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DIREITO CIVIL
Direito das Famílias - Parte I
Sumário
Roberta Queiroz
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Direito das Famílias - Parte I
Roberta Queiroz
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Direito das Famílias - Parte I
Roberta Queiroz
A família é, sem sombra de dúvida, o elemento propulsor de nossas maiores felicidades e, ao mes-
mo tempo, é na sua ambiência em que vivenciamos as nossas maiores angústias, frustrações,
traumas e medos.
Muitos dos nossos atuais problemas têm raiz no passado, justamente em nossa formação familiar,
o que condiciona, inclusive, as nossas futuras tessituras afetivas.
Somos e estamos umbilicalmente unidos à nossa família.
O conceito de família reveste-se de alta significação psicológica, jurídica e social, impondo-nos um
cuidado redobrado em sua delimitação teórica, a fim de não corrermos o risco de cair no lugar-co-
mum da retórica vazia ou no exacerbado tecnicismo desprovido de aplicabilidade prática.1
A parte do CC dedicada ao Direito das Famílias tem a peculiaridade de ser regido, em sua
maior parte, por regras existenciais.
Para quem estuda Direito das Famílias, seja para vida, seja para a prova, a compreensão
dos princípios que a seguir serão expostos ajudará na solução de questões para as quais,
numa análise inicial, parece não haver regra aplicável.
Conhecê-los e, sobretudo, compreendê-los fará a diferença na hora da prova e na vida
prática jurídica, para solução de casos concretos.
I – Princípio da Dignidade da pessoa humana tem previsão no artigo 1º da CF, que rege
todo o ordenamento civil – é um guia geral.
II – Princípio da Solidariedade é o epicentro do Direito das Famílias e está previsto no arti-
go 3º da CF - no direito das famílias, a solidariedade é verificável na ideia de que todos
1
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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Direito das Famílias - Parte I
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ser solidário significa responder pelo outro, o que remonta à ideia de solidariedade do direito das
obrigações. Quer dizer, ainda, preocupar-se com a outra pessoa. Desse modo, a solidariedade fa-
miliar deve ser tida em sentido amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e
sexual.2
I – Princípio da Igualdade entre os filhos – artigo 227 da CF e 1.596 do CC. Não existe di-
ferença entre os filhos, sejam eles do casamento, adotados, fora do casamento, filhos
socioafetivos (decorre do afeto), filho é filho. Todos têm direitos iguais sobre a herança
dos pais.
Está superada antiga discriminação de filhos que constava no art. 332 do CC/1916, cuja lamen-
tável redação era a seguinte: “o parentesco é legítimo, ou ilegítimo, segundo procede, ou não de
casamento; natural, ou civil, conforme resultar de consanguinidade, ou adoção”. Esse dispositivo
já havia sido revogado pela Lei 8.560/1992, que regulamentou a investigação de paternidade dos
filhos havidos fora do casamento. Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais perante a
lei, havidos ou não durante o casamento. Essa igualdade abrange os filhos adotivos, os filhos so-
cioafetivos e os havidos por inseminação artificial heteróloga (com material genético de terceiro).
Diante disso, não se pode mais utilizar as odiosas expressões filho adulterino, filho incestuoso,
filho ilegítimo, filho espúrio ou filho bastardo. Apenas para fins didáticos utiliza-se o termo filho
havido fora do casamento, eis que, juridicamente, todos são iguais.3
II – Princípio da Igualdade entre os cônjuges e companheiros – artigo 226 e 227 da CF.
Hoje não se fala mais sobre pátrio poder, mas em poder familiar. O poder que os pais
têm sobre os filhos é igual. O reflexo é em relação à guarda, por exemplo.
III – Princípio da não intervenção previsto no artigo 1.513 do CC: “ninguém pode intervir no
âmbito familiar”. Se houver, tem que ser mínimo e estritamente necessária.
IV – Princípio do maior interesse da criança e do adolescente (art. 227, caput, da CF/1988
e arts. 1.583 e 1.584 do CC)
V – Princípio da afetividade - Afetividade rege as relações familiares e, por isso, o termo
“Direito das Famílias” – pela pluralidade de formas de afeto. Por meio desse princípio,
2
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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IBIDEM
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Direito das Famílias - Parte I
Roberta Queiroz
A quebra de paradigmas do Direito de Família tem como traço forte a valorização do afeto
e das relações surgidas da sua livre manifestação, colocando à margem do sistema a
antiga postura meramente patrimonialista ou ainda aquela voltada apenas ao intuito
de procriação da entidade familiar. Hoje, muito mais visibilidade alcançam as relações
afetivas, sejam entre pessoas de mesmo sexo, sejam entre o homem e a mulher, pela
comunhão de vida e de interesses, pela reciprocidade zelosa entre os seus integran-
tes. Deve o juiz, nessa evolução de mentalidade, permanecer atento às manifestações
de intolerância ou de repulsa que possam porventura se revelar em face das minorias,
cabendolhe exercitar raciocínios de ponderação e apaziguamento de possíveis espíritos
em conflito. A defesa dos direitos em sua plenitude deve assentar em ideais de frater-
nidade e solidariedade, não podendo o Poder Judiciário esquivar-se de ver e de dizer o
novo, assim como já o fez, em tempos idos, quando emprestou normatividade aos rela-
cionamentos entre pessoas não casadas, fazendo surgir, por consequência, o instituto
da união estável. A temática ora em julgamento igualmente assenta sua premissa em
vínculos lastreados em comprometimento amoroso (STJ, REsp 1.026.981/RJ, 3.ª Turma,
Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 04.02.2010, DJe 23.02.2010).
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Direito das Famílias - Parte I
Roberta Queiroz
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda é
como não reconhecer função social à própria sociedade, premissa que fecha o estudo dos princí-
pios do Direito de Família Contemporâneo.4
4
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e
seus descendentes.
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https://www.tjrs.jus.br/novo/noticia/reconhecida-uniao-estavel-paralela-ao-casamento/
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Direito das Famílias - Parte I
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realização pessoal e gratificação profissional é a maneira de as pessoas se converterem em seres
socialmente úteis6
surgiu um novo nome para essa nova tendência de identificar a família pelo seu envolvimento afe-
tivo: família eudemonista, que busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação
de seus membros7
O que define família é o afeto. Hoje, então, fala-se da família eudemonista: pautada no
amor, no afeto, na busca pela felicidade.
3. Casamento
O conteúdo, agora, abordará o casamento, que começa no CC no artigo 1.511.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e
deveres dos cônjuges.
6
Dias, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. / Maria Berenice Dias - 14. ed. rev. ampl. e atual. — Salvador: Editora
JusPodivm, 2021.
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Apesar de ser de 2002, o Código já nasceu velho, com algumas normas destinadas ao
casamento que já estão ultrapassadas.
Os artigos relacionados ao casamento são os 1.511 a 1582 do Código Civil.
O casamento é entre duas pessoas.
A situação do poliamor, como vimos, não está resguardada pelo Direito, ainda. Um exem-
plo, seria a situação do Mr. Catra que faleceu e deixou vários filhos e várias “esposas”. Até que
ponto o Estado pode interferir no amor que se sente? Complicado, né?
Hoje já é possível o casamento entre uniões homoafetivas, mas isso só foi possível devido
ao reconhecimento jurisprudencial que, dentre outros, levou em consideração o Princípio da
Legalidade, que quer dizer “praticar atos de acordo com a lei”. E, como sabemos, o particular
pode tudo o que a lei não proíba.
Assim, um dos fundamentos do STJ e do STF para reconhecer a possibilidade de casa-
mento e união estável homoafetiva foi a lei, mesmo falando que casamento é entre homem e
mulher, a lei não proibiu e, sendo assim, é possível.
A gente sabe que a questão cultural também influencia muito no Direito das Famílias...
Observe a definição de casamento proposta por Flávio Tartuce: “união entre duas pesso-
as, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com objetivo de constituição de uma
família e baseado no vínculo do afeto”.
Pergunta comum em provas: existe hierarquia entre casamento e união estável? Não. Não
existe hierarquia entre entidades familiares.
Nas consequências, não há diferença.
Na formação, há diferença.
O casamento é constituído por meio da celebração, há uma certidão de casamento.
A união estável não tem ato celebrativo, decorre de uma convivência pública, contínua,
duradoura com o intuito de constituição de família.
O fim do casamento pode acontecer pela morte ou pelo divórcio.
O fim da união estável acontece pela morte ou pela dissolução.
Na morte, aplicam-se as mesmas regras para quem é cônjuge ou para quem é compa-
nheiro, pois o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do CC, que trabalhava
regras diferenciadas para a morte de companheiro e questões de herança e veremos na aula
de sucessões.
Hoje é tudo igual, quanto a questões de herança seja no casamentou ou união estável,
seguindo a mesma regra do artigo 1.829 do CC.
A dificuldade comum existente, em muitos casos, é de se comprovar a união estável no
que tange ao lapso temporal (quando se iniciou exatamente a união), principalmente para fins
de partilha de bens.
O artigo 1.511 estabelece que o casamento é uma comunhão de vida, que tem como pauta
a igualdade entre os cônjuges, levando em consideração o casamento entre homem/homem,
homem/mulher, mulher/mulher.
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É uma espécie de negócio jurídico, mas com regras específicas (monogamia, escolha
de vida...).
Ninguém pode “se meter” na vida familiar – esse é o princípio da não intervenção na família.
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Embora este art. 1.514 disponha que é casamento quando o homem e mulher manifes-
tam à vontade, a lei não proíbe; portanto, hoje, o casamento entre pessoas do mesmo sexo
é permitido. Não há impedimento para isso e também não há nenhuma peculiaridade dife-
renciadora.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da
data de sua celebração.
Muitas pessoas fazem o casamento religioso com efeito civil. Faz-se toda a habilitação
para o casamento e, ao invés de fazer a celebração apenas civil, pode-se fazer a celebração
civil e, depois, religiosa, ou se pode fazer o religioso com efeito civil.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o
casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua re-
alização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer
interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código.
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
Faz-se a habilitação, marca-se o casamento religioso com efeito civil, a celebração ocorre
ao mesmo tempo que a celebração religiosa e, depois, homologa-se em 90 dias.
Art. 1.516. § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá
efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, median-
te prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.”
Art. 1.516. § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos con-
sorciados houver contraído com outrem casamento civil.
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Um ponto muito cobrado em prova, principalmente agora, é a questão da capacidade para
o casamento.
A primeira coisa que deve ser observada é que capacidade não se confunde com le-
gitimidade.
A pessoa pode casar-se? Sim. Ela tem capacidade para o casamento? Tem. Mas ela pode
se casar com o irmão? Não, porque não se tem legitimidade para este ato.
Então, a capacidade é algo geral; quando se fala de legitimidade, é algo específico para
um ato específico.
Quem pode casar?
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Art. 1.517.
Parágrafo único. Se houver divergências entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do
art. 1.631.
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Se for entendido que a justificativa para anular o consentimento é injusta, pode-se ajuizar
ação contra os pais.
O Judiciário irá dirimir esse conflito. Os pais explicam os motivos para o juiz, que decidirá
se haverá casamento ou não, analisando se os motivos são justos ou não.
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Então, na questão da capacidade para o casamento, existe a idade núbil (idade para o
casamento) de 16 anos. Se a pessoa se casa com 16 anos, ela estará emancipada (art. 5º do
Código Civil).
Mas, para se casar com 16 anos, é preciso a autorização dos pais. Quando os genitores
são divorciados e um detém a guarda e o outro o direito de visita, os dois continuam tendo
poder familiar sob os filhos. Quem tem a guarda não tem mais ou menos poder familiar do que
quem exerce o direito de visita.
Tanto é verdade, que o poder familiar continua sendo dos pais, e essa decisão é dos dois.
Se houver conflito entre os dois, vai para o Judiciário para o juiz decidir. O outro só perde
o poder familiar nas hipóteses previstas em lei; enquanto não perde, manda.
A autorização dos pais para o casamento de pessoa de 16 anos tem fundamento no poder
familiar — o poder que os pais possuem de controlar a vida dos seus filhos menores.
Se houver problema em relação à autorização, pode-se pedir o suprimento judicial.
A pessoa com 16 anos pode ser autor, mas não tem capacidade para estar em juízo por
ser considerada relativamente incapaz por conta da idade.
Assim, a pessoa não pode ajuizar ação sozinha e os seus pais não vão estar ao seu lado
na ação, porque eles também são réus.
O Código de Processo Civil dispõe que:
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em
juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma
da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I – incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade.
O juiz chamará um curador especial para a pessoa de 16 anos que está movendo a ação
contra os pais, e quem será esse curador especial será a Defensoria Pública, ou até mesmo o
próprio advogado.
A autorização dos pais é revogável até a celebração (art. 1.518).
A partir dos 18 anos, se pode casar e divorciar, mas há regras que devem ser respeitadas.
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De acordo com o inciso reproduzido acima, não pode haver o casamento entre pai e fi-
lha(o) ou mãe e filho(a), seja o laço de parentesco natural (consanguíneo) ou civil (por adoção
ou socioafetividade).
Art. 1.521.
II – os afins em linha reta;
Os afins referem-se às pessoas que possuem laços de parentesco com o cônjuge de de-
terminada pessoa e, portanto, são consideras como parentes desta também.
Se Maria se casa ou constitui união estável com João, por exemplo, a mãe e o pai dele se-
rão seus sogros, o filho dele será seu enteado e o(a) irmão/irmã dele será seu/ seu cunhado(a).
