelo ente beneficiário
dos valores, contrariando o art. 36 da LRF, segundo o qual é “proibida a operação de
crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na
qualidade de beneficiário do empréstimo”. Depois, porque não atendem às formalidades
requeridas no art. 32 da referida lei, em especial a necessidade de prévia e expressa
autorização no texto da lei orçamentária para sua contratação, estabelecida no inciso I
do § 1º do referido artigo. E, ainda, porque, circunstancialmente, infringem a vedação do
art. 38, inciso IV, alínea “b”, da Lei, que proíbe a contratação de crédito por antecipação de
receita no último mandato do Presidente da República.
(...)
40. De qualquer maneira, ainda assim, em nome do princípio da transparência fiscal posi-
tivado pelo art. 1º da LRF e dos objetivos e critérios explicitados pelo Manual de Esta-
tísticas Fiscais publicado pelo Bacen em seu sítio na rede mundial de computadores,
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
CF(arts.70-75,157-
169)
Leis complementares
(art 163 e 165, §9 da
CF): Lei 4.320/64 e LRF
Primárias: leis e
Formais estatutos normativos
com vigor de lei
Leis ordinárias Ex:
PPA, LDO, POA
MP*(créditos
extraordinários-
167,§3 da CF)
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisí-
veis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado
o disposto no art. 62.
Decretos
Decisões
administrativas
(Tribunais de Contas)
3
Leite, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 4.ed. Juspodium.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
3. Jurisprudência
(...)I. – Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as contas dos administradores
e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público
federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade
de que resulte prejuízo ao erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. – As empre-
sas públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta,
estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores esta-
rem sujeitos ao regime celetista. (...)
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – FISCALIZAÇÃO.
Ao Tribunal de Contas da União incumbe atuar relativamente à gestão de sociedades
de economia mista. Nova inteligência conferida ao inciso II do artigo 71 da Constitui-
ção Federal, ficando superada a jurisprudência que veio a ser firmada com o julgamento
dos Mandados de Segurança n 23.627-2/DF e 23.875-5/DF. (STF – MANDADO DE SEGU-
RANÇA: MS 25.092/DF).
(...) III. Limites constitucionais à atividade legislativa excepcional do Poder Executivo na
edição de medidas provisórias para abertura de crédito extraordinário. Interpretação do
art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea “d”, da Constituição. Além dos requisitos
de relevância e urgência (art. 62), a Constituição exige que a abertura do crédito extraor-
dinário seja feita apenas para atender a despesas imprevisíveis e urgentes. Ao contrário
do que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62), que se subme-
tem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do Presidente da República, os
requisitos de imprevisibilidade e urgência (art. 167, § 3º) recebem densificação normativa
da Constituição. Os conteúdos semânticos das expressões “guerra”, “comoção interna”
e “calamidade pública” constituem vetores para a interpretação/aplicação do art. 167, §
3º c/c o art. 62, § 1º, inciso I, alínea “d”, da Constituição. “Guerra”, “comoção interna” e
“calamidade pública” são conceitos que representam realidades ou situações fáticas de
extrema gravidade e de consequências imprevisíveis para a ordem pública e a paz social,
e que dessa forma requerem, com a devida urgência, a adoção de medidas singulares e
extraordinárias. A leitura atenta e a análise interpretativa do texto e da exposição de moti-
vos da MP n. 405/2007 demonstram que os créditos abertos são destinados a prover
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Introdução ao Direito Financeiro
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despesas correntes, que não estão qualificadas pela imprevisibilidade ou pela urgência. A
edição da MP n. 405/2007 configurou um patente desvirtuamento dos parâmetros cons-
titucionais que permitem a edição de medidas provisórias para a abertura de créditos
extraordinários. (STF-ADI 4048-DF)
(...)Nesses termos, no caso da MP 427/94, não cabe ao Poder Judiciário perscrutar a
respeito do atendimento dos requisitos da relevância e urgência, pois se trata de situa-
ção tipicamente financeira e/ou tributária, na qual deve prevalecer, em regra, o juízo do
administrador público. Entendo apenas que, afastada hipótese de abuso, no caso em tela,
deve-se adotar orientação já consolidada por esta Corte e, portanto, rejeitar a alegação
de inconstitucionalidade por afronta ao art. 62 da Constituição Federal. (STF-ADI 1055/
DF- DJ em 01/08/17)
CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO MUNICÍPIO
DE SÃO PAULO, DONOME DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES
VENCIMENTOS. LEGITIMIDADE.
1. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração
Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e
vantagens pecuniárias. (STF-ARE 652777- DJE em 01/07/15)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁ-
RIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. AUSÊNCIA DE
LEI COMPLEMENTAR NACIONAL QUE DISPONHA SOBRE O TRIBUTO NOS TERMOS DO
ART. 146, III, A, DA CONSTITUIÇÃO. EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA PLENA
PELOS ESTADOS MEMBROS COM AMPARO NO ART. 24, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. PRECE-
DENTES. PREVISÃO DE ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DE VEÍCULO.
POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – Ante a omissão do legislador federal em esta-
belecer as normas gerais pertinentes ao imposto sobre a doação de bens móveis, os
Estados-membros podem fazer uso de sua competência legislativa plena com fulcro no
art. 24, § 3º, da Constituição. II – A jurisprudência do STF firmou orientação no sentido
de que, mesmo antes da EC 42/03 – que incluiu o § 6º, II, ao art. 155 da CF –, já era per-
mitida a instituição de alíquotas de IPVA diferenciadas segundo critérios que não levem
em conta a capacidade contributiva do sujeito passivo, por não ensejar a progressividade
do tributo. É o que se observa no caso dos autos, em que as alíquotas do imposto foram
estabelecidas em razão do tipo e da utilização do veículo. III – Agravo regimental impro-
vido. (STF-RE 601247 AgR/RS)
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
RESUMO
Essa seção é destinada à revisão dos principais pontos tratados em aula.
A primeira parte traz a revisão por meio de perguntas e palavras-chave, na segunda parte
temos tabelas e desenhos esquemáticos.
Escolha qual a sua melhor maneira de fixar a matéria e mãos à obra!!
Qual a diferença entre Direito Financeiro, Ciência das Finanças e Direito Tribu-
tário?
• Direito Financeiro: conjunto de normas jurídicas que disciplinam a atividade financeira
do estado.
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Introdução ao Direito Financeiro
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Atividade Financeira
do Estado
i)apossamento de
bens decorrentes
de guerra;
Forma de atualmente, tais
ii)requisição de
realização da atividades são
bens e serviços
atividade estatal realizadas
dos súditos;
iii)colaboração
honorífica.
.
Atividade
financeira do
estado
conjunto de
ações
desempenhadas
pelo Estado
para criar,
adquirir, gerir e
despender
recursos
com o fim de
suprir as
necessidades
humanas
coletivas, de
natureza pública.
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Estado Patrimonial
Estado Fiscal
Estado de Polícia Minimalista
Evolução da
atividade financeira
estatal
Estado fiscal Estado Social Fiscal
Estado Democrático
Estado Socialista
e Social de Direito
atuação do
Receita Estado de
Direito
derivada forma
Tributário
coercitiva (ex:
tributos)
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Introdução ao Direito Financeiro
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Legalidade
somente pode haver gasto de dinheiro público mediante prévia
Art. 48, inciso II, da CF.
autorização legislativa.
Art. 165, caput, da CF.
a distribuição de receitas e despesas, bem como as
Art. 167, incisos II, III, V,
normas relativas às metas e diretrizes a serem seguidas
VI, VIII e §3º da CF.
pela Administração devem ser precedidas de aprovação
legislativa
Transparência
todos os atos que impliquem gastos e recebimento de receitas Art. 48 e 48-A da LRF.
deverão ser publicizados.
Responsabilidade fiscal
todos os gastos públicos devem observar limites previstos
Art. 11 da LRF
na lei, sob pena de acarretar sanções ao ente público que as
descumprir
Especialidade dos incentivos fiscais
qualquer incentivo tributário ou fiscal depende de lei específica
Art. 150, §6 da CF.
do ente político competente, salvo a concessão e revogação de
incentivos de ICMS
Economicidade
exige que se realize o máximo das necessidades públicas
Art. 70, da CF.
mediante o uso do mínimo de receitas possível, ou seja, o gasto
público deve ser eficiente, do ponto de vista econômico.
Impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
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DISCIPLINA NORMATIVA
=>Art. 62: veda a edição de medidas provisórias sobre determinados
temas e sobre matérias reservadas à lei complementar.
=>Arts. 163 e 165§9: matérias reservadas à lei complementar:
finanças públicas;
dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e
demais entidades controladas pelo Poder Público;
concessão de garantias pelas entidades públicas;
emissão e resgate de títulos da dívida pública;
fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das
voltadas ao desenvolvimento regional
Constituição Federal dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração
e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e
da lei orçamentária anual (não foi criada, aplica-se o art. 35 do ADCT no
âmbito federal)
estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração
direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento
de fundos.
dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos
que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos,
cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter
obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.
