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1.

ANTIASMÁTICOS (18/04)
2. TIREOIDIANOS E ANTITIREOIDIANOS (25/04)
3. ANTIDIABÉTICOS (25/04)
4. CONTRACEPTIVOS (assunto suspenso)
5. ANTIULCEROSOS (05/05)

 1. ANTIASMÁTICOS
 A asma brônquica é uma doença alérgica.
- Alergia é um processo inflamatório causado por algum agente.
- Cada indivíduo possui uma predisposição a responder contra. É natural que nosso organismo responda com um
processo inflamatório (quando ocorre uma infecção, invasão por microrganismo, quando ocorre um trauma), mas não é
natural que o nosso organismo responda com um processo inflamatório quando entram em contato com um
substancias de um perfume, ou de um alimento, poeira, pólen ou pelo de animal  é meio que toxicidade.
 Algumas pessoas respondem de forma inadequada com inflamação na presença desses elementos, então na verdade, a
alergia é um erro genético no qual você responde a inflamação contra algo que você não deveria responder e as alergias
fazem parte do grupo das chamadas hipersensibilidades;
- Alergia é principalmente a hipersensibilidade (que ocorre com a liberação de histamina mediada por mastócitos e cuja
imunoglobulina é a IgE).
 Processos inflamatórios podem surgir em diversas regiões; você pode ter um processo inflamatório ocular (conjuntivite
alérgica); processo inflamatório das fossas nasais (rinite alérgica); processo inflamatório cutâneo (dermatites
alérgicas/urticárias); alergias no trato respiratório inferior da região brônquica e a alergia da região respiratória
inferior à região brônquica (asma).
 A asma é um processo inflamatório de origem alérgica das vias respiratórias inferiores notadamente na região
brônquica.
 Diferentemente dos demais processos inflamatórios de origem alérgica, a asma possui uma gama enorme de
mediadores químicos responsáveis pela então resposta inflamatória.
 Compõem os mediadores químicos inflamatórios da asma brônquica: histamina, a bradicinina, as
prostaglandinas, os leucotrienos, as citocinas; são vários os mediadores químicos responsáveis pelo
aparecimento, pela manutenção da resposta inflamatória na asma brônquica.
 Na asma brônquica, acontece uma redução importantíssima da luz brônquica.
 Vejam isso aqui é um esquema de um brônquio normal, você tem as camadas do brônquio e você tem essa luz
para a passagem para entrar e sair o ar. Bem, quando você tem uma resposta inflamatória mediada por diversos
desses elementos que nós citamos e não somente por histamina (como acontece em alguns processos
alérgicos), você tem uma vasodilatação que provoca importante edema da parede brônquica, você tem um
aumento da secreção exócrina das glândulas da árvore traqueobrônquica com aumento da produção de
muco, você tem contração dessa musculatura lisa brônquica, e a maioria desses mediadores inflamatórios
são vasodilatadores e broncoconstrictores, assim que funcionam os leucotrienos, histamina;
 O processo inflamatório exuberante da parede brônquica provoca um edema nessa parede brônquica, reduzindo
a luz com o aumento da secreção da arvore traqueobrônquica e uma broncoconstricção, tudo isso
promovendo dificuldade para a passagem aérea.
 A asma brônquica não é uma doença simples, algumas pessoas menosprezam a asma, mas ela é uma doença
grave, ainda hoje existe um percentual razoável de pessoas que vão a óbito por conta de crises graves de asma;
(muitas vezes pode ser revertido com medidas farmacológicas).
 São vários os mediadores... Agora, existe um desses mediadores que tem um papel cada vez mais
reconhecido e relevante, ele é significativo na gênese da perpetuação do processo inflamatório na asma
brônquica que são os leucotrienos (estão envolvidos diretamente na gênese da asma brônquica):
 São derivados do acido araquidônico (vem dos fosfolipídios de membrana)  os fosfolipídios de
membrana, que estão presentes em todas as membranas celulares, quando sofrem ação da enzima
fosfolipase A2, você extrai dos fosfolipídios de membrana, o ácido araquidônico  e esse ácido
araquidônico pode entrar numa via enzimática, numa cascata enzimática iniciada pela cicloxigenase pra
formação dos chamados prostanoides ou derivados das prostaglandinas || ou || Esse ácido
araquidônico pode entrar numa via enzimática (uma rede de enzimas da via lipoxigenase)  formando
dentre outros os leucotrienos.

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 Então os leucotrienos, assim como as prostaglandinas, são chamados derivados do acido araquidônico
ou também chamados eicosanoide.
 ANTIASMÁTICOS:
 BRONCODILATADORES: agonistas beta2 e os anticolinérgicos.
 ANTIINFLAMATÓRIOS: glicocorticóides e os antileucotrienos/inibidores de leucotrienos
 Existem cada vez mais tentativas de desenvolvimento de fármacos que interfiram na cascata imunológica da asma
brônquica, mas esses são os fármacos mais utilizados para o tratamento da asma.
 A asma brônquica é uma doença que cursa com períodos de crises e entre as crises temos o chamado período
intercrise, veja, para não se confundir, intercrise é fora da crise, essa classificação decorre da intensidade e da
freqüência das crises, quanto mais intensas e mais freqüentes as crises, maior gravidade terá essa asma brônquica;
 A asma pode ser classificada como asma intermitente, asma persistente leve, asma persistente moderada, asma
persistente grave, a depender dos parâmetros espirométricos e da freqüência das crises, mas o objetivo é o seguinte:
É que você retire o individuo da crise para que ele respire (na crise ninguém se preocupa em tratar/resolver o
processo inflamatório crônico da asma brônquica, você quer que o individuo sobreviva), por isso que na crise, com
muita frequência são utilizados os broncodilatadores;
 Para o período intercrise, é realizado o chamado tratamento de manutenção, o tratamento de manutenção é aquele
utilizado para que o individuo não venha a ter novas crises, é o tratamento na verdade ”curativo” daquele
processo inflamatório evitando-se que novas crises surjam, e o tratamento de manutenção normalmente é realizado
com os antiinflamatórios;
 A asma brônquica é um processo inflamatório = você resolve, naquele momento, diminuindo o processo inflamatório.
 Nas crises podemos utilizar esses antiinflamatórios em algumas situações e também podemos utilizar no tratamento
de manutenção esses broncodilatadores, mas, entendam é que nas crises o meu objetivo é broncodilatar,
principal, e para o individuo, quando ele sair da crise eu vou tratar a doença dele e com isso eu vou utilizar, vou
inibir o processo inflamatório.

