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Denise Watanabe, Rosimeire Marques Gonçalves, Tony Aparecido Moreira, José Milton de Lima
Universidade Estadual Paulista - FCT/UNESP. Departamentos: Educação Física, Pedagogia e Educação, Campus
Presidente Prudente - SP. Email: de.wtnb@gmail.com.
Agência Financiadora: PIBIC/CNPq.
RESUMO
Este artigo expõe resultados de uma pesquisa de Iniciação Científica realizada em algumas salas de
Educação Infantil de uma escola periférica de um município do interior paulista. Com o objetivo de
estimular a imaginação infantil e ampliar o repertório lúdico das crianças e das professoras
utilizou-se brincadeiras; histórias; personagens imaginários; fotos; observações; anotações no
diário de campo; diálogos, questionários e entrevista com as crianças e as professoras. De
natureza qualitativa e fundamentada na Sociologia da Infância, adotou-se a metodologia da
pesquisa-intervenção, com vista a levantar reflexões teóricas e práticas que colaborassem com
transformações na realidade. Como resultados destacam-se uma efetiva participação das crianças
nas brincadeiras e atividades; avanços nas relações com a pesquisadora e com os pares infantis; a
maior valorização do espaço educativo e das culturas infantis pelos envolvidos na pesquisa e a
solicitação de crianças e de adultos para que a pesquisa se ampliasse a outras seriações.
Palavras-chave: Sociologia da Infância, Imaginação, Ludicidade, Infância, cultura de pares.
THE REAL FANTASY IN THE CONTEXT OF EARLY CHILDHOOD EDUCATION: DISCOVERING SENSES
AND MEANINGS FOR A DIFFERENTIATED EDUCATION.
ABSTRACT
This article presents results of a survey of scientific research carried out in some early childhood
classrooms of a school municipality of peripheral state of São Paulo. In order to stimulate
children's imagination and broaden the Repertoire of the teachers and children's playful used
jokes; stories; imaginary characters; pictures; observations; Notes on field journal; dialogues,
questionnaires and interviews with the children and the teachers. Qualitative in nature and based
on the Sociology of childhood, adopted the methodology of intervention research, with a view to
raising the theoretical and practical reflections that collaborate with changes in reality. As results
are an effective participation of children in games and activities; advances in relations with the
researcher and with infant pairs; the greater appreciation of space education and child cultures by
those involved in the research and the request of children and adults for the survey if widen other
rankings.
Keywords: Sociology of childhood, Imagination, Playfulness, Childhood, culture-pairs.
Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 11, n. 2, p.01-18, mai/ago 2014. DOI: 10.5747/ch.2014.v11.n2.h153
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Para Sarmento (2004 p. 14), a cultura ativamente delas, como atores sociais, como
de pares: construtoras do processo de socialização
[...] permite às crianças junto com os adultos.
apropriar, reinventar e
Ferreira, ao referenciar Sarmento,
reproduzir o mundo que as
rodeia. A convivência com enfatiza que a criança significa:
os seus pares, através da
[...] um actor social da sua
realização de actividades e
própria socialização. Uma
rotinas, permite-lhes
socialização que se funda
exorcizar medos,
na sua interacção com o
representar fantasias e
meio e com os outros,
cenas do quotidiano, que
crianças e adultos, em
assim funcionam como
contextos sociais com
terapias para lidar com
características específicas,
experiências negativas. Essa
num processo através do
partilha de tempo, acções,
qual as crianças aprendem,
representações e emoções
elaboram e assumem
é necessária para um mais
normas e valores da
perfeito entendimento do
sociedade em que vivem
mundo e faz parte do
(cf. Sarmento 2000b e
crescimento.
