Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tópicos da aula:
Biossíntese de carboidratos
BIOSSÍNTESE DE CARBOIDRATOS
INTRODUÇÃO
O primeiro princípio da biossíntese é o de que a via metabólica para a síntese de uma biomolécula é
usualmente diferente da via empregada para a sua degradação. Embora essas duas vias opostas
(anabólica e catabólica) possam compartilhar muitas reações reversíveis, sempre há, ao menos, um
passo enzimático que é exclusivo de cada uma. Se as reações do catabolismo e do anabolismo fossem
catalisadas pelo mesmo conjunto de enzimas atuando reversivelmente, o fluxo de carbono por meio
dessas vias seria ditado exclusivamente pelas leis de ação das massas, não pelas necessidades
celulares por energia, precursores metabólicos e macromoléculas.
Segundo princípio, as vias anabólicas e catabólicas correlacionadas são controladas pela regulação de
uma ou mais das reações diferentes e exclusivas de cada uma das vias. Assim, as vias oponentes são
reguladas de maneira coordenada e recíproca, de tal forma que a estimulação de uma via biossintética
é acompanhada pela inibição da via degradativa correspondente e vice-versa. Como todas as vias
complexas, as biossintéticas são usualmente reguladas nos seus passos iniciais, assim a célula evita o
desperdício de precursores.
Terceiro, os processos biossintéticos que consomem energia estão acoplados à quebra do ATP. A
variação de energia livre grande e negativa resultante para o processo global assegura que esse
ocorrerá, mesmo quando as concentrações de precursores são relativamente baixas.
Gliconeogênese
A formação da glicose a partir de precursores diferentes das hexoses é chamada de gliconeogênese
(“formação de açúcar novo”). A gliconeogênese é uma via universal encontrada em todos os animais,
vegetais, fungos e microrganismos, e as reações que dela fazem parte são as mesmas em todos os
casos. Os precursores importantes da glicose nos animais são o lactato, o piruvato, o glicerol e a
maioria dos aminoácidos. Nos animais, a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado e, em menor
escala, no córtex renal. Nas sementes em processo de germinação, as proteínas e as gorduras
armazenadas são convertidas em sacarose.
Embora as vias de glicólise e gliconeogênese compartilhem vários passos intermediários, elas não são
idênticas. Os três passos na glicólise são essencialmente irreversíveis e não podem ser empregados na
gliconeogênese: a conversão de glicose em glicose-6-fosfato pela hexoquinase, a fosforilação da
frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato por meio da fosfofrutoquinase-1 e, finalmente, a conversão de
fosfoenolpiruvato em piruvato pela piruvato quinase. Na gliconeogênese, esses três passos são
contornados por um conjunto separado de enzimas que catalisa reações que são suficientemente
exergônicas para ser efetivamente irreversíveis na direção da síntese da glicose.
A reação catalisada pela glicose-6-fosfatase não requer a síntese de ATP e é a hidrólise simples de um
éster fosfórico:
A glicose-6-fosfatase não está presente nos músculos ou no cérebro ( e sim nas células renais e do
fígado) e a gliconeogênese não ocorre nesses tecidos. Em vez disso, a glicose produzida por
gliconeogênese no fígado e no rim, ou ingerida na dieta, é liberada para o cérebro e para os músculos
por meio da corrente sanguínea.
São chamados de aminoácidos glicogênicos aqueles que podem ser convertidos em glicose, os
principais são a alanina e o glutamina. Os intermediários do ciclo do ácido cítrico (citrato, isocitrato, a-
cetoglutarato, succinato, succinil-CoA, fumarato e malato) podem ser oxidados a oxaloacetato e
participar da gliconeogênese.
Nos organismos que possuem o ciclo do glioxalato, o acetato proveniente da oxidação de ácidos
graxos pode ser convertido em oxaloacetato. Essa via está ausente nos animais, entretanto, os ácidos
graxos não possam fornecer átomos de carbono para gliconeogênese, sua oxidação fornece energia
para o processo de síntese da glicose.
REGULAÇÃO
Para assegurar que as necessidades metabólicas serão satisfeitas e que ciclos fúteis não ocorram em
condições normais, a gliconeogênese e a glicólise são reguladas de maneira separada e recíproca.
O piruvato pode ser convertido quer em acetil-CoA (pelo complexo da piruvato desidrogenase) para
fornecer combustível para o ciclo do ácido cítrico, ou em oxaloacetato (pela piruvato carboxilase) para
iniciar o processo da gliconeogênese. O acetil-CoA é um modulador alostérico positivo da piruvato
carboxilase e um modulador negativo da piruvato desidrogenase.
Muitas das reações nas quais as hexoses são transformadas ou polimerizadas envolvem os nucleotídeos
de açúcar, a UDP-glicose, que é doador imediato de resíduos de glicose para a formação enzimática
do glicogênio pela ação da glicogênio sintase, marcando o destino dessa glicose. Esse nucleotídeo
possui síntese irreversível, ou seja, contribui para irreversibilidade das vias biossintéticas.
A glicogênio sintase não pode fazer as ligações (a 1 --> 6 ) encontradas nos pontos de ramificação do
glicogênio, essas são formadas por uma enzima ramificadora do glicogênio. O efeito biológico da
ramificação é deixar a molécula do glicogênio mais solúvel e aumentar o número de extremidades não-
redutoras, o que torna o glicogênio mais acessível às enzimas glicogênio fosforilase e glicogênio
sintase, já que ambas trabalham apenas com as extremidades não-redutoras.
A glicogenina, que funciona como molde inicial ao qual o primeiro resíduo de glicose é ligado e,
também, como catalisadora para a síntese de uma molécula nascente de glicogênio com até oito
resíduos de glicose.
Amido
O amido, como o glicogênio, é um polímero de alto peso molecular, constituído por moléculas da D-
glicose unidas por ligações (a1-->4 ). A síntese do amido ocorre nos cloroplastos como um dos produtos
estáveis da fotossíntese; essa síntese também ocorre em outras organelas e tecidos (os amiloplastos
das partes não coloridas dos vegetais, como sementes, raízes e tuberosidades).
A fração do amido chamada de amilose é não-ramificada, porém a outra fração, a amilopectina, tem
numerosos ramos formados por ramificações (a 1 ->6), como aquelas do glicogênio.
Sacarose
A sacarose foi selecionada durante a evolução como a forma de transporte do carbono nos vegetais
possivelmente devido à ligação incomum existente entre o C-1 anomérico da glicose e o C-2 anomérico
da frutose.