 BRONCODILATADORES: Agonistas beta2; Anticolinérgicos.

 AGONISTAS BETA 2:
- Possuem, dentre os antiasmáticos, ação broncoditadora; eles estimulam os receptores beta 2 adrenérgicos,
esses receptores, quando estimulados, promovem relaxamento das musculaturas lisas, por isso provocam
broncodilatação; musculatura lisa do músculo esquelético provocam vasodilatação; no trato gastrointestinal e no
trato/sistema urinário provocam relaxamento porque esses receptores beta 2 são receptores que quando
estimulados promovem relaxamento de musculaturas lisas e isso ocorre nos brônquios, e isso se reflete numa
broncodilatação.
- Eles são utilizados normalmente por via inalatória; eles podem provocar alguns efeitos adversos, principalmente
por estimular receptores beta 1, que não é o que se quer mas não existem fármacos específicos beta 2 eles são
seletivos por receptores beta 2 mas podem estimular beta 1.
- São utilizadas principalmente por via inalatoria por 2 motivos: porque você tem uma ação mais localizada e
porque você tem menos absorção, claro que a via inalatória tem absorção também, mas é uma absorção muito
menor que as outras vias.

1. AGONISTAS BETA 2 DE CURTA DURAÇÃO: são os mais utilizados nas crises, são de ação muito rápida
que são representados pelo fenoterol, cujo nome comercial é o berotec, pelo salbutamol que é o aerolin,
pelo albuterol, pela terbutarina, pelo pelopirbuterol, pelo metaproterenol, que são agonistas beta 2 inalatorios
de ação curta ou de ação rápida e por isso são utilizados para alivio imediato nas crises; são aquelas
bombinhas, um fármaco utilizado na via inalatória geralmente está no formato liquido, na condição liquida e
ele é vaporizado (vaporizar é transformar de liquido para gasoso) ou você utiliza as gotinhas liquidas num
aparelho chamado nebulizador (ele vaporiza);
2. AGONISTAS BETA 2 DE AÇÃO PROLONGADA: representados pelo formoterol, e o salmeterol que podem
ser utilizados no período intercrise, enquanto um antiinflamatório está fazendo efeito; individuo saiu da crise,
ele pode continuar o tratamento broncodilatador em casa com agonistas beta 2 de ação prolongada, até os
antiinflamatórios fazerem efeito;
- Agonistas beta 2 NÃO SÃO ANTIINFLAMATÓRIOS;
- EFEITOS ADVERSOS: Taquicardia, tremores, arritmias cardíacas em decorrência do estimulo indesejado de
receptores beta 1 e existem trabalhos que mostram que o uso desses agonistas beta 2 , de forma prolongada,
podem provocar tolerância; por isso, que o individuo tem que fazer um tratamento anti-inflamatório (para evitar
crises), não adianta ficar fazendo o uso de agonista beta-2, que ele não vai resolver o processo inflamatório, se for
o caso, um indivíduo que precise, se enquadre, na necessidade de tratamento dos anti-inflamatórios.

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* OBS: Antigamente, se utilizava muito agonista beta-2 por via oral: xarope de aerolin, que é o salbutamol, xarope
de berotec, que é o fenoterol. Mas, por conta da maior absorção e da maior amplitude da intensidade dos efeitos
adversos, hoje em dia, prefere se utilizar o agonista beta-2 por via inalatória. E em momentos de crises muito
intensas, existe a opção de se administrar o agonista beta-2 (SALBUTAMOL) por via intravenosa.

- PRECISA SER MONITORADO, POIS PODE CAUSAR EFEITO ADVERSOS E VOCÊ TEM QUE ESTAR PRONTO
PARA REVERTER.

 ANTICOLINÉRGICOS:
- Nós temos UM anticolinérgico utilizado por via inalatória, que é o brometo de ipratrópio, cujo nome comercial é
Atrovent.
- Mecanismo de ação: antagonismo de receptores muscarínicos M3 da musculatura lisa brônquica, inibindo
broncoconstricção (a acetilcolina quando estimula receptores muscarinicos do tipo 3, ela provoca contração [ no
caso das musculaturas lisas: contração muscular]. Isso ocorre no sistema respiratório, no sistema urinário, sistema
digestório, a acetilcolina provoca contração, vasoconstricção, constricção; Além disso, a acetilcolina aumenta a
secreção das glândulas exócrinas. Então, se eu tenho como objetivo a broncodilatação, eu vou utilizar uma classe
farmacológica que seja antagonista desses receptores muscarinicos M3.
- Hoje em dia, uma opção broncodilatadora, uma opção secundária (pois a opção dilatadora mais indicada é a de
agonistas beta-2), mas com muita frequência são associados aos anticolinérgicos, que são inibidores de
receptores muscarinicos M3 e isso vai provocar uma redução da atividade parassimpática culminando na
broncodilatação.
- Além disso, acrescentem aí os anticolinérgicos: reduzem as secreções exócrinas da árvore
traqueobrônquica.
- O sistema respiratório possui glândulas exócrinas produtoras de muco e isso é um fator que perpetua a asma,
que piora o tratamento da asma, e, como um anticolinérgico, como regra reduz secreções exócrinas, ele
também reduz as secreções exócrinas da arvore traqueobrônquica e isso, hoje, é considerado como um dos
grandes benefícios do uso anticolinérgicos inalatórios, como o brometo de ipratrópio.

 RESUMO: A acetilcolina, no sistema respiratório provoca CONTRAÇÃO da musculatura lisa brônquica,


bronquioconstricção. Se eu estou dizendo que a asma já cursa na crise com uma broncoconstricção, eu preciso
fazer uma broncodilatação, então, eu preciso antagonizar a acetilcolina nos receptores M3, então eu uso
antimuscarinicos, que são utilizados por via inalatória. O fármaco anticolinérgico antimuscarinico inalatório
disponível no mercado é o brometo de ipratrópio, que, além de promover broncodilatação (porque inibe a
broncoconstricção), ele também reduz as secreções exócrinas da arvore traqueobrônquica, o que é bom, porque
você diminui a produção e a secreção do muco, que termina por reduzir mais ainda a luz brônquica.
- Agora, o brometo de ipratrópio tem como efeito adverso a boca seca, porque antes de chegar ao sistema
respiratório, no trato respiratório, ele passa por outras regiões, como a boca, e na boca ele diminui a
salivação, porque ele é anticolinérgico.

