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PRINCIPIO DA LESIVIDADE OU OFENSIVIDADE

Este principio traz a ideia de que o direito penal tutela a vedação a criminalização
irracional e autoritária, marcando limites entre o direito e a moral, fazendo isso
através da consagração de outro principio/subprincipio/postulado da alteridade.

Deste a forma, o poder punitivo só se faz legitimo, quando há uma lesão relevante a
um bem jurídico pertencente a pessoa diversa do autor.~

Atualmente, a concepção dominante de bem jurídico – prevalecente na doutrina


nacional e na internacional, bem como na jurisprudência dos tribunais superiores
–, sendo inclusive a que costuma ser objeto de cobranças nas provas mais
exigentes e, portanto, merecedora de mais atenção no estudo do tema, remonta às
formulações de Claus Roxin, um importante penalista alemão que desenvolveu sua
peculiar forma de pensar na Alemanha dos anos 70 a partir do funcionalismo
moderado/racional/teleológico/dualista/de política criminal. Essa concepção,
eventualmente denominada teoria constitucional do bem jurídico, tomá-lo-á
como realidades ou fins, que são necessários para uma vida social livre e segura, que
garantam os direitos humanos e fundamentais do indivíduo, ou para o
funcionamento do sistema estatal erigido para a consecução de tal fim.

Essas realidades necessariamente deverão encontrar amparo na Constituição Federal


de 1988 (CF/1988), somente sendo possível nominar um ente como bem jurídico
válido, portanto, se ele estiver fundamentado em normas constitucionais.

Desta forma, a doutrina mais abalizada extrai 4 funções deste principio, que não são
autoexcludentes, mas complementares:

 PROIBIÇÃO DE INCRIMINAÇÃO DE ATITUDES INTERNAS: o Estado não pode


criminalizar o que não se caracteriza como uma conduta externa, ou seja,
ideias, convicções de quaisquer espécies, aspirações e quaisquer sentimentos
humanos não podem configurar crime, sob pena de retirar do âmbito do direito
penal do fato para o direito penal de autor ou da personalidade.
 PROIBIÇÃO DE INCRIMINAÇÃO DE CONDUTAS QUE NÃO EXCEDAM O AMBITO
DO PROPRIO AUTOR: Não é punível condutas que não extrapolem o âmbito do
próprio autor, ex: lesão corporal contra a si próprio.
 PROIBIÇÃO DE INCRIMINAÇÃO DE SIMPLES ESTADOS OU CONDIÇÕES
EXISTENCIAIS: O homem responde pelo que faz e não pelo o que é. Aqui há a
importante divisão entre o direito e a moral.
 PROIBIÇÃO DE INCRIMINAÇÃO DE CONDUTAS DESVIADAS QUE NÃO AFETEM
QUALQUER BEM JURÍDICO: Em complementação a função anterior, a conduta
pode ser imoral, suja, repugnante, nojenta, mas se não ofender bens jurídicos
tutelas pela norma penal, não incidirá nenhuma espécie de criminalização

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