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Giovana Quini
Artigo científico
GESTÃO ESCOLAR DE PESSOAS E DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS: UM
OLHAR INOVADOR E HUMANIZADO
Giovana Quini*
RESUMO
INTRODUÇÃO
1. DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO
Para iniciar essa trajetória, é necessário que você visualize a escola como
uma empresa. Isso mesmo, a escola é uma empresa, com todas as obrigações
financeiras, fiscais, jurídicas e pessoais implícitas em uma organização. Como
empresa, a escola precisa também de uma gestão empresarial. Mas o que é uma
gestão empresarial?
Realizar a gestão de um negócio, de uma empresa, é guiar todos os recursos
para o objetivo final. Toda e qualquer empresa deve ter os objetivos bem traçados,
ou seja, onde quer chegar, o que quer alcançar. Realizar a gestão estratégica é
traçar o caminho até lá.
O termo “estratégico” veio das antigas guerras. Durante muito tempo, para
aumentar o poder, os grandes reis buscavam, nas guerras, a conquista de maiores
áreas e povos. Assim, os grandes generais levavam seus exércitos a guerrear.
Depois de algum tempo, esses generais começaram a perceber que, se antes de
enviar as tropas para o campo inimigo eles pensassem antes de agir, seria possível
se preparar melhor.
Assim, os grandes generais começaram a estudar o inimigo antes, analisar
quais eram suas forças e fraquezas. Traçando o objetivo final de vencer aquela
guerra e conquistar o território, os generais analisavam e preparavam melhor suas
tropas para o enfrentamento. Assim, as chances de conquista eram maiores.
Do mesmo modo, a gestão estratégica irá analisar qual é o objetivo, ou seja,
onde se quer chegar e quais as condições existentes e necessárias para alcançá-lo.
Analisar o cenário atual e traçar o caminho até onde se quer chegar.
O autor Clóvis Rosa, quando fala da gestão estratégica escolar, salienta:
Uma gestão orientada para os processos é uma visão que organiza cada uma
dessas atividades dentro de um macroprocesso para garantir um padrão de
qualidade e a conquista das metas e objetivos da empresa.
Alguns motivos levam as empresas a adotarem esse estilo de gestão. A
redução de custos é um deles, pois analisando todos os macroprocessos,
visualizamos melhor as possíveis melhorias e a eliminação de custos
desnecessários.
Quando padronizamos os processos dentro de uma organização, alcançamos
um nível de qualidade muito maior nos serviços prestados, o que leva
consequentemente a uma otimização dos recursos e à satisfação do cliente.
Uma escola, assim como qualquer outra empresa, tem seus objetivos a
buscar. Alcançar um nível maior de lucratividade, produtividade, vencer a
concorrência, se tornar referência.
Para conquistar esses e tantos outros objetivos, a organização busca sempre
alcançar um alto nível de performance e esse alcance só é possível com o
planejamento estratégico de gestão de pessoas.
Só com o planejamento estratégico de gestão de pessoas, uma empresa
consegue utilizar todo seu capital humano da maneira mais eficaz e eficiente
possível, possibilitando, assim, o alcance de todos os seus objetivos.
1.5.2.1 Comunicação
1.5.2.2 Integração
1.5.2.3 Motivação
Observamos que um profissional hoje passa a maior parte do seu dia dentro
das empresas. Em ambientes escolares, esse período pode até ser reduzido, com
alguns professores com meia jornada. Mas, ainda assim, esse período pode ser
estressante e afetar a qualidade de vida desse profissional.
Atenção a detalhes como condições de trabalho, ergonomia e saúde do
profissional são essenciais no planejamento estratégico de gestão de pessoas.
2. DESENVOLVIMENTO HUMANO
Assim como o ser humano evolui através dos anos, a gestão também deve
acompanhar essa evolução. Isso acontece com a gestão de pessoas também. Se as
pessoas não são as mesmas ao decorrer dos anos, a forma de gerenciá-las não
pode ser a mesma, igualmente.