- Existe outro anticolinérgico inalatório: o tiotrópio,


mas o tiotrópio é reservado para o tratamento do
grupo de doenças enquadradas no grupo das DPOC
(são distúrbios pulmonares obstrutivos crônicos
representados pelo enfisema pulmonar e pela
bronquite crônica), que possui uma etiologia diferente
da asma brônquica, são outros agentes
causadores.
- Aqui nós temos o tônus muscular brônquico:
1. PODE SER modulado por uma ação simpática,
promovendo broncodilatação  Estimular o tônus
utilizando agonistas beta-2;
2. PODE SER modulado por uma ação
parassimpática, promovendo broncoconstricção 
Inibe o tônus parassimpático, utilizando fármacos parassimpaticoliticos (brometo de ipratrópio); inibindo a ação da
acetilcolina, está inibindo broncoconstricção.
- Por isso, ambos, agonistas beta-2 ou antimuscarinicos M3 inalatórios são broncodilatadores.

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 ANTIINFLAMATÓRIOS: Glicocorticóides; Antileucotrienos/inibidores de leucotrienos

 GLICOCORTICOIDES:
- Possuem ação anti-inflamatória.
- São conhecidos como anti-inflamatórios esteroidais, por conta dele, é que existem os anti-inflamatórios não
esteroidais.
- Os anti-inflamatórios não esteroidais atuam inibindo a cicloxigenase  inibindo a formação de prostaglandinas
causadoras de processos inflamatórios de qualquer natureza e que podem promover efeitos adversos; inibe
também secundariamente as prostaglandinas fisiológicas.
- Os anti-inflamatórios esteroidais (glicocorticóides) induzem substancias que inibem a fosfolipase A2  inibem a
síntese de todos os eicosanoides, seja da linhagem da cicloxigenase, como os
prostanoides, seja da linhagem da lipoxigenase, como os leucotrienos. Imunossupressão é o ato de
reduzir a atividade ou
- Os glicocorticoides também são imunossupressores. Mas não são sempre! Os eficiência do sistema
glicocorticoides só são imunossupressores em doses altas, nas doses mais baixas imunológico. Pode ser causada
por uma doença imune ou, pelo
os glicocorticoides possuem somente ação anti-inflamatória. contrário, ser intencional em um
- Nos glicocorticoides, envolvem muito mais do que somente a síntese de tratamento de uma doença
autoimune ou usada para evitar
prostaglandinas e eicosanoides, eles interferem com a síntese de citocinas, com a
rejeição de um transplante.
quimiotaxia de neutrófilos, com a infiltração de basófilos diminuindo a ação da
histamina, de eosinófilos, eles tem uma ação que não se sabe exatamente qual é, mas eles melhoram a
ação dos agonistas beta-2. Então, somente em doses mais altas os glicocorticoides possuem ação
imunossupressora.
- A dose imunossupressora é a maior, só por curiosidade: existe um padrão que deve ser considerado a fronteira
da dose anti-inflamatória imunossupressora, é a dose de 1mg/kg/dia de prednisona. Então, quando você vai
estudar glicocorticoide você tem as tabelas de equivalência dos glicocorticoides e o padrão dos glicocorticoides,
que é o 1, é a prednisona ou prednisolona, que a prednisona é metabolizada em prednisolona, mas existem
apresentações de prednisolona, e aí você faz a equivalência, então a dose que é a fronteira entre o que é anti-
inflamatório e imunossupressor é a dose de 1mg/kg/dia de prednisona.
- Sim, mas você pode utilizar glicocorticoide para melhorar a sintomatologia de otite, de sinusite, de pneumonia, de
meningoencefalite, mas é óbvio que, nesses casos, você vai utilizar com doses anti-inflamatórias para não
interferir no processo infeccioso.
- No tratamento das meningites, os glicocorticoides são muito associados, porque o processo inflamatório é tão
importante na meningoencefalite que a estrutura que está inflamada é tão nobre, que você tem que diminuir
ao máximo o processo anti-inflamatório para que não haja dano ao parênquima cerebral.
- Os glicocorticoides são utilizados para o tratamento de doenças auto-imunes e também da asma brônquica.

Na asma brônquica você pode utilizar os glicocorticoides ou por via sistêmica ou por via inalatória,
normalmente, os glicocorticoides são utilizados na asma brônquica por via inalatória no chamado tratamento de
manutenção para prevenir novas crises e esses glicocorticoides utilizados para prevenção de novas crises, para o
tratamento realmente do processo inflamatório utilizados no período intercrises são glicocorticoides inalatórios em
formato de bombinhas representados pela budesonida, fluticasona, ciclesonida, e outros.... Essa é a grande
indicação dos glicocorticoides na asma brônquica, eles fazem o tratamento anti-inflamatório, são utilizados
no período intercrise para o tratamento e manutenção evitando-se novas crises.