=>Arts. 165, caput: matérias que serão objeto de lei ordinária:
o plano plurianual;
as diretrizes orçamentárias;
os orçamentos anuais
Lei Federal n.
Estabelece normas gerais de Direito Financeiro e sobre elaboração e
4.320/1964: status
controle dos orçamentos e balanços.
de lei complementar
Lei Complementar
Estabelece normas atinentes à responsabilidade na gestão fiscal.
101/00- Lei de
Prevalece em caso de conflito com a Lei n.4320/64, aplicando-se o
Responsabilidade
princípio cronológico.
Fiscal
Jurisprudência sobre
ADI 1726/DF, ADI 377457/PR e ADI 2238/MC.
o tema
Aqui encerramos a parte teórica da nossa primeira aula. Não deixe de resolver as questões
a seguir para fixar os conhecimentos, e, se ficar alguma dúvida, entre em contato pelo fórum.
Grande abraço!
Natália Riche
@professora_nataliariche
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/PGE-AL/PROCURADOR DO ESTADO/2021) Uma das finalidades da atividade
financeira do Estado é
a) o custeio das necessidades coletivas.
b) a intervenção no domínio econômico.
c) o custeio do poder normativo.
d) a preservação da livre iniciativa.
e) o custeio de atividades privadas.
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c) um ramo do Direito Administrativo, porque, além de ser regulado pelos princípios administra-
tivos, a organização dos serviços públicos, relacionados com a atividade financeira do Estado,
é objeto do Direito Administrativo.
d) um ramo do Direito Econômico e tem por objeto a instituição, arrecadação e destinação das
receitas não tributárias, mas, no tocante às receitas tributárias, é o Direito Tributário que cuida
do aspecto da destinação delas.
e) um ramo do Direito Público e seu objeto é o conjunto de princípios e normas jurídicas que
se relaciona com a atividade financeira do Estado, ou seja, com as despesas públicas, receitas
públicas, orçamento público e créditos públicos.
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c) finanças públicas; estabelecimento dos orçamentos anuais; dívida pública externa e interna,
incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; es-
tabelecimento das diretrizes orçamentárias; concessão de garantias pelas entidades públicas.
d) emissão e resgate de títulos da dívida pública; estabelecimento de normas de gestão fi-
nanceira e patrimonial da Administração direta e indireta; fiscalização financeira da Adminis-
tração pública direta e indireta; operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades dos
Municípios.
e) compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas
as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional;
estabelecimento do plano plurianual; dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; o estabelecimento das diretri-
zes orçamentárias; concessão de garantias pelas entidades públicas.
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Introdução ao Direito Financeiro
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027. (FCC/AL- PE/2014) De acordo com a Constituição Federal, a competência da União para
legislar sobre Direito Financeiro e Orçamento:
a) é concorrente com a dos Estados e do Distrito Federal, no que diz respeito a estabelecer
normas específicas ou gerais de direito financeiro e orçamento.
b) é concorrente com a dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observadas as
restrições decorrentes de tratados e convenções firmados entre Brasil e Organizações In-
ternacionais.
c) é suplementar, desde que não tenha sido exercida pelos Estados ou pelos Municípios, ob-
servadas, quando for o caso, as restrições decorrentes de compromissos firmados com países
estrangeiros e organismos internacionais.
d) é limitada a estabelecer normas gerais sobre direito financeiro e orçamento no âmbito mu-
nicipal, exceto no que concerne aos assuntos que tiverem sido objeto de acordo com organis-
mos internacionais.
e) se não exercida para editar lei federal sobre normas gerais, permitirá que os Estados exer-
çam sua competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades.
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Julgue o item:
São princípios insculpidos na Lei 4.320 e que devem ser obedecidos: unidade orçamentária,
universalidade, generalidade e anualidade.
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Introdução ao Direito Financeiro
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GABARITO
1. b 37. E
2. C 38. e
3. E 39. e
4. c 40. C
5. e 41. E
6. c 42. e
7. E
8. E
9. E
10. E
11. E
12. d
13. a
14. b
15. b
16. C, C, C, C
17. c
18. c
19. E
20. b
21. d
22. d
23. c
24. c
25. b
26. E
27. e
28. c
29. c
30. d
31. b
32. d
33. e
34. C
35. E
36. a
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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/PGE-AL/PROCURADOR DO ESTADO/2021) Uma das finalidades da atividade
financeira do Estado é
a) o custeio das necessidades coletivas.
b) a intervenção no domínio econômico.
c) o custeio do poder normativo.
d) a preservação da livre iniciativa.
e) o custeio de atividades privadas.
