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FUNDAMENTOS DE

ENFERMAGEM

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra


2020/2021
Sofia Rosa
Conceitos
• Atividade psicomotora – processo do sistema nervoso: ordenação do movimento em
atividades mentais conscientes, formas voluntárias de se mover e mobilizar o corpo,
exigindo um certo grau de coordenação neuromuscular.
• Paralisia – processo do sistema musculosquelético comprometido: condição anormal
caracterizada pela perda da função muscular, perda da sensibilidade ou ambas; perda
da capacidade para mover o corpo ou partes do corpo, acompanhada de perda do
controlo intestinal e vesical e por dificuldade respiratório, associada a agressão, lesão
neurológica e muscular ou traumatismo vertebro muscular, doença ou envenenamento.

• Parésia – paralisia parcial; perda incompleta da capacidade de mover partes do corpo,


tais como a boca, a orofaringe ou a pálpebra.
• Manipular – executar: mover manualmente uma parte do corpo;

• Transferir – posicionar: mover alguém ou alguma coisa de um local para o outro.


• Virar-se – virar: mover e mudar o corpo de um lado para o outro e de frente para trás;
• Técnica de marcha – técnica: mudar ou mover o corpo de um lugar para o outro.

• Andar – mobilizar: movimento do corpo de um lugar para o outro, movendo as pernas


passo a passo-, capacidade para sustentar o peso do corpo e andar com uma marcha
eficaz, com velocidades que vão de lenta a moderada ou rápida; subir ou descer escadas
e rampas.
• Posicionamento – posição da pessoa nos vários decúbitos.
• Movimento no leito – movimentar: manobras, com o objetivo de conduzir as pessoas
doentes aos vários decúbitos.
• Mobilização – movimento das articulações ritmados, sequenciados e repetidos com
objetivos terapêuticos precisos.
• Transferência – transferir: transportar pessoas entre várias superfícies.
• Ergonomia – é a disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre
seres humanos e outros elementos de um sistema, e também é a profissão que projeta
e aplica teoria, princípios, dados e métodos a fim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho geral de um sistema.

• Mecânica corporal – esforço coordenado dos sistemas músculo-esquelético e nervoso


para manter o equilíbrio adequado, postura e alinhamento corporal durante a
inclinação, movimentação, levantamento de carga e execução das atividades diárias.
• Equilíbrio – (controlado pelo cerebelo e o ouvido interno) é o estado de firmeza de
posição que maximiza a função com o mínimo esforço e trabalho muscular;
• A postura – é responsável pela determinação da distribuição do peso do corpo e a
relação mútua entre músculos e articulações e o alinhamento corporal. Pode definir-se
como a relação adequada de todas as partes do corpo entre si, em repouso ou em
qualquer atividade.
• Alinhamento – é a relação de uma parte do corpo com outra, ao longo de uma alinha
vertical ou horizontal. Reduz a força sobre as estruturas musculo esqueléticas, mantém
o tónus muscular e contribui para o equilíbrio.
• Atrito/fricção – resultado do efeito de roçar ou da resistência que um corpo encontra
nas superfícies sobre o qual se movimenta e que deverá ser sempre eliminado ou
reduzido.

Estabilidade dos objetos:

• É a firmeza de posição. Os três princípios que dizem respeito à estabilidade:


1. Base de sustentação – superfície em que assenta o objeto;
2. Centro de gravidade – centro ou parte mais pesada do objeto;
3. Linha da gravidade – linha imaginária que desce na perpendicular através do
centro de gravidade do objeto.

Princípios que regem a mecânica corporal:


1. Todos os músculos mantem sempre um tónus, estando sempre ligeiramente contraídos;
2. Quanto maior é a base de sustentação e mais baixo é o centro de gravidade maior é a
estabilidade do objeto (sendo a linha de gravidade perpendicular ao solo coincidindo
com a base de sustentação);
3. A resistência e gravidade influem o esforço para movimentar um corpo;
4. A alteração da atividade e posição mantêm o tónus muscular e evitam o cansaço;
5. O atrito influi negativamente no esforço total necessário para movimentar um objeto;
6. Tracionar ou elevar um objeto não requerem o mesmo esforço. A ação de elevar requer
mais esforço pois é uma força contra a ação da gravidade.

