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Unidade IV
7 POLÍTICAS, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS INTERNAS
Barbosa (2002) identifica três momentos distintos para a história do conceito de cultura organizacional.
Na década de 1960, a cultura organizacional era associada ao desenvolvimento organizacional e a uma
concepção humanística dos valores organizacionais. Na década de 1980, as empresas japonesas
apontaram para a importância da cultura organizacional tanto em empresas quanto em economia. Na
década de 1990, a cultura organizacional passou a ser tratada como um ativo imaterial das empresas.
Handy (1980) propõe quatro tipos de cultura organizacional, fazendo associação com deuses gregos,
com base no comportamento de cada um deles:
Observação
Tipos de cultura
organizacional
Cultura do poder
Na cultura dos papéis, a cultura da empresa se mostra sagaz e seguidora de regras. Essa cultura
é baseada em funções e especialidades e centrada em procedimentos e regras. Como as regras
estabelecidas são claras e devidamente seguidas, o ambiente de trabalho mostra-se estável, porém não
há abertura para mudanças.
Na cultura das tarefas, a cultura da empresa é centrada em orientação para atingir os objetivos.
O principal foco está nos resultados, independentemente dos meios usados para atingir as metas. Nessa
categoria, têm destaque a experiência e a perícia para executar as funções.
Saiba mais
Para ler sobre os tipos de cultura organizacional e sua relação com
estratégias de remuneração, consulte o artigo a seguir.
RUSSO, G. M. et al. Correlacionando tipos de cultura organizacional com
estratégias de remuneração utilizando a tipologia de Charles Handy. REAd,
Porto Alegre, ed. 73, n. 3, p. 651-680, set./dez. 2012. Disponível em: https://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-23112012000300004&lng
=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 10 dez. 2020.
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Unidade IV
Uma cultura organizacional forte pode ser benéfica para a empresa e para os funcionários,
refletindo-se em:
• engajamento;
• satisfação;
• produtividade;
• retenção.
Na figura 80, temos um esquema dos resultados obtidos por uma cultura organizacional forte em
uma empresa.
Engajamento
Satisfação
Produtividade
Retenção
Quando os funcionários se identificam com a missão da empresa, a interação entre eles e a empresa
se torna mais próxima, o que resulta em motivação por parte do colaborador. Um funcionário motivado
produz melhor; logo, o engajamento está relacionado com a produtividade.
Outro fator que afeta positivamente a produtividade é a satisfação: funcionários felizes e que
se identificam com a missão da empresa têm maior produtividade. Por fim, capacitar e treinar um
funcionário demanda tempo e dinheiro, de forma que a empresa deve procurar reter os bons funcionários.
Se o funcionário se identifica com a missão da empresa, ele tende a continuar trabalhando nela. Assim,
promover a identificação com a missão e os valores da empresa é uma forma de retenção de talentos.
A cultura organizacional de uma empresa pode ser definida a partir dos seguintes pontos:
• inovação;
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
• colaboração;
• competição.
Na figura 81, temos um esquema dos pontos que podem definir a cultura organizacional de
uma empresa.
Inovação
Estabilidade
x
crescimento
Atenção aos
detalhes
Cultura
Orientação para organizacional
resultados
Orientação para
pessoas
Colaboração
Competição
Outro fator que influencia a cultura organizacional é quando a empresa está atenta a detalhes, que
podem ser refletidos em maior qualidade do trabalho final. Há empresas que trabalham diretamente
focadas em resultados, nas quais eles são métricas importantes para as avaliações, independentemente dos
meios usados para atingir esses resultados. Esse enfoque se reflete na cultura organizacional.
Há também o caso em que a empresa tem foco no capital humano, investindo na capacitação e
no bem-estar dos funcionários. É importante um equilíbrio entre o foco na produtividade e o foco nas
pessoas para assegurar ao mesmo tempo resultados e satisfação dos funcionários. A colaboração é um
item essencial na cultura organizacional, já que não se desempenha função sozinho em uma empresa, e
a interação com outros setores e departamentos é frequente. Quando a empresa adota metas agressivas,
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Unidade IV
pode estimular a competitividade entre os funcionários, o que tende a causar, quando em quantidade
exagerada, disputas internas e um ambiente de trabalho pouco saudável.
Os valores de uma empresa podem ser definidos como o conjunto de crenças, atitudes e regras
que contribuem para que os resultados esperados sejam atingidos. Os valores de uma empresa são o que
motiva a sua existência. Os valores refletem a personalidade da empresa e são definidos por sua liderança
com base em convicções morais e éticas. Os valores são diretamente responsáveis pela imagem que
temos de uma empresa.
Na figura 82, temos um esquema dos constituintes dos valores de uma empresa.
• sustentabilidade;
• inclusão;
• respeito;
• segurança;
• qualidade.
Esses exemplos de valores são gerais. A seguir, listamos os valores de algumas empresas de segurança
como situações específicas.
— foco no resultado;
— dinamismo;
— comprometimento;
— responsabilidade;
— força de vontade.
— inovação contínua;
• Secopi (s.d.):
— foco no resultado;
— integridade e respeito;
— valorização humana;
— confiança.
Para propagar os valores de uma empresa, podem ser feitas ações internas como a divulgação em
murais ou jornais internos. Adicionalmente, a divulgação pode se dar por meio de ações que estejam
ligadas à cultura organizacional.
Além dos valores, fazem parte do cerne de uma empresa a sua missão e a sua visão. A missão apresenta
o direcionamento que é dado à empresa por parte dos dirigentes; por sua vez, a visão apresenta o plano
futuro para a empresa.
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Unidade IV
Lembrete
O ser humano é por natureza um ser político, ou seja, não estamos isolados no ambiente, inclusive
no ambiente de trabalho, e precisamos interagir com pessoas. Se essa interação ocorre de forma
harmoniosa, temos como resultado um ambiente mais agradável, e as metas de trabalho são atingidas
mais facilmente.
A política pessoal tem como objetivo administrar a percepção que as outras pessoas, em sua equipe
de trabalho ou em sua rede de relacionamentos, têm de você. A política pessoal apoia-se em três pilares,
como apontado por Reardon (2008):
• aparências;
• relacionamentos;
• comunicação.
Na figura 83, temos um esquema dos pilares da política pessoal, segundo Reardon (2008).
Política pessoal
As aparências são responsáveis pela primeira impressão que temos de uma pessoa e, também,
colaboram para formar a imagem que temos dessa pessoa mesmo após um tempo de convivência. As
aparências podem ser subdivididas nos seguintes tópicos (REARDON, 2008):
• impressões;
• ambiente;
• credibilidade;
• compromisso.
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Aparências
Impressões
Ambiente
Credibilidade
Compromisso
Figura 84
As impressões estão associadas com a reputação que construímos; portanto, é necessário que
desempenhemos bem a nossa função e convivamos de forma harmoniosa com nossos colegas.
O ambiente de trabalho também contribui para a construção da nossa imagem, então é importante
manter o ambiente de trabalho organizado e limpo, o que se estende para os materiais e uniformes
usados no trabalho. A credibilidade é alcançada quando conseguimos respeito e confiança por parte dos
demais membros da equipe. O compromisso é demonstrado quando mostramos que estamos ativos e
dedicados ao trabalho, evitando transparecer nervosismo ou estresse em algumas situações mais críticas.
Manter bons relacionamentos é uma estratégia fundamental para uma convivência harmoniosa
com a equipe de trabalho. Um bom relacionamento é baseado nos seguintes pontos, segundo
Reardon (2008):
• atração;
• postura;
• reciprocidade;
• mentores;
• influência.
Na figura 85, temos um esquema dos pontos que colaboram para gerar bons relacionamentos,
segundo Reardon (2008).
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Unidade IV
Atração
Postura
Reciprocidade Bons
relacionamentos
Mentores
Influência
Precisamos atrair a atenção das pessoas, fazer com que elas gostem de trabalhar conosco. É necessário
manter uma boa postura no ambiente de trabalho, então devemos agir de maneira condizente com o
que esperamos de nosso trabalho. Um exemplo de adoção de uma boa postura seria nos espelharmos
na atuação dos líderes e das pessoas que nos inspiram. Reciprocidade é o que se atinge quando a
ajuda e a colaboração são mútuas dentro da equipe. Há reciprocidade quando recebemos ajuda de um
colega de trabalho e oferecemos nossa ajuda quando ele necessita. Os mentores são pessoas que nos
inspiram e orientam na carreira ou na trajetória dentro da empresa. Hoje em dia, diversos profissionais
oferecem mentoria para pessoas em início de carreira. É importante também oferecer mentoria
quando se atingir um nível mais elevado da carreira (lembre-se da reciprocidade). A influência pode
ser um importante impulsionador de carreiras, então procure interagir com pessoas com cargos, níveis
e conhecimentos superiores.
Como não atuamos sozinhos, comunicação é uma qualidade essencial, que permite interagir de
forma satisfatória com a equipe de trabalho e com os demais funcionários e pessoas externas à empresa.
• controle de informações;
• conversação;
• estilo;
• abertura;
• flexibilidade.
Na figura 86, temos um esquema dos pontos que colaboram para gerar boa comunicação,
segundo Reardon (2008).
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
Controle de
informações
Conversação
Boa
Estilo comunicação
Abertura
Flexibilidade
Outro ponto importante para a boa comunicação é a abertura, devemos nos mostrar abertos e
disponíveis para a comunicação sempre. Por fim, devemos nos mostrar flexíveis quando interagimos
com outras pessoas.
O plano de carreira é um programa interno da empresa que tem como objetivo traçar a evolução
de cada funcionário. Esse plano determina as competências necessárias para cada cargo bem como a
expectativa da empresa quanto a ele.
O plano de carreira deve incentivar a evolução profissional e até intelectual de seus funcionários,
bem como a retenção dos talentos. O profissional deve conhecer o plano de carreira para saber as
etapas que são esperadas que ele atinja em sua evolução na empresa, bem como o tempo necessário
em cada uma delas. O plano de carreira também tem como função a aquisição e a capacitação de novos
talentos pela empresa.
O plano de carreira em Y tem esse nome pelo formato da letra. Nesse plano, o funcionário encontrará
uma bifurcação, na qual ele precisa escolher o enfoque que irá seguir na sua carreira; normalmente a
bifurcação envolve escolhas como se dedicar à atividade de especialista ou de gestor. Esse plano de
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Unidade IV
carreira é comum em áreas que envolvam pesquisa e desenvolvimento ou empresas que demandem
conhecimento técnico em cargos elevados, como em empresas de engenharia ou farmacêuticas.
O plano de carreira em W é similar ao plano de carreira em Y, mas com uma possibilidade intermediária,
que reúne pontos da atividade tanto de gestor como de especialista. Nesse nível intermediário, o
funcionário se torna geralmente um gestor de projetos, não o gestor de um setor. Esse modelo de plano
de carreira é mais frequente nos setores de tecnologia.
A evolução dentro plano de carreira não pode ser uma iniciativa apenas da empresa, mas deve
contar também com a vontade e a colaboração do funcionário. Para conseguir que o funcionário se
sinta estimulado em seu desenvolvimento profissional, o gestor pode adotar as seguintes medidas:
• recomendar treinamentos, que podem se dar sob a forma de cursos, a distância ou presenciais,
coaching ou mentorias;
Saiba mais
É fundamental que nesse processo o gestor escute os seus subordinados para descobrir as expectativas
quanto à carreira, que aponte as possibilidades de crescimento de cada funcionário e que conheça a
estrutura organizacional da empresa para projetar a sua evolução nos próximos anos.
O art. 144 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) dispõe sobre a segurança pública, conforme
exposto a seguir.
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
I - Polícia Federal;
IV - Polícias Civis;
A seguir, detalharemos as funções de cada um desses órgãos e a intersecção do seu papel com a
segurança privada.
Em 1944, durante o Estado Novo (1937-1945), a então Polícia Civil do Distrito Federal teve seu nome
alterado para Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP) e seu domínio de atuação passou a
ser federal. O DFSP foi o protótipo da PF que temos hoje em dia.
Em 1967, durante a ditadura militar (1964-1985), foi criado o Departamento de Polícia Federal,
como um órgão subordinado ao Ministério da Justiça.
Após 2003, as operações da PF passaram a ter nomes para facilitar sua identificação interna.
Com o tempo, esses nomes foram divulgados pela assessoria de imprensa da PF e pela mídia, ficando
conhecidos do público em geral e tornando a atuação da PF mais visível. Talvez o nome mais conhecido
de uma operação da PF, tanto pela repercussão política quanto pela exposição na mídia, seja o da
operação Lava Jato.
Figura 87
157
Unidade IV
Saiba mais
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SEGURANÇA EMPRESARIAL
Diretor-Geral
FCPE 101.6
Conselho Superior
de Polícia
CSP Assistente Técnico
FCPE 102.1
Núcleo de Cooordenação-Geral de
Governança Governança e Controle
Nugov/CGGC/PF CGGC/PF
FG-3 FCPE 101.4 Gabinete
CAB/PF
Núcleo de Análise Cooordenação de FCPE 101.4
de Risco Gestão Estratégica
Nuar/CGGC/PF CGE/PF
FCPE 101.3 FCPE 101.3
51 - Delegacias
25 - Superintendências Regionais
Regionais FCPE 101.2
SR/PF
25 - Corregedorias
FCPE 101.4
Regionais
FCPE 101.2
2 - Delegacias 51 - Delegacias
Regionais 25 - Superintendência 25 - Superintendência Regionais
FCPE 101.2 Regional de Polícia Regional de Polícia FCPE 101.2
Federal no Rio de Janeiro Federal em São Paulo
1 - Corregedoria SR/PF/RJ SR/PF/SP 25 - Corregedorias
Regional FCPE 101.4 FCPE 101.4 Regionais
FCPE 101.2 FCPE 101.2
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Unidade IV
Saiba mais
• obtenção da guia de transporte de armas de fogo, armas não letais, munições e petrechos
de recarga;
160
SEGURANÇA EMPRESARIAL
O credenciamento de instrutor para escola de formação de vigilantes é necessário para quem deseja
ministrar aulas em cursos de formação de vigilantes e tem validade de cinco anos, renováveis por
períodos de cinco anos.
A Carteira Nacional do Vigilante (figura 89) é o seu documento de identificação funcional, de uso
obrigatório em serviço e emitido pelo sistema Gesp. Sua emissão é solicitada pelas empresas especializadas
ou com serviço orgânico em segurança privada, bem como pelos sindicatos da categoria de vigilantes.
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Unidade IV
O plano de segurança bancária é exigido pela Lei n. 7.102 (BRASIL, 1983) para o funcionamento
de agências bancárias ou de Pabs (Postos de Atendimento Bancário) que guardam ou movimentam
dinheiro em suas instalações. A solicitação da expedição ou da renovação desse documento é feita pelas
próprias instituições bancárias, e as unidades passam por vistoria realizada pela PF.
É necessária autorização para aquisição de armas, letais ou não, munições e petrechos de recarga
por parte das empresas especializadas e com serviço orgânico de segurança privada, emitida pela PF.
Empresas que ministrem cursos de formação na área também podem solicitar essa autorização. Ainda é
necessária autorização para aquisição de coletes balísticos na PF.
Para a movimentação de armas, letais ou não, munições e petrechos de recarga por parte das
empresas especializadas e com serviço orgânico de segurança privada, é necessária a emissão de guia de
transportes; a requisição é feita pelas empresas para a PF.
Quanto aos carros-fortes, é necessária vistoria anual, feita pela PF. O certificado de vistoria é o
documento que comprova a sua realização e tem validade de um ano. A requisição desse certificado é
feita pelas empresas especializadas ou com serviço orgânico de Segurança Privada.
Para que uma empresa de segurança privada encerre suas atividades, é necessária a solicitação de
cancelamento da autorização de funcionamento na PF. Essa solicitação deve ser feita pelas empresas
especializadas ou com serviço orgânico de segurança privada e é necessário entregar todo material
controlado, como armas letais ou não, munições, coletes e petrechos, que esteja em posse da empresa.
A emissão dos certificados de conclusão dos cursos de formação, extensão e reciclagem dos vigilantes
deve ser solicitada na PF pelas escolas de formação de vigilantes.
A PF também emite uma certidão de antecedentes criminais, com o objetivo de apontar se a pessoa
que solicitou tem algum registro criminal nas bases de dados da PF. Vale frisar que esse registro não
contempla registro de ocorrências criminais, que não são foco da atuação da PF, devendo essa outra
certidão ser solicitada na polícia civil do estado.
Em 1808, com a chegada de D. João ao então Brasil Colônia, houve a necessidade da criação de uma
guarda para garantir a segurança da corte. Havia, também, crescimento populacional na capital Rio de
Janeiro, que demandava um mecanismo de segurança pública organizado.
162
SEGURANÇA EMPRESARIAL
Em 1809, foi criada a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia do Rio de Janeiro, com modelo e
organização militarizados, similar à Guarda Real de Polícia de Lisboa.
Nesse período, ocorria o desenvolvimento de centros urbanos fora da capital Rio de Janeiro: logo,
havia a necessidade de criação de estruturas de policiamento semelhantes nas províncias. Em 1811, foi
criado o primeiro corpo policial fora da capital, em Minas Gerais; em 1820, foi criado o corpo policial no
Pará e, em 1825, na Bahia e em Pernambuco. O corpo policial do estado de São Paulo foi criado apenas
em 1831. Esses corpos policiais tinham estrutura e formação que se perpetuam até hoje nas polícias
militares estaduais.
Com a promulgação da Constituição Republicana, em 1891, foi dada certa autonomia aos estados,
de forma que cada unidade federativa estava livre para adotar o nome que quisesse para as forças de
segurança. Apenas em 1946, durante o Estado Novo, houve a padronização do nome dessas forças
de segurança como Polícia Militar, determinação que não foi seguida apenas pelo estado do Rio Grande do
Sul, que manteve o nome de Brigada Militar.
Durante o regime militar (1964-1985), as forças policiais estaduais que não a Polícia Militar, tais
como a Polícia Civil ou similares, foram extintas. A Polícia Militar passou a contar com uma classificação
hierárquica única, comandada por oficiais do Exército, e passou a atuar como instrumento de
combate aos opositores do regime. Em 1967, foi criada a Inspetoria-Geral da Polícia Militar, órgão
subordinado ao Exército.
Nos dias atuais, a Polícia Militar é um órgão estadual, subordinada ao governador de cada estado
ou do Distrito Federal, que é a autoridade de mais alto grau na área de segurança pública estadual,
conforme citado no § 6º , do art. 144 da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
A Constituição Federal (BRASIL, 1988), no § 5º do art. 144, aponta como função das polícias militares
o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública.
Como a Polícia Militar é uma instituição estadual, a legislação que rege seu funcionamento também
varia de estado para estado, embora os pontos centrais sejam comuns. A Lei Complementar n. 893, de
março de 2001, cita os valores fundamentais para a Polícia Militar do Estado de São Paulo:
I - o patriotismo;
II - o civismo;
III - a hierarquia;
IV - a disciplina;
V - o profissionalismo;
163
Unidade IV
VI - a lealdade;
VII - a constância;
IX - a honra;
X - a dignidade humana;
XI - a honestidade;
A Lei Complementar n. 893 (SÃO PAULO, 2001) também enumera os deveres dos componentes da
Polícia Militar do Estado de São Paulo, conforme reproduzido a seguir.
XIV - manter ânimo forte e fé na missão policial militar, mesmo diante das
dificuldades, demonstrando persistência no trabalho para solucioná-las;
XVII - não pleitear para si, por meio de terceiros, cargo ou função que esteja
sendo exercido por outro militar do Estado;
165
Unidade IV
XXXII - não abusar dos meios do Estado postos à sua disposição, nem
distribui-los a quem quer que seja, em detrimento dos fins da administração
pública, coibindo ainda a transferência, para fins particulares, de tecnologia
própria das funções policiais;
166
SEGURANÇA EMPRESARIAL
XXXV - atuar onde estiver, mesmo não estando em serviço, para preservar a
ordem pública ou prestar socorro, desde que não exista, naquele momento,
força de serviço suficiente (SÃO PAULO, 2001).
Saiba mais
167
Unidade IV
A estrutura organizacional da Polícia Militar do estado de São Paulo é feita de acordo com o
organograma da figura 90. A estrutura em outros estados é semelhante.
Cmt G
Gab Cmt G
EM/PM
Correg PM CIPM
CAJ CComSoc
Coord Op PM
Figura 90
• Cmt G – Comandante-Geral;
168
SEGURANÇA EMPRESARIAL
A estrutura operacional é comum e tem origem na estrutura militar da instituição. Essa estrutura
operacional conta com as denominações principais listadas a seguir, em ordem decrescente
de subordinação:
• Grupo de Polícia Militar (Gp PM), Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) ou Destacamento
de Polícia Militar (DPM).
Seguindo a estrutura militar, os policiais militares são separados em duas classes, oficiais ou praças,
que têm subdivisões conforme a qualificação do policial e seu papel dentro da instituição.
• Comandante-Geral.
• Subcomandante.
• Coronel.
• Tenente-coronel.
• Major.
• Capitão.
169
Unidade IV
• Primeiro-tenente.
• Segundo-tenente.
• Subtenente.
• Primeiro-sargento.
• Segundo-sargento.
• Terceiro-sargento.
• Cabo.
• Soldado.
Lembrete
Há certa polêmica sobre a atuação de policiais militares de folga na segurança privada, o chamado
“bico”. O período de folga deveria ser usado para descanso, formação complementar e convívio social, não
empregado em uma segunda fonte de renda, mas a baixa remuneração faz com que esses trabalhadores
busquem por complementação de salário.
Outro fator que impulsionou a presença de policiais nessa atividade foi a obrigatoriedade de presença
de oficiais na direção de empresas (Portaria E-0129/76), que teve vigência entre 1976 e 1983, e, dessa
forma, as empresas entenderam os benefícios de ter alguém com experiência na área de segurança em
seu quadro funcional.
[...] é problemático por outras razões. Os policiais que exercem o segundo emprego
trabalham nas folgas de seus turnos de 48 horas, acumulando o estresse e o
cansaço da dupla jornada, o que irá prejudicar o seu trabalho como policial.
Como mostram as estatísticas da Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo,
eles morrem mais frequentemente trabalhando como vigilantes do que
como policiais: entre os anos de 1990 e 1998, cerca de 23% das mortes dos
170
SEGURANÇA EMPRESARIAL
Observação
Em 2011, houve uma decisão inédita em que o Tribunal Regional Federal entendeu que a PF deveria
fornecer a Carteira Nacional do Vigilante para que um policial militar de São Paulo pudesse exercer
atividade de forma regular na segurança privada (JUSTIÇA..., 2011).
[...]
[...]
171
Unidade IV
[...]
A Polícia Militar do Estado de São Paulo tem a figura da Diária Especial por Jornada Extraordinária de
Trabalho Policial Militar (Dejem), conhecida como “bico oficial”, que permite o trabalho de policiais nos
horários de folga. Em 2017, policiais militares de São Paulo atuaram prestando serviço de policiamento
em seu horário de folga em áreas de conservação ambiental por meio da Dejem (MACHADO, 2017).
Desde janeiro de 2020, policiais militares do Estado de São Paulo podem prestar serviço de segurança
em seus horários de folga em estações de trem da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos
– CPTM (GRANCONATO, 2019).
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) aponta, no § 4º do art. 144, que a Polícia Civil tem como
funções a atuação como polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. O texto
diz ainda que a polícia civil é dirigida por delegados de polícia de carreira.
O § 6º do mesmo artigo diz que, assim como a Polícia Militar, a Polícia Civil é subordinada aos
governos dos estados e do Distrito Federal (BRASIL, 1988). Logo, a Polícia Civil é um órgão que apresenta
variações de estado para estado da federação.
A Polícia Civil do Estado de São Paulo, por exemplo, tem como função, além do papel de polícia
judiciária e de investigação criminal, a resolução de conflitos, a garantia do bem-estar coletivo e o
respeito à dignidade da pessoa humana.
É função da Polícia Civil o registro de boletins de ocorrência, que pode ser feito presencialmente nas
delegacias de polícia e, em alguns casos, por meio eletrônico. O boletim de ocorrência eletrônico tem
a mesma validade do registrado presencialmente nas delegacias. Por exemplo, no estado de São Paulo,
as ocorrências que podem ser registradas por meio eletrônico são as de menor gravidade e que não
envolvem dano físico, como (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO, s.d.):
172
SEGURANÇA EMPRESARIAL
roubo de objeto;
roubo/furto de veículos;
Com a busca por melhorias de segurança para evitar fraudes nos documentos de identificação, o
modelo da carteira de identidade foi alterado em 2019. Esse novo modelo tem tamanho diferente do
anterior e permite a inclusão de nome social, informações de saúde e profissionais. A presença de um
QR code no verso permite que as informações dos arquivos de segurança pública do portador do documento
sejam consultadas pelas autoridades policiais. Na figura 91, temos esse novo modelo de documento de
identidade, com emissão no estado do Ceará.
173
Unidade IV
Além dessas atribuições, a Polícia Civil emite o atestado de antecedentes criminais. Esse atestado
diz se a pessoa foi citada em qualquer ocorrência criminal no estado. Normalmente esse atestado pode
ser solicitado por meio digital. O atestado de antecedentes criminais conta com uma numeração
para que se possa verificar a sua autenticidade. No quadro a seguir, temos um exemplo de uma
certidão de antecedentes criminais emitida no estado de Goiás. Note que na certidão consta, além
da numeração, o nome do requerente, o nome da sua mãe, a data de nascimento e o número de CPF.
Quadro 4
174
SEGURANÇA EMPRESARIAL
A Guarda Civil Metropolitana é uma força policial de âmbito municipal, com atuação de preservação
do patrimônio público, policiamento escolar, proteção ambiental, proteção dos agentes públicos,
proteção às pessoas em situação de rua, controle do espaço público, além de colaborar com a Polícia
Militar no policiamento.
A estrutura militar também é presente na Guarda Civil Metropolitana, como pode ser visto, por
exemplo, na estrutura hierárquica da Guarda Civil Metropolitana da Cidade de São Paulo, apresentada
em ordem decrescente:
• Comandante-Geral.
• Subcomandante.
• Inspetor superintendente.
• Inspetor de agrupamento.
• Inspetor de divisão.
• Inspetor.
• Subinspetor.
• GCM 1a classe.
• GCM 2a classe.
• GCM 3a classe.
Forças Armadas
O art. 142 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) define quem são as Forças Armadas e a sua função,
conforme reproduzido a seguir.
Figura 92
A Marinha brasileira tem como missão a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais
e da lei e da ordem, com o uso e o preparo do poder naval, além de prestar apoio à política externa.
A principal atuação da Marinha se dá no âmbito aquático.
Figura 93
Figura 94
A atribuição de garantia da lei e da ordem (GLO) que a Constituição Federal faz às Forças Armadas
permite que, em casos especiais, as Forças Armadas atuem diretamente na Segurança Pública.
A Lei Complementar n. 97 (BRASIL, 1999), nos arts. 16 a 18, com a alteração pela Lei Complementar
n. 136/10, trouxe como atribuições para as Forças Armadas novos ramos de atuação, conforme
apresentado a seguir.
Art. 16. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também
como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das
polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa
de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da
posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela
recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em
coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre
outras, as ações de: (Incluído pela Lei Complementar n. 136, de 2010).
177
Unidade IV
178
SEGURANÇA EMPRESARIAL
Observação
Senasp
Defesa Civil
A organização dos dispositivos de defesa civil no Brasil ocorreu com a criação do Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), em 1988, que recebeu atualizações posteriores. O SINPDEC é
composto, segundo o art. 10 da Lei n. 12.608 (BRASIL, 2012a), “pelos órgãos e entidades da administração
pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades públicas e privadas
de atuação significativa na área de proteção e defesa civil”.
A Lei n. 12.608 (BRASIL, 2012a) também instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
(PNPDEC), autorizando a criação de um sistema de informações e monitoramento de desastres.
181
Unidade IV
Sobre o procedimento a ser tomado quanto a áreas de risco, a Lei n. 12.608 dispõe o seguinte:
[...]
184
SEGURANÇA EMPRESARIAL
[...]
Resumo
Nesta unidade, abordamos as políticas, as diretrizes e as estratégias
internas à organização, sob o ponto de vista da segurança empresarial e
do relacionamento com órgãos de segurança pública.
Exercícios
Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Analise as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.
I – Os estudos sobre cultura organizacional são enfáticos ao postular que, em qualquer organização,
esta estará impregnada de traços da cultura nacional, o que impõe aos gestores o desafio de gerenciar
a organização levando em conta os valores organizacionais e nacionais.
PORQUE
II – É essencial que o gestor seja capaz de, no esforço de gerenciar a cultura, expurgar os valores
nacionais que influenciam a cultura organizacional e impedem a construção de uma identidade
própria à organização.
Análise da questão
A primeira afirmativa é verdadeira, pois, como as organizações estão inseridas na cultura nacional, os
gestores devem administrá-las considerando tanto os valores organizacionais quanto os valores nacionais.
A segunda afirmativa é falsa, pois não há como o gestor excluir (expurgar) os valores nacionais que
influenciam a cultura organizacional.
186
SEGURANÇA EMPRESARIAL
Questão 2. (Enade 2006, adaptada) Analise as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.
PORQUE
Análise da questão
A primeira afirmativa é verdadeira, pois há organizações que encontram entraves para modificar os
comportamentos de seus funcionários no ambiente de trabalho.
A segunda afirmativa é falsa, pois as crenças, os valores e as atitudes que compõem a cultura
organizacional interferem nos comportamentos dos funcionários na empresa.
187
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 2
Figura 6
Figura 9
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA (IPEA). Atlas da Violência. Ipea, [s.d.]. Disponível em:
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Figura 10
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https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/dados-series/20. Acesso em: 10 dez. 2020. Adaptada.
Figura 11
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FINAL-v3.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020. Adaptada.
Figura 15
Figura 16
Figura 21
Figura 31
Figura 34
Figura 35
Figura 36
Figura 37
Figura 38
Figura 39
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Figura 41
Figura 43
Figura 44
Figura 47
Figura 48
Figura 49
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190
Figura 55
Figura 56
Figura 57
Figura 58
Figura 60
Figura 61
Figura 62
Figura 64
191
Figura 65
Figura 68
Figura 72
Figura 77
Figura 79
Figura 83
REARDON, K. K. Política pessoal: como vencer em um mundo onde trabalho duro e talento não são
suficientes. São Paulo: Gente, 2008. Adaptada.
Figura 84
REARDON, K. K. Política pessoal: como vencer em um mundo onde trabalho duro e talento não são
suficientes. São Paulo: Gente, 2008. Adaptada.
192
Figura 85
REARDON, K. K. Política pessoal: como vencer em um mundo onde trabalho duro e talento não são
suficientes. São Paulo: Gente, 2008. Adaptada.
Figura 86
REARDON, K. K. Política pessoal: como vencer em um mundo onde trabalho duro e talento não são
suficientes. São Paulo: Gente, 2008. Adaptada.
Figura 87
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Figura 91
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https://www.fbi.gov/
https://www.mi5.gov.uk/
https://www.rcmp-grc.gc.ca/
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000