Já vimos que de fato a Lei 4.320/64 é uma lei federal que foi editada como lei ordinária, mas re-
cepcionada, em grande parte, pela nossa Constituição como lei complementar (ADI 1726-STF).
Da mesma forma, o principal objetivo da lei é regulamentar as normas gerais sobre elaboração
e controle dos orçamentos e balanços.
Certo.
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DIREITO FINANCEIRO
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Basta lembrar que o campo de atuação do Direito Financeiro é justamente disciplinar a ativida-
de financeira do estado e que essa atividade consiste em ações voltadas à criação, gestão e
gasto dos recursos públicos a fim de atender necessidades coletivas de natureza pública
Letra c.
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e) um ramo do Direito Público e seu objeto é o conjunto de princípios e normas jurídicas que
se relaciona com a atividade financeira do Estado, ou seja, com as despesas públicas, receitas
públicas, orçamento público e créditos públicos.
Por outro lado, o Direito Financeiro estuda os fenômenos financeiros positivados, pois se trata
do conjunto de normas jurídicas que disciplinam a atividade financeira do estado.
O item B nos remete à diferença entre Direito Financeiro e Direito Tributário. Essas questões
são recorrentes e tentam confundir a abrangência desses dois ramos do Direito.
Lembre-se que existem dois tipos de receita – originária (decorrente da exploração do patrimô-
nio do Estado) e derivada (decorrente da atuação do Estado de forma coercitiva, por exemplo,
mediante a cobrança de tributos). Essa última é objeto do Direito Tributário.
Em linhas gerais, temos que o direito financeiro abarca a atividade financeira do estado, in-
cluindo as receitas públicas, juntamente com o crédito público, as despesas e o orçamento
público. Por outro lado, o Direito Tributário estuda apenas parte dessa receita, ou seja, a receita
tributária (derivada).
Por fim, vimos também que o Direito Financeiro não faz parte do Direito Econômico ou do Direi-
to Administrativo, embora algumas questões aproximem esses ramos do direito.
Letra e.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
Art. 164, § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
b) Errada. O prazo constitucional para publicação do relatório é de 30 dias. Lembre-se que esse
artigo é um exemplo da aplicação do princípio da transparência.
Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
Como vimos, o princípio da transparência pode ser inferido do art. 37, que prevê a publicidade
como um dos princípios aplicáveis à Administração Pública.
Assim, a publicidade é apenas uma das formas de se concretizar a transparência, pois possi-
bilita a fiscalização das contas públicas por diversos meios.
Errado.
Já vimos que existem dois tipos de receita – originária (decorrente da exploração do patrimô-
nio do Estado) e derivada (decorrente da atuação do Estado de forma coercitiva, por exemplo,
mediante a cobrança de tributos).
Errado.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIO-
NALIDADE. LEI MUNICIPAL. INICIATIVA DE LEI. COMPETÊNCIA CONCORRENTE AINDA
QUE DECORRA ALGUM BENEFÍCIO FISCAL. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.
1. Esta Corte possui entendimento pacificado no sentido de que é de iniciativa concorrente
o projeto de lei que trata de matéria tributária, ainda que exista proposta com o intuito de
concessão de benefício fiscal. Precedentes: ADI n. 727, Plenário, Relator o Ministro Celso
de Mello, ADI n. 2.464, Plenário, Relatora a Ministra Ellen Gracie; RE n.667.894, Relator o
Ministro Gilmar Mendes, RE n. 583.116, Relator o Ministro Dias Toffoli. (STF- RE 626570
MG-DJ em 08/05/12)
Errado.
De acordo com esse princípio, todos os gastos públicos devem observar limites previstos na
lei, sob pena de acarretar sanções ao ente público que as descumprir.
Veja alguns exemplos:
LC 101/00 (LRF)
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decre-
to-Lei 2.848/1940 - (Código Penal); Lei 1.079/1950 (Crimes de Responsabilidade); Decreto-Lei
201/1967 - (Crimes de responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores); Lei 8.429/1992 - (Lei de
Improbidade Administrativa) e demais normas da Legislação Pertinente.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia au-
torização legislativa. Parágrafo Único - Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza
operação de crédito, interno ou externo: I - com inobservância de limite, condição ou montante
estabelecido em lei ou resolução do Senado Federal; II - quando o montante da dívida consolidada
ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
Errado.
A não vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa é uma vedação constitu-
cional que comporta exceções, portanto, não se trata de princípio absoluto.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
A atividade financeira nada mais é que o conjunto de ações desempenhadas pelo Estado, com
o fim de criar, adquirir, gerir e despender recursos para suprir as necessidades humanas cole-
tivas, de natureza pública.
