Você está na página 1de 15

🧪

Via glicolítica
Por @destinomed_

Tópicos abordados

Transportadores de glicose

Etapas da glicólise

Fermentação lática e alcoólica

Metabolismo da frutose e da galactose

Regulação da glicólise

Transportadores de glicose

Família de transportadores GLUT → Os Gluts são expressos em diferentes locais e apresentam diferentes
afinidades à glicose.

GLUT 2 → Presente no fígado, nas células beta pancreáticas, no intestino e nos rins

O GLUT 2 possui uma baixa afinidade pela glicose (Km= 15-20 mM). Logo, ele consegue transportar
glicose, desde que a sua concentração (da glicose) esteja alta

Nas células hepáticas, essa característica é importante por causa da sua função de formar reservas de
glicogênio - o que só deve acontecer quando estiver “sobrando” glicose no sangue.

Existem medicamentos para o tratamento da diabetes que diminuem o transporte de glicose da urina
para o sangue, a partir de um mecanismo que afeta a bomba SGLUT 2, permitindo que mais glicose
seja eliminada na urina e, consequentemente, diminua o nível glicêmico do sangue

GLUT 1 E 3 → Presente no cérebro, nos rins, na placenta e nos eritrócitos

Via glicolítica 1
As células cerebrais possuem uma alta afinidade pela glicose (baixo Km - próximo a 1), justamente por
ser uma região que demanda maior gasto de energia

GLUT 4 → Coração, músculo esquelético e tecido adiposo

O GLUT4 possui alta afinidade pela glicose (Km = 5) → Alta capacidade de se ligar à glicose mesmo
quando a concentração desse açúcar no sangue atinge valores baixos

O GLUT 4 fica armazenado em vesículas no citosol das células que o expressam, sendo translocado
para a membrana a partir da sinalização pela insulina

Dada a sensibilidade do GLUT4 a esse hormônio, ele atua como protagonista do mecanismo
regulatório primário da absorção de glicose, sendo fundamental na rápida mobilização da glicose no
sangue quando a sua concentração atinge valores muito altos

Obs.: Na atividade física (ou em qualquer demanda energética maior), aumenta-se a velocidade da
reação ADP + ADP → ATP + AMP (adenilato quinase ou mioquinase). O AMP formado pode levar
a formação de AMPquinases, os quais podem sinalizar a exposição dos transportadoras sem precisar da
insulina

Glicólise

Ocorre em todas as células. O que diferencia de célula para célula é o destino do piruvato

Ocorre no citoplasma

Pode ocorrer em dois meios diferentes: anaerobiose (sem O2 → produto final é o ácido láctico e o etanol) e
aerobiose (com O2 → produto final é o CO2 e água)

Etapas de Glicólise

1) Fosforilação/Aprisionamento da glicose

Hexoquinase hidrolisa o ATP transformando a glicose em glicose-6-fosfato, a partir da adição de um


fosfato no carbono 6

Há presença do cofator Mg2+ → potencializa a ação da enzima

É uma reação irreversível, uma vez que exige a quebra do ATP

Considerada o primeiro ponto de regulação da via glicolítica

A fosforilação da glicose impede a difusão dela pela membrana plasmática, aprisionando-a no interior
da célula

Via glicolítica 2
Hexoquinase X Glicoquinase

A glucoquinase é uma isoenzima da hexoquinase encontrada apenas dentro das células do fígado e das
células β-pancreáticas. Ela possui um elevado Km, logo, a enzima é apenas funcional em altos níveis
de glicose. A glicoquinase também não é inibida pela glicose-6-fosfato

A Hexoquinase, por outro lado, está presente na maioria dos tecidos, possui baixo Km e elevada
afinidade com a glicose, além de ser inibida pela glicose-6-fosfato

2) Conversão de Glicose-6P em Frutose-6-fosfato

A enzima fosfo-hexose-isomerase catalisa uma reação reversível de isomerização

Ocorre a conversão da Glicose-6P (aldose) em seu isômero Frutose-6P (Cetose)

Há presença do cofator Mg2+

Via glicolítica 3
3) Fosforilação da Frutose 6P a Frutose-1,6-bifosfato

A enzima Fosfofruto Kinase-1(PFK-1) catalisa a reação irreversível de fosforilação da


Frutose-6P em Frutose-1,6-Fosfato

É o segundo e principal ponto de regulação da via glicolítica

Há gasto de ATP

Resumo da fase preparatória

Na primeira fase, houve gasto de 2 moléculas de ATP.