Considerações e princípios ergonómicos para o enfermeiro:


1. O enfermeiro deverá adotar uma boa posição inicial antes de começar a mobilização da
pessoa, assegurando-se de uma boa estabilidade;
2. Sendo os braços e as mãos os meios de ligação da pessoa e de si, ao aproximar o mais
possível o corpo da pessoa ao seu, estará a exigir-lhe menos esforço sendo mais seguro
para ambos;
3. Ao sentar ou levantar a pessoa, deverá ter o cuidado de lhe trancar os joelhos e pés com
os seus evitando o imprevisto, não esquecendo sempre de travar a cadeira;
4. Os movimentos deverão ser harmoniosos, seguros e deverá ter-se o cuidado de não
elevar a pessoa desnecessariamente.
5. Assim, deveremos evitar fazer esforços com os braços distantes do corpo, as pernas
deverão unicamente ser utilizadas para grandes suportes e principais esforços, deverá
haver o cuidado de distribuir simetricamente o peso entre os dois lados do corpo, será
sempre preferível puxar a pessoa para si utilizando o seu peso para contrabalançar em
vez de empurrar a pessoa;
6. Durante a mobilização ou transporte com auxílio, deverá ter atenção à coordenação e
sincronização dos movimentos, tendo em atenção a comunicação;
7. Entre esforços deverá preparar o corpo para novo esforço através de execução de alguns
exercícios;
8. Deve evitar a repetição do mesmo tipo de mobilização pois levará mais rapidamente à
fadiga;
9. Sempre que um movimento lhe provocar desconforto, tente executá-lo de uma outra
forma;
10. Se possível faça exercício físico;
11. Limite medio de carga admissível por profissional: 25 kg.

A mecânica corporal
Caracteriza-se pelos esforços coordenados dos sistemas musculo esquelético e nervoso para
manter o equilíbrio. A postura e o alinhamento dos corpos nas diversas atividades, promovendo
a utilização mais eficaz da energia muscular.

Imobilidade – um estado no qual o individuo sofre limitação da capacidade para realizar com
autonomia movimentos físicos. Nível de mobilidade muito afetado ou imobilização mínima e
por curto período.
A falta de movimentos pode ser dada por:

• Redução de mobilidade articular;


• Diminuição da força, controlo ou massa muscular;

• Deficiente coordenação;
• Estados emocionais limitados;

• Restrições mecânica e/ou prescritas;


• Dor;
• Perturbações;

• Intolerância à atividade;
• Ansiedade.

Imobilidade
• Considera-se que de 7 a 10 dias seja um período de repouso, embora não sendo
desejável a pessoa manter-se no leito;

• De 12 a 15 dias já é considerada imobilização;


• A partir de 15 dias é considerado decúbito de longa duração;
• Para cada semana de imobilização completa no leito a pessoa pode perder de 10 a 20%
de massa muscular;

• Por volta de 4 semanas, 50 % da força inicial pode estar perdida.

Complicações/fisiopatologia da imobilidade no aparelho respiratório:


1. Diminuição expansão pulmonar;
2. Diminuição da força dos músculos respiratórios;
3. Estase secreções;
4. Tosse ineficaz;
5. Acumulação de muco.
Pode causar atelectasia pulmonar (colapso) e pneumonia de estase (acumulação de secreções).

Complicações/fisiopatológicas da imobilização na atividade metabólica:


1. Redução da taxa metabólica basal (TMB);
2. Processo de doença aumentam o consumo de oxigénio;
3. Diminuição da atividade pancreática, logo a diminuição da produção de insulina;
4. Aumento do tecido adiposo;
5. Perda de massa magra.