Dessa forma, a atividade financeira está vinculada à diversas atividades e não somente à pres-
tação de serviços públicos. Vejam que é possível que os entes exerçam outras atividades,
como a atuação na ordem econômica, a fim de obter receitas que cubram os custos com a
prestação desses serviços públicos.
Além da possibilidade de intervenção no domínio econômico, por meio do poder normativo
estatal, o exercício do poder de polícia também permite a obtenção de receitas.
b) Errada. Tal competência será exercida pelo Bacen.
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco Cen-
tral.
c) Errada. O art. 168 da CF prevê que os créditos suplementares e especiais estão compreen-
didos no repasse.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, apli-
cação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Letra d.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
a) Certa Vimos que a atividade financeira constitui conjunto de meios utilizados pelo Estado
para obtenção de valores pecuniários e realização de gastos, visando à execução de necessi-
dades públicas. Nesse contexto, fica claro que a atividade financeira tem um papel nitidamen-
te instrumental, caracterizando-se como uma atividade meio para consecução dos objetivos
do estado.
b) Errada. O superávit não é o único objetivo do estado, pois a atividade financeira busca a
consecução das necessidades públicas, conforme vimos no item
c) Errada. A exploração direta da atividade econômica pelo estado é a exceção, sendo autori-
zada somente nos casos abaixo:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade eco-
nômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou
a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
d) Errada. O art. 173, § 2º, é expresso no sentido de que as empresas públicas e as sociedades
de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Letra a.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
Essa questão foi colocada apenas para revisarmos as fontes e para fazermos algumas ressal-
vas quanto ao gabarito indicado como correto.
Inicialmente, vamos lembrar do esquema abaixo:
CF(arts.70-75,157-
169)
Leis complementares
(art 163 e 165, §9 da
CF): Lei 4.320/64 e
Primárias: leis e LRF
Formais estatutos normativos
com vigor de lei
Leis ordinárias Ex:
PPA, LDO, POA
MP*(créditos
extraordinários-
167,§3 da CF)
Decretos
Decisões
administrativas
(Tribunais de Contas)
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Introdução ao Direito Financeiro
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No que refere às leis delegadas, com respaldo em vários manuais de Direito Financeiro, pode-
mos afirmar que não são fontes do direito financeiro (ex: Manual de Direito Financeiro. Harri-
son Leite. Editora Juspodvm. 4ª edição).
Ocorre que a Banca considerou o item B como correto, ou seja, as leis delegadas seriam fonte
de direito financeiro.
Dessa forma, é muito importante que você observe, no caso de questões objetivas, o conteúdo
dos outros itens, já que existem autores que incluem as leis delegadas como fonte, afirmando
que isso de daria de modo restrito. A título de exemplo, cito Ricardo Lobo Torres.
Por sua vez, as medidas provisórias poderão ser fonte de direito financeiro, excepcionalmente.
Lembre-se da previsão do art. 167, §3 que trata dos créditos adicionais.
Letra b (com a ressalva apontada no comentário).
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
Natalia Riche
O item III está correto. Lembre-se que o princípio do equilíbrio determina que exista igualdade
entre receitas e despesas, ou seja, o montante estimado para as receitas (entradas) e despe-
sas (saídas) deve ser o mesmo.
Fala-se em igualdade do montante estimado, portanto, isso não significa que ao final da gestão
(exercício financeiro) os valores devem ser iguais.
De fato, existe a vinculação mencionada no item, entre obtenção de receitas de impostos e
despesas previstas.
O item IV está correto, conforme literalidade do art. 167 XI da CF.
Certo, certo, certo, certo.
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DIREITO FINANCEIRO
Introdução ao Direito Financeiro
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Os itens I e II estão corretos. Lembre-se de que o direito financeiro abarcará a atividade finan-
ceira do estado, incluindo as receitas públicas, juntamente com o crédito público, as despesas
e o orçamento público. Por outro lado, o Direito Tributário estuda apenas parte dessa receita,
ou seja, a receita tributária (derivada), portanto, é mais restrito.
O item III está correto. Como afirmado acima, existem dois tipos de receita (classificação quan-
to a origem): i)derivadas, que decorrem do poder coercitivo do estado, tendo como principais
exemplos impostos, multas etc e ii) originárias, que decorrem da exploração do patrimônio do
próprio estado (a exemplo dos alugueis de prédios públicos).
O item IV está incorreto. A parte que se refere à sistematização da CF está correta, entretanto,
não existe a distinção rígida entre essas duas matérias. Como vimos, o direito financeiro e o
direito tributário tem alguns pontos em comum e outros que os distanciam. Ademais, o fato de
a repartição das receitas tributárias constar do título tributação e orçamento, em uma seção
dentro do capítulo sistema tributário nacional de tributação não significa que seja um tema
próprio do direito tributário já que tal tema está ligado às relações entre os entes governamen-
tais e não entre os contribuintes.