- Os glicocorticoides também podem ser utilizados nas crises, dependendo dos critérios clínicos apresentados
pelo individuo (frequência respiratória, características da ausculta), você pode, além de iniciar o tratamento
broncodilatador na crise, fazer uso de um glicocorticoide. Agora, o glicocorticoide utilizado na crise de asma
não será por via inalatória, você tem uma ação que diminua de forma intensa e aguda o processo
inflamatório e melhora a ação dos agonistas beta-2. Então, eles são utilizados ou por via intravenosa
(hidrocortisona e a metilprednisolona) ou por via oral (prednisona e a prednisolona).
- Via sistêmica é aquela que tem a intenção realmente da absorção, via oral, via intramuscular, via intravenosa
(não tem absorção, mas já tem uma ação direta). Aqui eu não estou preocupado com efeitos adversos, estou
preocupado em tentar reverter um pouco o processo, melhorar a ação dos agonistas beta-2.
- Os glicocorticoides eles tem diversas ações:

1. DIMINUEM a síntese de citocínas, eosinófilos, células mastocitárias e secreção glandular.

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- EFEITOS ADVERSOS: de ação sistêmica
 Os glicocorticoides podem promover supressão do eixo hipotálamo-hipofise-adrenal. Não se suspende, como
regra, glicocorticoide sistêmico abruptamente. Vários trabalhos indicam que se você utiliza por até 15 dias, não tem
problema de suspender abruptamente, pois não dá tempo de suprimir o eixo. Mas utilizou por mais de 15 dias,
mesmo em doses menores, recomenda-se o desmame. Logo se eu utilizo o glicocorticóide exógeno
medicamentoso, esse glicocorticóide vai promover na hipófise o feedback negativo, reduzindo a produção de
ACTH (hormônio produzido pela hipófise que é o estimulador da produção dos glicocorticóides). E também vai
inibir a produção hipofisária, (o CRH estimula a hipófise, hormônio hipotalâmico estimulador das células produtor
de corticotrofina hipofisárias). Então, se você utiliza um glicocorticóide exógeno, o que vai ser interpretado pela
hipófise e pelo hipotálamo é que não preciso estimular a adrenal a produzir glicocorticóides endógenos porque eu
já tenho muito circulante. Se eu suspendo abruptamente, especificamente este grupo celular, não consegue
retomar a produção rapidamente. Então, você tem que desmamar o glicocorticóide de ação sistêmica.
 ACTH estimula a produção de glicocorticóides. O ACTH NÃO estimula a produção de todos os hormônios
adrenais (do córtex ou da medula = adrenalina e noradrenalina (simpáticos) e não tem nenhum estimulo do
ACTH).

- Você tem os hormônios androgênicos (os mineralocorticoides) e os glicocorticóides:


Os glicocorticóides são muito estimulados por ACTH
Os mineralocorticóides são pouco estimulados pelo ACTH. O principal estimulo para a produção de
mineralocorticoides é a Angiotensina II.
- Então você tem uma inibição do estimulo desse eixo, você deixa de ter a produção de ACTH, e tem insuficiência
adrenal, na produção de glicocorticóides e um pouco na produção de mineralocorticóides.

 Os glicocorticóides de ação sistêmica podem provocar osteoporose (eles inibem osteoblastos e estimulam
osteoclatos = células ósseas que fazem a reabsorção óssea, retirando cálcio da matriz óssea e lançando na
corrente sanguínea);

 Provocam hiperlipidemia e hiperglicemia, por isso, por interferirem no metabolismo dos carboidratos, eles
recebem esse nome de glicocorticóides. São vários os efeitos adversos do uso prolongado dos glicocorticóides de
ação sistêmica, isso aqui a gente não vai verificar na asma brônquica, porque os glicocorticóides de ação sistêmica
são utilizados NA CRISE da asma bronquica.
- Então você não vai fazer o uso, em doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide, doença de Crohn, etc), é
necessário muitas vezes utilizar glicocorticóides por longo períodos e tem que monitorar esses efeitos adversos. -
O uso de glicocorticoides por ação sistêmica, seja por via oral como a prednisona, seja por via intravenosa como a
hidrocortisona é reservado para um momento só, geralmente uma dose única.
- Você usa glicocorticóide na asma crônica, principalmente com o objetivo anti-inflamatório e de promover o
tratamento de manutenção. Como eu estou utilizando por via inalatória eu não vou ter os efeitos adversos, logo eu
vou ter absorção por via inalatória (mas não chego a atingir níveis altos de absorção). Então eu posso utilizar a via
inalatória por longos períodos sem que isso aconteça.
- Você pode utilizar glicocorticoides inalatórios por longos períodos, porém, a via inalatória também possui efeitos
adversos:
1. Candidíase oral (tanto que eles devem ser administrados com espaçador = como se fosse um caninho, para
quando você faça a utilização ele não fique impregnado na ponta, ele seja espaçado, você vai inalando ao poucos;
nós temos na nossa mucosa, convivendo na flora normal a cândida, que é um fungo. Quando você utiliza
glicocorticóide por via inalatória, você pode ter uma diminuição da ação imunológica da região da boca e ter o
crescimento de cândida. Por isso sempre se orienta, depois de utilizar o glicocorticóide por via inalatória, se faça
uma lavagem da boca com água, para reduzir a impregnação nessa região que não é o seu objetivo. E também os
glicocorticoides podem provocar disfonia, atrofia de cordas vocais e promover rouquidão.
- O efeito mais temido, é o aparecimento da síndrome de cushing (excesso de glicocorticóide), caracterizada
com a face de lua cheia, pela fragilidade vascular e pela presença de estrias violáceas abdominais.

 INIBIDORES DOS LEUCOTRIENOS OU ANTILEUCOTRIENOS:


- Logo nós temos dois subgrupos de anti-leucotrienos:

1. Antagonistas dos receptores dos leucotrienos: montelucaste / zafirlucaste / pranlucaste


- Nós temos os receptores de leucotrienos na musculatura lisa brônquica (promovendo broncoconstricção);
temos receptores nos vasos sanguíneos (promovendo vasodilatação e perpetuando o processo inflamatório);
temos receptores nas células do sistema imunológico, chamando-as para região inflamatória.

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- Então você pode antagonizar farmacologicamente os receptores de
leucotrienos com o montelucaste / zafirlucaste / pranlucaste.
- Os antileucotrienos ele são utilizados por via oral, inclusive tem alguns
que são um pó, que são usados no tratamento de manutenção, no
período intercrise, em casos de asma leve ou moderada.

2. Inibidor da síntese de leucotrienos (Inibidor da lipoxigenase):


zileuton
Outra forma de inibir os leucotrienos é inibindo a síntese dos
leucotrienos, com os chamados inibidores da lipoxigenase que é um
único fármaco o zileuton.