4) Clivagem da Frutose-1,6-bifosfato

A enzima Aldolase catalisa a clivagem da Frutose-1,6-bifosfato, formando


Gliceraldeído-3-fosfato (aldose) e Di-hidroxiacetona-fosfato (Cetose)

É uma reação reversível → apesar do delta G > 0

Somente o Gliceraldeído-3-fosfato pode seguir na glicólise, por isso, a di-hidroxiacetona-fosfato deve


ser convertida a Gliceraldeído-3-fosfato.

Via glicolítica 4
5) A Interconversão das Trioses-fosfato

A di-hidroacetona-fosfato é convertida a Gliceraldeído-3-fosfato, por meio da ação da


enzima Triose-fosfato (uma isomerase)

Essa reação é reversível, sendo que a remoção de Gliceraldeído-3-fosfato desloca o


equilíbrio no sentido diret

6) Oxidação do Gliceraldeído-3-fosfato (GAP) a 1,3-bifosfoglicerato

Enzima Gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase catalisa a reação de GAP com fosfato


inorgânico, originando 1,3-bifosfoglicerato.

Ocorre a redução de um NAD+ a NADH + H → geração de gradiente de prótons na cadeia respiratória

Etapa de formação do primeiro intermediário de alta energia → Conversão do Gliceraldeído-3-fosfato


(baixo potencial fosforila) em um produto com alto potencial fosforila

7) Transferência de grupo fosforil de 1,3-bifosfoglicerato a ADP

Via glicolítica 5
A enzima fosfoglicerato quinase catalisa a reação de fosforilação de um fosfato do 1,3-bifosfoglicerato
para um ADP, formando uma molécula de ATP e originando 3-fosfoglicerato.

A enzima também depende do magnésio para ter a sua atividade máxima

Questão dos eritrócitos

No desvio 1,3 Fosfoglicerato vira 2,3BPG através da enzima chamada BPG-mutase que troca o
fosfato que está no carbono 1 para o carbono 2 e que depois vira 3BPG por meio de uma outra enzima
chamada BPG-fosfatase.

O aumento da concentração de 2,3-difosfoglicerato facilita a liberação de oxigênio aos tecidos,


diminuindo a afinidade da hemoglobina com oxigênio. Dessa forma, o eritrócito possui um
mecanismo interno para a regulação do fornecimento de oxigênio ao tecido.

Para a via glicolítica, esse desvio é considerado um desperdício, já que menos ATP é formado

Via glicolítica 6
8) Conversão de 3-fosfoglicerato a 2-fosfoglicerato

A enzima Fosfoglicerato-mutase catalisa o deslocamento do grupo fosforil do carbono


3 para o carbono 2.

Ocorre apenas a mudança de posição do grupamento

Também requer magnésio como cofator

9) Desidratação de 2-fosfoglicerato a fosfoenolpiruvato

A enzima Enolase catalisa a reação de desidratação do 2-fosfoglicerato, formando


fosfoenolpiruvato.

Formação do segundo intermediário de alta energia: Fosfoenolpiruvato

10) Transferência de um grupo Fosforil do Fosfoenolpiruvato para ADP

Via glicolítica 7
A enzima Piruvato Kinase fosforila uma molécula de ADP, retirando o grupo fosforil do
fosfoenolpiruvato, formando piruvato e ATP.

A enzima piruvato kinase requer magnésio e potássio como cofator

Terceiro ponto de regulação da via

Saldo Energético Geral da Glicólise:

2 ATPs formados; 2 ATPs consumidos na Fase preparatória (1→ 5) e 4 produzidos na Fase de pagamento (6
→10)

2 NADH

Reações de controle → são as reações irreversíveis catalisadas pela hexoquinase, fosfofrutoquinase (PFK1)
e piruvato quinase

Fermentação láctica

A enzima Lactato desidrogenase catalisa a oxidação do NADH em NAD+ e redução do piruvato, gerando
lactato

O NAD oxidado formado é importante para permitir a continuidade da glicólise

Ocorre principalmente nas células do músculo estriado esquelético (quando está em atividade intensa), nas
hemácias e nos lactobacilos

Não ocorre no fígado → No fígado, o ácido lático é transformado em glicose na gliconeogênese, processo
importante para regular a concentração de lactato

Outra forma de regular a quantidade de lactato ocorre a partir do bulbo → A acidez promovida pelo
aumento do lactato sinaliza ao bulbo para que haja uma diminuição da via glicolítica

Via glicolítica 8
Fermentação alcoólica

A enzima Piruvato descarboxilase catalisa a reação de conversão do piruvato a


Acetaldeído, havendo liberação de CO2. Em seguida, a enzima álcool desidrogenase catalisa a reação de
conversão do Acetaldeído a Etanol, havendo a oxidação de um NADH a NAD+

Essa enzima demanda 2 cofatores: Tiamina Pirofosfato (TPP) e Mg2+

A enzima piruvato descarboxilase se encontra ausente nos vertebrados, o que impossibilita a realização da
fermentação alcoólica.