Esse parentesco de Maria com os parentes de João é um parentesco denominado como
“parentesco por afinidade”. Segundo a lei, uma pessoa não pode casar com os parentes afins
em linha reta, ou seja, com o(a) sogro(a) ou o(a) enteado(a), pois estes possuem status seme-
lhante ao de pai/mãe e filho(a).
Observe que a legislação proíbe apenas o casamento de um indivíduo com os afins em
linha reta. Desse como, caso Maria quisesse casar-se com o irmão de João, não haveria qual-
quer tipo de impedimento, pois os cunhados são afins colaterais.
Art. 1.521.
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
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Art. 1.521.
V – o adotado com o filho do adotante;
O adotado não pode se casar com o filho do adotante, pois eles são irmãos.
Art. 1.521.
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte.
Art. 1.522. “Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por
qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impe-
dimento, será obrigado a declará-lo.
Em razão de se tratar de uma regra proibitiva, o rol apresentado pelo art. 1.521 do Código
Civil é considerado um rol taxativo, ou seja, as hipóteses que não se encontram elencadas
em seus dispositivos são hipóteses em que o casamento é permitido.
Cabe apontar que as disposições presentes nos artigos reproduzidos acima também se
aplicam à união estável, conforme expressa o art. 1.723 do mesmo Código.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, confi-
gurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.
§ 1 o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplican-
do a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2 o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Para fins de prova é importante que você esteja atento a um detalhe: segundo expressa o
art. 1.521, inciso VI, a pessoa que é casada não poderá casar novamente – não importando
há quanto tempo esteja separada de fato de seu ex-cônjuge –, a menos que efetue o divórcio
em relação ao seu matrimônio anterior.
Em contrapartida, o art. 1.723, § 1º, expressa que a incidência do inciso VI não se aplicará
à união estável, ou seja, a pessoa casada que estiver separada de fato não poderá se casar,
mas poderá contrair união estável.
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Art. 1.523.
II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses
depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
Do mesmo modo que ocorre em relação à viuvez, o Código Civil expressa que os divor-
ciados não devem se casar enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal.
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No entanto, caso a pessoa deseje se casar mesmo diante dessa situação, será imposto o
regime de separação obrigatória de bens, que poderá ser alterado após a efetivação da parti-
lha de bens referente ao casamento anterior.
Art. 1.523.
IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos,
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem
saldadas as respectivas contas.
A fim de evitar que ocorra qualquer espécie de confusão patrimonial, não poderá haver ca-
samento entre o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados
ou sobrinhos e a pessoa tutelada ou curatelada.
Nesse sentido, caso Joana seja tutora de Maria e a tutelada e seu filho se apaixonem,
o casamento não poderá ser realizado enquanto não cessar a tutela ou, caso os nubentes não
desejem esperar, deverá ser realizado sob o regime de separação obrigatória de bens.
Art. 1.523.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na flu-
ência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos paren-
tes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segun-
do grau, sejam também consanguíneos ou afins.
Em síntese, as causas suspensivas são causas dispostas a fim de que sejam evitadas
confusões sanguíneas e/ou patrimoniais.
Diferentemente do que ocorre em relação aos impedimentos, que podem ser podem ser
opostos por qualquer pessoa capaz, as causas suspensivas de casamento somente podem
ser opostas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos colaterais de segundo
grau, sejam estes consanguíneos ou afins.
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Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes,
de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes docu-
mentos:
I – certidão de nascimento ou documento equivalente;
II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que
a supra;
III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afir-
mem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos;
V – certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência
do Ministério Público.
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Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilita-
ção será submetida ao juiz.”
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante
quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se
publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde
possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, in-
dicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos
alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado.
Por sua vez, o processo relativo à celebração do casamento é expresso pelos arts. 1.533
a 1.542 do Código Civil:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autori-
dade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados
com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes
e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes
não souber ou não puder escrever.
Perceba que, quando a celebração do casamento se der na sede do cartório, bastará que
estejam presentes duas testemunhas; em contrapartida, caso a celebração ocorra em edifício
particular, serão necessárias quatro testemunhas.
Diante da situação em que um dos nubentes não saiba ou não possa escrever, também
será preciso que haja a presença de quatro testemunhas.
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“De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por ma-
rido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”.
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro,
serão exarados:
I – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos
cônjuges;
II – os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual
dos pais;
III – o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV – a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V – a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI – o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII – o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada
a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura
antenupcial.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I – recusar a solene afirmação da sua vontade;
II – declarar que esta não é livre e espontânea;
III – manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à sus-
pensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde
se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam
ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo
presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em
cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a pre-
sença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento
ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judi-
cial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I – que foram convocadas por parte do enfermo;
II – que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III – que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por
marido e mulher.
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§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados
que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade com-
petente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos inter-
postos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges,
à data da celebração.
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e
puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com po-
deres especiais.
§ 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, cele-
brado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação,
responderá o mandante por perdas e danos.
§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamen-
to nuncupativo.
§ 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
Conforme determina o art. 1.542 do Código Civil, é possível que um casamento seja cele-
brado mediante procuração. Nesse sentido, caso o noivo ou a noite esteja vivendo uma aven-
tura no Camboja, por exemplo, e não possa estar presente na data marcada para a celebração
do casamento, uma procuração pode ser efetivada para que uma pessoa escolhida pelo(a)
nubente o substitua.
Cabe apontar que a procuração a ser utilizada para a celebração do casamento deve con-
sistir em uma procuração por instrumento público, isto é, deve ser uma procuração realizada
em cartório e que apresente poderes especiais autorizando o casamento.
É de conhecimento geral que, ao estabelecer uma procuração, uma pessoa confere deter-
minados poderes a outra.
No que se refere à procuração para a celebração de casamento, o art. 1.542, § 1º, determi-
na que a revogação do mandato não precisará chegar ao conhecimento do mandatário; po-
rém, se o casamento for celebrado sem que o mandatário ou o outro contraente tenha ciência
da revogação, o mandante responderá pelas perdas e danos.
Perceba que assim como ocorre em relação à certidão de habilitação, a procuração tam-
bém produzirá efeitos por um período de 90 (noventa) dias.
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É comum que a banca tente confundir o candidato ao afirmar que tanto a certidão de habi-
litação como a procuração de casamento possuem validade de 90 (noventa) dias. Perceba
que esta afirmação é equivocada, pois o prazo de 90 (noventa) dias não se refere à validade
dos documentos, e sim ao seu período de eficácia.
Obs.: Dado o exposto, é importante lembrar que a validade de um documento ocorre
quando há o respeito aos requisitos exigidos por lei. A certidão de habilitação e a
procuração de casamento, por exemplo, deixarão de produzir seus efeitos passado
o prazo de 90 (noventa) dias, mas sua validade não cessará.
Ainda no que concerne ao tema, é importante apontar que os arts. 1.539 e 1.540 apresen-
tam algumas regras em que haverá a flexibilização do processo de habilitação e/ou celebra-
ção do casamento:
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde
se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam
ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo
presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em
cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Perceba que o artigo acima reproduzido determina que no caso de moléstia grave de um
dos nubentes, a autoridade celebrante presidirá o ato, perante duas testemunhas que saibam
ler e escrever, no local em que se encontrar o impedido. Tal flexibilização é compreendida
como uma flexibilização mínima das regras, pois para que esta ocorra é necessário que os
nubentes já estejam habilitados ao casamento.
Por sua vez, o art. 1.540 apresenta uma situação distinta, em que há a configuração de
uma flexibilização máxima das regras de habilitação e celebração de casamento:
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a pre-
sença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento
ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Note que enquanto em uma celebração realizada em vias normais as testemunhas podem
ser parentes dos nubentes, no casamento realizando quando algum dos contraentes estiver
em iminente risco de vida, conhecido como “casamento in extremis vitae”, o ato deverá ser
efetuado na presença de seis testemunhas com quem os nubentes não tenham parentesco
em linha reta ou colateral, até segundo grau.
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Cabe ressaltar, ainda, que diferentemente do que ocorre em relação ao casamento cele-
brado no caso de moléstia grave de um dos nubentes, o art. 1.540 trata sobre uma situação
em que o casal não passou pelo processo de habilitação para o casamento.
Em sua continuidade, o Código Civil dispõe o seguinte:
Observe que, nesse caso, a verificação quanto à habilitação dos nubentes para a celebra-
ção do casamento será realizada a posteriori, ou seja, após a realização do mesmo.
Art. 1.541
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade com-
petente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos inter-
postos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges,
à data da celebração.
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e
puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
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A hipótese prevista pelo art. 1.540 pode aparecer em provas com a denominação de casa-
mento nuncupativo, casamento in extremis vitae ou, ainda, casamento in articulo mortis.
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Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os
cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
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Em regra, quando algo é declarado nulo, os efeitos da nulidade retroagem à data da prática
do ato; em contrapartida, os efeitos relativos àquilo que é declarado anulado não retroagem.
Ademais, em razão de ofender o interesse público, o que é nulo pode ser reconhecido
de ofício pelo juiz, enquanto o que é anulável não, pois se refere a uma ofensa ao interesse
particular.
Dado o exposto, o casamento nulo e o casamento anulável apresentam as seguintes ca-
racterísticas:
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Lembre-se de que, no Brasil, a idade mínima para que uma pessoa possa se casar é de 16
(dezesseis) anos.
Art. 1.550.
II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nu-
bentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Existem diversas análises em relação ao que consiste em erro essencial contra a pes-
soa do outro, sendo consolidado o entendimento de que, para que haja a configuração de tal
aspecto, o erro deve ser tal que torne insuportável a vida em comum do casal, como pode
ocorrer, por exemplo, em relação a alguém que case com determinado indivíduo acreditando
que ele seja uma pessoa honesta e de boa índole quando, na verdade, o sujeito é um bandi-
do perigoso.
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Ao tratar sobre o erro essencial quanto à pessoa do outro é comum que haja a indagação
quanto às pessoas transsexuais. Conforme é de conhecimento geral, atualmente não há a
necessidade de que uma pessoa realize a cirurgia de transgenitalização ou que tenha autori-
zação judicial para que possa alterar o seu prenome nos registros em cartório, bastando que
efetue uma autodeclaração.
Nesse sentido, a pessoa que realiza a cirurgia de alteração de sexo (tanto do feminino
para o masculino como do masculino para o feminino) pode alterar seus registros sem que
haja a necessidade de apresentação de nenhuma informação adicional; sendo possível, des-
se modo, que o cônjuge venha a ter conhecimento sobre o ato apenas após a celebração do
casamento.
Apesar de, em teoria, esta situação não consistir em algo passível de tornar a vida em co-
mum insuportável, algumas pessoas que se encontram diante desse tipo de situação alegam
o erro essencial sobre a pessoa com o intuito de invalidar o casamento.
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III – Ocorrendo a validade do casamento, o mesmo somente poderá ser desfeito por meio
do divórcio ou caso ocorra a morte de um dos cônjuges, configurando o estado de viu-
vez daquele que for sobrevivente.
Cabe lembrar que a declaração de nulidade pode ser demandada por qualquer interessado
que seja capaz, inclusive pelo Ministério Público; já a anulação somente poderá ser deman-
dada pela parte interessada que incidiu em erro.
No entanto, conforme expresso pelo artigo reproduzido acima, a coabitação, havendo ci-
ência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da ce-
lebração, é de:
I – cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II – dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III – três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV – quatro anos, se houver coação.
§ 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezes-
seis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento,
para seus representantes legais ou ascendentes.
§ 2º Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta
dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
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Por fim, quanto à invalidade do casamento, cabe destacar aquilo que é denominado como
CASAMENTO PUTATIVO,
PUTATIVO referente ao casamento que é nulo ou anulável, mas que foi contra-
ído de boa-fé.
A fim de compreender o casamento putativo, imagine a seguinte situação: Maria a João se
encontram por acaso e acabam se apaixonando perdidamente, decidindo se casarem; contu-
do, algum tempo após estarem casados, descobrem que são irmãos. Perceba que, nos termos
da lei, esse casamento será declarado nulo. No entanto, em razão da falta de conhecimento
acerca do laço sanguíneo, isto é, em razão da boa-fé, os efeitos do casamento – como o
direito de pedir alimentos, de usar o sobrenome do outro e demais questões relacionadas a
situações que decorram dos efeitos do casamento – permanecerão em relação aos cônjuges.
O mesmo ocorrerá em relação ao casamento anulável: os efeitos do casamento serão aplicá-
veis ao(s) cônjuge(s) de boa-fé, conforme dispõe o artigo 1.561:
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o ca-
samento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anu-
latória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele
e aos filhos aproveitarão.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só
aos filhos aproveitarão.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
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Observe que um dos efeitos do casamento se dá em relação ao nome dos envolvidos, po-
dendo qualquer um dos nubentes – e não apenas a mulher – acrescer ao seu o sobrenome do
outro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autoriza, inclusive, a retirada de um dos sobreno-
mes da pessoa (referente ao sobrenome do pai ou da mãe) para que seja efetuada a inclusão
do sobrenome do marido ou esposa.