Só está indicado o uso de anti-leucotrienos nos casos de asma leve ou


moderada! São vários os mediadores inflamatórios da asma brônquica
(histamina, bradicinina e outras cininas, leucotrienos e outras citocinas). Os
leucotrienos tem um papel muito relevante no processo inflamatório da
asma brônquica, mas ele não é o único mediador. Então, em uma asma
mais intensa, inibir somente um mediador, mesmo sendo o mais
importante, pode não ser o suficiente. Logo, eu vou ter que utilizar uma classe
farmacológica que iniba leucotrienos, prostaglandinas, histamina, citocinas e
muitos outros mediadores que é a classe dos glicocorticóides.
- ASMAS LEVES A MODERADAS: é possível o tratamento anti-
inflamatório com Antileucotrienos
- ASMA MAIS PERSISTENTE (CRISES COM MAIOR GRAVIDADE): a
escolha é o uso de glicocorticoides, no período intercrise por via inalatória.

 RESUMO:
- ANTIASMÁTICOS:
1. Quanto à ação farmacológica:
a. Brocodilatadores: agonistas beta-2 adrenérgicos e
anticolinérgicos.
b. Anti-inflamatórios: glicocorticoides e os antileucotrienos.

2. Quanto ao momento de uso:


a. Crise: utilizar sempre broncodilatadores (agonista beta-2 e
com muita frequência associado com anticolinérgico e a depender da
gravidade da crise, associar um glicocorticoide de ação sistêmica). Não
adianta eu fazer um glicocorticoide de ação inalatória, porque demora
para fazer efeito localmente, aqui eu vou utilizar por via sistêmica, ou por via
endovenosa ou oral, dependendo da gravidade.
b. Intercrise/manutenção: anti-inflamatório e pode enquanto os
anti-inflamatório, sejam glicocorticoides ou antileucotrienos, vão fazendo efeito,
manter o uso de um agonista Beta-2 de ação prolongada, para fazer com que ele
permaneça broncodilatado até o tratamento anti-inflamatório promover o efeito
desejado.

Não se usa os Antileucotrienos na crise porque a ação é lenta, você tem que medir síntese de leucotrienos e bloquear
receptor, não tendo ação no momento. Já o glicocorticoide tem ação por que eu estou dando por via sistêmica, uma
dose alta, promovendo uma inibição rápida do sistema imunológico e tentar diminuir aquele processo inflamatório.
Também não adiantaria usar na crise um glicocorticoide por via inalatória.

Os antileucotrienos não são para os casos mais graves, logo, os leucotrienos é um mediador da asma, esse aqui
interfere na ação de todos os mediadores, e esse aqui, é um só, mesmo sendo o mais importante é um só. Ele pode ter
um quadro asmático inflamatório tão exuberante que pode envolver vários mediadores e não adiantando só inibir este
aqui.

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 2. TIREOIDIANOS E ANTITIREOIDIANOS (25/04)

 TIREÓIDE:
 Os principais hormônios produzidos pela tireoide são T3 e T4; Para produzi-los, a tireoide tem o estimulo do TSH.
HIPOTÁLAMO  TRH  HIPÓFISE  TSH  T3 e T4.
 A tireoide produz também outro hormônio que regula o metabolismo do cálcio que é a calcitonina (ação quase
irrelevante na regulação do metabolismo do cálcio). O principal hormônio que regula o cálcio é o paratormônio produzido pelas paratireoides.
 Nós temos algumas patologias nas quais ocorre uma alteração na função tireoidiana.

1. HIPO FUNÇÃO (HIPOTIREOIDISMO): Destruição dos receptores de TSH e Deficiência de Iodo.


A principal causa do hipotireoidismo, no Brasil, é a tireoidite de Hashimoto (doença autoimune na qual ocorre
uma destruição dos receptores de TSH na tireoide ou da própria célula, reduzindo a produção dos hormônios
tireoidianos. Fisiologicamente o TSH estimula a glândula a produzir os hormônios). Não é essa a causa do
hipotireoidismo em outros países, a principal causa em outros países é a carência de iodo.
 Tiroidite de Hashimoto (hipotireoidismo): TSH e  T4livre.
A hipófise, por causa da baixa de hormônios tireoidianos, seria necessária aumentar os estímulos das células da
tireoide. O iodo é importantíssimo para a formação dos hormônios tireoidianos.

2. HIPERFUNÇÃO (HIPERTIREOIDISMO): A principal causa é a doença de Graves, que também é uma doença
autoimune, mas na doença de Graves o que nós temos é um anticorpo que se acopla aos receptores de TSH e
hiper estimula esses receptores a produzirem os hormônios T3 e T4.
 Doença de Graves (hipertireoidismo):  T4livre (por conta de uma hiperprodução hormonal) e  TSH (por conta
de um feedback negativo, por conta dos altos níveis hormonais), a hipófise vai entender que precisa liberar
menos TSH, esse mecanismo é chamado de feedback negativo.

