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A história e sua
relação com o
tempo presente
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Metas da aula
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
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Aula 14 – A história e sua relação com o tempo presente Módulo 1
INTRODUÇÃO
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Pois é, o que foi regra ontem não é mais. Hoje em dia não
existe mais esse negócio de o historiador não poder tratar de temas
contemporâneos. Por quê? Por duas razões. Em primeiro lugar,
porque o conceito de objetividade científica não é mais o mesmo.
A objetividade idealizada do século XIX verificou-se impossível, mesmo
para as ciências da natureza. Como conseqüência, não se exige mais
que as ciências humanas imitem as ciências naturais. Em segundo
lugar, porque se percebeu que a distância temporal não é critério
confiável de objetividade científica. O fato de algo ter acontecido há
muito tempo atrás não nos livra dos juízos de valor, dos preconceitos,
das influências ideológicas etc.
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1. Atende ao Objetivo 1
Leia com atenção esta parte do livro Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt, e
responda às perguntas que se lhe seguem.
E assim como a lei de países civilizados pressupõe que a voz da consciência de todo
mundo dita “Não matarás”, mesmo que o desejo e os pendores do homem natural sejam
às vezes assassinos, assim a lei da terra de Hitler ditava à consciência de todos: “Matarás”,
embora os organizadores dos massacres soubessem muito bem que o assassinato era
contra os desejos e os pendores normais da maioria das pessoas. No Terceiro Reich, o Mal
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perdera a qualidade pela qual a maior parte das pessoas o reconhecem – a qualidade
da tentação. Muitos alemães e muitos nazistas, provavelmente a esmagadora maioria
deles, devem ter sido tentados a não matar, a não roubar, a não deixar seus vizinhos
partirem para a destruição (pois eles sabiam que os judeus estavam sendo transportados
para a destruição, é claro, embora muitos possam não ter sabido dos detalhes terríveis),
e a não se tornarem cúmplices de todos esses crimes, tirando proveito deles. Mas Deus
sabe como eles tinham aprendido a resistir à tentação (ARENDT, 2007, p. 167).
a. O general nazista afirmou que ele não podia julgar as ordens de Hitler. Esse julgamento
caberia a Deus e à história. Quanto a esta, certamente o general confiava no passar do
tempo, na sua qualidade dissipadora que supostamente depura os aspectos secundários
e deixa o substancial como verdade de uma época. À luz do que já analisamos, você
concorda com esse pensamento? Justifique.
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b. Qual é o significado da distinção que Hannah Arendt considera ter feito Eichmann
entre “uma ordem” e “a palavra do Führer”? Esse significado é muito importante porque
constitui uma etapa importante do método histórico.
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c. A palavra “Deus” aparece duas vezes no texto: a primeira, na boca do general nazista;
a segunda, a última frase é referida aos alemães, nazistas ou não. Explique o jogo feito
com a palavra “Deus”.
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Respostas Comentadas
a. Não. O passar do tempo não é mais um critério aceitável para o estabelecimento do
juízo histórico porque a verdade sobre o passado não depende da parte substancial que
sobreviveu, mas da qualidade do diálogo crítico estabelecido entre o presente e o passado pelo
historiador. De fato, o general nazista encontrou uma saída para se eximir da responsabilidade
por seus atos.
c. Na primeira vez, o general tenta passar a idéia de que os seus atos não podem ser julgados
pelos homens que ali o processam, isto é, ou serão julgados por homens muito distanciados
no tempo (a história) ou por Deus, que está imensamente distante e inalcançável no céu. Na
segunda vez a autora, com fina ironia, refere-se indiretamente ao “Deus” citado pelo general
para mostrar que a população alemã não aprendeu nada com “Deus” sobre a tentação, que
é o critério para identificação do mal.
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a. Você notou que Hobsbawm narrou primeiramente dois acontecimentos específicos que
ele chamou de “incidentes”? Quais?
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b. Em seguida, ele fez uma afirmação bastante geral, apoiada nos dois acontecimentos
narrados mas que, na verdade, vai muito além deles. Qual?
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c. Por fim, ele formulou duas indagações – uma bastante geral e outra mais específica
– referidas às afirmações anteriores. Quais são essas indagações?
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3. Leia novamente o sexto e o sétimo parágrafos. Você sabia que o comportamento público
havia passado por uma espécie de processo social civilizador que deixou a Europa menos
violenta? Qual é a função dessa informação na argumentação do autor?
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5. Releia o parágrafo dez. Fazer história é fazer relações. Relacione a informação sobre
os contêineres e o comércio ilícito à luz da violência nas grandes cidades brasileiras.
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Respostas Comentadas
2.a. Primeiro, a Associação dos Chefes de Polícia disse ao governo britânico que já não havia
condições de impedir desordens públicas nas ruas e que era preciso uma nova lei de segurança
pública. Segundo, um hotel na Noruega fazia propaganda de que os vidros das suas janelas
eram a prova de balas.
2.c. Qual é o significado de a sociedade ter se tornado mais violenta? Como os governos
podem proteger os cidadãos dessa violência?
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3. Ela contribui para a fundamentação de que houve uma mudança na tendência do processo
histórico. A sociedade européia ocidental que havia construído gradativamente durante séculos
formas de convívio social cada vez menos violentas agora reintroduz comportamentos violentos,
trazendo novos desafios para a manutenção da ordem pública.
4. No parágrafo treze: “os problemas de ordem pública podem ser controlados em uma era
de violência?” No parágrafo quatorze: “qual deve ser a proporção entre força e persuasão,
ou confiança pública, no controle da ordem pública?”
5. Uma relação possível: o comércio ilícito de armas de fogo também pode se valer dessa incapa-
cidade de se verificar a maior parte dos contêineres para fornecer seus produtos aos criminosos das
grandes cidades brasileiras, contribuindo, assim, para o crescimento desmedido da violência.
6. Para o autor, a alegação “guerra contra o terror” é um argumento retórico construído pelos
governantes norte-americanos. Os terroristas estão articulados em pequenos grupos, e não em
“Estados” com os quais se possa fazer uma guerra. A questão do terrorismo para o autor, “não
é nem pode ser uma guerra. É basicamente um problema muito sério de ordem pública”, sendo,
portanto, um produto da própria sociedade.
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RESUMO
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