É importante frisar que ao acrescentar ou retirar o nome do marido ou esposa, a pessoa
deverá mudar toda a sua documentação. Muitas vezes tal aspecto gera situações problemá-
ticas. Imagine, por exemplo, que Maria aderiu ao sobrenome de João, com quem teve cinco
filhos. No entanto, após alguns anos de casamento, a mulher decidiu se separar de João e
voltar a utilizar seu nome de solteira, falecendo logo em seguida. Perceba que, nessa situa-
ção, a certidão de óbito de Maria será emitida com seu nome de solteira, mas a documenta-
ção dos seus filhos teria o seu nome de casada, o que possivelmente poderia gerar grandes
transtornos no momento de realizar o inventário.
Em regra, após a realização do divórcio, a pessoa deve deixar de usar o nome de seu ex-
-cônjuge, a menos que seja conhecida em seu ambiente de trabalho por aquele sobrenome,
hipótese em que terá o direito de continuar a utilizá-lo.
Art. 1.565.
§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por par-
te de instituições privadas ou públicas.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I – fidelidade recíproca;
Art. 1.566.
II – vida em comum, no domicílio conjugal;
III – mútua assistência; IV – sustento, guarda e educação dos filhos;
V – respeito e consideração mútuos.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mu-
lher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideração aqueles interesses.
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Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos
do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patri-
monial.
Note que, conforme dispõe o artigo 1.568, o casal deve contribuir proporcionalmente na
manutenção do lar, ainda que essa manutenção não esteja relacionada ao aspecto financeiro.
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem
ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão,
ou a interesses particulares relevantes.
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais
de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em
virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da família,
cabendo-lhe a administração dos bens.
Resumindo:
O casamento válido produz, então, vários efeitos, tanto no plano pessoal, quanto no social
e patrimonial.
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Interessante consignar que, no Brasil, até o ano de 1977, o casamento era considerado in-
dissolúvel, tendo essa situação mudado a partir da Emenda Constitucional n. 9, de 28 de julho
de 1977, que alterou a Constituição Federal então vigente (CF de 1969), abrindo espaço para o
divórcio, ao ser alterado o § 1º do art. 175, que passou a permitir a dissolução do matrimônio
nos casos previstos em lei.
Na década de 70, ainda, surgiu a tal Lei do Divórcio (Lei n. 6.515, de 26 de dezembro de
1977) que representou um marco importantíssimo e um alívio no Direito de Família ao permitir,
de forma expressa e categórica, o divórcio como forma de dissolução do vínculo matrimonial.
Em tempo, importante entender que a sociedade conjugal é diferente de vínculo matri-
monial. Como mencionado, um dos efeitos do casamento é o estabelecimento da sociedade
conjugal, o que indica que o casamento (vínculo matrimonial) é algo mais abrangente que a
sociedade conjugal, estando esta contida naquele.
Pela sociedade conjugal, temos um conjunto de direitos e obrigações que ligam os cônju-
ges, sendo certo que o vínculo matrimonial é muito maior.
Em razão disso, pode ocorrer a suspensão ou extinção da sociedade conjugal com per-
manência do vínculo matrimonial, situação em que os direitos e obrigações cessam (inclusive
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quanto ao regime de bens) mas persiste a proibição de novo casamento, porquanto ainda
existente o vínculo do matrimônio.
Nesse sentido, temos que o vínculo matrimonial só se dissolve, ou seja, o efetivo fim do
casamento somente ocorre nas seguintes hipóteses: morte de um dos cônjuges; anulação do
casamento e divórcio.
Assim, a separação judicial põe fim à sociedade conjugal, mas não põe fim ao vínculo
matrimonial. Entendeu?
É fato que, conforme expressa o artigo reproduzido acima, a morte real e a morte presumi-
da colocam fim ao casamento, pois geram o estado de viuvez do cônjuge sobrevivente.
Segundo dispõe o Código, a dissolução do enlace também ocorrerá pela nulidade ou anu-
lação do casamento, pela separação judicial ou pelo divórcio.
No entanto, é importante destacar que a Emenda Constitucional n. 66/2010 estabeleceu
uma alteração quanto à questão do divórcio: anteriormente, para que fosse possível realizar
o pedido de divórcio, era necessário que o casal estivesse separado de fato por 2 (dois) anos
ou separado judicialmente por 1 (um) ano, como vimos.
A partir da referida emenda, o divórcio pode ser pedido a qualquer momento, sem que haja
a necessidade de espera.
Cabe apontar que a possibilidade existente nos dias atuais de que o divórcio seja realiza-
do “de cara” não significa que a separação judicial não exista mais.
Caso um casal decida se separar judicialmente, a sociedade conjugal ficará suspensa até
que o divórcio de fato seja realizado.
Nesse sentido, havendo apenas a separação judicial, os indivíduos detêm a possibilida-
de de reatar o casamento sem que haja maiores problemas, diferentemente do que ocorre
quando acontece o divórcio: a partir deste, o casamento somente pode ser retomado caso
seja efetuado novamente, pois consiste em um procedimento que coloca um fim efetivo à
sociedade conjugal.
Vale ressaltar que o divórcio é um direito potestativo, isto é, consiste em um direito que não
admite contestações. Nesse sentido, caso um dos cônjuges tome a iniciativa de divórcio,
sua decisão deve ser acatada e respeitada.
Em decorrência dessa característica, atualmente existem projetos para que o procedimento
seja impositivo, ou seja, para que o divórcio possa ocorrer por meio do pedido de apenas
uma das partes perante o cartório.
Em geral, a ação de divórcio é cumulada com a partilha de bens. No entanto, para que o
procedimento seja efetuado, não é obrigatório que seja realizada a partilha: o divórcio pode
ser concedido primeiro, inclusive liminarmente, sendo a partilha discutida posteriormente.
Ainda no que se refere ao tema, é importante destacar que existem duas espécies
de divórcio:
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Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro
qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em
comum.”
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos
seguintes motivos:
I – adultério;
II – tentativa de morte;
III – sevícia ou injúria grave;
IV – abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V – condenação por crime infamante;
VI – conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da
vida em comum.
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casa-
dos por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada
a convenção.
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar
que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologa-
da pelo juiz ou por este decidida.
Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao
regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso
de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e du-
rante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o
sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração
não acarretar:
I – evidente prejuízo para a sua identificação;
II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;
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III – dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento,
ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restri-
ções aos direitos e deveres previstos neste artigo.
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separa-
ção judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das
partes poderá requerer sua conversão em divórcio.
§ 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por sentença, da
qual não constará referência à causa que a determinou.
§ 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada
separação de fato por mais de dois anos.
É importante que o candidato tome cuidado com o parágrafo 2º do artigo 1.580: em razão
do que é estabelecido pela Emenda Constitucional n. 66/2010, não há, atualmente, a neces-
sidade que seja comprovada separação de fato por mais de dois anos para que seja possível
requerer o divórcio.
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
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segundo requerente, como ação direta, tendo em vista a convergência de objetos entre
ambas as ações, de forma que as postulações deduzidas naquela estariam inseridas
nesta, a qual possui regime jurídico mais amplo. Ademais, na ADPF existiria pleito sub-
sidiário nesse sentido. Em seguida, declarou-se o prejuízo de pretensão originariamente
formulada na ADPF consistente no uso da técnica da interpretação conforme a Consti-
tuição relativamente aos artigos 19, II e V, e 33 do Estatuto dos Servidores Públicos Civis
da aludida unidade federativa (Decreto-lei 220/75). Consignou-se que, desde 2007,
a legislação fluminense (Lei n. 5.034/2007, art. 1º) conferira aos companheiros homoa-
fetivos o reconhecimento jurídico de sua união. Rejeitaram-se, ainda, as preliminares
suscitadas. ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADI-4277) (INF. 625/2011).
Relação homoafetiva e entidade familiar – 2: No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723
do CC para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar,
entendida esta como sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse reconhecimento
deveria ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas consequências da união
estável heteroafetiva. De início, enfatizou que a Constituição proibiria, de modo expresso,
o preconceito em razão do sexo ou da natural diferença entre a mulher e o homem. Além
disso, apontou que fatores acidentais ou fortuitos, a exemplo da origem social, idade, cor
da pele e outros, não se caracterizariam como causas de merecimento ou de desmere-
cimento intrínseco de quem quer que fosse. Assim, observou que isso também ocorreria
quanto à possibilidade da concreta utilização da sexualidade. Afirmou, nessa perspec-
tiva, haver um direito constitucional líquido e certo à isonomia entre homem e mulher: a)
de não sofrer discriminação pelo fato em si da contraposta conformação anátomo-fisio-
lógica; b) de fazer ou deixar de fazer uso da respectiva sexualidade; e c) de, nas situa-
ções de uso emparceirado da sexualidade, fazê-lo com pessoas adultas do mesmo sexo,
ou não. ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADI-4277) ADPF 132/RJ, rel.
Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADPF-132) (INF. 625/2011). Relação homoafetiva e enti-
dade familiar – 3: Em passo seguinte, assinalou que, no tocante ao tema do emprego da
sexualidade humana, haveria liberdade do mais largo espectro ante silêncio intencional
da Constituição. Apontou que essa total ausência de previsão normativo-constitucional
referente à fruição da preferência sexual, em primeiro lugar, possibilitaria a incidência da
regra de que “tudo aquilo que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juri-
dicamente permitido”. Em segundo lugar, o emprego da sexualidade humana diria res-
peito à intimidade e à vida privada, as quais seriam direito da personalidade e, por último,
dever-se-ia considerar a âncora normativa do § 1º do art. 5º da CF. Destacou, outrossim,
que essa liberdade para dispor da própria sexualidade inserir-se-ia no rol dos direitos
fundamentais do indivíduo, sendo direta emanação do princípio da dignidade da pessoa
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humana e até mesmo cláusula pétrea. Frisou que esse direito de exploração dos poten-
ciais da própria sexualidade seria exercitável tanto no plano da intimidade (absenteísmo
sexual e onanismo) quanto da privacidade (intercurso sexual). Asseverou, de outro lado,
que o século XXI já se marcaria pela preponderância da afetividade sobre a biologici-
dade. Ao levar em conta todos esses aspectos, indagou se a Constituição sonegaria aos
parceiros homoafetivos, em estado de prolongada ou estabilizada união — realidade há
muito constatada empiricamente no plano dos fatos —, o mesmo regime jurídico prote-
tivo conferido aos casais heteroafetivos em idêntica situação. ADI 4277/DF, rel. Min.
Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADI-4277) ADPF 132/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011.
(ADPF-132) (INF. 625/2011). Relação homoafetiva e entidade familiar – 4: Após mencio-
nar que a família deveria servir de norte interpretativo para as figuras jurídicas do casa-
mento civil, da união estável, do planejamento familiar e da adoção, o relator registrou
que a diretriz da formação dessa instituição seria o não-atrelamento a casais heteroa-
fetivos ou a qualquer formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Real-
çou que família seria, por natureza ou no plano dos fatos, vocacionalmente amorosa,
parental e protetora dos respectivos membros, constituindo-se no espaço ideal das
mais duradouras, afetivas, solidárias ou espiritualizadas relações humanas de índole
privada, o que a credenciaria como base da sociedade (CF, art. 226, caput). Desse modo,
anotou que se deveria extrair do sistema a proposição de que a isonomia entre casais
heteroafetivos e pares homoafetivos somente ganharia plenitude de sentido se desem-
bocasse no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família, constituída,
em regra, com as mesmas notas factuais da visibilidade, continuidade e durabilidade
(CF, art. 226, § 3º: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre
o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em
casamento”). Mencionou, ainda, as espécies de família constitucionalmente previstas
(art. 226, §§ 1º a 4º), a saber, a constituída pelo casamento e pela união estável, bem
como a monoparental. Arrematou que a solução apresentada daria concreção aos prin-
cípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade, da liberdade, da proteção das
minorias, da não-discriminação e outros. O Min. Celso de Mello destacou que a conse-
quência mais expressiva deste julgamento seria a atribuição de efeito vinculante à obri-
gatoriedade de reconhecimento como entidade familiar da união entre pessoas do
mesmo sexo. ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. 320 (ADI-4277) ADPF 132/
RJ, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADPF-132) (INF. 625/2011). Relação homoafetiva
e entidade familiar – 5: Por sua vez, os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes
e Cezar Peluso, Presidente, embora reputando as pretensões procedentes, assentavam
a existência de lacuna normativa sobre a questão. O primeiro enfatizou que a relação
homoafetiva não configuraria união estável — que impõe gêneros diferentes —, mas
forma distinta de entidade familiar, não prevista no rol exemplificativo do art. 226 da CF.
