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10) AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS

(ARTS. 569 A 598 CPC)

- Ações de natureza petitória (discute o direito de propriedade


e seus limites)
- competência absoluta: local da situação do imóvel
- Finalidade:
 demarcatória: obrigar o confinante (vizinhos) a
estremar os prédios, fixando os limites ou
aviventando os já apagados;

 divisória: para obrigar os demais condôminos


(co-proprietários) a partilhar a coisa comum (a
estremar os quinhões);

Veja o que diz o Código Civil: art.1320 “a todo


tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da
coisa comum, respondendo o quinhão de cada
um pela sua parte nas despesas da divisão”.

- O requisito essencial da ação de divisão é que o imóvel seja


divisível.
Atenção: Se for indivisível por determinação legal (como,
por exemplo, dispõe o art. 65 da Lei 4504/64 – Estatuto da
Terra, que proíbe a divisão de imóvel em áreas de dimensão
inferior ao modulo rural) ou a divisão torná-lo impróprio ao
seu destino, a solução será a adjudicação do imóvel a um só
condômino, ou a venda, repartindo-se o preço
- Procedimento especial de natureza dúplice – o réu pode
fazer pedido contra o autor na contestação;
- Fases do procedimento:
- 1a. Fase: o juiz decide sobre o direito de dividir ou
demarcar;
- 2a. Fase: o juiz define a demarcação e a divisão
(atos materiais)
- Procedimento da ação demarcatória:
- Legitimidade Ativa: proprietário (art. 569, I)
- Leg. Passiva: confinantes (proprietários ou possuidores)
Veja jurisprudência do TJMG:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DEMARCATÓRIA -
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - PROPRIETÁRIO
REGISTRAL - DEMANDA AJUIZADA EM FACE DO PROMISSÁRIO
COMPRADOR - IMPOSSIBILIDADE - SENTENÇA TERMINATIVA
MANTIDA.
O Diploma Adjetivo Civil, ao disciplinar o procedimento especial de
demarcação de terras particulares, dispõe que a referida ação será
cabível nas hipóteses em que for necessária a fixação de limites entre
prédios contíguos ou o seu reavivamento, quando já destruídos.

A exigência de que a ação demarcatória tenha em seus polos ativo e


passivo os proprietários registrais dos imóveis confinantes mostra-se
inteiramente justificável, eis que, um ou outro poderá somar ou perder
área imobiliária, em razão do caráter dúplice da ação, tendo a sua
esfera jurídica diretamente atingida pela sentença.

Enquanto não registrada a escritura pública de compra e venda na


matrícula do imóvel, figurando o réu como mero possuidor, tem-se que
ele, à luz do Diploma Processual Civil vigente, é parte ilegítima para
figurar no polo passivo da ação demarcatória. (AC 1.0024.12.052219-
8/001 , Rel. Des. Eduardo Mariné da Cunha, DJ 29/03)/2016)
1a. Fase:
- Petição inicial: título de propriedade, descrição do imóvel e
dos limites que se quer criar ou aviventar, identificando todos
os confinantes (ou confrontantes) (art. 574)
- Citação dos réus – por carta postal. Publicação de edital
somente para réus incertos e desconhecidos (art. 576)
- Defesa: prazo comum de 15 dias; conversão do rito para o
proced. comum (art. 577 e 578)
- Prova pericial (pode ser dispensada apenas no caso de
imóvel georreferenciado – art. 573): peritos nomeados pelo
juiz; determinar o traçado da linha demarcanda (análise dos
títulos de propriedade, vizinhança, marcos no local, etc...) (art.
580)
- Apresentação de laudo pericial – contraditório
- Sentença da 1ª. Fase: decidirá sobre o direito de demarcar e
definirá a linha demarcanda; restituição da área se tiver sido
invadida (art. 581)
- Recurso de apelação com efeito suspensivo automático.
Atenção: a 2ª fase somente iniciará após o trânsito em julgado
da referida sentença;
- 2a. Fase: Atos materiais da demarcação (art. 582 a 587):
fase puramente técnica
- Inicia-se os trabalhos de campo;
- Peritos (agrimensores; engenheiros) fixam os limites e
apresentam relatórios – contraditório: prazo de 15 dias (art. 583
a 586)
- O juiz decide eventuais reclamações e determina as
correções necessárias (art. 586)
- Lavratura do auto de demarcação
- Sentença de homologação da demarcação (art. 587) –
apelação apenas com efeito devolutivo (art. 1012, par.1º, inciso
I do CPC)
- Procedimento da ação divisória:
- Leg. Ativa e passiva: condôminos (art. 569, II)
1a. Fase: define o direito de dividir
- Petição inicial: título de domínio, indicação da origem da
comunhão, descrição do imóvel, qualificação dos condôminos e
benfeitorias comuns (art. 588)
- Citação e defesa (igual ao proced. da demarcatória)
- Instrução probatória – perícia obrigatória
- Sentença – julga a divisão
2a. Fase: atos materiais de divisão (art. 590 a 597)
- Nomeação dos peritos (mais de um – geralmente peritos
agrimensores)
- Intimação dos condôminos para apresentar seus títulos e
pedido de quinhões (art. 591)
- Contraditório – sobre os pedidos (art. 592)
- Início dos trabalhos de divisão (art. 595) – apresentação de
laudo propondo partilha
- Vista 15 dias às partes (art. 596)
- Juiz determina a forma da partilha – trabalhos de campo para
divisão (parágrafo único do art. 596)
- Auto de divisão (art. 597)
- Sentença homologatória – apelação efeito apenas devolutivo
(art. 1012, par. 1º, I NCPC)
- Registro em cartório – fim do procedimento
Obs: é possível cumular demarcatória com a divisória (art.
570 do CPC): primeiro a demarcação; depois a divisão

 Teste seu conhecimento:


Quanto às ações de divisão e de demarcação de terras
particulares, é incorreto afirmar que:

a) cabe a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o


seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se
novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados.
b) é lícita a cumulação destas ações.
c) o autor pode requerer a demarcação com queixa de esbulho
ou turbação, mas não pode formular pedido de restituição do
terreno invadido.
d) qualquer condômino é parte legítima para promover a
demarcação do imóvel comum, citando-se os demais como
litisconsortes.
e) a sentença, que julgar procedente a ação, determinará o
traçado da linha demarcanda.

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