Complicações da imobilidade no aparelho digestivo/ comer e beber:


1. Aumento da atividade catabólica (destrutiva); as células musculares são mais
rapidamente destruídas do que podem ser substituídas, levando à perda de massa
muscular;
2. As necessidades calóricas diminuem e as proteicas aumentam;
3. O apetite habitualmente diminui, levando à diminuição da ingestão;
4. A ingestão também pode diminuir devido à incapacidade de a pessoa ter acesso aos
alimentos e líquidos;
5. Diminuição do peristaltismo e consequente permanência dos alimentos no estômago
pode levar a gastrite;
6. O stress causado pela imobilidade está relacionado com a formação de úlceras gástricas.
Complicações/fisiopatologia da imobilidade no equilíbrio hidroeletrolítico:
1. Decúbito dorsal leva ao aumento do fluxo sanguíneo renal, o que leva a poliúria;
2. Depleção de eletrólitos por aumento da diurese (Na, K);
3. Perda de cálcio ósseo com aumento de cálcio circulante, o que leva a hipercalcémia.

Complicações/fisiopatologia da imobilidade no sistema cardiovascular


1. Hipotensão ortostática ou postural;
2. Redução do volume sanguíneo;
3. Edemas dos membros inferiores;
4. Diminuição da resposta do sistema nervoso autonomo;
5. Redução do volume de ejeção;
6. Descida da TAS;
7. Redução retorno venoso;
8. Aumento do trabalho cardíaco (trabalha mais e de forma menos eficiente);
9. Aumento da frequência 4-25 bat/min: aumento consumo de oxigénio;
10. Aumenta o risco de trombose venosa profunda;
11. Compressão venosa, leva ao risco de embolia pulmonar.

Complicações/fisiopatologias da mobilidade no sistema músculo-esquelético:


1. Diminuição da força humana e da resistência;
2. Redução da massa muscular;
3. Diminuição do equilíbrio;
4. O aumento do trablho cardíaco leva a diminuição da resisecia muscular devido a
hipoxemia;
5. A diminuição da massa magra muscular leva a redução da musculo fadiga;
6. Atrofia muscular redução do tamanho do musculo;
7. Contratura articular contração permanente anquilose;
8. O desuso, atrofia e encurtamento das fibras musculares anquilose;
9. Adoção de posicionamentos não funcionais;
10. Osteoporose de desuso reabsorção óssea derivada da imobilidade;
11. Metabolismo deficiente do cálcio reabsorção óssea osteoporose;
12. Risco de fraturas patológicas.
Imobilidade: efeitos psicossociais
1. Depressão;
2. Alterações comportamentais;
3. Perturbações de sono – a inatividade/imobilidade leva a que a pessoa durma várias
vezes ao dia, prejudicando o sono noturno que deveria ser mais profundo e longo;
4. Coping ineficaz;
5. Utentes estão mais sensíveis às sensações dolorosas devido à ausência de outros
estímulos no meio ambiente que os possam distrair.
Complicações/fisiopatologias da imobilidade nos tegumentos:
1. Risco de úlceras de pressão.
Úlcera de pressão – alteração, inflamação ou ferida da pele ou estrutura subjacentes como
resultado da compressão tecidular e perfusão inadequada.
Resulta de fatores:

• Extrínsecos – pressão, forças de deslizamento; fricção; humidade;


• Intrínsecos – imobilidade; incontinência; idade; estado nutricional; má
perfusão/oxigenação tecidular; medicamentos; doenças crónicas.

Prevenção de Úlceras de pressão:


1. Usar um instrumento de avaliação de risco;
2. A pele deverá ser limpa no momento que se sujar ou em intervalos de rotina. A
frequência de limpeza da pele deve ser individualizada de acordo com a necessidade
ou preferência do paciente;
3. Diminuir os fatores ambientais que levam ao ressecamento da pele como: humidade
baixa e exposição ao frio. A pele seca deve ser tratada com cremes hidratantes;
4. Evite massagens nas proeminências ósseas. As evidencias atuais sugerem que a
massagem pode causar mais danos;
5. Minimizar a exposição da pele à humidade devido a incontinência urinária,
transpiração ou drenagem de feridas.
6. Posicionamento adequado e uso de técnicas corretas para transferência e mudança
de decúbito.
7. Uso de lubrificantes (como cremes e óleos), peliculas protetoras (como curativos
transparentes e selantes para a pele).
8. Recomenda-se também que as pessoas não sejam “arrastadas” durante a
movimentação, mas que sejam “erguidos” utilizando-se o lençol movel.
9. Plano de suporte nutricional e ou suplementação deve ser implementada desde que
atenda as necessidades do individuo e seja consistente com os objetivos gerais da
terapia.
10. Se existe um potencial para melhor a mobilidade do individuo e o estado de atividade,
esforços de reabilitação fisioterápica devem ser instituídos.

Considerações centradas na pessoa

• Esclarecer e informar tudo o que se vai fazer e pedir a colaboração.


• Posicionar/promover cada um dos decúbitos com quatro grandes objetivos:
1. Conforto;
2. Prevenção de úlceras de pressão;
3. Diminuição da espasticidade;
4. Diminuição das contraturas articulares com diminuição das amplitudes
articulares.

1º Conforto
• Almofadar e perguntar sempre no fim do posicionamento como se sente (e observar
alinhamento aos pés da cama) e, se necessário, um pequeno “ajeitar”.

• Permitir o toque da mão em extensão no abdómen, nos decúbitos semi-dorsais (semi-


laterais) e da pressão das almofadas no peito nos decúbitos laterais. Atenção às mamas
e respiração no decúbito ventral.

• Igual atenção à lateralização da cabeça e posição dos braços.


• Permitir sempre, em todos os decúbitos, o alinhamento do pescoço e de toda a coluna.

• Não forçar nenhuma articulação dos membros permitindo um posicionamento com o


alinhamento natural.
• Membros superiores e inferiores sempre em flexão (estamos a falar de casos em que
não há risco de agravamento de posições/posturas espásticas….situações de patologia
grave a abordar no próximo ano em reabilitação).
• Não colocar nenhum membro sobre outro membro.

• Diminuir as forças de cisalhamento.

2º Prevenção das úlceras de pressão:


• Almofadar o que se poder almofadar sem desalinhar e sem forçar as articulações;

• Complementar com outras medidas (colchões de pressão alterna, carneiras, placas de


gel, suportes para a roupa nos pés sem contacto com planta dos pés).

3º Diminuição da espasticidade
• Posicionar sempre as mãos com dedos em extensão;

• Não colocar nada em contacto direto com a planta dos pés.

4º - Diminuição das contraturas articulares com diminuição das amplitudes articulares


• Posicionar em todos os decúbitos os membros superiores e inferiores em ligeira flexão
(mas ATENÇÃO – quando há tendência para a espastícidade…);

• Mobilização dos diferentes membros e articulações…repetidos e com objetivos


terapêuticos precisos.

Posicionamentos
Conceito - É um conjunto de ações que visam mobilizar na cama uma pessoa dependente na
necessidade de se movimentar e manter uma postura correta.

São utilizados para corrigir:


• Alinhamento corporal;
• Preparar para alternância de decúbito;

• Prevenir complicações de imobilidade.

Posições e técnicas a desenvolver:


• Decúbito Dorsal (…Supinação…);

• Decúbito semi-dorsal esquerdo e direito (alguns autores denominam-nos de semi-


laterais…);
• Decúbito lateral direito e esquerdo;

• Decúbito ventral (…Pronação…) e semi-ventral direito e esquerdo (SIMS);


• Decúbito/Posição de Fowler;

• Posição de sentado;
• Exercício da ponte (para colocar arrastadeiras) e colocação com a pessoa passando de
lateral para dorsal;
• Movimentar entre os vários decúbitos;
• Levantes, mobilizações articulares e transferências.