Letra c.
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Introdução ao Direito Financeiro
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Conforme vimos, segundo o jurista Ricardo Lobo Torres, o Direito Financeiro é justamente
Portanto, o direito financeiro consiste no ramo do direito público que tem como objeto es-
tudar a atividade financeira do estado, compreendendo receita, despesa, orçamento e crédi-
to públicos.
Lembre-se, por fim, que o direito financeiro é tratado pela CF no capítulo “DAS FINANÇAS PÚ-
BLICAS”. (art. 163 e ss).
Por sua vez, o Sistema Financeiro nacional é tratado em capítulo próprio (art, 192 e ss).
Errado.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
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Introdução ao Direito Financeiro
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Art. 163 Lei complementar disporá sobre:
I – finanças públicas
V – fiscalização financeira da administração pública direta e indireta.
Letra b.
a) Errada. A competência para legislar sobre direito financeiro é concorrente, nos termos do
art. 24, I da CF.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
b) Errada. De fato, pela interpretação literal do art. 24, I, os municípios não possuem competên-
cia concorrente para legislar sobre direito financeiro.
Dentre os fundamentos para negar tal competência aos municípios destaco:
• não cabe legislação suplementar municipal que trate de normas gerais, pois nos termos
do art. 24,§3, essas normas somente poderão ser federais ou estaduais. Assim, a com-
petência do município não é autônoma, pois irá suplementar uma lei prévia da União ou
dos estados.
• a expressão “no que couber “ significa que uma das condições para que o município
exerça competência suplementar é a existência de interesse local.
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Introdução ao Direito Financeiro
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Entretanto, embora a Constituição não mencione os municípios no caput do artigo 24, a doutri-
na majoritária entende que eles podem legislar sobre direito financeiro, baseando-se em uma
interpretação sistemática do art. 30, II, da CF (“ compete aos municípios suplementar a legisla-
ção federal e estadual, no que couber”) e também na possibilidade de o Executivo e o Legisla-
tivo Municipal elaborarem e aprovarem suas leis orçamentárias.
c) Errada. Contraria a previsão do art. 99 da CF:
d) Certa. A lei 4320.64 é uma Lei Federal, originalmente ordinária, que foi recepcionada, em
grande parte, pela atual Constituição e ganhou status de lei complementar (ADI 1726-STF).
e) Errada. Os temas constantes na afirmativa serão tratados por meio de LC, nos termos do art.
163 da CF:
Não é necessariamente a LRF que tratará sobre os temas mencionados na assertiva, mas sim
Lei Complementar. É o que preceitua o artigo 163 da Constituição.
Ademais, lembre-se do entendimento do STF no sentido de que a matéria constante do art. 163
pode ser regulada por lei complementar de maneira fragmentada, não havendo necessidade de
que uma única lei discipline todo o teor do art. 163. (STF,ADI 2.238-MC).
Letra d.
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Introdução ao Direito Financeiro
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c) finanças públicas; estabelecimento dos orçamentos anuais; dívida pública externa e interna,
incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; es-
tabelecimento das diretrizes orçamentárias; concessão de garantias pelas entidades públicas.
d) emissão e resgate de títulos da dívida pública; estabelecimento de normas de gestão fi-
nanceira e patrimonial da Administração direta e indireta; fiscalização financeira da Adminis-
tração pública direta e indireta; operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades dos
Municípios.
e) compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas
as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional;
estabelecimento do plano plurianual; dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; o estabelecimento das diretri-
zes orçamentárias; concessão de garantias pelas entidades públicas.
Para responder a essa questão, basta ter conhecimento do art. 163 da Constituição Federal.
Mesmo que você não se recorde de todos os incisos desse artigo, seria possível achar a res-
posta por eliminação, já que o art. 165, caput, prevê que o plano plurianual, bem como os
orçamentos e diretrizes orçamentárias serão previstos em lei ordinária. Assim, já poderíamos
excluir os itens A, B C e E, restando apenas o D como resposta correta.
Confiram:
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Introdução ao Direito Financeiro
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I – Lei ordinária federal disporá sobre concessão de garantias pelas entidades públicas e emis-
são e resgate de títulos da dívida pública.
II – A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco cen-
tral, sendo permitida a concessão indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer
órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
III – O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o
objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II e III.
b) I e III.
c) III.
d) II
e) I
O item I está incorreto, pois trata-se de matéria cuja iniciativa é reservada à lei complementar
(art. 163, III e IV da CF).