O conceito de competência tem sido muito usado para construir uma nova
abordagem para as metodologias tradicionais que gerenciavam o desempenho.
A gestão por competências parte do princípio de que devemos gerenciar
focando no desempenho individual e organizacional. Para isso, utilizamos de
indicadores estratégicos dos resultados alcançados baseados nas competências e
habilidades específicas de cada indivíduo e estratégicas na função exercida.
O modelo anterior, gestão do desempenho, buscava integrar o desempenho
das pessoas com os objetivos da organização, enquanto a gestão por competências
é mais flexível e abrangente, trazendo a noção de competência individual.
Para nos aprofundarmos nessa visão moderna de gestão, precisamos definir
o que é competência. Encontramos, assim, diversas abordagens:
Observáveis características individuais – conhecimentos, habilidades,
objetivos, valores – capazes de predizer / causa efetiva ou superior
performance no trabalho ou em outra situação de vida. (MCCLELLAND,
1973, p. 14)
3. DESENVOLVIMENTO DO FUTURO
Estar na zona de conforto não é nem de perto a situação buscada pelo líder
inovador. A empresa precisa dar total autonomia para que todos se mantenham
motivados, comprometidos e engajados e, nesse sentido, o líder inovador é movido
a novos desafios. Seu entusiasmo vem dos obstáculos que ele encontra a cada
passo.
Um gestor inovador não está restrito aos limites de sua sala. Ele consegue
enxergar além do óbvio, buscando sempre novas possibilidades e alternativas fora
do comum. Assim, sua liderança se torna mais ousada e permite um crescimento
ativo de toda equipe.
Usar a Internet para a comunicação pessoal passou a ser algo rotineiro para
todos nós. Várias são as ferramentas à disposição de qualquer indivíduo para se
comunicar com seus pares ou com o mundo.
Nesse sentido, as redes sociais explodiram nos últimos anos, como
ferramenta de comunicação e até de aproximação das pessoas. Porém, essa
explosão deve ser usada com muita cautela no ambiente escolar.
Ter uma presença digital é, sem dúvida alguma, um grande diferencial para
qualquer empresa. A escola nesse sentido precisa também trabalhar essa presença
digital para que toda comunidade escolar esteja conectada e engajada.
Trabalhar essa presença digital e alinhar a postura profissional de cada um de
seus colaboradores passa a ser uma preocupação da gestão estratégica de
pessoas. Como o advento da Internet, que chegou em uma velocidade
avassaladora, muitos não acompanharam esse desenvolvimento e não estão
preparados para um novo mundo.
O papel do professor sempre foi de conduzir, encaminhar e ajudar o aluno a
descobrir, através do ensino e aprendizagem, um novo mundo. Assim, sempre
observamos a postura do professor como alguém próximo a ser admirado e até
cultuado.
Com essa postura de ajudar, de pegar na mão de seu aluno, muitos
professores têm sido mal interpretados nas redes sociais e o número de situações
indesejadas tem aumentado.
O simples fato de dar atenção a um adolescente ou criança através de um
bate-papo em uma rede social pode ser interpretado de forma errada e trazer sérios
problemas para esse profissional e para a empresa da qual ele faz parte.
Assim, cabe à gestão estratégica de pessoas orientar e treinar cada
colaborador, apresentando as diretrizes de postura esperada nas redes sociais.
Alinhar o que deve ou não ser postado, a linguagem apropriada e a ética nas
relações deve ser uma preocupação da gestão de pessoas.
Tudo aquilo que nos é imposto como uma obrigação torna-se desafiador e
muitas vezes enfadonho. E a escola sempre foi algo imposto, uma obrigação.
Sabemos da necessidade e da importância da educação em nossas vidas, mas a
obrigação de frequentar uma escola torna a experiência muitas vezes maçante.