Pessoa com imobilidade


Objetivos dos posicionamentos:

• Favorecer a independência da pessoa;


• Promover o conforto;

• Prevenir o aparecimento de complicações (úlceras de pressão/lesões cutâneas, posições


viciosas,…);
• Evitar a rigidez, o aparecimento de deformações, de retrações ou de posições viciosas
(favorecer a mobilização);
• Facilitar a mobilização de secreções;
• Alternar o campo visual da pessoa.

Posicionamento terapêutico
As variáveis que influenciam a frequência com que a pessoa tem de mudar de posição são:
1. Conforto
2. Quantidade de movimento espontâneo
3. O edema
4. A perda sensorial
5. O estado global físico e mental
6. O tempo
Auxiliares de posicionamentos
1. Almofadas (textura e tamanho diferentes);
2. Rolos (toalha, lençol, cobertores, etc....);
3. Suportes de pés (armações...);
4. Talas e dispositivos...;
5. Cunha ou almofada de abdução;
6. Sacos de areia;
7. Trapézio;
8. Grades;

A (I)mobilidade da pessoa
Quando uma pessoa fica imobilizada ou “presa” á cama, a responsabilidade do enfermeiro nas
intervenções preventivas é manter o potencial para uma eventual mobilização. As intervenções
de enfermagem para ajudar a pessoa a maximizar o potencial de mobilização incluem:
1. Suportar o corpo em posições anatómica correta e funcionais;
2. Usar adequadamente, os dispositivos mecânicos e os posicionamentos;
3. Posicionar de acordo com um programa regularmente estabelecido;
4. Ensinar programas de exercícios terapêuticos para manter a mobilidade e o tonos mus-
cular;
5. Efetuar ensinos de prevenção ao cliente e família;

Movimentar entre os vários decúbitos


Princípios orientadores dos posicionamentos:
1. Trabalhar com blocos nos movimentos laterais;
2. Trabalhar com contrapeso das pernas fletidas para o movimento com o decúbito lateral
para o ventral;
3. Trabalhar segurando a pessoa sempre pelas articulações, nunca em tecidos moles ou
puxando membros;
4. Mantendo as articulações em posição funcional;
5. Alinhamento de todos os segmentos corporais;
6. Distribuição homogénea do peso sobre todas as partes do corpo
7. Proporcionar maior espaço possível para os órgãos;

Decúbito Dorsal

1. Colocar uma almofada a apoiar a cabeça, pescoço e ombros;


2. Braços colocados ao longo do corpo, em Posição Funcional (pronação, ligeira abdução
com pequena almofada ou rolo a elevar antebraços e mãos);
3. Membros Inferiores em ligeira abdução com:
• Rolo de apoio na região poplítea;
• Almofada em cunha junto ao coccis (região sagrada);
• Joelhos estendidos ou ligeiramente fletidos;
4. Se não há mobilidade coloca-se almofada para evitar o pé equino;
5. Observar alinhamento corporal ao fundo da cama e perguntar à pessoa se está
confortável;
6. Ir levantando a cabeceira da cama - 30º (fowler baixo); 45º (fowler médio ou semi-
fowler) e 90º ou fowler alto;
7. Para baixar/diminuir a pressão e desconforto deve-se ir levantando os pés, ou seja,
acompanhar o levantamento da cabeceira com o levantamento dos MI;
8. Soltar/aliviar roupa da cama na pressão exercida sobre os dedos dos pés.
Notas:
• Outras posições dos membros superiores são a abdução total do ombro com extensão
do cotovelo a 90 graus e com o braço e mão posicionais para cima ou para baixo;
• Evitar fazer pressão na face posterior da perna porque pode lesar os vasos sanguíneos,
podendo gerar flebites;
• Um grau elevado de flexão dos joelhos pode levar a contraturas em flexão com compro-
misso da postura e da marcha;
• Para todos os decúbitos;
o Avaliar antes e depois os S.V.;
o Sempre que a pessoa tem potencial – estimular o mesmo a colaborar.