 T4 livre baixo e um TSH baixo = hipotireoidismo de causa central, hipofisária, hipotireoidismo secundário.
 AÇÕES DOS HORMÔNIOS: Os hormônios tireoidianos ativam o metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídeos em
associação com outros hormônios, melhoram a ação de diversas enzimas que atuam nesses metabolismos; aumentam
o consumo de O2; produzem calor; É importante para o desenvolvimento cerebral nos primeiros meses de vida, o
desenvolvimento cerebral nos primeiros meses depende de forma substancial dos hormônios tireoidianos, de tal forma
que se o recém-nascido tiver queda desses hormônios, ele desenvolve um quadro de retardo mental (cretinismo) e
para evitar é realizado o texto do pezinho (dosa os hormônios da tireoide e caso haja uma baixa, eles devem ser
repostos); aumenta frequência e débito cardíaco, não pela ação direta cardíaca dos hormônios, mas porque esses
hormônios aumentam a quantidade e amplificam (aumentam a afinidade) dos neurotransmissores e hormônios
adrenérgicos pelos seus receptores β, aumenta a afinidade da nora e da adrenalina pelo receptor adrenérgico.
 QUADRO CLÍNICO DO HIPOTIREOIDISMO: Astenia, ganho de peso, lentificação psicomotora, pele seca,
constipação, bradicardia.
 QUADRO CLÍNICO DO HIPERTIREOIDISMO: Taquicardia, sudorese, perda de peso, tremores, agitação psicomotora.
 SÍNTESE DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE: SANGUE  as células tireoidianas  coloide  membrana basolateral
(próxima ao vaso) e outra apical ou laminal (voltada para luz).  Pelo sangue chega o iodo no formato de iodeto que
entra na célula tireoidiana pelo canal de iodo, quando ele entra, através de uma reação feita pela peroxidase tireoidiana
(tireoperoxidase)  ele se transforma em iodo zero. Além disso a tireoide produz uma proteína chamada de
tireoglobulina. Qual é o principal aminoácido da tireoglobulina? Tirosina, de tal forma que os hormônios da tireoide se
enquadram em um grupo hormonal chamado de hormônios derivados das aminas. Quais os outros hormônios também
são derivados da tirosina? Adrenalina, noradrenalina e dopamina. Esta tireoglobulina estará presente no coloide e
possui resíduos ou radicais de tirosina, então esses aminoácidos ficam exteriorizados, ficam em contato externo, fora
da molécula de tireoglobulina e isso é chamado de resíduo ou radical de tirosina, esses resíduos ou radicais vão se
juntar com o iodo e essa reação é chamada de organificação do iodo/iodinação da tireoglobulina.
- Se seu foco for o iodo, estamos organificando, estamos associando o iodo a uma molécula orgânica.
- Se seu foco for a tireoglobulina, estamos iodando ou iodinando a tireoglobulina.
Então a junção do iodo com esses radicais é chamada de organificação do iodo e é feita pela enzima peroxidase
tireoidiana.
Quando o iodo se forma, se um iodo se juntar vai formar um MIT, se dois iodos se juntarem vai formar um DIT.
 A formação dos MITs e DITs, que são as chamadas iodotirosinas, que podem conter um iodo - sendo uma
monoiodotirosina - ou dois iodos - sendo chamada de diiodotirosina. Depois essas iodotirosinas vão se juntar e isso é
chamado de acoplamento das iodotirosinas, quem são as iodotirosinas? MIT e DIT.
 Se você acoplar um MIT com um DIT você vai ter a formação de um T3; se você associar dois DITs, você vai ter a
formação de um T4; T3 a triiodotironina e o T4 a tetraiodotironina, levotiroxina ou tiroxina. Então é isso que vai ficar

MATEUS LARANJEIRA 7
armazenado no colóide, a tireoglobulina ligada à MITs e DITs que não se acoplaram em T3 e T4.
 Quando houver o estímulo para a secreção de hormônio tireoideano, essa tireoglobulina será internalizada nessas
células tireoideanas, vai ser fragmentada de tal forma que o T3 e o T4 entram na corrente sanguínea, os MITs e DITs
vão entrar nos estoques intracelulares de iodo e as tireoglobulinas vão ser fragmentadas para fornecer substrato para a
síntese de novas tireoglobulinas (ele fala exatamente assim, mas acredito que ele quis dizer que as iodotirosinas já
acopladas, entram nas células tireoideanas, onde vão ser fragmentadas liberando T3 e T4 no sangue; os MITs e os
DITs são reaproveitados para o estoque intracelular de iodo e as tirosinas são reaproveitadas… deem uma
checada nisso depois).
 Depois que os hormônios são liberados, eles vão circular e ambos, T3 e T4, penetram nas células periférica. Quase
todas as células possuem receptores de hormônios tireoideanos, recebendo a ação desses hormônios para que você
tenha um metabolismo mais eficiente. Então ambas, T3 e T4 penetram nas células periféricas. Contudo, o receptor que
vai atuar nas células periféricas, para promover a síntese de enzimas que aceleram esse metabolismo, é um receptor
de T3. Então, na verdade, o hormônio efetor tireoideano, o que atua no núcleo, é o T3. O T4 funciona como um
armazenador, como um transportador do T3, atuando de tal forma que: quando o T4 penetra na célula ele é convertido
em T3 por ação de uma enzima chamada 5´desiodinase. Desiodinar significa retirar o iodo de tal forma que esse T4 se
converte em T3 e é o T3 que vai atuar estimulando o receptor. O T3 é instável na corrente sanguínea, sendo
rapidamente captado; os níveis de T4 são mais estáveis.
 O nome da reação é desiodinação ou deiodinação. É feita por uma enzima chamada 5´desiodinase que retira o iodo do
T4, convertendo-o em T3 e ele sim vai atuar nos receptores intracelulares acelerando o metabolismo; estimulando
enzimas que vão interferir no metabolismo celular.

 FÁRMACOS TIREOIDEANOS: Os fármacos tireoideanos, nada mais são do que os hormônios tireoideanos sintéticos.
Se estamos diante de um hipotireoidismo, cuja principal causa é a doença de Hashimoto, na qual você tem uma
destruição dos receptores ou do próprio parênquima ou da tireoglobulina armazenada, você precisará repor os
hormônios tireoideanos. E aí você tem três apresentações para os hormônios tireoideanos: a levotiroxina, que é a mais
utilizada, a liotironina e o liotrix. A levotiroxina contém T4, a liotironina contém T3 e o liotrix é uma associação de T4 e
T3. Na prática clínica diária, você utiliza como tratamento o T4 (a levotiroxina) que possui várias apresentações
farmacêuticas; tem como nome comercial levoid, synthroid e puran (são vários nomes comerciais dos hormônios
tireoideanos sintéticos, especialmente da levotiroxina).

PERGUNTA: não seria mais fácil ser um fármaco que é logo T3?
RESPOSTA: a levotiroxina é mais estável. É mais fácil você monitorar os níveis de T3 e T4 com a levotiroxina.

Agora existem situações nas quais você tem que fazer uso de T3. Existe um tipo de quadro clínico de emergência
tireoideana chamado de coma mixedematoso. No coma mixedematoso você tem uma diminuição maciça e significativa
de hormônios tireoideanos e isso provoca um quadro de rebaixamento do nível de consciência e até de coma em alguns
indivíduos. Nesse caso você precisa de uma ação mais rápida e mais eficiente então você utiliza a liotironina e o T3 para
ter uma ação mais rápida e eficiente. Esse (levotiroxina) precisa ser convertido para atuar. E, você pode em quadros de
hipotireoidismo muito graves que não chegam a ser coma, fazer uso do liotrix. Pequenas quantidades de T3 para
melhorar rapidamente o quadro clínico e alguma quantidade de T4 para manter os níveis circulantes adequados do
estoque do fornecedor do T3, que é o T4.