O item II está incorreto, na parte final.
O art. 164, §1 da CF realmente prevê que a competência da União para emitir moeda será exer-
cida exclusivamente pelo banco central, entretanto, o §1 veda que o banco central conceda,
direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que
não seja instituição financeira.
O item III está correto. Trata-se da literalidade do art. 163, §2 da CF. Confiram:
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o obje-
tivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
Letra c.
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Introdução ao Direito Financeiro
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d) A Lei Orçamentária Anual – LOA compreende o orçamento fiscal (relativo a receita e despe-
sa) de todos os poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta, exceto instituídas e mantidas pelo Poder Público.
e) A iniciativa das leis orçamentárias é atribuída aos Poderes Executivo e Legislativo dos entes
federativos.
a) Errada. Trata do conteúdo do PPA e não da LDO, nos termos do art. 165, §1 da CF.
b) Errada. Traz o conceito da LDO e não do PPA, conforme art. 165. §2 da CF. Vale lembrar que
a questão foi elaborada antes da EC 109/21 que alterou o §2.
c) Certa. O art. 165, caput, prevê que o PPA, a LDO e a LOA serão objeto de lei ordinária. Por sua
vez, o art. 165,§9 dispõe que caberá à lei complementar dispor sobre o exercício financeiro, a
vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orça-
mentárias e da lei orçamentária anual.
d) Errada. O art. 165, §5, I inclui as fundações no conteúdo do orçamento fiscal.
e) Errada. Contraria os arts.165, caput, 84, XXIII e 61,§1 da CF que dispõem que a iniciativa é
do poder executivo.
Letra c.
Nos termos do art. 165 da CF, tais leis são de iniciativa apenas do poder executivo, portanto,
não há que se falar em iniciativa do legislativo ou em iniciativa concorrente entre executivo e
legislativo, o que torna as demais assertivas incorretas.
Lembre-se, ainda, de que PPA, LDO e LOA são objeto de lei ordinária, pois a CF não prevê reser-
va de lei complementar nesses casos.
Letra b.
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No âmbito da competência concorrente, se a União não editar normas gerais, os estados pode-
rão exercer a competência legislativa plena (mais uma vez, a leitura do artigo 24 da CF resolve
a questão). Entretanto, se houver superveniência de lei federal, haverá suspensão da eficácia
da lei estadual e não revogação.
Da mesma forma, não há que se falar em revogação da norma federal pela estadual. Observe
que ambos os entes podem legislar sobre a matéria ao mesmo tempo, dentro da competência
que a CF lhes confere e que somente haverá suspensão de eficácia nos casos de conflito.
Errado.
027. (FCC/AL- PE/2014) De acordo com a Constituição Federal, a competência da União para
legislar sobre Direito Financeiro e Orçamento:
a) é concorrente com a dos Estados e do Distrito Federal, no que diz respeito a estabelecer
normas específicas ou gerais de direito financeiro e orçamento.
b) é concorrente com a dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observadas as
restrições decorrentes de tratados e convenções firmados entre Brasil e Organizações In-
ternacionais.
c) é suplementar, desde que não tenha sido exercida pelos Estados ou pelos Municípios, ob-
servadas, quando for o caso, as restrições decorrentes de compromissos firmados com países
estrangeiros e organismos internacionais.
d) é limitada a estabelecer normas gerais sobre direito financeiro e orçamento no âmbito mu-
nicipal, exceto no que concerne aos assuntos que tiverem sido objeto de acordo com organis-
mos internacionais.
e) se não exercida para editar lei federal sobre normas gerais, permitirá que os Estados exer-
çam sua competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer nor-
mas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplemen-
tar dos Estados.
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§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.
Letra e.
Art.. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - Direito tribu-
tário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.
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A questão foi formulada com base na literalidade do artigo 163 da Constituição Federal. Ob-
serve que é bastante comum que as bancas cobrem questões literais nas provas e, portanto, é
importante estar com os principais artigos na ponta da língua:
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Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer nor-
mas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplemen-
tar dos Estados.
Letra d.
Lembre-se de que a atividade Financeira do Estado se baseia em quatro pontos: obter recur-
sos (por meio de receitas ou empréstimos/crédito público); gerir tais recursos e despendê-los
a fim de atender as necessidades coletivas, portanto, é mais ampla no seu objeto (cuida de
quaisquer receitas públicas, inclusive as tributárias) do que a atividade tributária. Assim, as
alternativas A e D estão incorretas, já que limitam o objeto da atividade financeira.