Decúbito lateral
1. Para mudar de posição – voltar ao ponto zero, deitado a 180 graus e retirar todos os
apoios exceto a almofada da cabeça.
2. Almofada firme a apoiar a cabeça e o pescoço
3. Almofada no dorso – região sagrada liberta
4. O braço do nível mais baixo posiciona-se ao lado do corpo com pequenas almofadas,
saco ou lençol debaixo da mão.
5. O braço do nível superior ficará apoiado numa pequena almofada para evitar a pressão
direta sobre o tórax
6. A perna do nível do nível superior fica fletida na anca e joelho, apoiada numa almofada
e à frente da perna do nível mais baixo, para minimizar a pressão nesta última
7. Observar alinhamento corporal ao fundo da cama e perguntar a pessoa se esta confor-
tável
8. Se a pessoa se sentir melhor e/ou existir comunicação, levanta a cabeça

Decúbito ventral
1. Há que pesquisar as contraindicações para este decúbito.
2. Pode colocar-se, ou não, uma almofada por baixo da cabeça que fica virada de lado.
3. Pode colocar uma almofada entre o tórax e um umbigo para aliviar a pressão excessiva
nas mamas/tórax.
4. As ancas e os joelhos ficam estendidos, com cocha(s) e tíbia(s) apoiados em almofadas.
5. Os pés e dedos dos pés ficam apoiados noutra almofada.
6. Os braços poderão estar fletidos em cima da cabeça ou estendidos ao longo do corpo
em posição neutra.

Posição de SIMS (Semi ventral)


• Na posição Semi-Ventral (English position, lateral recumbent position, semiprone
position) a pessoa fica deitada de lado com o braço e perna de cima “puxados” para a
frente;

• Decúbito Semi-dorsal – partimos da posição anatómica.

Posição de sentado
1. Todos os utentes devem sentar-secos os pés bem apoiados no chão e com as ancas bem
para trás na cadeira, com o peso igualmente distribuído em ambas as nádegas – pode
recorrer-se ao uso de almofadas para que as ancas e joelhos fiquem colocados em ân-
gulo reto.
2. Se a altura da cadeira não permitir colocar os pés bem assentes no chão – usar um apoio
para os apoiar.

SIMs (posição para exames)


• Lado direito: deitar o cliente sobre o lado direito (semi-ventral) fletindo-lhe as pernas,
ficando à direita em semi-flexão e a esquerda com uma flexão mais acentuada próxima
ovo abdómen.
• Lado esquerdo, basta inverter o lado e a posição das pernas. Posição usada, por ex., para
lavagem intestinal, exames e toque.

Registos
• Posicionamento efetuado;
• Hora do posicionamento;
• Alterações observadas (carácter, da pele/ reações da pessoa);
• Tolerância ao decúbito.

Transferências
Conceito
Conjunto de técnicas organizadas, que visam a deslocação da pessoa de uma superfície para a
outra.
Objetivos
• Prevenir complicações músculo-esquelética;
• Permitir a realização de atividades;
• Facilitar o relacionamento com os outros e com o meio ambiente;
• Promover a independência da pessoa.

Avaliação
• Força muscular
• Mobilidade articular
• Presença de paralisia/paresia
• Hipotensão ortostática
• Tolerância as atividades
• Nível de consciência
• Habilidades em seguir as instruções

Princípios
➢ Em relação a cadeira de rodas:
• Deve de estar travada;
• Pedais devem de estar elevados;
• Deve de ser posicionada de forma a que o lado “São “ da pessoa fique o mais
próximo possível da superfície para a qual irá transferir-se .

➢ Diversidade de superfícies:
• Da cama para a cadeira (vice-versa);
• Da cama para a maca (vice-versa);

➢ Em relação a superfície para a qual a pessoa se transfere:


• Deve de ser fixa, firme, para dar um bom apoio;
• À mesma altura do assento da cadeira de rodas.

➢ Em relação ao enfermeiro
• Explicar o processo à pessoa;
• Colocar-se onde possa proteger a pessoa de uma possível queda;
• Incentivar a pessoa a utilizar funções que lhe restem.

➢ Em relação à pessoa
• Mover-se em direção ao lado não comprometido;
• Mover-se em direção à beira da superfície em que estiver sentado, antes de
se transportar;
• Fazer uso de qualquer função que lhe reste.