O desafio, então, é construir uma escola na qual o estudante queira
permanecer e a experiência de estudar seja desafiadora e envolvente.
Analisando a escola como uma empresa, como estamos fazemos desde o
início deste artigo, temos que ter o olhar no produto que estamos entregando. A
escola é uma prestadora de serviços. Não entregamos um produto físico, mas a
prestação de um serviço a alguém.
Na empresa moderna de prestação de serviços, a preocupação principal é
proporcionar ao cliente uma experiência única e marcante. Ir à uma academia, por
exemplo, é muito mais do que utilizar os equipamentos para realizar um exercício
físico. As academias hoje são equipadas com cadeiras de massagem, spas e
diversos outros serviços para que a experiência de as frequentar seja tão incrível
que o cliente queira sempre estar lá e leve seus amigos.
Muito mais que uma ferramenta de marketing, a preocupação com essa
experiência tem sido uma estratégica de vantagem competitiva e permanência no
mercado a todas empresas de prestação de serviços.
A empresa pioneira a utilizar essa estratégica foi a Disney:
A preocupação com cada detalhe faz da visita aos parques da Disney uma
experiência única. Proporcionar essa experiência marcante é o desafio daquela
empresa.
Na mesma linha, várias outras empresas estão se preocupando mais a cada
dia em proporcionar experiências únicas e agradáveis. Muito mais que uma
ferramenta de marketing, essa prática tem se tornado uma estratégia de
sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.
As empresas, para proporcionar uma experiência impactante na vida de seus
clientes, buscam em primeiro lugar conhecê-los. Através de ferramentas de pesquisa
de mercado, as organizações vão a campo entender qual é o perfil do cliente, quais
são suas necessidades e suas dores.
Apenas aqueles que atendem a uma necessidade humana é que
permanecem no mercado. Assim, é essencial que a empresa identifique qual é a
necessidade ou o problema do cliente, que será resolvido através do seu produto ou
serviço.
Muito além de resolver um problema, a empresa hoje se preocupa com todos
os detalhes que, para aquele cliente, são importantes, tais como seu conforto,
comodidade e outros itens.
Por exemplo, ao irmos a um consultório dentista, buscamos resolver
problemas bucais. Problemas com os dentes nos obrigam a buscar a solução nas
mãos desse profissional. Porém, em um mercado cada vez mais competitivo, vários
são os dentistas que entregam o mesmo serviço, no mesmo tempo e muitas vezes
pelo mesmo preço.
Como escolher então? Como o consumidor é levado a escolher esse ou
aquele? É nesse momento que entra a importância do diferencial e da experiência.
Todos vão concordar que ir a um dentista não é uma experiência agradável.
Pensando nisso, alguns profissionais estão inovando. Consultórios com
decorações lúdicas preparadas para receber crianças, profissionais preparados com
ferramentas da psicologia para trabalhar com clientes já traumatizados ou até a
utilização de outros artifícios para induzir o ciente a um sono profundo e não sentir o
incômodo do tratamento.
Para se tornar, então, uma empresa moderna, é preciso entender quem é o
seu cliente, o que o leva a consumir aquele serviço, o que ele espera, qual problema
irá resolver e qual a expectativa daquela experiência.
Como iniciamos o presente artigo colocando as escolas no mesmo patamar
que empresas de outros mercados, queremos trazer nesse tópico a mesma visão.
Uma escola moderna é aquela que tem como preocupação promover uma
experiência tal que leve o estudante a desejar permanecer nela.
Muito mais que apenas uma preocupação comercial, a missão de uma escola
passa pela formação de um ser humano, então existe o cuidado para evitar a
evasão escolar, pois suas consequências serão sentidas, não apenas na vida do
aluno evadido, mas em toda a sociedade.
Infelizmente pesquisas mostram que a evasão escolar é crescente em todo o
país. Segundo dados de 2018 do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, do IBGE), havia 24,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos com nível de
instrução até o superior incompleto ou que não frequentavam nenhum curso.
