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8 ª Aula
TOXICIDADE POR
ALIMENTOS, PLANTAS E
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
SEÇÕES DE ESTUDO
Certos patógenos são capazes de produzir toxinas, venenos biológicos que auxiliam
em sua capacidade de invadir e causar danos aos tecidos. A capacidade de um patógeno de
produzir toxinas para causar danos às células hospedeiras é chamada de toxigenicidade. Al-
gumas das bactérias que podem causar intoxicação alimentar, hospitalizações ou até mesmo
mortes, estão descritas a seguir e incluem:
O botulismo é uma doença rara, mas grave, causada por uma toxina que ataca as
fibras nervosas do organismo e causa dificuldade para respirar, paralisia muscular e até a
morte (ver Tabela 1).
Esta toxina é produzida por Clostridium botulinum e às vezes pelas bactérias Clos-
tridium butyricum e Clostridium baratii. Essas bactérias podem ser transmitidas por alimen-
tos e, às vezes, por outros meios como acidentes em ambientes propícios para tal evento,
um exemplo disso são pregos enferrujados. As bactérias que produzem a toxina botulínica
são encontradas naturalmente em muitos lugares, mas é raro que deixem as pessoas doentes.
Essas bactérias produzem esporos, que atuam como revestimentos protetores. Os esporos aju-
dam as bactérias a sobreviver no meio ambiente, mesmo em condições extremas. Os esporos
geralmente não deixam as pessoas doentes, mesmo quando são ingeridos. Mas, sob certas
condições, esses esporos podem crescer e produzir uma das toxinas mais letais conhecidas, a
toxina botulínica (CALEO; RESTANI, 2018).
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Outra infecção que desperta interesse nos seres humanos, é a infecção por Escheri-
chia coli (E. coli). A E. coli vive normalmente no intestino de pessoas e animais. A maioria
das E. coli é inofensiva e, na verdade, é uma parte importante do trato intestinal humano sau-
dável. No entanto, algumas E. coli são patogênicas, o que significa que podem causar doen-
ças, diarreia ou doenças fora do trato intestinal (ver Tabela 2). As diferentes cepas de E. coli
que podem causar diarreia podem ser transmitidas por meio de água, alimentos contaminados
ou pelo contato com animais ou pessoas (CASARETT, 2009).
As cepas patogênicas de E. coli são categorizadas em patótipos, que nada mais são
que tipos patogênicos de E. coli. Seis patótipos estão associados à diarreia e, coletivamente,
são referidos como E. coli diarreiogênica. A seguir estão os seis patótipos de E. coli diarreio-
gênica:
1- E. coli produtora de toxina Shiga (STEC) —STEC também pode ser referida
como E. coli produtora de verocitotoxina (VTEC) ou E. coli enterohemorrágica (EHEC).
Este patótipo é o mais comumente ouvido nas notícias em associação com surtos de origem
alimentar;
2- E. coli enterotoxigênica (ETEC);
3- E. coli enteropatogênica (EPEC);
4- E. coli enteroagregativa (EAEC);
5- E. coli enteroinvasiva (EIEC);
6- E. coli difusamente aderente (DAEC).
Alguns tipos de E. coli causam doenças ao produzir uma toxina chamada Shiga. As
bactérias que produzem essas toxinas são chamadas de E. coli produtora de toxina Shiga ou,
abreviadamente, STEC. Outros nomes dados a este grupo de bactérias incluem E. coli vero-
citotóxica (VTEC) ou E. coli enterohemorrágica (EHEC); todos estes se referem geralmente
ao mesmo grupo de bactérias. A cepa de E. coli O104: H4, produtora da toxina Shiga, que
causou um grande surto na Europa em 2011, era frequentemente chamada de EHEC. A cepa
de STEC mais comumente identificado na América do Norte é E. coli O157: H7 (frequen-
temente abreviado para E. coli O157 ou apenas “O157”). Quando você ouvir notícias sobre
surtos de E. coli, eles geralmente falam sobre E. coli O157 (KLAASEN, 2013).
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for baixa, a resposta inflamatória pode fornecer ao hospedeiro uma defesa eficaz contra a
infecção; por outro lado, altas concentrações de endotoxina no sangue podem causar uma
resposta inflamatória excessiva, levando a uma queda acentuada da pressão arterial, falência
de múltiplos órgãos e morte (RHEE, 2014).
Ao contrário do lipídeo tóxico A da endotoxina, as exotoxinas são moléculas de
proteínas produzidas por uma ampla variedade de bactérias patogênicas vivas. Embora al-
guns patógenos gram-negativos produzam exotoxinas, a maioria é produzida por patógenos
gram-positivos. As exotoxinas diferem da endotoxina em várias outras. Em contraste com
a endotoxina, que estimula uma resposta inflamatória sistêmica geral quando liberada, as
exotoxinas são muito mais específicas em sua ação e nas células com as quais interagem.