A instrumentalidade significa que a obtenção de recursos não é atividade fim, mas um meio
para se chegar ao objetivo do poder público, qual seja, a satisfação das necessidades públicas.
Letra b.
a) Errada. Busca fazer uma comparação entre direito financeiro e tributário. Ocorre que o item
torna-se falso quando afirma que toda a receita arrecadada é regrada pelo direito tributário,
uma vez que a receita originária (obtida por meio da exploração do patrimônio do próprio
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Estado) é objeto do direito financeiro, enquanto a receita derivada (obtida pelo Estado median-
te sua autoridade coercitiva, como tributos e multas) é objeto do direito tributário.
b) Errada. Fala em orçamento privado, que não é objeto do direito financeiro.
c) Errada. Tenta confundir o objeto do direito tributário, com o objeto do direito financeiro.
Como já vimos, a regulamentação da instituição de tributos está no campo do direito tributário
d) Certa. Traz todos os elementos da atividade financeira do estado. Por essa mesma razão, o
item E está incorreto, já que reduz o objeto do direito financeiro ás receitas e despesas públicas.
Letra d.
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Cabe à lei complementar dispor sobre dívida pública externa e interna, incluída a das autar-
quias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público.
Embora exista a previsão no art. 165 de que cabe à lei complementar, dispor sobre o exercício
financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de
diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual, ainda não houve a aprovação de uma
lei complementar que trate de todas essas matérias, por isso a questão foi dada como falsa
pela banca.
Ex.: art. 35, §2º, do ADCT.
Errado.
Observe que, acerca da competência para legislar sobre direto financeiro, quase todas as ques-
tões cobram a literalidade da lei. Sobre esse item, o artigo 163 dispõe:
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No âmbito da competência concorrente, se a União não editar normas gerais, os estados pode-
rão exercer a competência legislativa plena (mais uma vez, a leitura do artigo 24 da CF resolve
a questão). Entretanto, se houver superveniência de lei federal, haverá suspensão da eficácia
da lei estadual e não revogação.
Da mesma forma, não há que se falar em revogação da norma federal pela estadual. Observe
que ambos os entes podem legislar sobre a matéria ao mesmo tempo, dentro da competência
que a CF lhes confere e que somente haverá suspensão de eficácia nos casos de conflito.
Errado.
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Está correta a letra E, pois a Lei n. 4.320/64 foi recepcionada com status de Lei Complementar
(ADI1726).
Letra e.
Art. 48-A.Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação
disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclu-
sive referente a recursos extraordinários.
Letra e.
Observe que o princípio da Legalidade está previsto no art. 5º, II, CF:
Art. 5º, II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
A aplicação desse princípio no âmbito do direito financeiro pode ser vista no artigo 167, I, da CF:
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O item III está correto. O fundamento está no art. 167, IV da CF. Confira:
São vedados:
O item IV está correto. Lembre-se que o princípio do equilíbrio determina que exista igualdade
entre receitas e despesas, ou seja, o montante estimado para as receitas (entradas) e despe-
sas (saídas) deve ser o mesmo.
Fala-se em igualdade do montante estimado, portanto, isso não significa que ao final da gestão
(exercício financeiro) os valores devem ser iguais.
De fato, existe a vinculação mencionada no item, entre obtenção de receitas de impostos e
despesas previstas.
Notem que não existe previsão constitucional para o equilíbrio, todavia, algumas disposições
da LRF indicam que ele deve ser utilizado como uma das metas na elaboração dos orçamentos.
A título de exemplo, citamos o artigo 4, inciso I, alínea a, da LRF:
O artigo 9 da LRF também consagra o princípio, ao dispor que as despesas deverão acompa-
nhar a evolução das receitas, caso contrário, deverá haver limitação de empenho.
Na verdade, pode-se dizer que após a edição da LRF, o princípio do equilíbrio busca alcan-
çar o chamado Equilíbrio Fiscal, ou seja, as receitas arrecadadas internamente devem superar
as despesas executadas, de modo que o saldo possa ser utilizado para pagamento da dívi-
da pública.
Da mesma forma, o princípio resta implícito no art. 167, III da CF (regra de ouro):
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REFERÊNCIAS
Natalia Riche
Procuradora da Fazenda Nacional. Chefe da Divisão de Defesa da Primeira Instância da PRFN da Primeira
Região. Possui especialização em Direito Público. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em
DireitoTributário, Financeiro e Econômico. Atuou como membro do Núcleo de Estudos Constitucionais
(UniCeub) e do Grupo de Pesquisa Direito e Democracia no Pensamento de Peter Häberle (IDP). Trabalhou
como voluntária no United Nations Women´s Guild, em Viena (tradutora de projetos).
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