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Assim, considerou cabível o mecanismo da integração analógica para que sejam aplica-
das às uniões homoafetivas as prescrições legais relativas às uniões estáveis heteros-
sexuais, excluídas aquelas que exijam a diversidade de sexo para o seu exercício, até
que o Congresso Nacional lhe dê tratamento legislativo. O segundo se limitou a reconhe-
cer a existência dessa união por aplicação analógica ou, na falta de outra possibilidade,
por interpretação extensiva da cláusula constante do texto constitucional (CF, art. 226,
§ 3º), sem se pronunciar sobre outros desdobramentos. Ao salientar que a ideia de opção
sexual estaria contemplada no exercício do direito de liberdade (autodesenvolvimento
da personalidade), acenou que a ausência de modelo institucional que permitisse a pro-
teção dos direitos fundamentais em apreço contribuiria para a discriminação. No ponto,
ressaltou que a omissão da Corte poderia representar agravamento no quadro de des-
proteção das minorias, as quais estariam tendo seus direitos lesionados. O Presidente
aludiu que a aplicação da analogia decorreria da similitude factual entre a união estável
e a homoafetiva, contudo, não incidiriam todas as normas concernentes àquela enti-
dade, porque não se trataria de equiparação. Evidenciou, ainda, que a presente decisão
concitaria a manifestação do Poder Legislativo. Por fim, o Plenário autorizou que os
Ministros decidam monocraticamente os casos idênticos ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres
Britto, 4 e 5.5.2011. (ADI-4277) ADPF 132/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADPF-
132) (INF. 625/2011).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. ADOÇÃO PÓSTUMA. FAMÍLIA ANAPARENTAL. Para as ado-
ções post mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em
adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva, quais sejam, o trata-
mento do menor como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição. Ade-
mais, o § 6º do art. 42 do ECA (incluído pela Lei n. 12.010/2009) abriga a possibilidade
de adoção póstuma na hipótese de óbito do adotante no curso do respectivo procedi-
mento, com a constatação de que ele manifestou, em vida, de forma inequívoca, seu
desejo de adotar. In casu, segundo as instâncias ordinárias, verificou-se a ocorrência
de inequívoca manifestação de vontade de adotar, por força de laço socioafetivo pre-
existente entre adotante e adotando, construído desde quando o infante (portador de
necessidade especial) tinha quatro anos de idade. Consignou-se, ademais, que, na cha-
mada família anaparental - sem a presença de um ascendente -, quando constatados
os vínculos subjetivos que remetem à família, merece o reconhecimento e igual status
daqueles grupos familiares descritos no art. 42, § 2º, do ECA. Esses elementos subjeti-
vos são extraídos da existência de laços afetivos - de quaisquer gêneros -, da congruên-
cia de interesses, do compartilhamento de ideias e ideais, da solidariedade psicológica,
social e financeira e de outros fatores que, somados, demonstram o animus de viver
como família e dão condições para se associar ao grupo assim construído a estabili-
dade reclamada pelo texto da lei. Dessa forma, os fins colimados pela norma são a exis-
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tência de núcleo familiar estável e a consequente rede de proteção social que pode gerar
para o adotando. Nesse tocante, o que informa e define um núcleo familiar estável são
os elementos subjetivos, que podem ou não existir, independentemente do estado civil
das partes. Sob esse prisma, ressaltouse que o conceito de núcleo familiar estável não
pode ficar restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para
abarcar a noção plena apreendida nas suas bases sociológicas. Na espécie, embora os
adotantes fossem dois irmãos de sexos opostos, o fim expressamente assentado pelo
texto legal - colocação do adotando em família estável - foi plenamente cumprido, pois
os irmãos, que viveram sob o mesmo teto até o óbito de um deles, agiam como família
que eram, tanto entre si como para o infante, e naquele grupo familiar o adotando se
deparou com relações de afeto, construiu - nos limites de suas possibilidades - seus
valores sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, encon-
trando naqueles que o adotaram a referência necessária para crescer, desenvolver-se e
inserir-se no grupo social de que hoje faz parte. Dessarte, enfatizou-se que, se a lei tem
como linha motivadora o princípio do melhor interesse do adotando, nada mais justo
que a sua interpretação também se revista desse viés. (REsp 1.217.415-RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012). (INF. 500)
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. CASAMENTO. PESSOAS. IGUALDADE. SEXO. In casu, duas
mulheres alegavam que mantinham relacionamento estável há três anos e requereram
habilitação para o casamento junto a dois cartórios de registro civil, mas o pedido foi
negado pelos respectivos titulares. Posteriormente ajuizaram pleito de habilitação para
o casamento perante a vara de registros públicos e de ações especiais sob o argumento
de que não haveria, no ordenamento jurídico pátrio, óbice para o casamento de pessoas
do mesmo sexo. Foi-lhes negado o pedido nas instâncias ordinárias. O Min. Relator
aduziu que, nos dias de hoje, diferentemente das constituições pretéritas, a concepção
constitucional do casamento deve ser plural, porque plurais são as famílias; ademais,
não é o casamento o destinatário final da proteção do Estado, mas apenas o intermedi-
ário de um propósito maior, qual seja, a proteção da pessoa humana em sua dignidade.
Assim sendo, as famílias formadas por pessoas homoafetivas não são menos dignas de
proteção do Estado se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e formadas por
casais heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele arranjo fami-
liar deve ser levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais segurança jurídica
confere às famílias é o casamento civil. Assim, se é o casamento civil a forma pela qual
o Estado melhor protege a família e se são múltiplos os arranjos familiares reconhecidos
pela CF/1988, não será negada essa via a nenhuma família que por ela optar, indepen-
dentemente de orientação sexual dos nubentes, uma vez que as famílias constituídas
por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos daquelas constituí-
das por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade das pessoas e o afeto. Por con-
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sequência, o mesmo raciocínio utilizado tanto pelo STJ quanto pelo STF para conceder
aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável deve ser utilizado para
lhes proporcionar a via do casamento civil, ademais porque a CF determina a facilitação
da conversão da união estável em casamento (art. 226, § 3º). Logo, ao prosseguir o jul-
gamento, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso para afastar o óbice relativo
à igualdade de sexos e determinou o prosseguimento do processo de habilitação do
casamento, salvo se, por outro motivo, as recorrentes estiverem impedidas de contrair
matrimônio. REsp 1.183.378-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2011.
(INF. 486).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. CASAMENTO. ANULAÇÃO. DOMICÍLIO. EXTERIOR. Descabe
a homologação de sentença estrangeira de ação de anulação de casamento realizado
no Brasil - art. 7º, § 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil - independentemente de os
cônjuges serem domiciliados fora do país. No caso, pretendia anular-se o casamento no
Japão devido aos impedimentos de bigamia. SEC 1.303-EX, Rel. Min. Fernando Gonçal-
ves, julgada em 5/12/2007. (INF. 341).
O regime dos bens está diretamente relacionado às regras patrimoniais que têm incidên-
cia no casamento ou na união estável, quer a relação seja estabelecida entre homem e mulher
ou entre casais homoafetivos.
Basicamente, dado que durante a vida as pessoas acabam por adquirir bens – sejam
estes constituídos antes do casamento, durante ou depois do mesmo – o regime de bens
visa estabelecer as regras que irão reger o patrimônio das pessoas envolvidas no casamento
quando este vier a terminar, seja por meio do divórcio ou devido à morte de um dos cônjuges.
O importante a se ter em mente é que, em qualquer uma das situações de término, ou
seja, independentemente se o fim da relação se der razão de divórcio ou de morte, o regime
de bens adotado pelo casal terá reflexo sobre a partilha dos bens, de maneira que este deverá
ser escolhido com cautela.
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Obs.: Vale apontar que um namoro, por si só, não pode configurar a união estável em
razão de não haver o objetivo de constituição de família. No entanto, pode ocorrer
que as pessoas envolvidas em um namoro estejam vivendo uma situação tal que o
relacionamento venha a se transformar, em determinado momento, em uma união
estável. A partir desse ponto, a questão da incidência do regime de bens deverá
entrar em cena.
Devido ao fato de não haver o estabelecimento de um período mínimo para que a união
estável possa caracterizada, o regime de bens terá incidência sob o patrimônio dos envolvi-
dos qualquer que tenha sido o tempo do relacionamento. Tal aspecto acaba por gerar certo
desconforto quanto às situações em que a partilha de bens chega a juízo, pois diferentemente
do que ocorre em relação ao casamento, em que o ajuizamento de divórcio se dá por meio
da junção da certidão do casamento, possuindo esta a data que constitui o marco do início
da relação conjugal a ser considerado para os fins de partilha, a união estável não possui um
marco claro de início, a menos que os companheiros elaborem um documento estabelecendo
uma data, o que não ocorre na maioria dos casos.
Desse modo, quando a união estável chega ao fim, cabe ao juiz reconhecer a sua existên-
cia e, em acordo com a situação, estabelecer a data que marcará o início da união a fim de
possibilitar a dissolução da relação e a partilha dos bens adquiridos durante a constância da
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união. No entanto, na maioria das vezes os indivíduos não concordam com o período aponta-
do pelo outro o que enseja longas brigas e buscas de provas robustas...
Quanto ao tema em análise propriamente dito, o Código Civil brasileiro apresenta quatro
espécies de regime de bens que poderão incidir tanto sobre o casamento como sobre a união
estável: comunhão universal de bens, separação de bens, participação final nos aquestos e
comunhão parcial de bens.
Essas categorias de regime de bens devem ser divididas em dois grupos:
A começar pelo regime da comunhão parcial de bens, é necessário apontar que esse con-
siste no regime-regra devido ao fato de se referir ao regime que é estabelecido automatica-
mente pela lei quando não há a escolha do casal por qualquer outra espécie de regime.
Em outros termos, se os indivíduos estão vivenciando uma união estável e não realizaram
nenhuma escolha documentada quanto ao tipo de regime de bens sob o qual desejariam que
a relação fosse estabelecida, estes estarão, automaticamente, sob a incidência da comunhão
parcial de bens.
Do mesmo modo, o casal que celebrou o casamento, mas não realizou qualquer tipo de
escolha sobre o regime de bens, terá o relacionamento regido pela comunhão parcial de bens,
em que se define que tudo aquilo que for adquirido onerosamente por um ou ambos os côn-
juges na constância do casamento ou da união estável deverá ser partilhado por dois, ainda
que o bem esteja apenas no nome de um.
Como se pode observar, os outros tipos de regime dependem de uma escolha do casal,
que será operada de maneira distinta a depender se a relação se trata de uma união estável
ou de um casamento, conforme indicado abaixo:
• União estável: diante da união estável, a escolha do regime de bens diverso da comu-
nhão parcial de bens deverá ocorrer por meio da realização, através de escritura públi-
ca, de um pacto/contrato convivencial em que será estabelecido o tipo de regime a ser
contraído.
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É importante destacar que, enquanto o pacto convivencial é mais informalizado, não apre-
sentando nenhuma estrutura específica a ser seguida, a elaboração do pacto antenupcial
deverá obedecer às regras estabelecidas pelos artigos 1.653 a 1.657 do Código Civil:
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe
seguir o casamento.
Lembre-se que a questão da nulidade está no campo das invalidades. Nesse sentido, con-
forme estabelece o artigo reproduzido acima, o pacto antenupcial que não for realizado por
escritura pública será nulo, isto é, não possuirá validade. Observe, ainda, que o artigo expres-
sa que o referido pacto não produzirá efeitos caso o casamento não ocorra.
Questão de prova: Em uma questão elaborada pela FGV, a banca indagava o candidato so-
bre a incidência do regime de bens quanto à seguinte situação: João e Maria haviam se apai-
xonado e, pretendendo oficializar a relação por meio do casamento, realizaram o processo de
habilitação, marcaram a data de celebração da cerimônia e elaboraram, por meio de escritura
pública, o pacto antenupcial no qual se definia que contrairiam o regime da separação de
bens. No entanto, alguns dias antes do casamento, João sofreu um grave acidente e teve que
ficar internado durante meses no hospital, o que impediu a realização da cerimônia. Quando
o homem recebeu alta, o casal decidiu não mais se casar, mas apenas viver sob união está-
vel. Passados quinze anos, João decidiu terminar o relacionamento com Maria e dissolver a
união estável. No entanto, no momento da dissolução e partilha de bens, o homem alegou
que tudo aquilo que se encontrava em seu nome lhe pertencia, pois os dois estariam vivendo
sob o regime de separação de bens em razão ao pacto antenupcial que haviam firmado anos
antes. Perceba que a perspectiva de João quanto ao regime de bens relativo à união estável
do casal estava equivocada, pois apesar de o pacto ser valido, em razão de ter sido realizado
por escritura pública, este nunca chegou produzir efeitos, pois o casal nunca se casou.
Portanto, o regime de bens referente à união estável de João e Maria consistia, na verdade,
na comunhão parcial de bens, de modo que tudo que foi adquirido onerosamente pelo casal,
ainda que esteja apenas em seu nome, teria que ser dividido em partes iguais.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de
seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-
-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
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Direito das Famílias - Parte I
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Em regra, para que um bem imóvel de um dos cônjuges possa, por exemplo, ser alienado,
é preciso que haja a autorização de seu companheiro, ainda que se trate de bem particular.
No entanto, conforme estabelece o artigo acima, o pacto antenupcial que adotar o regime de
participação final nos aquestos poderá convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que estes sejam particulares.
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de regis-
tradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Apesar de não ser um ponto costumeiramente cobrado em provas, cabe apontar que é
possível que sejam convencionadas determinadas cláusulas existenciais dentro do pacto
nupcial, desde que estas não sejam contra a lei. Nesse sentido, apesar de haver discussões
doutrinárias quanto a esse aspecto, há a possibilidade de que sejam estipuladas, por exem-
plo, cláusulas a serem aplicadas em caso de traição.
Quando tratamos de regime de bens, observa-se os arts 1.639 a 1.688 do Código Civil. E o
que seria regime de bens?
Regime de bens é o conjunto de regras de ordem privada relacionadas com interesses
patrimoniais ou também econômicos resultantes da entidade familiar.
Observe que tudo aqui comentado ocorre entre a sociedade conjugal, esqueça, por en-
quanto, situações decorrentes da morte...
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens,
o que lhes aprouver.
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Direito das Famílias - Parte I
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§ 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado
de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros.
A ação de alteração de regime de bens é uma ação que segue jurisdição voluntária, ocor-
rendo em Vara de Família.
