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DESENVOLVIMENTO
HUMANO
AULA 3
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CONVERSA INICIAL
e o complexo de Édipo, bem como algumas características das pulsões parciais que compõem a
libido.
Exploraremos a fase oral, anal, fálica, de latência e genital, para, ao final, na sessão “Na
infantilismo das pulsões parciais se verifica em traços da sexualidade normal e patológica. As fases
também, na sexualidade do adulto. Assim, o adulto portará para sempre o infantil que o
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mas nunca abandonarão seus intentos de retorno ao prazer primordial, agora elaborado
desenvolve atravessada pelos cinco estágios: a fase oral, anal, fálica, de latência e genital.
Essa energia tem sua fonte nas zonas erógenas, é uma energia sexual e é o componente da vida
psíquica humana. Para Freud, o movimento produzido na alma é causado pela libido, que se
encontra distribuída desorganizadamente no corpo da criança e só em um momento posterior
encontra uma organização que a orientará na busca da satisfação sexual. (Furtado; Vieira, 2014,
p. 97)
sucedem. “Não há nenhum tipo de superação ou prolongamento de uma fase na outra” (Furtado;
Não há cumulatividade de estruturas, tal como acontece na teoria de Jean Piaget (2001),
corpo da criança adquirem privilégio em relação aos outros. Isso não implica que outros
impulsos não possam estar atuando ao mesmo tempo ou que os anteriores tenham sido
Esse é, sem dúvida, um traço bastante distinto desse segmento da teoria freudiana no que
tange ao desenvolvimento humano. Tanto no que concerne ao desenvolvimento filogenético, em
que as fases atravessadas pela humanidade em termos evolutivos não teriam sido superadas, mas
até mesmo incorporadas pelas fases seguintes, numa concatenação coesa e bem resolvida. Até
mesmo a idade cronológica das fases se interpenetram e, mais do que isso, coexistem durante o
desenvolvimento subsequente. A pulsão sexual, ou libido, vai sendo balizada pela superposição de
fases que passam a coexistir sempre numa relação mediada pelo outro:
inúmeros livros de psicologia do desenvolvimento, podemos afirmar com Freud e outros autores
que a psicanálise não é desenvolvimentista. Segundo Freud (1938/1987), as fases da
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organização libidinal se superpõem umas às outras, não havendo este caráter de superação da
fase anterior para se ascender a um estágio mais evolutivo. Trata-se de uma teoria da
constituição do sujeito, onde as pulsões parciais são organizadas a partir dos modos de
articulação da criança com o Outro. (Furtado; Vieira, 2014, p. 96)
Trata-se, no processo de desenvolvimento psicossexual, das vicissitudes que a libido vai sendo
Salientamos que esses impulsos que são originados nas zonas erógenas são denominados de
pulsões. Essas pulsões estão situadas na fronteira entre o corpo e a psique dos indivíduos e
sempre fazem pressão para obterem satisfação. A satisfação está sempre em parte relacionada
ao próprio corpo e em parte aos objetos externos. Elas funcionam independentemente umas das
outras e por isso são chamadas de pulsões parciais. Seus objetos podem ser os mais variáveis
possíveis e elas podem encontrar diversos tipos de satisfação. Entretanto, a frustração dessas
pulsões é que vai determinar como as pessoas se relacionam com os outros e com a cultura. Daí
a importância da educação como agente civilizatório, pois é através da educação que a criança
passa a tentar ter um domínio sobre esses impulsos, sejam eles sexuais ou agressivos. É através
da internalização das diversas proibições dirigidas a esses impulsos que a criança aprende a lidar
com seus limites e aprende a conviver em sociedade. (Furtado; Vieira, 2014, p. 100)
amamentação desperta suas primeiras e mais significativas experiências de prazer. Pela boca, ele
experimenta não apenas o prazer da alimentação e de saciedade, mas o prazer extraído do seio e
da própria boca que se tornará, na fase oral, a zona erógena de primazia na sua relação com o
mundo e o outro.
A criança passa então a explorar o mundo pela via oral, como se a boca se transformasse numa
janela para o mundo, e a experimentação a precipita a toda sorte de sabores e dissabores. Com o
seio ou o seu substituto, “adquire-se não só a satisfação da fome, mas da vontade de comer. O
seio é acompanhado por um conjunto de elementos (voz, olhar, calor, carícia, proteção...) que
constituem também suas primeiras relações com a mãe (Outro)” (Furtado; Vieira, 2014, p. 96).