Sabemos das consequências dessa evasão em toda sociedade.
Proporcionalmente à evasão escolar, vemos o nível de desemprego em nosso país
atingir níveis alarmantes.
Assim, muito mais que uma empresa, a escola é uma instituição de
transformação e a preocupação com a evasão vai além de competitividade, é uma
missão transformar vidas.
No entanto, tornar a escola um ambiente agradável e entregar uma
experiência diferente é um desafio que começa com a gestão estratégica. O desafio,
assim, é construir um ambiente escolar que proporcione ao aluno segurança,
liberdade e o faça se sentir feliz e à vontade.
Baseado nas ideias do pedagogo francês Célestin Freinet, iniciou-se então
um movimento da escola moderna, no qual o aluno é entendido como o protagonista
no processo escolar, o foco principal de todos os processos.
Essa visão pode ser comparada ao que pregava o pedagogo brasileiro Paulo
Freire, quando falava que sua pedagogia focava o aluno e suas necessidades e
abria negociações com os jovens para métodos de ensino atrativos.
Podemos observar aqui que a pedagogia caminha junto com a gestão. Assim
como a pedagogia de Célestin Freinet ou de Paulo Freire buscavam entender a
necessidade do aluno, a gestão estratégica em qualquer outra empresa busca
entender o perfil do consumidor. As duas visões procuram entender as necessidades
e preferências de cada um.
O que pode ser uma quebra de paradigmas, porém, é dar voz ativa ao aluno
em um ambiente em que o poder de cátedra por séculos foi pregado e enaltecido
pelos profissionais do saber.
A escola moderna forma para a vida e, nesse sentido, precisa utilizar das
ferramentas da gestão moderna para ouvir mais seu principal cliente: o aluno.
Entender as necessidades desse aluno e atender a essas necessidades, com a
preocupação de tornar a experiência rica, é um desafio diário.
Em primeiro lugar, a gestão deve ter essa preocupação, proporcionando
ambientes adequados, estrutura física e tecnológica para entregar uma experiência
que supere as expectativas.
Muito além da gestão, essa preocupação também deve permear o
planejamento didático escolar, inserindo atividades que vão além das tradicionais
aulas expositivas.
Para formar um cidadão consciente, crítico e que entende um processo
democrático, a escola tem que estar preparada para ouvir esse aluno. Inseri-lo no
processo de planejamento das atividades e até na gestão escolar, o que deve ser
uma premissa básica da escola moderna.
Como falamos no início deste artigo, a escola é uma empresa, com todas as
responsabilidades financeiras, fiscais, jurídicas e pessoais implícitas em uma
organização.
No Brasil, a instituição escola vai além, deve estar também enquadrada nas
regras de funcionamento impostas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.
Com a premissa de que todos têm direito à educação e que as aprendizagens
essenciais devem ser garantidas a todos, a Base Nacional Comum Curricular é um
documento de caráter normativo que define essas aprendizagens.
O desafio para a gestão escolar é a implementação da BNCC, pois muito
além dos limites da sala de aula, a implementação envolve toda a gestão escolar e
traz alguns desafios.
Um documento importante que toda escola deve ter como guia é o PPP –
Projeto Político Pedagógico. Esse documento traz as diretrizes de existência e
funcionamento de uma instituição escolar. A gestão estratégica de pessoas participa
da elaboração do PPP e alinha os objetivos da instituição.
Tendo sido homologada a Base Nacional Comum Curricular, a escola precisa
elaborar uma revisão de seu Projeto Político Pedagógico, para que ele se adeque às
competências, conhecimentos e habilidades estabelecidas na Base Nacional
Comum Curricular.
Assim como na elaboração inicial do PPP – Projeto Político Pedagógico, toda
a comunidade escolar deve ser envolvida nessa revisão. Corpo docente, corpo
discente, setores administrativos e toda gestão escolar devem participar dessa
revisão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA