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AULA 1

PROCESSO DE ALIMENTAÇÃO/NUTRIÇÃO:
CONCEITOS, PRINCÍPIOS, ESTRATÉGIAS E
IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
NUTRIÇÃO
o É a ciência que estuda os alimentos, seus nutrientes e sua ação no organismo.
ALIMENTAÇÃO
o Diz respeito à ingestão de nutrientes, aos alimentos que contêm e fornecem os
nutrientes, a como alimentos são combinados entre si e preparados, a
características do modo de comer e às dimensões culturais e sociais das práticas
alimentares.
o Todos esses aspectos influenciam a saúde e o bem-estar.

Guia Alimentar para a população Brasileira, 2014.

ALIMENTOS

o São todas as substâncias sólidas e líquidas que, levadas ao tubo digestivo, são
degradadas e depois usadas para formar e/ou manter os tecidos do corpo,
regular processos orgânicos e fornecer energia.
o Existem alimentos, entretanto, que só nos fornecem calorias vazias, ou seja,
são concentrados em certas substâncias que se transformam apenas em energia
após a digestão (por exemplo: bebidas alcoólicas e refrigerantes).
NUTRIENTES

o São todas as substâncias químicas que fazem parte dos alimentos e que são
absorvidas pelo organismo, sendo indispensáveis para o seu funcionamento. o
Também podemos dizer que os nutrientes são os produtos dos alimentos depois de
degradados.
o Existem os MACRONUTRIENTES (carboidrato, fibras, proteínas e gorduras) e os
MICRONUTRIENTES (vitaminas e minerais)

Grupos de

alimen

tosBásicos
(CHO)

Construtores
(Proteína)
Alimentos

Fontes de Gordura

Reguladores
(Vitaminas e
Minerais)

Alimentos BÁSICOS

(Carboidratos)
Fornecem energia para a ingeridos em maior - Batata
realização das quantidade durante todo o dia - Mandioca
- Arroz
atividades diárias - Pães
Devem ser - Macarrão - Açúcares, mel, doces...

Alimentos CONSTRUTORES

(Proteína)
Construir: - Unhas - Ovos
- Órgãos - Recuperar feridas - Leite e derivados (queijos, iogurtes..)
- Músculos - Carnes Leguminosas: - Feijões

- Sangue (Aves, bovina, - Grão-de-bico - Soja


suína) - Lentilha
- Cabelos
- Peixes - Ervilha seca

Alimentos fonte de
GORDURA

Também são necessárias vegetais azeite)


para o corpo (soja, milho, girassol, Consumir em pequenas
Preferir canola, quantidades e evitar
óleos frituras.

Alimentos REGULADORES
Regulam as funções do vitaminas, sais minerais e (Alface, agrião, couve...)
corpo e fibras - LEGUMES
transportam nutrientes - FRUTAS (laranja, banana, maçã...) (brócolis, cenoura, chuchu,
- VERDURAS beterraba...)
Ricos em

Fibra alimentar
oÉ uma classe de compostos de origem vegetal constituída sobretudo por polissacarídeos e
substâncias associadas que, quando ingeridos não sofrem hidrólise, digestão e absorção no
intestino delgado de humanos;

oA fibra alimentar tem propriedades como:


- Diminuição do tempo de trânsito intestinal e aumento do volume fecal;
- Fermentação pela microbiota colônica;
- Redução dos níveis sanguíneos de colesterol total ou de LDL-colesterol;
- Redução dos níveis sanguíneos pós-prandiais da glicose e/ou insulina.

Cozzolino, 2016.

CALORIA

o É a unidade de calor usada na Nutrição;


o É a medida de energia liberada a partir da “queima” (digestão) do alimento,
que é então utilizada pelo corpo;
o Cada nutriente fornece diferentes quantidades de energia (caloria); o Quanto
maior for a variedade de nutrientes que um alimento tiver, maior será o seu
valor nutricional (equilíbrio entre qualidade e quantidade).

Alimento in natura
oSão obtidos diretamente de plantas ou de animais e são adquiridos para o consumo sem que tenham sofrido qualquer
alteração após deixarem a natureza;
oSão frutas, legumes, verduras, raízes, tubérculos e ovos;
oPodem sofrer alguns processos antes de serem adquiridos como: limpeza, remoção de partes não comestíveis e
refrigeração;
oOutros alimentos como arroz, feijão, leite e carne são comumente adquiridos após limpeza, remoção de partes não
comestíveis, secagem, embalagem, pasteurização, resfriamento, congelamento, moagem e fermentação → são exemplos
de processos mínimos que transformam alimentos in natura em minimamente processados;
oEm todo processamento mínimo, não há agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento;
oAlimentos in natura tendem a se deteriorar muito rapidamente e esta é a principal razão para que sejam minimamente
processados antes de sua aquisição.

Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Exemplos de Alimentos in natura


oLegumes, verduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou
congelados; oarroz branco, integral ou parbolizado, a granel ou embalado;

omilho em grão ou na espiga, grãos de trigo e de outros cereais;


ofeijão de todas as cores, lentilhas, grão de bico e outras leguminosas;
ocogumelos frescos ou secos;
ofrutas secas, sucos de frutas e sucos de frutas pasteurizados e sem adição de açúcar ou outras
substâncias; ocastanhas, nozes, amendoim e outras oleaginosas sem sal ou açúcar;

ocravo, canela, especiarias em geral e ervas frescas ou secas;


ofarinhas de mandioca, de milho ou de trigo e macarrão ou massas frescas ou secas feitas com essas farinhas e
água; ocarnes de gado, de porco e de aves e pescados frescos, resfriados ou congelados;
oleite pasteurizado, ultrapasteurizado (‘longa vida’) ou em pó, iogurte (sem adição de açúcar);
oovos;
ochá, café, e água potável.

Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Alimento Processado
oSão produtos relativamente simples e antigos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar (ou outra
substância de uso culinário como óleo ou vinagre) a um alimento in natura ou minimamente processado; oAs técnicas
podem incluir cozimento, secagem, fermentação, acondicionamento dos alimentos em latas ou vidros e uso de métodos
de preservação como salga, salmoura, cura e defumação;
oSão facilmente reconhecidos como versões modificadas do alimento original;
oAlimentos processados incluem conservas de alimentos inteiros preservados em salmoura ou em solução de sal e
vinagre, frutas inteiras preservadas em açúcar, vários tipos de carne adicionada de sal e peixes conservados em sal ou
óleo, queijos feitos de leite e sal (e micro-organismos usados para fermentar o leite) e pães feitos de farinha de trigo, água
e sal (e leveduras usadas para fermentar a farinha);
oO objetivo do processamento industrial é aumentar a duração de alimentos in natura ou minimamente processados –
legumes, frutas, carnes, peixe, leite e farinha de trigo – e, frequentemente, torná-los mais agradáveis ao paladar.
oExemplos:
Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Exemplos de Alimento Processado

oCenoura, pepino, ervilhas, palmito, cebola, couve-flor preservados em


salmoura ou em solução de sal e vinagre; extrato ou concentrados de
tomate (com sal e ou açúcar); frutas em calda e frutas cristalizadas;
carne seca e toucinho; sardinha e atum enlatados; queijos; e pães feitos
de farinha de trigo, leveduras, água e sal.
Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Alimento Ultra Processado


oSão formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias
extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de
constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em
laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes,
aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os
produtos de propriedades sensoriais atraentes).
oTécnicas de manufatura incluem extrusão, moldagem, e pré processamento por fritura ou
cozimento.
Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Alimento Ultra Processado


oPães e produtos panificados tornam-se alimentos ultra processados quando, além da farinha de trigo,
leveduras, água e sal, seus ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar,
amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos;

oUma forma prática de distinguir alimentos ultra processados de alimentos processados é consultar a lista
de ingredientes: um número elevado de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) e, sobretudo, a
presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias (gordura
vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa,
espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de
aditivos) indicam que o produto pertence à categoria de alimentos ultra processados.
Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Exemplos de Alimentos Ultra


ProcessadooVários tipos de biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral, cereais
açucarados para o desjejum matinal, bolos e misturas para bolo, barras de cereal, sopas, macarrão e
temperos ‘instantâneos’, molhos, salgadinhos “de pacote”, refrescos e refrigerantes, iogurtes e bebidas
lácteas adoçados e aromatizados, bebidas energéticas, produtos congelados e prontos para aquecimento
como pratos de massas, pizzas, hambúrgueres e extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo
nuggets, salsichas e outros embutidos, pães de forma, pães para hambúrguer ou hot dog, pães doces e
produtos panificados cujos ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar,
amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.
Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.

Processo de nutrição
o O homem obtém energia por meio da degradação de nutrientes orgânicos (alimentos); o
Os alimentos são constituídos por vários grupos de nutrientes (carboidratos, proteínas,
fibras, lipídeos ou gorduras, vitaminas e minerais);
o Entretanto, para que a energia disponível nesses nutrientes possa ser utilizada, é
necessário que eles passem, antes, por três etapas básicas: digestão, absorção e
metabolismo.
o A necessidade nutricional de um indivíduo pode ser definida como a quantidade de
energia e de nutrientes disponíveis nos alimentos que indivíduos sadios devem ingerir para
satisfazer todas as suas necessidades fisiológicas;
Cuppari, 2014.
O processo de digestão dos alimentos se dá no sistema gastrointestinal (SGI) que serve
para: o digerir as proteínas, carboidratos e lipídios dos alimentos e bebidas ingeridos; o
absorver fluidos, micronutrientes e oligoelementos;
o fornecer uma barreira física e imunológica para microorganismos, corpos estranhos e
possíveis antígenos consumidos com o alimento ou formados durante a passagem do alimento
pelo SGI.

Além disso, o SGI desempenha diversas outras funções regulatórias, metabólicas e


imunológicas que podem afetar o corpo inteiro. O SGI humano foi “bem-elaborado” para
digerir e absorver os nutrientes de uma imensa variedade de alimentos, incluindo carnes,
produtos lácteos, frutas, vegetais, grãos, amidos complexos, açúcares, gorduras e óleos.
Krause, 2013.

Entendendo o processo de digestão


o A visão, o olfato, o paladar e até mesmo o fato de pensar em alimento ativam as secreções e os movimentos
do SGI;
o Na boca, a mastigação reduz o tamanho das partículas de alimentos, que são misturadas com secreções
salivares para então serem engolidas. Uma pequena quantidade de amido é degradada pela amilase salivar. O
esôfago transporta alimentos e líquidos da cavidade oral e faringe para o estômago;
o No estômago, o alimento é misturado com líquido ácido e enzimas proteolíticas e lipolíticas → digestão de
pequena quantidade de lipídios, e algumas proteínas têm a sua estrutura alterada ou são parcialmente
digeridas em grandes peptídeos. Quando o alimento atinge consistência e concentração apropriadas, o
estômago permite que o seu conteúdo passe para o intestino delgado, no qual ocorre a maior parte da
digestão;
Krause, 2013.
o Nos primeiros 100 cm do intestino delgado ocorre digestão e absorção da maior parte dos alimentos ingeridos. A
presença de alimento estimula a liberação de hormônios que estimulam a produção e liberação de enzimas potentes
pelo pâncreas e intestino delgado e da bile pelo fígado e vesícula biliar. Os amidos e as proteínas são reduzidos em
carboidratos de menor peso molecular e peptídeos de tamanhos médio e grande. As gorduras dietéticas são
reduzidas de glóbulos visíveis de gordura a gotas microscópicas de triglicerídeos e, então, a ácidos graxos livres e
monoglicerídios. As enzimas da borda em escova do intestino delgado reduzem ainda mais os carboidratos
remanescentes em monossacarídeos e peptídeos em aminoácidos simples, dipeptídeos e tripeptídeos. Ao longo do
intestino delgado, quase todos os macronutrientes, vitaminas, minerais, oligoelementos e líquidos são absorvidos
antes de chegar ao cólon. O cólon absorve eletrólitos e apenas uma pequena quantidade de nutrientes restantes;

o A maioria dos nutrientes absorvidos pelo SGI chega ao fígado pela veia porta, na qual podem ser armazenados,
transformados em outras substâncias ou liberados na circulação. Os produtos finais da maioria das gorduras
dietéticas são transportados para a corrente sanguínea por meio da circulação linfática;

Krause, 2013.

o As fibras remanescentes, amidos resistentes, açúcar e aminoácidos são


fermentados pela borda em escova do cólon. A fermentação dos carboidratos
remanescentes resulta na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e gás.
Alguns dos carboidratos e fibras resistentes à digestão no SGI superior servem como
material “prebiótico” pela produção de AGCC, diminuindo o pH do cólon e
aumentando a massa de bactérias auxiliares. As substâncias prebióticas apoiam a
relação simbiótica entre o SGI e seu ambiente microbiológico;
o O intestino grosso fornece armazenamento temporário para os produtos
residuais;
o O cólon distal, o reto e o ânus controlam a defecação.

Krause, 2013.
Nutrição no envelhecimento
o O envelhecimento natural submete o organismo a diversas alterações anatômicas e
funcionais, com repercussões nas condições de saúde e nutrição do idoso;

o Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando efetivas reduções na


capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários até os processos
metabólicos do organismo;

Campos, 2000.
o O uso de múltiplos medicamentos também influenciam na ingestão de alimentos, na
digestão, na absorção e na utilização de diversos nutrientes, o que pode comprometer
o estado de saúde e a necessidade nutricional do indivíduo idoso;

o Portanto, os idosos são considerados grupo de risco para apresentar deficiência de


energia, vitaminas e minerais;

o Fatores socioeconômicos, presença de doenças, alterações no modo de vida e nos


hábitos alimentares também influenciam o estado nutricional do idoso.

Campos, 2000.

Fatores que afetam o consumo alimentar do idoso:


Fatores Psicossociais (valor da renda mensal •Perda de dentição e dificuldade para
mastigar alimentos;
insuficiente).
• Perda do cônjuge; •Menor secreção salivar;
Alterações fisiológicas •Diminuição da motilidade intestinal →
• Isolamento social;
constipação intestinal.
•Diminuição do metabolismo;
• Depressão, etc. •Perda da sensibilidade à sede;

Fatores Socioeconômicos •Menor percepção sensorial (papilas


gustativas, olfato, visão...); Campos, 2000.
• Baixo poder aquisitivo
Fatores secundários ao uso de fármacos também interferem na digestão e no estado
nutricional dos idosos, pois alguns medicamentos:

o Diminuem a absorção intestinal;


o Favorecem desidratação e depleção de eletrólitos como magnésio, potássio e
zinco; o Alteram a absorção intestinal por destruição da flora;
o Provocam má absorção de carboidratos, vitamina B12, cálcio, ferro, magnésio e cobre e
inibem a síntese proteica;
o Predispõem à gastrite, osteoporose e hiperglicemia;
o Favorecem as gastrites e úlceras.

Campos, 2000.
o O estado nutricional, portanto, assume uma importante função na qualidade de vida e de
saúde;

o Além disso, o envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida,


ocasionaram mudanças no perfil epidemiológico da população, com predomínio das doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT);
o Por um lado, a obesidade consolidou-se como agravo nutricional associado à alta
incidência de DCNT, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, influenciando, desta
maneira, no perfil de morbimortalidade das populações;

Pereira, 2016.
o Entretanto nos idosos, a desnutrição apresenta-se fortemente associada ao aumento da incapacidade funcional,
aumento no número de internações, redução da qualidade de vida, maior susceptibilidade às infecções e,
consequentemente, aumento da mortalidade;

oUm estudo realizado em 2016, de base populacional, feito com 20114 idosos participantes da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), 2008/2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que no Brasil, o sobrepeso é
mais prevalente entre as idosas enquanto o baixo peso foi mais prevalente entre os idosos do sexo masculino;

o O diferencial por sexo pode ser de explicação fisiológica, uma vez que o processo de envelhecimento é acompanhado por
mudanças na composição corporal, há um aumento progressivo na deposição da gordura corporal, como também a sua
redistribuição, sendo observada uma diminuição na região dos membros e um maior acúmulo na região abdominal.
Geralmente, essa deposição ocorre mais precocemente nos homens, provavelmente por volta da meia-idade, e mais
tardiamente nas mulheres, após o período da menopausa.

Pereira, 2016.
o Esse estudo também mostrou associação entre menor renda mensal per capita e menor
peso corpóreo, além de menor escolaridade também associada à condição do baixo peso;

o É importante considerar a magnitude do baixo peso na população idosa no Brasil, pois essa
condição ainda é bastante incidente neste segmento populacional, contribuindo para o
aumento da mortalidade, principalmente em grupos de maior limitação econômica.

o Independentemente da fisiopatologia, o problema dos óbitos por desnutrição em idosos


traz à tona problemas sociais relacionados à desigualdade de acesso à alimentação em
quantidade e qualidade satisfatórias e ao papel das políticas públicas.

Pereira, 2016.
o Outro aspecto importante é que tem crescido consideravelmente o percentual daqueles que
vivem sozinhos. Por não terem alguém que os ajudem em suas atividades rotineiras, sirva de
companhia e lhes dediquem cuidados, o fato de morar só vem sendo associado a um decréscimo na
qualidade de vida e a um agravamento da morbidade, constituindo, até mesmo, um indicador de
risco de mortalidade. Portanto, idosos que residem sozinhos estariam mais vulneráveis a apresentar
distúrbios nutricionais, sejam estes de déficit ou de excesso;

o O fato de morar sozinho também pode influenciar nos valores elevados de IMC, no sentido de que
estes idosos tenderiam a consumir alimentos de baixa qualidade nutricional, induzindo ao
sobrepeso.

Pereira, 2016.
o Sendo assim o manejo da alimentação desta parcela da população é muito importante uma

vez que manter uma boa alimentação é uma das recomendações para promover a saúde da

pessoa idosa.

MAS ENTÃO, O QUE É UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL? Pereira, 2016.


Definição do Glossário temático de Alimentação e Nutrição – Ministério da Saúde. 2013.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: “Sinônimo de alimentação equilibrada. Padrão alimentar


adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos e de acordo com as fases
do curso da vida.
• Deve ser acessível (física e financeiramente), saborosa, variada, colorida, harmônica e
segura quanto aos aspectos sanitários.
• Esse conceito considera as práticas alimentares culturalmente referenciadas e valoriza
o consumo de alimentos saudáveis regionais (como legumes, verduras e frutas),
sempre levando em consideração os aspectos comportamentais e afetivos relacionados
às práticas alimentares.”
Glossário temático Alimentação e Nutrição, 2013.

“A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico que envolve a


garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma
prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo e que
deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser
referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia;
acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e
qualidade, atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e
prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.”

Guia Alimentar para a população brasileira, 2014.


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Pode ser resumida por três princípios:
o Variedade (comer diferentes tipos de alimentos pertencentes aos diversos grupos;
a qualidade dos alimentos tem que ser observada);
o Moderação (não se deve comer nem mais nem menos do que o organismo
precisa; é importante estar atento à quantidade certa de alimentos);
o Equilíbrio (quantidade e qualidade são importantes; o ideal é consumir alimentos
variados, respeitando as quantidades de porções recomendadas para cada grupo de
alimentos, ou seja, “comer de tudo um pouco”).
o Para que uma alimentação seja saudável, portanto, ela deve ter uma combinação correta de

alimentos, procurando sempre utilizar um maior número de cores, ou seja, quanto mais colorido for o
prato, maior é a chance dele fornecer variados nutrientes que o nosso corpo precisa;

o Outro ponto que faz com que uma alimentação seja mesmo saudável é a forma como ela é

apresentada para a pessoa idosa. É desejável que tenha uma boa apresentação no prato, seja saborosa

e seja servida num ambiente agradável, tranquilo e bem iluminado, preferencialmente servida no

mesmo horário da família, para que ela possa continuar sempre integrada à rotina da casa;

o Se a pessoa idosa apresentar um estado de confusão mental, é mais indicado que faça as refeições

em lugar mais calmo, com pouco barulho, sob a orientação da cuidadora.

Brasil, 2008.

O que é Saúde
o De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).... é o
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de afecções e enfermidades.

O que é Higiene
oA ideia de higiene está pautada na necessidade de garantir a inocuidade
sanitária por meio da diminuição ou exclusão das influências que possam
prejudicar a qualidade dos alimentos;
oHigiene alimentar corresponde ao conjunto de medidas adequadas para
assegurar as características dos alimentos, desde a sua segurança no aspecto do
acesso e da inocuidade, salubridade e conservação, no plantio, produção ou
fabricação, até o consumo.

Martins, 2014.

O que é segurança
oEm relação à alimentação, segurança dos alimentos significa ter alimentos livres de
contaminação biológica, química e/ou física;
oPara um alimento ser seguro, é preciso um cuidado rigoroso em todas as etapas de
produção, do campo até a hora do consumo;
oPara garantir a segurança dos alimentos, a vigilância sanitária estabelece um
conjunto de medidas de higiene, chamadas Boas Práticas. Essas normas são
obrigatórias em todas as cadeias de produção e têm a finalidade de proteger a saúde
do consumidor.
Anvisa, 2007.

O que é Manipulador de alimentos

oÉ a pessoa que lava, descasca, corta, rala, cozinha, ou seja, prepara os

alimentos; oÉ qualquer pessoa que entra em contato direto ou indireto com o

alimento.
Anvisa, 2004.

Importante lembrar:
o Além de nutrir, a alimentação pode tratar determinadas doenças e proteger o organismo;

o Devem ser levados em conta alguns fatores, como: estado de saúde físico, mental e emocional,
hábitos alimentares anteriores, alterações na capacidade de mastigar, deglutir, digerir e absorver os
alimentos;

o Deve-se priorizar alimentos de alto valor nutricional;

o Para uma prevenção efetiva de doenças o ideal é que a alimentação saudável seja um hábito
praticado ao longo de toda a vida.
Cemig Saúde, 2014.
o Além de uma boa alimentação, uma vida saudável requer um conjunto de atitudes que
contribuem para o equilíbrio do corpo e da mente, incluindo a prática de atividades
físicas;

o O ideal é que esses hábitos sejam adquiridos ainda na infância, mas,


independentemente da idade, é possível adotar um novo estilo de vida, incluindo no dia a
dia as atitudes necessárias para uma vida saudável e feliz;

o Os alimentos certos podem melhorar o desempenho do organismo, garantir a saúde,


prevenir doenças e aumentar a longevidade.
Cemig Saúde, 2014.

Referências Bibliográficas
▪AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Gerência Geral de Alimentos (GGALI). Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Resolução-RDC nº 216/2004.
3.ed. Brasília (DF). 44p.
▪AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Alimentos, medicamentos, produtos e serviços de interesse da saúde. Guia Didático. Brasília (DF), 2007. 113p. ▪ BRASIL. Ministério
da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156p. ▪ BRASIL. Ministério
da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde. Glossário temático: alimentação e nutrição. 2.ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2013. 52p. ▪ BRASIL. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Alimentação saudável para a pessoa idosa. Um manual para profissionais de saúde. 1. ed. Brasília (DF). 2009. 36p. ▪ BRASIL. Secretaria
Especial dos Direitos Humanos. Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos. Cuidar melhor e evitar a violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília(DF), 2008.
330p
▪ CAMPOS, M.T.F.S.; MONTEIRO, J.B.R.; ORNELAS, A.P.R.C. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Revista Nutrição, Campinas, v.13, n.3. p: 157-165. set.,/dez.,
2000. ▪ COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 5.ed. Barueri(SP): Editora Manole, 2016.
▪ CUPPARI, L. Nutrição Clínica no adulto. 3.ed. Barueri (SP): Manole, 2014.
▪MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J.L. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. 13.ed. São Paulo (SP): Elsevier, 2013.
▪MARTINS, B.R.; TANCREDI, R.C.P.; GEMAL, A.L. Segurança alimentar no contexto da vigilância sanitária: reflexões e prática. Rio de Janeiro, 2014. 288p. ▪ PEREIRA, I.F.S.; SPYRIDES, M.H.C.;
ANDRADE, L.M. Estado nutricional de idosos no Brasil: uma abordagem multinível. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.32, n.5, e00178814, mai., 2016.
▪ SAOLI, V.; FERREIRA, P.; SANTANA, M.C.P. Assessoria de Comunicação da CEMIG – Saúde. Nutrição para uma vida saudável. Belo Horizonte (MG): A Criação, 2014.

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