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vindas da mãe, suas demoras, recusas, e a essas experiências de frustração a criança reage
substituindo o seio materno pelo dedo, mão, pé, chupeta etc. Ou seja, a satisfação experimentada
ao mamar, segundo Freud, será a matriz de uma satisfação que nela se ampara, porém a ela não se
restringe – o chupar.
A primeira de tais organizações sexuais pré-genitais é a oral ou, se assim preferirmos, canibal.
Nela a atividade sexual ainda não se encontra separada da ingestão de alimentos, correntes
opostas ainda não estão diferenciadas em seu interior. O objeto das duas atividades é o mesmo,
a meta sexual consiste na incorporação do objeto, no modelo daquilo que depois terá, como
identificação, um papel psíquico relevante. Um resíduo dessa fase de organização que a
patologia nos leva a supor pode ser o ato de chupar o dedo, no qual a atividade sexual,
desprendida da atividade da alimentação, trocou o objeto externo por um do próprio corpo.
Freud define essa atividade de chupar como sendo uma atividade de sugar com deleite:
rítmica, com a boca (os lábios), sem a finalidade da alimentação. São tomados como objeto da
sucção uma parte do próprio lábio, a língua ou qualquer outro local da pele que esteja ao alcance
– até mesmo o dedão do pé. Nisso aparece um instinto de agarrar que se manifesta, digamos,
no ato de puxar simultaneamente, de forma rítmica, o lobo da orelha, podendo recorrer a uma
parte do corpo de outra pessoa (em geral a orelha) para o mesmo fim. A sucção deleitosa
fricção de algumas partes sensíveis do corpo, como o peito ou os genitais externos. Por essa via,
Essa atividade de chupar, de obter satisfação com a boca, “sem a finalidade da alimentação”
se estende do seio para outros membros e destes para os objetos do mundo sensível,
externo para a criança que, inadvertidamente, leva a boca praticamente tudo que esteja ao seu
alcance.
Quem vê uma criança largar satisfeita o peito da mãe e adormecer, com faces rosadas e um
sorriso feliz, tem que dizer que essa imagem é exemplar para a expressão da satisfação sexual
nutrição, uma necessidade que é inevitável, quando os dentes aparecem e a alimentação não é
mais exclusivamente sugada, e sim mastigada. A criança não se utiliza de um objeto exterior
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para sugar, mas sim de uma área da própria pele, porque isso lhe é mais cômodo, porque assim
independe do mundo externo que ainda não consegue dominar, e por que dessa maneira cria
praticamente uma segunda zona erógena, embora de valor menor. (Freud, [1901-1905], 2016,
p. 86)
Essa experiência autoerótica irá aos poucos se deslocando para os objetos do mundo sensível
e possibilitando os primeiros traços de divisão entre o sujeito e os objetos, entre o eu e o não eu:
Outro elemento importante para ser destacado nesta fase oral da vida sexual infantil é que a
primeira relação com os objetos é marcada pela oposição dentro-fora. Todos aqueles objetos
que se mostram agradáveis são incorporados pela criança e os desagradáveis são expulsos [...]
Nos termos freudianos, os objetos de satisfação são incorporados ao eu e aqueles desagradáveis
são expulsos, ou seja, a relação do sujeito com o mundo é marcada pela oposição entre o eu e o
não eu (mundo dos objetos não agradáveis. (Furtado; Vieira, 2014, p. 98)
Um comportamento que emerge a partir dessa relação mediada pela boca entre o eu e o não
eu, o sujeito e os objetos, é o de agressividade. A criança satisfaz sua pulsão oral com a
compressão dos músculos da mandíbula naquilo que se chamou de fase “oral-sádica”, em que se
A satisfação oral não será mais abandonada e muitas serão as possibilidades de extração de
satisfação da boca, por exemplo, o beijo. Nesse caso, a pulsão parcial oral se satisfaz conjugada às
demonstrações de afeto e, no adulto, bastante atrelada ao ato sexual dirigido. Porém, a pulsão oral
pode levar a outras experiências de satisfação não tão bem incorporadas ao comportamento sexual
À fase oral, segue-se uma segunda fase do desenvolvimento, proveniente de uma segunda
zona erógena:
O asseio do corpo infantil e as exigências culturais de higiene corporal também não acontecem
sem que adquiram importância para a criança, pois, afinal, outras partes do corpo entram em
jogo. Agora, uma modificação se impõe. Não é mais a criança que dirige um apelo a mãe, mas ao
contrário. É uma outra pessoa que dirige um pedido à criança para que ela regularize suas
funções excretórias. Inicia-se, então, a educação para o controle dos esfíncteres e a criança
passa a ter um papel ativo na relação com os seus novos objetos de prazer: as fezes. (Furtado;
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ser observado entre o primeiro e o terceiro ano de vida. Trata-se do momento em que o ânus
assume a primazia de zona erógena das pulsões parciais. Assim como a boca, o ânus é o tipo de
zona dita como predestinada, por Freud:
a localização da zona anal a torna adequada para favorecer um apoio da sexualidade em outras
funções do corpo. É de se presumir que a significação erógena dessa parte do corpo é muito
As transformações que Freud se refere serão dadas a partir das significações que irão adquirir
As crianças que utilizam a excitabilidade erógena da zona anal se revelam no fato de reter a
massa fecal até que esta, acumulando-se, provoque fortes contrações musculares e, na
passagem pelo ânus, exerça um grande estímulo na mucosa. Isso deve produzir, juntamente
com a sensação de dor, uma sensação de volúpia. Um dos melhores indícios de futura
reserva essa função para quando ele próprio desejar. O que lhe importa, naturalmente, não é
sujar o berço; ele apenas cuida para que não lhe escape o prazer secundário ligado à defecação.
desde o início da vida da criança, porém a zona anal assume a primazia de zona erógena
posteriormente devido a um fato novo. O principal evento que marca essa segunda etapa do
agora passam a demandar que a criança faça cocô nos lugares, com horas certas, e domine, assim,
o controle de seus esfíncteres. Esse treinamento envolve a expressão de aprovação ou não dos
pais, e, consequentemente, confere algum valor à massa fecal na manipulação do desejo dos pais
O conteúdo intestinal, sendo um corpo que estimula uma área de mucosa sexualmente sensível,
[...] constitui o primeiro "presente": através da liberação ou da retenção dele, o pequeno ser
pode exprimir docilidade ou desobediência ante as pessoas ao seu redor. A partir do significado
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de "presente", ganha posteriormente o de "bebê", que, segundo uma das teorias sexuais
infantis [...] é obtido pela alimentação e nasce pelo intestino. (Freud, [1901-1905], 2016, p. 92)
Ao presumir a grande significação dessa parte do corpo, Freud aponta para as transformações
A ligação que esta fase tem com a sexualidade adulta não encontra dificuldades de compreensão
quando admitimos que o ânus assume o papel de um órgão sexual. Outras práticas sexuais
relacionadas às fezes são conhecidas pela vida íntima de algumas pessoas (coprofilia, p.ex.),
entretanto estas práticas constituem variações específicas da vida sexual que são conhecidas
como perversões sexuais.
Esse “presente” que Freud se refere, e que são seus excrementos, não lhe são a princípio
repugnantes, a criança não tem nojo daquilo que produz, e como demonstra Freud, as crianças lhe
vão atribuindo diferentes valores, o que faz com que as fezes, ao longo do desenvolvimento
posterior, por deslocamento simbólico, mantenham uma relação com o dinheiro, e as relações
pecuniárias do adulto fica assim atrelada, em alguma medida, com essa fase do desenvolvimento.
Alguns traços de caráter e a relação perdulária ou avarenta dos adultos com o dinheiro costumam
ser vinculadas com a significação elaborada durante o período de atividade da sexualidade anal.
protagonista da atividade libidinal. Esse período é o chamado período fálico, em que os genitais,
bem como a diferença sexual, assumem o centro das atenções das crianças, “Nele se apresenta o
momento central que vai significar todas as outras vivências anteriores como relativas à
Em nota acrescentada aos “Três ensaios”, Freud referencia aquilo que fora um
1905:
[Nota acrescentada em 1924:] Depois, em 1923, eu próprio modifiquei essa exposição, inserindo
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fase que já merece a denominação de genital, que mostra um objeto sexual e algum grau de
convergência das correntes sexuais para esse objeto, mas se diferencia num ponto essencial da
Segundo Abraham [...] seu modelo biológico é a indiferenciada constituição genital do embrião,
igual em ambos os sexos. (Freud, [1901-1905], 2016, p. 110)
função da fantasia infantil de que todos, originalmente, possuam o órgão sexual masculino e que
alguns (as meninas) o perderam, como vimos anteriormente sobre o complexo de Édipo. A
referência à perda do pênis são as represálias ameaçadoras contra a masturbação infantil de que o
pênis lhe poderia ser cortado. A essa angústia, Freud denomina angústia de castração, ou seja, o
O pequeno Édipo encontra em seu pai o responsável por sua mãe se atrasar e desejar outras
coisas que não ele mesmo. Essas características, esses atributos que justificam e explicam para
Esse desenvolvimento sexual que “se manifesta de forma observável por volta dos três ou
quatro anos” (Freud, [1901-1905], 2016, p. 79), mas que desde o princípio já é posto a trabalho
pelas pulsões parciais pré-genitais arrefece ao final do conflito edipiano. As manifestações sexuais
Durante esse período de latência total ou parcial são formados os poderes psíquicos que depois
civilizadas temos a impressão de que é obra da educação construir tais represas, e certamente a
educação faz muito nesse sentido. Na realidade, porém, esse desenvolvimento é organicamente
educação. Esta permanece inteiramente no domínio que lhe foi assinalado, quando se limita a
seguir o que foi organicamente traçado, dando-lhe uma marca um tanto mais limpa e mais
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coaduna com as satisfações que as pulsões parciais até então exigiam nas fases anteriores. A
amnésia infantil, que vimos em outra ocasião, incide em geral desse período da infância para trás.
construídas e exerce a pressão que lhe é característica para manter afastados da consciência, de
conservados como tais ou são reavivados na época da puberdade. Graças à repressão que se
desenvolveu entre as duas fases, porém, eles se revelam inutilizáveis. Suas metas sexuais
experimentaram uma atenuação, e agora são o que podemos designar como a corrente tema da
vida sexual. Somente a investigação psicanalítica pode provar que atrás dessa ternura, adoração
e estima se escondem os velhos impulsos sexuais dos instintos parciais infantis, agora inúteis. A
escolha objetal da época da puberdade tem de renunciar aos objetos infantis e começar de novo
como corrente sensual. A não coincidência das duas correntes tem, muitas vezes, a
consequência de não se poder alcançar um dos ideais da vida sexual, a união de todos os desejos
num só objeto. (Freud, [1901-1905], 2016, p. 111)
desejo. Freud, porém, defende o caráter regressivo dos padrões de relacionamento, calcado para
Ao longo de todo o período de latência, a criança aprende a amar outras pessoas - que a ajudam
prosseguimento da sua relação de lactente com a nutriz. Talvez haja relutância em identificar
com o amor sexual os sentimentos de afeição e estima que a criança tem por aqueles que dela
cuidam, mas penso que uma investigação psicológica mais precisa poderá estabelecer essa
identidade além de qualquer dúvida. Para a criança, o trato com a pessoa que dela cuida é uma
fonte contínua de excitação sexual e satisfação das zonas erógenas, ainda mais porque essa –
que geralmente é a mãe - dedica-lhe sentimentos que se originam de sua própria vida sexual:
acaricia, beija e embala a criança, claramente a toma como substituto de um objeto sexual
Na medida em que atributos civilizatórios (vergonha, nojo, moral) vão também balizando o
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Com que meios são realizadas essas construções, tão significativas para a cultura e a
maior parte - é desviada do emprego sexual e dirigida para outros fins. Os historiadores da
civilização parecem concordes em supor que, desviando-se as forças instintuais sexuais das
metas sexuais para novas metas - um processo que merece o nome de sublimação - adquirem-
se fortes componentes para todas as realizações culturais. Acrescentaríamos que o mesmo
processo ocorre no desenvolvimento do indivíduo, e situaríamos o seu começo no período de
latência sexual da infância (Freud, [1901-1905], 2016, p. 80-81)
Não obstante esse desenvolvimento todo do período de latência, Freud não deixa de nos
lembrar sobre essa especificidade que embasa a psicanálise e que ressaltamos no início desta aula,
a saber: que as fases anteriores, com suas zonas erógenas e pulsões parciais infantis não se
extinguem como tais, e que o desenvolvimento subsequente assim as incorpora, com alguma
relativa independência.
alguma atividade sexual persiste através de todo o período de latência, até a intensa irrupção do
instinto sexual na puberdade. (Freud, [1901-1905], 2016, p. 82)
A última fase do desenvolvimento psicossexual é a fase genital que coincide com a puberdade
e com a entrada na adolescência. Como uma reedição da fase fálica, interrompida pelo período de
A única diferença está em que na infância a reunião dos instintos parciais e sua subordinação,
sob o primado dos genitais, ou não são obtidas ou o são muito imperfeitamente. O
que diz respeito à imagem corporal que até então se desenvolvera. Entre os eventos que ocorrem
nessa fase,
O mais evidente dos processos da puberdade foi escolhido como o essencial: o manifesto
crescimento dos genitais externos, em que o período de latência da infância se expressara por
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avançou de tal modo que eles são capazes de fornecer produtos sexuais, ou de acolhê-los para a
formação de um novo ser. Assim foi constituído um aparelho altamente complicado, que
sociedades ditas mais “evoluídas”, em que não há um ritual de passagem claramente circunscrito,
sociedade, como jovem adulto. Essa moratória, termo proposto por Erik Erikson e que veremos
adiante em outra ocasião, faz com que o jovem não tenha mais a condição de criança tampouco a
2000).
NA PRÁTICA
Um argumento comumente levantado contra os direitos das pessoas com orientações sexuais
exemplo, é o fato de que sua relação seria de todo estéril, ou seja, imprestável em termos
reprodutivos. “Dois homens ou duas mulheres não são capazes de gerar um filho”, dizem,
justificando aquilo que seria uma aberração sexual, por não encontrar amparo no mundo da
natureza.
humana, inclusive mesmo a dos heterossexuais, como um todo, não tem muitas relações com a
O beijo, o chupar, o sexo anal, oral, as carícias, os elementos que compõe a sexualidade
humana não têm finalidade reprodutiva e, no entanto, não se abrem mão deles.
Para além do corpo, o que a psicanálise nos revela é que uma vez desencadeado esse processo
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FINALIZANDO
Vimos que o desenvolvimento psicossexual é o processo por meio do qual a libido (pulsão
sexual) se desenvolve por meio dos cinco estágios: a fase oral, anal, fálica, de latência e genital; e
que não é linearmente progressivo, mas complexo e dinâmico, e até mesmo regressivo à medida
que as fases coexistem e as regressões ao infantilismo das pulsões parciais se verifica em traços da
sexualidade normal adulta e patológica. As fases não são superadas nem tampouco o infantil se
limita à infância.
Trata-se, no processo de desenvolvimento psicossexual, das vicissitudes que a libido vai sendo
A fase oral, que é a primeira, tem como zona erógena a boca. A criança experimenta as
experimenta também as idas e vindas da mãe, suas demoras, recusas, ou seja, experiências de
falta, e, a essas experiências de frustração, a criança vai reagindo com substituições do seio
Essa satisfação experimentada pela amamentação, segundo Freud, será a matriz de uma outra
que nela se apoia e dela se desenvolve, porém a ela não se restringe – o chupar. As satisfações
protagonismo de principal zona erógena. Essa fase é marcada pela demanda do cuidador de que a
criança domine o controle de seu esfíncter e defeque no lugar certo, o que, quando ocorre, é
Como a criança não tem consolidadas ainda as barreira do nojo, por exemplo, o cocô assume
A fase fálica coincide com o Complexo de Édipo e recebeu essa denominação em referência ao
órgão sexual masculino pelo fato de que a fantasia sexual infantil predominante é a de que todos,
originalmente, possuem o órgão sexual masculino, o pênis, e que alguns (as meninas) o teriam
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perdido. Nessa fase, a diferença sexual anatômica toma a atenção das crianças que criam suas
que parece ser uma pausa no desenvolvimento psicossexual, visto mais perto, é, na realidade, um
processo latente em que são erigidos mecanismos psicológicos que especificam nossa espécie em
relação à natureza. Nojo, vergonha, ideais estéticas e morais são consolidados tendo como
matéria-prima as pulsões parciais desenvolvidas nos períodos anteriores. O recalque aqui incide
A última fase proposta por Freud é a fase genital, que coincide com a puberdade e o início da
adolescência. Funciona como uma reedição da fase fálica, interrompida pelo período de latência,
em que as genitálias voltam a assumir a função de zonas erógenas. Aqui a maturação do sistema
reprodutivo irá impor uma drástica mudança corporal com a finalidade de orientar o
REFERÊNCIAS
FREUD, S. Obras completas, volume 6: três ensaios sobre a teoria da sexualidade, análise
fragmentária de uma histeria ("O caso Dora") e outros textos (I90I-190S). Tradução de Paulo César
<a_psicanalise_e_as_fases_da_organizacao_da_libido_luis_achiller_rodrigues_furtado
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