Imagine o seguinte: Fulana casou e quer comprar uma casa por meio de um empréstimo e
vender um bem dela. Neste caso, Fulana deverá ter autorização de seu companheiro/ marido?
Sim e Não! Sobre as regras, observe as disposições gerais do art. 1.640 até o art. 1.652, mas
veremos isso mais adiante...
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Direito das Famílias - Parte I
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Art. 1.642.
I – praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua
profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II – administrar os bens próprios;
III – desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu con-
sentimento ou sem suprimento judicial;
IV – demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados
pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V – reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao
concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o
casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI – praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
O art. 1.642 anota que um pode praticar atos sem o consentimento do outro. Ou seja, há
uma liberdade quanto aos atos que estão ligados à vida pessoal e à vida econômica de cada
pessoa. Já o art. 1.643 anota o seguinte:
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos
os cônjuges.
Veja que há obrigação solidária entre o casal. Isso quer dizer que ambos serão atingidos
na falta de pagamento do bem comprado.
Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642 competem ao cônjuge prejudicado
e a seus herdeiros.
Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença fa-
vorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio jurídico, ou seus
herdeiros.
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Direito das Famílias - Parte I
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Então, nesta ação, o terceiro prejudicado terá direito de ação regressiva em face do côn-
juge que fez o negócio. E se quem contraiu a dívida tiver falecido, contra os herdeiros caberá
a ação regressiva.
O cônjuge possui a capacidade de reivindicar bens comuns móveis e imóveis transferi-
dos pelo cônjuge ao concubino. Assim, se um cônjuge vendeu os bens, transferiu móveis ou
imóveis, prestou fiança, doação ou aval ao concubino sem autorização, o outro cônjuge ou os
herdeiros deste poderá empreender uma ação para reaver esses bens. Contudo, se foi pro-
movida a transferência de móveis ou de imóveis, prestou fiança, doação ou aval ao concubino
sem autorização e o terceiro se prejudicou, é possível haver uma ação regressiva contra quem
praticou o ato. E se for o amante, o cônjuge e os herdeiros prejudicados podem empreender
uma ação contra o concubino, este que não terá direito de regressão contra aqueles.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta.
Art. 1.647.
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
O art. 73 do CPC estabelece que nas ações que discutam direitos reais imobiliários, caso
uma pessoa queira ser autora, ela precisa do consentimento do cônjuge. Não havendo con-
sentimento deste, o juiz poderá supri-lo. Mas, ao ajuizar uma ação que discuta direito real de
bem imóvel contra uma pessoa casada, deve-se levar o cônjuge para a ação, formando um
litisconsórcio passivo necessário.
Art. 1.647.
III – prestar fiança ou aval;
IV – fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabele-
cerem economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônju-
ges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou parti-
cular, autenticado.
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Direito das Famílias - Parte I
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Segundo o artigo acima, o ato será anulável, ofendendo o direito de um dos envolvidos.
E se há essa ofensa, torna-se necessário o ajuizamento de uma ação anulatória. Não ajuizan-
do a ação no prazo correto, o ato será convalidado.
Obs.: o ato nulo nunca se torna válido, veja que estamos falando de anulabilidade.
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou
sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por
seus herdeiros.
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe,
segundo o regime de bens, caberá ao outro:
I – gerir os bens comuns e os do consorte;
II – alienar os bens móveis comuns;
III – alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial.
Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para com este e
seus herdeiros responsável:
I – como usufrutuário, se o rendimento for comum;
II – como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar;
III – como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.
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O art. 73 do CPC estabelece que nas ações que discutam direitos reais imobiliários, caso
uma pessoa queira ser autora, ela precisa do consentimento do cônjuge. Não havendo con-
sentimento deste, o juiz poderá supri-lo. Mas, ao ajuizar uma ação que discuta direito real de
bem imóvel contra uma pessoa casada, deve-se levar o cônjuge para a ação, formando um
litisconsórcio passivo necessário.
Caso haja prática de um ato sem autorização, o cônjuge pode aprovar o ato, tornando-o
válido, quer por instrumento público ou particular. Não autorizando, o juiz poderá conceder a
autorização.
🍒 Sem autorização do cônjuge ou do juiz, o ato é anulado. O prazo para ajuizar a ação
anulatória tem como prazo decadencial 2 anos, contados do divórcio ou da morte, este último
tendo ação proposta pelos herdeiros.
A autorização do outro cônjuge é chamada de outorga conjugal. Essa outorga legitima um
dos cônjuges a praticar os atos do art. 1.647. E quando essa outorga é consentida pela espo-
sa, tem-se uma outorga uxória. E quando pelo marido, tem-se a outorga marital.
Quando o motivo da negatória for injusto, o juiz poderá autorizar.
Caso um imóvel seja alienado, ainda que o imóvel seja um bem particular adquirido antes
do casamento, quem alienou estará diante de um ato anulável.
Logo, a outorga conjugal legitima a alienação para que o ato seja válido.
O prazo de 2 (dois) anos é decadencial, contando ao fim do casamento.
Por ser prazo decadencial estamos diante de um direito potestativo.
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Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na
constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casa-
mento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
Bem sub-rogado continua sendo bem particular. Assim, havendo uma casa de R$
500.000,00 quando solteira, e, quando casada, Maria tenha comprado outra casa de mesmo
valor, ainda assim o valor da casa continua sendo um bem particular. Todavia, estando casa-
da, Maria recebe uma doação de seu pai, esse bem é apenas de Maria. Agora, estando casada
em regime de comunhão parcial de bens, ocorre o falecimento do pai de Maria. Neste caso,
a herança é apenas de Maria.
Imagine a cena: Maria, casada com João, vende o seu apartamento particular para dar
entrada em uma cobertura que custa o dobro do valor. Neste caso, é feito um financiamento
para quitar o apartamento. Estando quitado, 15 anos depois há o divórcio. Aplicando a regra,
a partilha seria o seguinte. A parte de entrada da cobertura está sub-rogado no bem particular
de Maria. Todavia, o restante, bem comum, deve ser partilhado entre os cônjuges.
Noutro ponto, quando não houver como provar que o valor de entrada da cobertura é ex-
clusivo de Maria, é possível que está venha a perder parte do valor, por isso, cuidado, conste
tudo em documento.
Art. 1.659.
II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub- -ro-
gação dos bens particulares;
III – as obrigações anteriores ao casamento;
Art. 1.659.
IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de
um dos cônjuges;
Ex.: O apartamento comprado está no nome do marido. Quitado o apartamento, ainda assim,
uma vez adquirido onerosamente no casamento, ele deverá ser partilhado.
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Direito das Famílias - Parte I
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Art. 1.660.
II – os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
Ex.: Maria ganha na loteria no curso do casamento, esconde o bilhete do marido, divorcia e,
após o divórcio, se apresenta como milionária. Neste caso, se o marido comprovar que Maria
ganhou na loteria ainda casada, haverá a comunhão de bens.
Art. 1.660.
III – os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV – as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
Imagine: Maria comprou um lote quando solteira. Casando com João, este propõe, depois do
casamento, construir uma mansão. Ocorre o divórcio e João quer dividir tudo, mas Maria não
aceita. Neste caso, nem João e nem Maria tem razão. O lote é de Maria e a benfeitoria deve
ser repartida.
Art. 1.660.
V – os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Regras básicas:
• Exclui-se da comunhão: art. 1.659;
• Entram na comunhão: art. 1.660;
• Bem particular é: herança particular, doação particular;
• Bem comum: FGTS e loteria.
Imagine o seguinte: Maria não possuía nada antes do casamento. João, casado com Maria,
enquanto solteiro, não possuía nada. Casados, ambos moravam nos fundos da casa da mãe
de Maria. Anos depois, já concursados, Maria e João compraram a casa própria. Neste caso,
não há bem particular, e sim apenas bens comuns. Ou seja, temos aqui uma comunhão parcial
de bens sem bens particulares.
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Ela ocorre apenas no divórcio, sendo 50% dos bens comuns para um e 50% para outro.
Não há como falar em meação em bens particulares.
O regime da comunhão de bens, lembre-se é o regime que prepondera no casamento e na
união estável.
O problema dentro da união estável decorre do conhecimento do momento exato em que
essa começa a existir, já que a união estável surge por um fato da vida, ou seja, a convivência
pública, contínua e duradoura com intuito de constituição família, não necessitando morar
juntos e nem ter filhos. Em um julgado antigo do Tribunal do Rio Grande do Sul, um casal ficou
junto por alguns meses. O rapaz, nesse período, comprou um casamento, não conseguindo
comprar que o dinheiro do apartamento era particular. A moça ajuizou uma ação de reconhe-
cimento e dissolução de união estável e o juiz mandou partilhar o bem.
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A cláusula de incomunicabilidade é uma cláusula que impõe que o bem não se comunique
com o cônjuge.
Imaginando que Maria é casada com João. O pai de Maria quer doar para esta um aparta-
mento. Recebendo o apartamento, ele será de bem comum de Maria e João, mesmo que este
tenha sido doado antes do casamento (regime de comunhão universal de bens).
Contudo, o pai de Maria pode, ao doar o bem, constando uma cláusula de incomuni-
cabilidade.
Essa cláusula define que o bem é apenas de Maria, não havendo partilhar em caso
de divórcio.
Art. 1.668.
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva;
Fideicomício é estudado no direito sucessório e ocorre quando, por exemplo, alguém dei-
xa um bem para uma prole eventual. Não existindo o bem, alguém precisa tomar conta do
bem, até que a prole venha a existir.
Art. 1.668.
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunica-
bilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.659: VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos
frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
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Não entrará comunhão universal quando o bem recebido houver uma cláusula de inco-
municabilidade.
Meação:: trata-se da metade dos bens. Ela é retirada apenas dos bens comuns. Ela ocorre
Meação
apenas no divórcio, sendo 50% dos bens comuns para um e 50% para outro. Não há como
termos meação em bens particulares, já sabemos disso.
Havendo cláusula de incomunicabilidade, os frutos desses bens entram na meação.
Resumindo:
O artigo 1.668/CC elenca os bens que são excluídos da comunhão universal, a saber:
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Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção
dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto ante-
nupcial.
Existe uma situação peculiar: o casal começou um relacionamento em 1970 e foi viver
junto. Sessenta anos de união estável e tudo foi conseguido juntos em vida. Já bem velhin-
hos, o marido sonha em ver a mulher vestida de noiva. Ambos marcam o casamento. Tendo
mais de 70 anos, a lei obriga, ainda assim, mesmo com 60 anos de união estável, a separação
obrigatória de bens.
É possível observar que a imposição da lei pode causar injustiça para o casal. Em vista
disso, observa-se o exemplo: Maria divorciou de João e casou com Pedro sem fazer a partilha
com João. Casados, a lei impõe para Maria e Pedro a separação obrigatória de bens. Tendo
sido feita a partilha, Maria vive com Pedro e angariam patrimônio juntos e ainda em separa-
ção obrigatória de bens, estando tudo registrado no nome de Pedro. Havendo patrimônio em
comum, a fim de evitar injustiças, há uma Súmula n. 377 do STF (1964): no regime de separa-
ção legal de bens, comunica-se os adquiridos na constância do casamento.
Ex.: João, de 80 anos, casa com Maria. Anos depois, Maria separa de João, afirmando que
não há nada a dividir, dado a imposição do regime imposto para o maior de 70 anos. Haven-
do a dissolução do casamento em regime de separação obrigatória de bens, a Súmula acima
deverá ser observada, devendo haver uma meação.
Observa-se, ainda, que o STJ, em 2018, no Julgado do EResp 1.623.858, definiu que, no
regime da separação obrigatória de bens, comunica-se os adquiridos na constância do casa-
mento, desde que comprovado o esforço comum.
Não!
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Esse regime é novidade no Código Civil, sendo utilizado por quem possui muito dinheiro e
busca uma margem de liberdade maior de gestão dos bens da pessoa.
Passados quase 20 anos desde a vigência do Código Civil de 2002, é possível dizer que o
regime da participação final nos aquestos ainda tem pouquíssima popularidade.
O regime na participação final dos aquestos substituiu o regime dotal do CC de 1916, sen-
do importado da Suécia.
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Trata-se de um regime que, durante o casamento, cada um possui os seus bens. É como
se, durante o casamento, houvesse uma separação convencional.
Contudo, quando ocorrer a dissolução do casamento, observa-se a proximidade muito
grande com a comunhão parcial de bens.
Isso ocorre porque caso haja algo em comum, esse bem deve ser partilhado. Assim, no
final do casamento, os cônjuges terão participação nos bens que eventualmente se tenha co-
laborado para a aquisição. Para tanto, torna-se necessário comprovar o esforço patrimonial.
Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio,
consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal,
direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
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casal, integram o patrimônio comum do casal, devendo a CEF ser comunicada para que
providencie a reserva do montante referente à meação, a fim de que, num momento
futuro, quando da realização de qualquer das hipóteses legais de saque, seja possível a
retirada do numerário pelo ex-cônjuge. Preliminarmente, frise-se que a cada doutrina
pesquisada no campo do Direito do Trabalho, um conceito e uma natureza diferentes
são atribuídos ao Fundo, não sendo raro alguns estudiosos que o analisam a partir de
suas diversas facetas: a do empregador, quando, então sua natureza seria de obrigação;
a do empregado, para quem o direito à contribuição seria um salário; e a da sociedade,
cujo caráter seria de fundo social. Nesse contexto, entende-se o FGTS como o “conjunto
de valores canalizados compulsoriamente para as instituições de Segurança Social,
através de contribuições pagas pelas Empresas, pelo Estado, ou por ambos e que tem
como destino final o patrimônio do empregado, que o recebe sem dar qualquer partici-
pação especial de sua parte, seja em trabalho, seja em dinheiro”. No que diz respeito à
jurisprudência, o Tribunal Pleno do STF (ARE 709.212-DF, DJe 19/2/2015, com repercus-
são geral reconhecida), ao debater a natureza jurídica do FGTS, afirmou que, desde que
o art. 7º, III, da CF expressamente arrolou o FGTS como um direito dos trabalhadores
urbanos e rurais, “tornaram-se desarrazoadas as teses anteriormente sustentadas,
segundo as quais o FGTS teria natureza híbrida, tributária, previdenciária, de salário dife-
rido, de indenização, etc.”, tratando-se, “em verdade, de direito dos trabalhadores brasi-
leiros (não só dos empregados, portanto), consubstanciado na criação de um ‘pecúlio
permanente’, que pode ser sacado pelos seus titulares em diversas circunstâncias legal-
mente definidas (cf. art. 20 da Lei 8.036/1990)”. Nesse mesmo julgado, ratificando
entendimento doutrinário, afirmou-se, quanto à natureza do FGTS, que “não se trata
mais, como em sua gênese, de uma alternativa à estabilidade (para essa finalidade, foi
criado o seguro-desemprego), mas de um direito autônomo”. A Terceira Turma do STJ,
por sua vez, já sustentou que “o FGTS integra o patrimônio jurídico do empregado desde
o 1º mês em que é recolhido pelo empregador, ficando apenas o momento do saque con-
dicionado ao que determina a lei” (REsp 758.548-MG, DJ 13/11/2006) e, em outro jul-
gado, estabeleceu que esse mesmo Fundo, que é “direito social dos trabalhadores urba-
nos e rurais”, constitui “fruto civil do trabalho” (REsp 848.660-RS, DJe 13/5/2011). No
tocante à doutrina civilista, parte dela considera os valores recebidos a título de FGTS
como ganhos do trabalho e pondera que, “no rastro do inciso VI do artigo 1.659 e do
inciso V do artigo 1.668 do Código Civil, estão igualmente outras rubricas provenientes
de verbas rescisórias trabalhistas, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Ser-
viço), pois como se referem à pessoa do trabalhador devem ser tratadas como valores
do provento do trabalho de cada cônjuge”. Aduz-se, ainda, o “entendimento de que as
verbas decorrentes do FGTS se incluem na rubrica proventos”. Nesse contexto, deve-se
concluir que o depósito do FGTS representa “reserva personalíssima, derivada da rela-
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Direito das Famílias - Parte I
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Direito das Famílias - Parte I
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em regra, ocorre sua comunicabilidade em favor do casal, sendo que tal benesse não se
confunde com as aquisições a título gratuito, por doação, herança ou legado, que inte-
gram o patrimônio pessoal do donatário (CC, art. 1.659). A loteria ingressa na comunhão
sob a rubrica de “bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho
ou despesa anterior” (CC/1916, art. 271, II; CC/2002, art. 1.660, II). Com isso, no caso
em que o prêmio de loteria foi recebido por sexagenário durante relação de união está-
vel, é de se observar que este deve ser objeto de partilha com a ex-companheira pelas
seguintes razões: a) é bem comum que ingressa no patrimônio do casal, independente-
mente da aferição do esforço de cada um, pouco importando se houve ou não despesa
do accipiens; b) o próprio legislador quem estabeleceu a referida comunicabilidade; c) a
comunicabilidade é a regra, que admite exceções, a depender do regime de bens, sendo
que aquele de separação legal do sexagenário é diverso do regime de separação con-
vencional; d) a partilha dos referidos ganhos com a loteria não ofenderia o desiderato
da lei, já que o prêmio foi ganho durante a relação, não havendo falar em matrimônio
realizado por interesse ou em união meramente especulativa. REsp 1.689.152-SC, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 24/10/2017, DJe 22/11/2017.
(INF. 616).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. Direito de Família. Emenda Constitucional n. 66/2010. Divór-
cio Direto. Requisito Temporal. Extinção. Separação Judicial ou extrajudicial. Coexistên-
cia. Institutos distintos. Princípio da autonomia da vontade. Preservação. Legislação
infraconstitucional. Observância. A Emenda Constitucional n. 66/2010 não revogou,
expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial. O ponto
nodal do debate consiste em analisar se o instituto da separação judicial foi ab-rogado
após o advento da Emenda à Constituição n. 66/2010. O texto constitucional originário
condicionava como requisito para o divórcio a prévia separação judicial ou de fato. Por
sua vez, a EC n. 66/2010 promulgada em 13 de julho de 2010 conferiu nova redação
ao § 6º do art. 206 da Constituição Federal de 1988, a saber: “o casamento civil pode
ser dissolvido pelo divórcio”. A alteração constitucional não revogou, expressa ou taci-
tamente, a legislação ordinária que regula o procedimento da separação, consoante
exegese do art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(DecretoLei n. 4.657/1942). Como se afere da sua redação, a Emenda apenas facultou às
partes dissolver direta e definitivamente o casamento civil, por meio do divórcio – objeto
de nova disciplina, tendo em vista a supressão do requisito temporal até então existente.
A supressão dos requisitos para o divórcio pela Emenda Constitucional não afasta cat-
egoricamente a existência de um procedimento judicial ou extrajudicial de separação
conjugal, que passou a ser opcional a partir da sua promulgação. Essa orientação, aliás,
foi ratificada: (i) pelos Enunciados n.s 514, 515, 516 e 517 da V Jornada de Direito Civil
do Conselho da Justiça Federal (CJF), ocorrida em 2010; (ii) pela nova codificação pro-
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Direito das Famílias - Parte I
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(arts. 34 a 37, 40, §2º, e 47 e 48), a qual remete ao CPC (arts. 1.120 a 1.124). Entretanto,
a interpretação de todos esses dispositivos infraconstitucionais deverá observar a nova
ordem constitucional e a ela se adequar, seja por meio de declaração de inconstitucio-
nalidade parcial sem redução de texto, seja como da interpretação conforme a consti-
tuição ou, como no caso em comento, pela interpretação sistemática dos artigos. REsp
1.483.841-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 17/3/2015, DJe 27/3/2015 (INF. 558).
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Direito das Famílias - Parte I
Roberta Queiroz
RESUMO
Brasil, falamos um monte de coisa sobre casamentos e muitos temas são efetivamente
abordados em prova.
A banca ama cobrar esse tema...
Vamos para um singelo resumo???
Para começar, nada melhor do que recordar os ensinamentos do nosso professor amado
Pablito...
A família é, sem sombra de dúvida, o elemento propulsor de nossas maiores felicidades e, ao mes-
mo tempo, é na sua ambiência em que vivenciamos as nossas maiores angústias, frustrações,
traumas e medos.
Muitos dos nossos atuais problemas têm raiz no passado, justamente em nossa formação familiar,
o que condiciona, inclusive, as nossas futuras tessituras afetivas.
Somos e estamos umbilicalmente unidos à nossa família.
O conceito de família reveste-se de alta significação psicológica, jurídica e social, impondo-nos um
cuidado redobrado em sua delimitação teórica, a fim de não corrermos o risco de cair no lugar-co-
mum da retórica vazia ou no exacerbado tecnicismo desprovido de aplicabilidade prática.8
I – Princípio da Dignidade da pessoa humana tem previsão no artigo 1º da CF, que rege
todo o ordenamento civil – é um guia geral.
II – Princípio da Solidariedade é o epicentro do Direito das Famílias e está previsto no arti-
go 3º da CF - no direito das famílias, a solidariedade é verificável na ideia de que todos
os membros de uma entidade familiar e cada um deles, considerados individualmente,
respondem por todos os demais e por cada um, de forma recíproca. Esse princípio não
se limita ao aspecto material, devendo ser concebido num sentido amplo, tendo um
caráter afetivo, social, moral, patrimonial e espiritual...
Como menciona Flávio Tartuce: “ser solidário significa responder pelo outro, o que remon-
ta à ideia de solidariedade do direito das obrigações. Quer dizer, ainda, preocupar-se com a
outra pessoa. Desse modo, a solidariedade familiar deve ser tida em sentido amplo, tendo
caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e sexual.”9
I – Princípio da Igualdade entre os filhos – artigo 227 da CF e 1.596 do CC. Não existe di-
ferença entre os filhos, sejam eles do casamento, adotados, fora do casamento, filhos
8
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
9
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Direito das Famílias - Parte I
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socioafetivos (decorre do afeto), filho é filho. Todos têm direitos iguais sobre a herança
dos pais.
II – Princípio da Igualdade entre os cônjuges e companheiros – artigo 226 e 227 da CF.
Hoje não se fala mais sobre pátrio poder, mas em poder familiar. O poder que os pais
têm sobre os filhos é igual. O reflexo é em relação à guarda, por exemplo.
III – Princípio da não intervenção previsto no artigo 1.513 do CC: “ninguém pode intervir no
âmbito familiar”. Se houver, tem que ser mínimo e estritamente necessária.
IV – Princípio do maior interesse da criança e do adolescente (art. 227, caput, da CF/1988
e arts. 1.583 e 1.584 do CC)
V – Princípio da afetividade - Afetividade rege as relações familiares e, por isso, o termo
“Direito das Famílias” – pela pluralidade de formas de afeto. Por meio desse princípio,
temos, por exemplo, a análise da parentalidade socioafetiva.
Pela importância da função social das famílias, que decorre do princípio implícito de so-
cialidade que rege o direito civil como um todo, a função social da família é extraída do artigo
226 da CF, que estabelece que a família é a base da sociedade, recebendo uma especial pro-
teção do Estado.
Assim sendo, as relações familiares serão analisadas dentro do contexto social, dentro
daquilo que a sociedade hoje apresenta ao Estado.
Se a sociedade muda, é preciso que a concepção de família também seja alterada, para,
assim, atender ao ideal de realização de todos os integrantes da entidade familiar.
Assim, estaremos efetivando a função social das famílias. O
Esse princípio é um reflexo do movimento de mudança do paradigma liberal-individua-
lista, apoiado fortemente na teoria positivista, para o paradigma social-personalista, repre-
sentado por teorias pós-positivistas que colocam a pessoa humana no centro das atenções.
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A pessoa passa a ocupar o lugar que outrora foi destacado ao patrimônio, de forma que são
incorporados valores éticos e sociais para a interpretação e aplicação do Direito.
Temos, então, que a família é a base da sociedade e que, além disso, tem uma função
social que deve ser considerada nas mais diversas interpretações que se façam sobre esse
instituto.
Em suma, não reconhecer função social à família e à interpretação do ramo jurídico que a estuda é
como não reconhecer função social à própria sociedade, premissa que fecha o estudo dos princí-
pios do Direito de Família Contemporâneo.10
A regra de ouro hoje quando se fala em Direito das Famílias é a pluralidade familiar.
Há variadas situações.
O artigo 226 da CF dispõe que família é decorrente de: casamento, união estável ou família
monoparental.
No entanto, o conceito de família não está engessado pela CF, devendo esse rol ser inter-
pretado como exemplificativo.
O que define família é o afeto. Hoje, então, fala-se da família eudemonista: pautada no
amor, no afeto, na busca pela felicidade.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e
deveres dos cônjuges.
10
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Direito das Famílias - Parte I
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É uma espécie de negócio jurídico, mas com regras específicas (monogamia, escolha
de vida...).
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Direito das Famílias - Parte I
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Ninguém pode “se meter” na vida familiar – esse é o princípio da não intervenção na família.
Embora este art. 1.514 disponha que é casamento quando o homem e mulher manifestam
à vontade, a lei não proíbe; portanto, hoje, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permi-
tido. Não há impedimento para isso e também não há nenhuma peculiaridade diferenciadora.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da
data de sua celebração.
Muitas pessoas fazem o casamento religioso com efeito civil. Faz-se toda a habilitação
para o casamento e, ao invés de fazer a celebração apenas civil, pode-se fazer a celebração
civil e, depois, religiosa, ou se pode fazer o religioso com efeito civil.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o
casamento civil.
§ 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua re-
alização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer
interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código.
Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
Faz-se a habilitação, marca-se o casamento religioso com efeito civil, a celebração ocorre
ao mesmo tempo que a celebração religiosa e, depois, homologa-se em 90 dias.
Art. 1.516. § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá
efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, median-
te prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
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Mas pode ocorrer o inverso: houve o casamento no religioso e, depois, se quer registrar
este casamento. Para isso, deve ser feita a submissão ao processo de habilitação.
Art. 1.516. § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos con-
sorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Um ponto muito cobrado em prova, principalmente agora, é a questão da capacidade para
o casamento.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Art. 1.517.
Parágrafo único. Se houver divergências entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do
art. 1.631.
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Se for entendido que a justificativa para anular o consentimento é injusta, pode-se ajuizar
ação contra os pais.
O Judiciário irá dirimir esse conflito. Os pais explicam os motivos para o juiz, que decidirá
se haverá casamento ou não, analisando se os motivos são justos ou não.
Então, na questão da capacidade para o casamento, existe a idade núbil (idade para o
casamento) de 16 anos. Se a pessoa se casa com 16 anos, ela estará emancipada (art. 5º do
Código Civil).