 FÁRMACOS ANTITIREOIDEANOS: São aqueles utilizados no hipertireoidismo, cuja principal causa é a doença de
Graves, que também pode ser chamada de bócio difuso tóxico. Quando a gente chama a doença tireoideana de tóxica, é
porque ela é hiperprodutora de hormônios. Nós temos também outra doença produtora de hormônio que é a doença de
Plummer, que é um nódulo produtor de hormônio, chamada de bócio nodular tóxico. A doença de Graves, que é a
principal causa é chamada de bócio difuso tóxico e o tratamento do hipertireoidismo é realizado pela classe dos inibidores
da síntese hormonal, que fazem parte do grupo químico das tionamidas ou dos Tioureilenos. E os fármacos que compõem
o grupo dos inibidores da síntese hormonal, que são chamados de tionamidas ou tiureleilos são o propiltiouracil, muito
frequentemente abreviado como PTU, e o metimazol. Esses dois são os fármacos antitireoideanos presentes no mercado
chamados de inibidores da síntese hormonal do grupo químico das tioamidas ou dos tiureleilos.

Mecanismo de ação: Ambos inibem a enzima peroxidase tireoideana. Ao inibirem a enzima peroxidase tireoideana, eles
inibem a organificação do iodo, também chamada de iodação da tireoglobulina, inibem o acoplamento das iodotirosinas,
MIT e DIT, e também (não está aí) inibem a conversão do iodo do formato iônico para o formato 0. Mas essas são as
principais ações da peroxidase tireoideana. Ela inibe a organificação do iodo e o acoplamento das iodotirosinas, a junção
de um MIT e um DIT ou de dois DITs para formar T3 ou T4.
Mas também, somente o propiltiouracil possui outro mecanismo de ação: ele inibe essa enzima, a 5´desiodinase,
reduzindo a conversão das células periféricas de T4 em T3. Ambas, metimazol e propiltiouracil, inibem a enzima
peroxidase tireoideana, inibindo a formação dos hormônios T3 e T4 mas somente o propiltiouracil, dentre os dois, possui
um outro mecanismo de ação que é inibir, nas células periféricas, a enzima 5´desiodinase que converte o T4 em T3. Isso
só é observado em um dos dois fármacos, que é o propiltiouracil.

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 Os efeitos adversos desses fármacos são esses aqui:
- podem provocar agranulocitaose, redução da produção na medula óssea de leucócitos e granulócitos, que é o efeito
mais frequente. Por isso, os indivíduos que tomam esses antitireoideanos de síntese, os inibidores, devem ser
monitorados com hemograma
- hepatotoxicidade
E ainda podem causar esses efeitos menos frequentes:
- febre
- altrargias
- hashs cutâneos, que é a vermelhidão cutânea.
Essas reações adversas são mais frequentes com propiltiouracil do que com o metimazol. Por isso, na prática clínica,
para o tratamento do hipertireoidismo, causado pela doença de Graves, a droga mais usada é o metimazol, cujo nome
comercial é tapazol. Por quê? Porque, o propiltiouracil, mesmo sendo uma opção farmacológica, ele não é a primeira
escolha no tratamento habitual do hipertireoidismo por conta de uma maior prevalência de efeitos adversos.

Existe uma situação clínica na qual prefere-se o propiltiouracil, que é a chamada crise tireotóxica. Da mesma forma
que existe o quadro agudo de hipotireoidismo, que é o coma mixedematoso, existe o quadro agudo de hipertireoidismo,
que é a crise ou tempestade tireotóxica, na qual você tem uma maciça produção de hormônios tireoideanos, causando
quadros inclusive cardiovasculares significativos, com riscos de taquicardias severas e outras arritmias. Neste caso,
prefere-se o uso do propiltiouracil, por quê? Porque ele tem mais de um mecanismo? Também! A lógica inicial seria
essa. Mas por que converter (T4 em T3) é tão importante na crise tireotóxica, causando risco de vida? As glândulas
endócrinas produzem e armazenam hormônios no seu colóide, então, mesmo que você iniba a síntese tireoideana com
o metimazol, você ainda vai ter nas suas glândulas uma quantidade de hormônio ligado à tireoglobulinas. Somente
depois da utilização e do lançamento desses hormônios na corrente sanguínea, você vai não vai ter a reposição, já que
inibiu a peroxidase tireoideana. Na crise tireotóxica, não pode mais ter liberação de hormônio. Pequenas alterações
hormonais já podem causar quadros cardíacos muito graves. Então você usa o propiltiouracil, porque, mesmo que você
continue lançando os hormônios já sintetizados, eles não conseguem atuar de forma efetiva já que há uma inibiçã da
transformação de T4 em T3. Então, na tempestade tireotóxica, o fármaco de escolha é o propiltiouracil porque mesmo
quando você inibe a síntese, já existe aqueles hormônios que foram sintetizados antes do início do uso do medicamento.
Se o indivíduo tem um hipertireoidismo e está se tratando laboratorialmente, não tem problema esperar alguns dias ou
algumas horas para o efeito completo da medicação mas, para um indivíduo num quadro de crise tireotóxica, isso pode
ser muito significativo.
 Existem outros fármacos que são utilizados em associação ao hipertireoidismo:
1. Os beta bloqueadores também podem ser usados no hipertireoidismo, por dois motivos: primeiro, por que naqueles
paciente que apresentam quadro cardiovascular mais exuberante com a taquicardia muito significativa, eles vão reduzir
a taquicardia e a possibilidade de arritmia. O que nós vimos? Que os hormônios tireoidianos exteriorizam mais
hormônios beta adrenérgicos e aumentam a afinidade das catecolaminas a esses hormônios, então, nos indivíduos com
hipertireoidismo, com quadro cardiovascular muito significativo, você pode associar um beta bloqueador para diminuir a
taquicardia e a possibilidade de arritmia. E também porque os beta bloqueadores também inibem a 5’desionidase,
inibem a conversão periférica de T4 em T3. Com muita frequência no hipertireoidismo há uma associação do
metimazol com o beta bloqueador, e nos quadros que crise tireotóxica você vai fazer propiltiouracil, você vai fazer o
beta bloqueador pelo risco de arritmia e também por que ajuda na diminuição da atuação dos hormônios nas celular
perfiericas por inibirem a 5’desionidase; e também você pode fazer uso dos glicocorticoides, dentre as outras dezenas
de ações dos glicocorticoides eles também inibem a conversão periférica de T4 em T3, por inibirem a 5’ desionidase. Por
isso que nas crises tireotóxicas você associa propiltiouracil, beta bloqueador e glicocorticoide para poder reduzir
ao máximo essa conversão, para ter uma menor ação do hormônio e além disso, o uso do beta bloqueador por diminuir
a intensidade da taquicardia e o risco de arritmia provocados pelo excesso de hormônios tireoidianos.
PERGUNTA: Nessa crise eu vou usar os três é?
PROF: Normalmente os três. Certo?
Uma outra alternativa terapêutica, só por curiosidade, tanto nos cânceres de tireoide como nos hipertireoidismos
que não respondem ao tratamento clínico usa-se o iodo radioativo, que é um iodo modificado que é capitado por
aquele mesmo canal de iodo, administra ele na corrente sanguínea, ele vai ser captado para dentro da célula como o
iodo e lá dentro ele vai irradiar e destruir o parênquima tireoidiano. Então iodo radioativo é usado para o tratamento de
câncer de tireoide e também usados no tratamento dos hipertireoidismos da doença de graves quando o tratamento não
surte o efeito desejado e otimizado.