Metabolismo da frutose

A frutose formada pela hidrólise da sacarose no intestino delgado é fosforilada pela hexoquinase, sendo a
principal via de entrada da frutose na glicólise nos músculos e nos rins

Via glicolítica 9
No fígado, a frutose entra por uma via diferente → A enzima hepática frutoquinase catalisa a fosforilação
da frutose no C-1, em vez do C-6

A frutose-1-fosfato é, então, clivada a gliceraldeído e di-hidroxiacetona-fosfato pela frutose-1-fosfato-


aldolase

A di-hidroxiacetona-fosfato é convertida em gliceraldeído-3-fosfato pela enzima glicolítica triose-fosfato-


isomerase. E o gliceraldeído é fosforilado pelo ATP e pela triose-cinase a gliceraldeído-3-fosfato

Observação: Na via da frutoquinase, ocorre um atropelamento de uma etapa de regulação da glicólise →


Não há ação da PFK1

Glicose → G6P → F6P → F1,6-BP → DHAP + GAP → GAP + GAP


Frutose → F6P → F1,6-BP → DHAP + GAP → GAP + GAP
Frutose (fígado) → F1P → DHAP + GA → GAP + GAP

Como é desenvolvido um quadro de intolerância a frutose (frutosemia)?

A enzima aldolase-1P é a enzima que converte Frutose-1P em DHAP + Gliceraldeído.

Assim, se há uma deficiência nessa enzima, a frutose continua sendo fosforilada em frutose-1P, mas
não é convertida nos produtos Gliceraldeído e DHAP.

Nessas condições, há uma queda do nível de fosfato livre porque ele fica preso na frutose-1P

Como a quebra do glicogênio é dependente de fosfato, essa situação pode levar a um quadro de falta de
energia, tendo em vista que há dificuldade de se gerar energia através da glicogenólise

Metabolismo da galactose.

A galactose, produto da hidrólise da lactose, passa pela corrente sanguínea do intestino para o fígado, onde
é primeiro fosforilada no C1, à custa de ATP, pela enzima galactocinase

Via glicolítica 10
A galactose-1P interage com a UDP-Glicose (uridil transferase) e há uma troca:
UDP-Glicose + Galactose 1P → UDP-Galactose + Glicose 1P

Sem a uridil transferase, essa reação não ocorre e há acúmulo de Galactose 1P → Essa situação pode causar
a galactosemia.

A deficiência de qualquer uma das três enzimas (galactoquinase, Uridil transferase epimerase) dessa
via causa galactosemia em seres humanos.

Regulação da glicólise

A via glicolítica tem papel duplo no metabolismo → degradar glicose para produção de ATP e fornecer
blocos de construção para nucleotídeos (via das pentoses) e ácidos graxos → Função anfibólica

3 reações da glicólise são irreversíveis → hexoquinase (reação 1), fosfofrutoquinase 1 (reação 3), e piruvato
quinase (reação 10)

Pontos potenciais do controle → Alostérica (em milissegundos), modificação covalente hormonal (minutos)
e controle da expressão de proteínas (horas)

Refeição rica em glicídios ou administração de insulina → aumenta a transcrição gênica de enzimas


reguladoras da via (hexoquinase, PFK1 e piruvato quinase)

Nem sempre a regulação da mesma enzima é igual dependendo do tecido (regulação diferencial para
músculo e fígado).

Regulação da glicólise no músculo

Via glicolítica 11
Hexoquinase

Baixa de [Glicose-6P] ativa a hexoquinase para que haja maior conversão de Glicose a
Glicose-6P

Alta de [Glicose-6P] inibe a hexoquinase, desestimulando a via glicolítica

As diferentes isoenzimas de hexocinase do fígado e do músculo refletem os diferentes papéis desses


órgãos no metabolismo de carboidratos: o músculo consome glicose, usando-a para produção de
energia, ao passo que o fígado mantém a homeostasia da glicose sanguínea, produzindo ou consumindo
o açúcar, dependendo da sua concentração sanguínea prevalente

Regulação da fosfofrutoquinase I (PKF1)

O ATP atua como modulador negativo

O AMP e o ADP atuam como moduladores positivos → Altas concentrações de AMP e ADP indicam
que a célula está em baixa carga energética e, portanto, aumentam a afinidade da enzima com o
substrato

O citrato atua como modulador negativo → Altas concentrações de citrato indica que a célula já está
satisfazendo suas necessidades energéticas

Altas concentrações do íon H+ também inibem a enzima → Em virtude da grande presença de lactato
(já que a fermentação gera uma acidificação do meio), a via glicolítica e, consequentemente, a
produção de lactato é diminuída
Observação: Células tumorais não sofrem esse efeito