Transferência cama-cadeira
Antes de iniciar a transferência:
• Posicionar a cadeira de rodas;
• Travar a cadeira de rodas, levantar os pedais e tirá-los;
• Colocar os apoios de braços virados para a frente.

Transferência cama-cadeira (astroplastia da anca)


Antes de iniciar a transferência:
• Posicionar a cadeira de rodas;
• Travar a cadeira de rodas levantar os pedais e tirá-los;
• O apoio do braço do lado da cama é retirado.

CIPE/ICNP
Classificação – Pressupõe um determinado tipo de organização segundo alguns princípios
estabelecidos à partida.
Linguagem – Conjunto de Caracteres, convenções e regras usadas para expressar ideias e
informações.
Linguagem Classificada –Vocabulário estruturado que confere um meio de comunicação
comum numa disciplina do conhecimento.
“A estrutura substantiva em enfermagem, é o quê do conhecimento da disciplina, o fenómeno
de maior interesse para os seus membros.
A substância do conhecimento abrange os fenómenos centrais, o significado e as relações entre
os conceitos.
Assim, as taxonomias de enfermagem podem fornecer os conceitos, os materiais de construção
da estrutura substantiva do conhecimento”.

Diferentes classificações utilizadas em enfermagem


• NANDA – Classificação de Diagnósticos de Enfermagem.
• NIC – Classificação de Intervenções de Enfermagem.
• NOC – Classificação de Resultados de Enfermagem.
• CIPE – Sistema de classificação de Fenómenos, Ações e Resultados.
Necessidade de uma CIPE/ICNP

• É urgente uma CIPE/ICNP porque:


• Decisões políticas baseadas na informação disponível;
• Constrangimentos financeiros;
• Informatização clínica dos cuidados de saúde;
• Crescente importância dada às classificações do âmbito da saúde;
• Autorregulação profissional pelos enfermeiros.
Objetivos da CIPE/ICNP:

• Estabelecer uma linguagem comum para descrever a prática de enfermagem:


• Representar conceitos utilizados na prática local, por linguagens e área da
especialidade;
• Descrever os cuidados de enfermagem (universalmente);
• Permitir a comparação dos dados de enfermagem;

• Incentivar a investigação em enfermagem;


• Fornecer dados da prática de enfermagem que possam influenciar a formação em
enfermagem e as políticas de saúde;
• Projetar tendências nas necessidades dos doentes, prestação de tratamentos de
enfermagem, utilização de recursos e resultados de cuidados de enfermagem;

• Suficientemente abrangente para servir múltiplas utilizações;


• Suficientemente simples para ser útil aos enfermeiros na prática;

• Consistente com, mas não dependente dos modelos;


• Sensível à diversidade cultural;

• Reflexo dos valores comuns da enfermagem em todo o mundo (ICN code);


• Inclua Fenómenos de enfermagem, Ações de enfermagem e Resultados de
enfermagem;
• Ser definida, testada e melhorada por processos de testagem consensual;

• Utilizável de forma complementar ou integrada com a família de classificações


existentes.

Modelo de terminologia de referência para diagnósticos de enfermagem


Um Diagnóstico de Enfermagem é considerado ou como um <<Julgamento>> sobre um
<<foco>> ou como um <<julgamento>> numa determinada <dimensão>. Um descritor para
<<foco>> e descritor para <<julgamento>> são mandatórios para a definição de um D.E. Em
algumas instâncias um descritor (p.e:ansiedade) pode servir no papel de ambos <<foco>> e
<<julgamento>>. Descritores devem ser usados quando necessário para apoiar a definição de
um determinado diagnóstico.