A autorização dos pais para o casamento de pessoa de 16 anos tem fundamento no poder
familiar — o poder que os pais possuem de controlar a vida dos seus filhos menores.
Se houver problema em relação à autorização, pode-se pedir o suprimento judicial.
A pessoa com 16 anos pode ser autor, mas não tem capacidade para estar em juízo por
ser considerada relativamente incapaz por conta da idade.
Assim, a pessoa não pode ajuizar ação sozinha e os seus pais não vão estar ao seu lado
na ação, porque eles também são réus.
O Código de Processo Civil dispõe que:
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em
juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma
da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I – incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade.
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Direito das Famílias - Parte I
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De acordo com o inciso reproduzido acima, não pode haver o casamento entre pai e fi-
lha(o) ou mãe e filho(a), seja o laço de parentesco natural (consanguíneo) ou civil (por adoção
ou socioafetividade).
Art. 1.521.
II – os afins em linha reta;
Os afins referem-se às pessoas que possuem laços de parentesco com o cônjuge de de-
terminada pessoa e, portanto, são consideras como parentes desta também.
Observe que a legislação proíbe apenas o casamento de um indivíduo com os afins em
linha reta. Desse como, caso Maria quisesse casar-se com o irmão de João, não haveria qual-
quer tipo de impedimento, pois os cunhados são afins colaterais.
Art. 1.521.
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
Art. 1.521.
V – o adotado com o filho do adotante;
O adotado não pode se casar com o filho do adotante, pois eles são irmãos.
Art. 1.521.
VI – as pessoas casadas;
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VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por
qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impe-
dimento, será obrigado a declará-lo.
Cabe apontar que as disposições presentes nos artigos reproduzidos acima também se
aplicam à união estável, conforme expressa o art. 1.723 do mesmo Código.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, confi-
gurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplican-
do a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Para fins de prova é importante que você esteja atento a um detalhe: segundo expressa o
art. 1.521, inciso VI, a pessoa que é casada não poderá casar novamente – não importando
há quanto tempo esteja separada de fato de seu ex-cônjuge –, a menos que efetue o divórcio
em relação ao seu matrimônio anterior.
Em contrapartida, o art. 1.723, § 1º, expressa que a incidência do inciso VI não se aplicará
à união estável, ou seja, a pessoa casada que estiver separada de fato não poderá se casar,
mas poderá contrair união estável.
Não há a determinação de um prazo mínimo para que seja considerada a existência da
separação de fato.
Em continuidade, o Código Civil trata, em seus arts. 1.523 e 1.524, sobre as causas sus-
pensivas de casamento que, diferentemente das hipóteses apresentadas pelo art. 1.521, não
impedem que o mesmo ocorra, mas impõem uma regra em relação ao regime de bens que
deverá ser seguido.
Inexoravelmente, ao se casar as pessoas devem escolher o regime de bens ao qual esta-
rão submetidas, caso isso não ocorra, a lei determina que será instituído o regime da comu-
nhão parcial de bens.
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No entanto, aqueles que casam mediante uma causa suspensiva devem, obrigatoriamen-
te, ser regidos pelo regime da separação obrigatória de bens.
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de
próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I – certidão de nascimento ou documento equivalente;
II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que
a supra;
III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afir-
mem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos;
V – certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência
do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilita-
ção será submetida ao juiz.
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante
quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se
publicará na imprensa local, se houver.
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Direito das Famílias - Parte I
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Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem
ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração
escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde
possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, in-
dicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos
alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato
obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado.
Por sua vez, o processo relativo à celebração do casamento é expresso pelos arts. 1.533
a 1.542 do Código Civil:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autori-
dade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados
com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes
e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.
§ 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes
não souber ou não puder escrever.
Perceba que, quando a celebração do casamento se der na sede do cartório, bastará que
estejam presentes duas testemunhas; em contrapartida, caso a celebração ocorra em edifício
particular, serão necessárias quatro testemunhas.
Diante da situação em que um dos nubentes não saiba ou não possa escrever, também
será preciso que haja a presença de quatro testemunhas.
Conforme determina o art. 1.542 do Código Civil, é possível que um casamento seja cele-
brado mediante procuração. Nesse sentido, caso o noivo ou a noite esteja vivendo uma aven-
tura no Camboja, por exemplo, e não possa estar presente na data marcada para a celebração
do casamento, uma procuração pode ser efetivada para que uma pessoa escolhida pelo(a)
nubente o substitua.
Cabe apontar que a procuração a ser utilizada para a celebração do casamento deve con-
sistir em uma procuração por instrumento público, isto é, deve ser uma procuração realizada
em cartório e que apresente poderes especiais autorizando o casamento.
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É de conhecimento geral que, ao estabelecer uma procuração, uma pessoa confere deter-
minados poderes a outra.
No que se refere à procuração para a celebração de casamento, o art. 1.542, § 1º, determi-
na que a revogação do mandato não precisará chegar ao conhecimento do mandatário; po-
rém, se o casamento for celebrado sem que o mandatário ou o outro contraente tenha ciência
da revogação, o mandante responderá pelas perdas e danos.
Perceba que assim como ocorre em relação à certidão de habilitação, a procuração tam-
bém produzirá efeitos por um período de 90 (noventa) dias.
Ainda no que concerne ao tema, é importante apontar que os arts. 1.539 e 1.540 apresen-
tam algumas regras em que haverá a flexibilização do processo de habilitação e/ou celebra-
ção do casamento:
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde
se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam
ler e escrever.
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por
qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo
presidente do ato.
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em
cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Perceba que o artigo acima reproduzido determina que no caso de moléstia grave de um
dos nubentes, a autoridade celebrante presidirá o ato, perante duas testemunhas que saibam
ler e escrever, no local em que se encontrar o impedido. Tal flexibilização é compreendida
como uma flexibilização mínima das regras, pois para que esta ocorra é necessário que os
nubentes já estejam habilitados ao casamento.
Por sua vez, o art. 1.540 apresenta uma situação distinta, em que há a configuração de
uma flexibilização máxima das regras de habilitação e celebração de casamento:
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a pre-
sença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento
ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em
linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Note que enquanto em uma celebração realizada em vias normais as testemunhas podem
ser parentes dos nubentes, no casamento realizando quando algum dos contraentes estiver
em iminente risco de vida, conhecido como “casamento in extremis vitae”, o ato deverá ser
efetuado na presença de seis testemunhas com quem os nubentes não tenham parentesco
em linha reta ou colateral, até segundo grau.
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Cabe ressaltar, ainda, que diferentemente do que ocorre em relação ao casamento cele-
brado no caso de moléstia grave de um dos nubentes, o art. 1.540 trata sobre uma situação
em que o casal não passou pelo processo de habilitação para o casamento.
Em suma, existem duas hipóteses distintas de flexibilização das regras de habilitação e
celebração de casamento:
• a primeira refere-se ao caso de moléstia grave de um dos nubentes, situação em que o
casamento será celebrado havendo a habilitação dos noivos;
• a segunda hipótese diz respeito ao cenário em que um dos contraentes estiver em imi-
nente risco de vida, em que o casamento será celebrado – perante a presença de seis
testemunhas que não tenham parentesco com os nubentes em linha reta ou colateral
até o segundo grau, ou seja, que não sejam seus pais, avós, bisavós, filhos, netos, bis-
netos, enteados, sogros, cunhados ou irmãos – mesmo sem que haja a habilitação.
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Invalidade do casamento
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A ação de nulidade pode ser proposta A ação anulatória somente pode ser
por qualquer interessado, inclusive pelo proposta pela parte interessada e possui
Ministério Público, e é imprescritível. prazo decadencial para tal.
Resumindo:
I – Muitas vezes a anulação do casamento é preferível ao divórcio devido ao fato de não
ficar registrada no histórico do indivíduo, pois se você se divorcia, constará “divorcia-
do” em seus documentos.
II – Lembre-se de que, em razão de ofender o interesse público, o casamento nulo nun-
ca se tornará válido, independentemente do tempo que passe. Em contrapartida, por
ofender apenas o interesse privado, o casamento anulável poderá se tornar válido se a
parte ofendida não agir dentro do prazo previsto em lei.
III – Ocorrendo a validade do casamento, o mesmo somente poderá ser desfeito por meio
do divórcio ou caso ocorra a morte de um dos cônjuges, configurando o estado de viu-
vez daquele que for sobrevivente.
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Por fim, quanto à invalidade do casamento, cabe destacar aquilo que é denominado como
CASAMENTO PUTATIVO, referente ao casamento que é nulo ou anulável, mas que foi contra-
ído de boa-fé.
A fim de compreender o casamento putativo, imagine a seguinte situação: Maria a João se
encontram por acaso e acabam se apaixonando perdidamente, decidindo se casarem; contu-
do, algum tempo após estarem casados, descobrem que são irmãos. Perceba que, nos termos
da lei, esse casamento será declarado nulo. No entanto, em razão da falta de conhecimento
acerca do laço sanguíneo, isto é, em razão da boa-fé, os efeitos do casamento – como o
direito de pedir alimentos, de usar o sobrenome do outro e demais questões relacionadas a
situações que decorram dos efeitos do casamento – permanecerão em relação aos cônjuges.
O mesmo ocorrerá em relação ao casamento anulável: os efeitos do casamento serão aplicá-
veis ao(s) cônjuge(s) de boa-fé, conforme dispõe o artigo 1.561:
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o ca-
samento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anu-
latória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele
e aos filhos aproveitarão.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só
aos filhos aproveitarão.
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Interessante consignar que, no Brasil, até o ano de 1977, o casamento era considerado in-
dissolúvel, tendo essa situação mudado a partir da Emenda Constitucional n. 9, de 28 de julho
de 1977, que alterou a Constituição Federal então vigente (CF de 1969), abrindo espaço para o
divórcio, ao ser alterado o § 1º do art. 175, que passou a permitir a dissolução do matrimônio
nos casos previstos em lei.
Na década de 70, ainda, surgiu a tal Lei do Divórcio (Lei n. 6.515, de 26 de dezembro
de 1977) que representou um marco importantíssimo e um alívio no Direito de Família ao
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Pela sociedade conjugal, temos um conjunto de direitos e obrigações que ligam os cônju-
ges, sendo certo que o vínculo matrimonial é muito maior.
Em razão disso, pode ocorrer a suspensão ou extinção da sociedade conjugal com per-
manência do vínculo matrimonial, situação em que os direitos e obrigações cessam (inclusive
quanto ao regime de bens) mas persiste a proibição de novo casamento, porquanto ainda
existente o vínculo do matrimônio.
Nesse sentido, temos que o vínculo matrimonial só se dissolve, ou seja, o efetivo fim do
casamento somente ocorre nas seguintes hipóteses: morte de um dos cônjuges; anulação do
casamento e divórcio.
Assim, a separação judicial põe fim à sociedade conjugal, mas não põe fim ao vínculo
matrimonial. Entendeu?
É fato que, conforme expressa o artigo reproduzido acima, a morte real e a morte presumi-
da colocam fim ao casamento, pois geram o estado de viuvez do cônjuge sobrevivente.
Segundo dispõe o Código, a dissolução do enlace também ocorrerá pela nulidade ou anu-
lação do casamento, pela separação judicial ou pelo divórcio.
No entanto, é importante destacar que a Emenda Constitucional n. 66/2010 estabeleceu
uma alteração quanto à questão do divórcio: anteriormente, para que fosse possível realizar
o pedido de divórcio, era necessário que o casal estivesse separado de fato por 2 (dois) anos
ou separado judicialmente por 1 (um) ano, como vimos.
A partir da referida emenda, o divórcio pode ser pedido a qualquer momento, sem que haja
a necessidade de espera.
Cabe apontar que a possibilidade existente nos dias atuais de que o divórcio seja realiza-
do “de cara” não significa que a separação judicial não exista mais.
Caso um casal decida se separar judicialmente, a sociedade conjugal ficará suspensa até
que o divórcio de fato seja realizado.
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Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro
qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em
comum.
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos
seguintes motivos:
I – adultério;
II – tentativa de morte;
III – sevícia ou injúria grave;
IV – abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V – condenação por crime infamante;
VI – conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da
vida em comum.
Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casa-
dos por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada
a convenção.
Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar
que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologa-
da pelo juiz ou por este decidida.
Art. 1.576. A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao
regime de bens.
Parágrafo único. O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso
de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão.
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.
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Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e du-
rante o estado de separado, seja qual for o regime de bens.
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o
sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração
não acarretar:
I – evidente prejuízo para a sua identificação;
II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;
III – dano grave reconhecido na decisão judicial.
§ 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento,
ao direito de usar o sobrenome do outro.
§ 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restri-
ções aos direitos e deveres previstos neste artigo.
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separa-
ção judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das
partes poderá requerer sua conversão em divórcio.
§ 1º A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por sentença, da
qual não constará referência à causa que a determinou.
§ 2º O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada
separação de fato por mais de dois anos.
É importante que o candidato tome cuidado com o parágrafo 2º do artigo 1.580: em razão
do que é estabelecido pela Emenda Constitucional n. 66/2010, não há, atualmente, a neces-
sidade que seja comprovada separação de fato por mais de dois anos para que seja possível
requerer o divórcio.
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.