Observação 2: Esse mecanismo é importante para evitar tanto a acidose decorrente do acúmulo de
lactato, quanto também para evitar um estado de hipoglicemia, uma vez que, como a fermentação é um
metabolismo que não gera tanta energia, ela precisa estar ocorrendo “a todo vapor” para suprir as
demandas energéticas da célula, o que vai acabar gastando glicose demais e reduzindo muito o seu
suprimento no organismo. Por isso, para evitar que outros tecidos, como o cérebro, fiquem sem glicose
para utilizar, existe esse mecanismo de regulação

Piruvato quinase

ATP, acetil-CoA e ácidos graxos de cadeia longa (sinais de um suprimento abundante de energia)
atuam como moduladores negativos

Via glicolítica 12
A frutose-1,6-bifosfato atua como modulador positivo

O acúmulo de alanina, que é sintetizada a partir do piruvato em uma única etapa, inibe alostericamente
(modulador negativo) a piruvato quinase, reduzindo a velocidade de produção de piruvato na glicólise

Regulação da glicólise no fígado

Hexoquinase IV ou Glicoquinase

Quando os níveis de glicose sanguínea são altos, como acontece após uma refeição rica em
carboidratos, o excesso de glicose é transportado para os hepatócitos, onde a glicoquinase a converte
em glicose-6-fosfato. Por outro lado, no jejum, a glicoquinase diminui a sua afinidade pela glicose
(aumenta o KM)

Durante o jejum, quando os níveis de glicose no sangue diminuem, a frutose-6-fosfato provoca a


inibição da hexocinase IV pela proteína reguladora, de forma que o fígado não compete com outros
órgãos pela glicose escassa

Mecanismo de inibição pela proteína reguladora

Via glicolítica 13
A proteína reguladora ancora a enzima Glicoquinase dentro do núcleo, onde ela fica segregada das
outras enzimas da glicólise no citosol

Quando a concentração da frutose-6-fosfato está alta, a proteína reguladora transporta a


glicoquinase para o núcleo e quando a concentração da glicose está alta a proteína reguladora a
libera para o citosol

Sendo assim, se há muita glicose disponível, a glicoquinase retorna para o citoplasma com o
objetivo de formar reservas de glicogênio

Além disso, a glicoquinase é inibida por ácidos graxos de cadeia longa. Logo, como em pessoas obesas
há alta concentração de ácidos graxos de cadeia longa, a glicose não é fosforilada e,
consequentemente, é levada para o meio extracelular, aumentando a glicemia no sangue

A Hexocinase IV não é inibida pela glicose-6-fosfato (sem retroalimentação negativa)

O fígado tem um papel fundamental no armazenamento de energia na forma de glicogênio. Logo,


não faria sentido inibir a glicoquinase pela G6P, já que o objetivo da reação é justamente estocar o
excedente na forma de energia

Regulação da fosfofrutoquinase

Regulada por ATP e citrato (moduladores negativos) e AMP e ADP (moduladores positivos), de
maneira similar ao músculo.

Altas concentrações de H+ não possuem efeito, uma vez que o fígado não realiza fermentação lática
(sem lactato não há acidez)

Regulada positivamente pela Frutose-2,6-fosfato

O fígado sintetiza uma molécula que possui um poder de regulação maior que o ATP (modulador
negativo). Essa molécula é a frutose2,6P

Ela atua como um super modulador positivo da fosfofrutoquinase1 (PFK1)

Via glicolítica 14
A Frutose-2,6-fosfato é produzida pela Fosfofrutoquinase 2 (PFK2) → Regulada por insulina e
por glucagon

Glucagon → Adenilil ciclase → AMPc → PKA → Fosforilação da PFK2 → Ativa a região


fosfatase da PFK2 → Dsfosforilação da frutose 2,6P → Diminui a frutose 2,6P →
Diminuição da via glicolítica

Insulina → Não há ativação da PKA → PFK2 fica desfosforilada → Ativa a região quinase da
PFK2 → Aumenta a frutose 2,6P → Aumento da via glicolítica

Piruvato quinase

Ocorre de forma semelhante ao músculo

Glicólise em células tumorais

Durante o crescimento do tumor, ainda não ocorreu a formação dos vasos sanguíneos (angiogênese), de
modo que ocorre um processo de hipóxia (baixo suprimento de oxigênio).

À medida que o tumor vai crescendo, o tumor vai produzir um fator de transcrição induzido por hipóxia que
aumenta a produção das enzimas reguladoras da via

Efeito Warburg → o tumor continua fazendo fermentação mesmo com o suprimento de oxigênio

Desse modo, os tumores dependem da via glicolítica e, por isso, acabam estimulando algumas enzimas,
como a hexoquinase

Via glicolítica 15

Você também pode gostar