Estrutura para diagnósticos


Definições
Foco – é definido como a área de atenção.
Julgamento – é uma opinião ou discernimento relacionado a um <<foco>> ou <dimensão>. Um
descritor para <<julgamento>> é obrigatório.
Pode ser qualificado por:
• Grau (escala – muito, pouco, extremo);
• Potencialidade (risco para, possibilidade, atual);
• Acuidade (agudo, crónico) oportunidade;
• Timing (um ponto ou um periodo de tempo) pode ser: durante o procedimento, durante
o pré-natal, …
Dimensão
• Qualidade possuída por um <indivíduo> ou <grupo> que fornece uma perspectiva de,
mas não limitada a: <processo>, <estrutura>, outras categorias semânticas e
diagnósticos de enfermagem;

• Pode também ter o papel de <alvo> no modelo de referência para ações.


Sujeito da informação – é uma entidade para a qual o diagnóstico se refere, também conhecido
como “portador”. Um descritor pode ser usado para evitar ambiguidades (individuo, família).
Local - uma estrutura física que especifica a posição de um <<foco>> ou um << alvo>>.

MODELO DOS 7 EIXOS

FOCO
Cliente

Localiz. Juízo

Tempo Recurs
os
Ação
Metas para a CIPE

• Desenvolver a CIPE/ICNP com componentes específicos de enfermagem;


• Obter reconhecimentos nacionais e internacionais pelas comunidades de enfermeiros;

• Assegurar que a CIPE/ICNP é compatível com WHO / ISO / CEN etc.;


• Assegurar que a CIPE/ICNP é compatível com o estado atual das Ciências de
Enfermagem;

• Promover a utilização da CIPE/ICNP a nível das bases de dados nacionais;


• Estabelecer um resumo mínimo de dados de enfermagem que incorpore a CIPE/ICNP.

Eixo Eixos da CIPE ß2


Foco Foco da Prática de Enfermagem

Juízo Juízo; Possibilidade

Tempo Duração; Frequência; Momento;


Atividades do Eixo-Alvo
Localização Localização; Partes do corpo do Eixo-
Alvo; Topologia; Infraestruturas do Eixo-
Recursos Recursos; Vias; Artefactos do Eixo-Alvo
(ex: Equipamento)
Ação Tipo de ação

Cliente Portador; Beneficiário; Pessoa do Eixo-


Alvo

1. Foco – área de atenção relevante para a enfermagem.


Exemplo:
• Dor;

• Expetoração;
• Adaptação à parentalidade;
• Eliminação;

• Desenvolvimento infantil;
• Conhecimento;
• Capacidade parental;
2. Juízo clínico - Opinião clínica ou determinação relativamente ao foco da prática de
enfermagem.
Exemplos:
• Comprometido;

• Risco;
• Dependente;

• Interrompido;
• Potencialidade;

• Parcial;

3. Recursos – forma ou método de concretizar uma intervenção.


Exemplos:
• Ligadura;
• Técnica;

• Treino vesical;
• Dreno;

• Serviço de nutrição.

4. Ação – processo intencional aplicado a, ou desempenhado por um cliente.


Exemplos:

• Educar;
• Trocar;
• Administrar;
• Monitorizar.

5. Tempo - o ponto, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência.


Exemplo:
• Admissão;

• Nascimento;
• Crónico.

6. Localização – orientação anatómica ou espacial de um diagnostico ou intervenção


Exemplo:

• Posterior;
• Abdómen;

• Escola;
• Centro de saúde.

7. Cliente – sujeito a quem o diagnostico se refere e que é o beneficiário da intervenção.


Exemplo:
• Recém-nascido;

• Prestador de cuidados;
• Família;

• Comunidade.

Diagnóstico e resultado de enfermagem:


1. Um termo do eixo dos focos e um termo do eixo do juízo;
2. A utilização de termos dos outros eixos dos focos e juízo, é opcional.
Exemplo:
Indivíduo dependente no autocuidado banho

Resultado de
enfermagem
Exemplo: Indivíduo independente no autocuidado banho.
Intervenção de enfermagem
1. Um termo do eixo da Ação, e deve conter pelo menos um alvo, como termo;
2. Podem ainda ser incluídos termos de quaisquer dos outros eixos, mesmo outro termo
das ações.
Exemplo:
Assistir indivíduo no autocuidado.

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