O regime dos bens está diretamente relacionado às regras patrimoniais que têm incidên-
cia no casamento ou na união estável, quer a relação seja estabelecida entre homem e mulher
ou entre casais homoafetivos.
O regime de bens é um dos efeitos patrimoniais do casamento.
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Quanto ao tema em análise propriamente dito, o Código Civil brasileiro apresenta quatro
espécies de regime de bens que poderão incidir tanto sobre o casamento como sobre a união
estável: comunhão universal de bens, separação de bens, participação final nos aquestos e
comunhão parcial de bens.
Essas categorias de regime de bens devem ser divididas em dois grupos:
A começar pelo regime da comunhão parcial de bens, é necessário apontar que esse con-
siste no regime-regra devido ao fato de se referir ao regime que é estabelecido automatica-
mente pela lei quando não há a escolha do casal por qualquer outra espécie de regime.
Em outros termos, se os indivíduos estão vivenciando uma união estável e não realizaram
nenhuma escolha documentada quanto ao tipo de regime de bens sob o qual desejariam que
a relação fosse estabelecida, estes estarão, automaticamente, sob a incidência da comunhão
parcial de bens.
Do mesmo modo, o casal que celebrou o casamento, mas não realizou qualquer tipo de
escolha sobre o regime de bens, terá o relacionamento regido pela comunhão parcial de bens,
em que se define que tudo aquilo que for adquirido onerosamente por um ou ambos os côn-
juges na constância do casamento ou da união estável deverá ser partilhado por dois, ainda
que o bem esteja apenas no nome de um.
Como se pode observar, os outros tipos de regime dependem de uma escolha do casal,
que será operada de maneira distinta a depender se a relação se trata de uma união estável
ou de um casamento, conforme indicado abaixo:
• União estável: diante da união estável, a escolha do regime de bens diverso da comu-
nhão parcial de bens deverá ocorrer por meio da realização, através de escritura públi-
ca, de um pacto/contrato convivencial em que será estabelecido o tipo de regime a ser
contraído.
• Casamento: diante do casamento a escolha do regime de bens diverso da comunhão
parcial de bens deverá ocorrer através da instituição (em cartório) daquilo que é cha-
mado de “pacto antenupcial”, documento em que se estabelece qual será o regime de
bens a ser contraído pelos nubentes.
Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de
seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.
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Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-
-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Em regra, para que um bem imóvel de um dos cônjuges possa, por exemplo, ser alienado,
é preciso que haja a autorização de seu companheiro, ainda que se trate de bem particular.
No entanto, conforme estabelece o artigo acima, o pacto antenupcial que adotar o regime de
participação final nos aquestos poderá convencionar a livre disposição dos bens imóveis,
desde que estes sejam particulares.
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de regis-
tradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Apesar de não ser um ponto costumeiramente cobrado em provas, cabe apontar que é
possível que sejam convencionadas determinadas cláusulas existenciais dentro do pacto
nupcial, desde que estas não sejam contra a lei. Nesse sentido, apesar de haver discussões
doutrinárias quanto a esse aspecto, há a possibilidade de que sejam estipuladas, por exem-
plo, cláusulas a serem aplicadas em caso de traição.
Quando tratamos de regime de bens, observa-se os arts 1.639 a 1.688 do Código Civil.
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Cuidado, pois em virtude do regime de bens, você pode ter limitações de atuações.
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Tudo o que foi adquirido antes do casamento é particular, não sendo repartido com o côn-
juge em caso de divórcio.
Imagine ainda que: Maria, antes de casar, possuía o próprio apartamento e veículos. Maria
se casa com João, comprando, ao longo do casamento, em conjunto, outros bens.
O que é apenas de Maria é chamado de bens particulares (BP), enquanto os bens adquiri-
dos em comum e na constância do casamento são chamados de bens comuns (BC).
Muito possivelmente é possível encontrar três modalidades de bens:
• Bens particulares de um;
• Bens particulares do outro;
• Bens comuns.
Regras básicas:
• Exclui-se da comunhão: art. 1.659;
• Entram na comunhão: art. 1.660;
• Bem particular é: herança particular, doação particular;
• Bem comum: FGTS e loteria.
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Resumindo:
O art. 1.660/CC traz um rol de bens comunicáveis, que são:
• bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome
de um;
• dos cônjuges;
• bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior;
• bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
• benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
• frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constân-
cia do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
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A cláusula de incomunicabilidade é uma cláusula que impõe que o bem não se comunique
com o cônjuge.
Imaginando que Maria é casada com João. O pai de Maria quer doar para esta um aparta-
mento. Recebendo o apartamento, ele será de bem comum de Maria e João, mesmo que este
tenha sido doado antes do casamento (regime de comunhão universal de bens).
Contudo, o pai de Maria pode, ao doar o bem, constando uma cláusula de incomuni-
cabilidade.
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Essa cláusula define que o bem é apenas de Maria, não havendo partilhar em caso
de divórcio.
Art. 1.668.
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva;
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunica-
bilidade;
V – Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.659: VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos
frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no Capítulo antecedente, quanto
à administração dos bens.”
Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabili-
dade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
Não entrará comunhão universal quando o bem recebido houver uma cláusula de inco-
municabilidade.
Meação: trata-se da metade dos bens. Ela é retirada apenas dos bens comuns. Ela ocorre
apenas no divórcio, sendo 50% dos bens comuns para um e 50% para outro. Não há como
termos meação em bens particulares, já sabemos disso.
Havendo cláusula de incomunicabilidade, os frutos desses bens entram na meação.
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Resumindo:
O artigo 1.668/CC elenca os bens que são excluídos da comunhão universal, a saber:
• bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em
seu lugar;
• bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realiza-
da a condição suspensiva;
• dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos,
ou reverterem em proveito comum;
• doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomu-
nicabilidade;
• bens de uso pessoal, livros, instrumentos de profissão, proventos de cada dos cônju-
ges, pensões etc.
• em relação aos frutos, assim como a comunhão parcial, aplica-se a regra da comunhão
parcial, mesmo que retirados de bens incomunicáveis.
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Existe uma situação peculiar: o casal começou um relacionamento em 1970 e foi viver
junto. Sessenta anos de união estável e tudo foi conseguido juntos em vida. Já bem velhi-
nhos, o marido sonha em ver a mulher vestida de noiva. Ambos marcam o casamento. Tendo
mais de 70 anos, a lei obriga, ainda assim, mesmo com 60 anos de união estável, a separação
obrigatória de bens.
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Observa-se, ainda, que o STJ, em 2018, no Julgado do EResp 1.623.858, definiu que, no
regime da separação obrigatória de bens, comunica-se os adquiridos na constância do casa-
mento, desde que comprovado o esforço comum.
Diante do exposto acima pelo STJ, o esforço comum poderá presumido?
Não!
O esforço comum não poderá presumido, e sim efetivamente comprovado.
Presumindo o esforço comum, haveria uma ineficácia total da comunhão obrigató-
ria de bens.
O STJ também possui julgados afirmando que as regras de separação legal devem ser
aplicadas em caso de união estável: Resp 646.259, TJ-RS, de relatoria do Ministro Luís Feli-
pe Salomão.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Esse regime é novidade no Código Civil, sendo utilizado por quem possui muito dinheiro e
busca uma margem de liberdade maior de gestão dos bens da pessoa.
Passados quase 20 anos desde a vigência do Código Civil de 2002, é possível dizer que o
regime da participação final nos aquestos ainda tem pouquíssima popularidade.
O regime na participação final dos aquestos substituiu o regime dotal do CC de 1916, sen-
do importado da Suécia.
Trata-se de um regime que, durante o casamento, cada um possui os seus bens. É como
se, durante o casamento, houvesse uma separação convencional.
Contudo, quando ocorrer a dissolução do casamento, observa-se a proximidade muito
grande com a comunhão parcial de bens.
Isso ocorre porque caso haja algo em comum, esse bem deve ser partilhado. Assim, no
final do casamento, os cônjuges terão participação nos bens que eventualmente se tenha co-
laborado para a aquisição. Para tanto, torna-se necessário comprovar o esforço patrimonial.
Quando da dissolução do casamento, partilham-se os bens adquiridos, a título oneroso e
por ambos os cônjuges, na constância do casamento (aquestos).
Com a dissolução do casamento, far-se-á um balanço contábil, na forma do artigo 1.674
que dá as linhas gerais do como fazer o cálculo para efeito de partilha.
Esse regime leva em consideração uma peculiaridade muito grande. Muitos chamam esse
regime de “contábil e complexo”.
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Faça uma análise de quantas questões você acertou, se ficar abaixo de 80% de acerto,
volte e leia o material novamente e refaça as questões!
Tenha compromisso comigo, hein?!
Depois volte aqui e preencha esses dados...
Divirta-se!!!!!
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXXI/PRIMEIRA FASE/2020) Aldo e Mariane
são casados sob o regime da comunhão parcial de bens, desde setembro de 2013. Em mo-
mento anterior ao casamento, Rubens, pai de Mariane, realizou a doação de um imóvel à filha.
Desde então, a nova proprietária acumula os valores que lhe foram pagos pelos locatários
do imóvel.
No ano corrente, alguns desentendimentos fizeram com que Mariane pretendesse se divor-
ciar de Aldo. Para tal finalidade, procurou um advogado, informando que a soma dos aluguéis
que lhe foram pagos desde a doação do imóvel totalizava R$ 150.000,00 (cento e cinquenta
mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram auferidos antes do casamento
e o restante, após. Mariane relatou, ainda, que atualmente o imóvel se encontra vazio, sem
locatários.
Sobre essa situação e diante de eventual divórcio, assinale a afirmativa correta.
a) Quanto aos aluguéis, Aldo tem direito à meação sob o total dos valores.
b) Tendo em vista que o imóvel locado por Mariane é seu bem particular, os aluguéis por ela
auferidos não se comunicam com Aldo.
c) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o casamento, a título
de aluguel.
d) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a Mariane por Ru-
bens, quanto sobre os valores recebidos a título de aluguel desse imóvel na constância do
casamento.
Questão abordada no encontro de hoje e faz referência a bens particulares e os frutos oriun-
dos de tais bens.
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a) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois destina-se
ao incremento da renda familiar.
b) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por conta do regime da
comunhão parcial de bens.
c) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois se trata de
bem particular.
d) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre do casamento,
independentemente do regime de bens.
Não esqueça que estamos diante de uma questão que aborda o que um cônjuge pode fazer
em relação ao patrimônio, se precisa de autorização conjugal ou não.
No caso em tela, há necessidade de consentimento de Arnaldo, pela aplicação do artigo
1.647 do CC.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Letra b.
Veja que essa questão aborda o tema da questão anterior, qual seja, alienação de bem imóvel,
mas agora após a alienação em si.
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Questão também maravilhosa e que tenta confundir o candidato com a redação do artigo 550
e a questão dos impedimentos para o casamento.
O artigo 550 do código civil diz que a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser
anulada pelo outro cônjuge ou por seus herdeiros necessários, até 2 anos depois de dissol-
vida a sua sociedade conjugal. Contudo, neste caso, doação é válida pois não há hipótese de
doação de cônjuge adúltero ao cúmplice visto que é possível inclusive a incidência de união
estável quando o cônjuge estiver separado de fato.
Assim se não há mais relação conjugal, não há impedimento para a doação.
Letra d.
Na aula de hoje trabalhamos demasiadamente este tema. Perceba que a cobrança está em
relação a possibilidade de alteração do regime de bens. Sabemos que de acordo com o artigo
1639 do código civil é admissível alteração de regime de bens, mediante autorização judicial,
com pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
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Art. 1.639. § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os
direitos de terceiros.
Letra c.
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Mais uma questão abordando a partilha de bens em relação a casamento contraído sob o
regime da comunhão parcial de bens.
No caso apresentado houve o casamento no ano de 2005, Roberto ganhou na loteria no ano
de 2008 e com esses valores adquiriu um imóvel.
No ano de 2014, Roberto recebeu a herança de sua tia.
Observe que de acordo com as regras do código civil o bem recebido a título de doação ou
herança não se comunica com o cônjuge em caso de eventual divórcio. Contudo ao ganhar na
loteria adquirir o bem imóvel este deve ser incluído na comunhão, por se tratar de fato eventual.
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Questão que aborda os atos que os cônjuges devem praticar mediante autorização do outro,
basicamente o artigo 1647 do Código Civil.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II – pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III – prestar fiança ou aval;
IV – fazer doação, não sendo remuneratória,
de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabele-
cerem economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônju-
ges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou parti-
cular, autenticado.
Letra c.
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GABARITO
1. c 4. a 7. d
2. b 5. d 8. b
3. b 6. c 9. c
Roberta Queiroz
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília, com dissertação na área de Direito Processual
Civil – Negócios Jurídicos Processais. Especialista em Direito Processual Civil, pela Universidade
do Sul de Santa Catarina, em novembro de 2009. Graduada em Direito, pela Universidade Católica de
Brasília, em dezembro de 2005. Foi professora universitária do curso de Direito da Universidade Católica
de Brasília. Docente nas disciplinas de Direito Civil e Direito Processual Civil desde 2007 para pós-
graduação, preparatório de Exame de Ordem e concursos das carreiras jurídicas. Professora de cursos
de aperfeiçoamento na advocacia em Direito Civil e Processo Civil na Escola Superior da Advocacia de
Brasília – ESA/DF. Coordenadora do curso preparatório para Exame de Ordem do Gran Cursos Online.
Advogada inscrita na OAB-DF.
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