2003b); um processo
realizado por um sujeito
O quarto e último - mas não menos concreto e singular, com
vontades, saberes,
importante eixo estruturador - é a reiteração.
capacidades, emoções,
Um tempo destinado ao brincar que, quando desejos e afectos que o
identificam como um
prazeroso, parece contabilizado de forma
“produtor cultural único”
diferente dos padrões cronológicos do [...] (SARMENTO, 2007, p. 2
apud FERREIRA 2008, p. 16).
ponteiro do relógio: duas horas “parecem”
apenas cinco minutos. É um tempo recursivo
Apesar das culturas infantis ressaltem
que possibilita recomeçar sem prejuízos a
as diferentes e ativas formas de participação
brincadeira sem perder sua graça e
infantil no mundo ainda é possível encontrar
significado, permitindo recomeçar “várias e
- principalmente nos espaços
várias vezes”, “mais uma vez” ou ainda “de
institucionalizados criados por adultos para
novo”.
as crianças - práticas verticais que valorizam
As culturas infantis funcionam como a
somente o conhecimento dos professores e o
prova da alteridade da infância. Elas
ensino dos saberes, tidos como prioritários,
demonstram que as crianças não são passivas
como os linguísticos. Em decorrência,
ou apenas absorvem e/ou reproduzem a
acabam por desconsiderar as outras
cultura adulta, mas que participam
linguagens, como a imaginação e a
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significar o que viram, criando novas formas - Tiram a boca; - A carne; - A perna; - Eu vou
de brincar, cheias de significado. A partir do cortar esse jacaré; - Ele vai cortar a gente no
que viram (real), passaram a (re) expressar meio; - Vou cortar o jacaré - Cortar ele no
outras formas por meio da imaginação: - O meio; - Prô (referindo-se à pesquisadora) ele
meu morreu! vai tirar a unha da gente; - O jacaré do mau; -
Pesquisadora: - Morreu? Por quê? Deixa ele morder; - Vai comer a sua cabeça
Crianças: - Porque comeu um monte (DIÁRIO DE CAMPO, 2014).
de grama; - Prô (referindo-se à Ao expressarem o medo do jacaré, as
pesquisadora), o meu tem umas garras, crianças demonstraram o que fariam com ele
agora ele tá forte! ou o que ele poderia fazer com elas. No
Outra criança colocou o copinho na entanto, elas sabiam que era uma
boca e fez de “telefone”. Depois, colocou-o brincadeira, ou seja, algo da “imaginação”.
na orelha e falou: - Alô? Alô?! (DIÁRIO DE Na outra sala - antes de começar a
CAMPO, 2014). mesma atividade - brincamos que seriam elas
Outra brincadeira que contribuiu para a contar a história do jacaré. As crianças
estimular e compreender sobre a imaginação começaram a “encenar um choro”. Ao
infantil foi quando levamos um cartaz cujo perguntamos o motivo elas responderam que
personagem principal era um jacaré. Nas “tinham medo de jacaré” e “que não sabiam
extremidades do cartaz havia desenhos que contar história”.
deveriam ser escolhidos pelas crianças para Outras professoras que não
realizar as atividades: dança e música do participavam da pesquisa passaram a solicitar
jacaré, brincadeira do vivo ou morto jacaré, que ela se estendesse às outras seriações,
etc. Antes de começar a brincadeira como o Ensino Fundamental Ciclo I: - Vocês
comentamos que na escola havia um jacaré. têm que dar aula para as outras salas
As crianças, eufóricas falavam: - Eu também.
tenho medo! Além das professoras, as crianças
Juntas, elas passaram a expressar uma argumentavam – ao saberem que a pesquisa
sequência de ideias imaginativas sobre o seria efetuada somente o infantil: - Ah, mas
jacaré e o medo dele: - E se eles comem a podia ter aula pra gente; - Por isso que é
nossa barriga e cortam a nossa cabeça; - E difícil a gente ser as mais velhas. A gente não
arrancam a cabeça e cozinham a gente; - E brinca de nada!
tiram nosso dente; - Nosso nariz; - E tira a Diante dessas afirmativas, revolvemos
nossa boca; - Nosso cabelo; - Tiram a orelha; questionar e ouvir os motivos pelos quais as
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CONCLUSÕES
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