Cada exotoxina tem como alvo, receptores específicos em células específicas e danifica essas
células por meio de mecanismos moleculares exclusivos (CASARETT, 2009).
A endotoxina permanece estável em altas temperaturas e requer aquecimento a 121
°C por 45 minutos para ser inativada. A maioria das exotoxinas são termolábeis por causa
de sua estrutura proteica, e muitas são desnaturadas (inativadas) em temperaturas acima de
41 °C. Se por um lado, as endotoxinas podem estimular uma resposta inflamatória letal em
concentrações muito altas e tem uma DL50 de 0,24 mg/kg. Por outro, concentrações muito
pequenas de exotoxinas podem ser letais. Por exemplo, a toxina botulínica, que causa o bo-
tulismo, tem uma DL50 de 0,000001 mg/kg (240.000 vezes mais letal do que a endotoxina
acima citada) (KLAASEN, 2013).
Outro exemplo de toxina produzida por bactérias é a toxina colérica. A toxina da có-
lera é uma enterotoxina produzida pela bactéria gram-negativa Vibrio cholerae e é composta
por uma subunidade A e cinco subunidades B. O mecanismo de ação da toxina da cólera é
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Adesinas Virais
tores celulares específicos define o tropismo (direcionamento preferencial) dos vírus para
células, tecidos e órgãos específicos do corpo. A proteína spike hemaglutinina encontrada no
Influenza vírus é um exemplo de adesina viral; permite que o vírus se ligue ao ácido siálico na
membrana das células respiratórias e intestinais do hospedeiro. Outra adesina viral é a glico-
proteína gp20, encontrada no HIV. Para que o HIV infecte as células do sistema imunológico,
ele deve interagir com dois receptores na superfície das células. A primeira interação envolve
a ligação entre gp120 e o marcador celular CD4 que é encontrado em algumas células essen-
ciais do sistema imunológico. No entanto, antes que ocorra a entrada viral na célula, deve
ocorrer uma segunda interação entre gp120 e um dos dois receptores de quimiocinas (CCR5
e CXCR4) (KLAASSEN, 2018). A Tabela 4 lista as adesinas para alguns patógenos virais
comuns e os locais específicos aos quais essas adesinas permitem que os vírus se fixem.
A variação antigênica também ocorre em certos tipos de vírus com envelope, in-
cluindo os vírus influenza, que exibem duas formas de variação antigênica: deriva antigênica
e desvio antigênico. A deriva antigênica é o resultado de mutações pontuais que causam
pequenas alterações nas proteínas do tipo spike hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Por
outro lado, a mudança antigênica é uma alteração importante nas proteínas de pico, devido ao
rearranjo gênico. Este rearranjo para mudança antigênica ocorre tipicamente quando dois ví-
rus influenza diferentes infectam o mesmo hospedeiro (PALMER; BANKHEAD; SEIFERT,
2016).
A taxa de variação antigênica nos vírus influenza é muito alta, tornando difícil para
o sistema imunológico reconhecer as muitas cepas diferentes de Influenza vírus. Embora o
corpo possa desenvolver imunidade a uma cepa por meio de exposição natural ou vacinação,
a variação antigênica resulta no surgimento contínuo de novas cepas que o sistema imuno-
lógico não reconhece. Esta é a principal razão pela qual as vacinas contra o Influenza vírus
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devem ser administradas anualmente. A vacina contra a gripe de cada ano fornece proteção
contra as cepas mais prevalentes naquele ano, mas cepas novas ou diferentes podem ser mais
prevalentes no ano seguinte (HOUSER; SUBBARAO, 2015).
Todas estas fases da infecção viral apresentadas acima podem culminar na produção
de substâncias tóxicas por vírus. Este fato pode causar graves problemas aos seres humanos
que hospedam os vírus. Durante o curso da replicação do vírus, muitos componentes virais,
bem como subprodutos da replicação viral, se acumulam na célula. Estes são frequentemente
citotóxicos (por exemplo, vírus Vaccinia em células HeLa). O mecanismo molecular dessas
toxinas não é conhecido na maioria dos casos (INOUE; MOORE; TSAI, 2011; KLAASSEN,
2018).
RETOMANDO A AULA
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Na seção 3, vimos que as fases da infecção viral podem causar graves problemas
aos seres humanos que hospedam os vírus. Isso se dá pelo fato de que, durante a replicação
viral, componentes do vírus e seus subprodutos podem se acumular na célula. Este acúmulo
frequentemente apresenta efeito citotóxico, originando o efeito tóxico dos vírus.
LEITURAS
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MINHAS ANOTAÇÕES:
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