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3. ANTIDIABÉTICOS (25/03)

# DIABETES
 Diabetes significa um estado de hiperosmolaridade.
- Dois tipos de Diabetes:
1. Diabetes Melitus: hiperosmolaridade da glicose; recebe esse nome “melitus” pelo sabor da urina (diabetes
melado, diabetes doce, a urina é doce no diabetes).  gera hiperglicemia
2. Diabetes Insipidus: diminuição da produção ou ação do hormônio ADH; hiperosmolaridade por elevação de
outros solutos. A urina de um indivíduo com Diabetes Insipidus estará mais diluída, por isso o nome Diabetes
Insipidus, Diabetes sem sabor.
 Metabolismo dos carboidratos: a glicose é a principal fonte metabólica da produção de ATP. Nós podemos produzir
ATP a partir de outros substratos, mas o principal substrato é a glicose, através da glicólise, do clico do ácido cítrico e da
cadeia de transporte de elétrons, e por sem muitíssimo importante temos que manter níveis estáveis de glicose na
corrente sanguínea para que ela sempre possa ser captada pelas células. E para manutenção desses níveis estáveis de
glicose na corrente sanguínea existem vários hormônios, hormônios hiperglicemiantes e hormônios hipoglicemiantes.
> Os hormônios hiperglicemiantes são aqueles que
aumentam os níveis de glicose (glucagon, adrenalina,
noradrenalina, cortisol, GH).
- O glucagon é produzido nas células alfa das ilhotas de
langerhan do pâncreas, glândula mista que produz secreções
exócrinas e hormônios (através de grupos celulares
diferentes, temos as células alfa produtoras de glucagon,
as células beta produtoras de insulina, as células delta
produtoras de somatostatina que faz a regulação desses
outros dois, as células pp que produz um outro hormônio
chamado polipeptídeo).
- A adrenalina, estimula a glicogenólise (a quebra do
glicogênio), que vai fornecer glicose e aumentar a glicemia.
- Cortisol (glicocorticoides), interferem no metabolismo dos
carboidratos.
- O GH é o hormônio do crescimento.
> Os hormônios hipoglicemiantes são os que reduzem os níveis de glicose na corrente sanguínea (insulina).
- A insulina é produzida pelas células Beta das ilhotas de Langerhans do pâncreas.

 INSULINA:
As ações metabólicas da insulina: promove a redução da glicemia.

1. EM RELAÇÃO AO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS, nas células hepáticas, uma diminuição da gliconeogênese.
# Diminuir a gliconeogênese = diminui a glicemia.
# Diminuir glicogenolise = diminui glicemia. Glicogenólise é a quebra do glicogênio, se eu quebro glicogênio eu
estou fornecendo glicose para a corrente sanguínea, então reduzir a glicogenólise reduz a glicemia.
# Aumentar a glicólise = diminui a glicemia. A glicólise é a utilização dessa glicose pelas células periféricas para a
iniciar a síntese de ATP, então se as células fizeram mais glicólise elas precisaram captar mais glicose da corrente
sanguínea e isso vai causar uma hipoglicemia.
# Aumentar a glicogênese = diminui a glicemia. Glicogênese é a formação do glicogênio, se eu estou formando
mais glicogênio, eu estou captando mais glicose para armazenar na forma dessa macromolécula.

No tecido adiposo, a insulina aumenta a captação de glicose para síntese de lipídeos, e aumenta a síntese do
glicerol para formar triglicerídeos, que é uma fonte de armazenamento de ácido graxo (eu quero armazenar
aminoácidos e ácidos graxos para evitar a gliconeogênese).
No músculo eu aumento a captação de glicose, eu
aumento a glicólise utilizando a glicose periférica e
eu aumento a glicogênese.

2. EM RELAÇÃO AO METABOLISMO DOS


LIPÍDEOS:
O tecido adiposo aumenta a lipogênese, se ele
aumenta a lipogênese ele forma mais lipídeo e diminui
a quantidade de substrato para a gliconeogênese 
diminui a lipólise (com a lipólise eu forneço ácido
graxo que pode ser transformado em glicose) no tecido

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adiposo eu aumento a formação de triglicerídeo, de acido graxo e diminuo a lipólise.

3. EM RELAÇÃO AO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS:


Diminuição do fracionamento de proteínas, para que não tenha aminoácido disponível para gliconeogênese,
aumenta-se a captação de aminoácidos e a síntese de proteínas.

- A insulina atua em todas as células, mas atua principalmente nas células hepáticas, nas células do tecido adiposo e na
célula do musculo esquelético.
- Todas essas ações têm que como objetivo diminuir a glicose a quantidade de glicose circulante. Enquanto esses
hormônios aqui, glucagon, as catecolaminas, os
glicocorticoides e o GH, promovem o aumento da glicose
circulante, hiperglicemiantes, a insulina com todas aquelas
ações, ela é hipoglicemiante.
- Qual é o estímulo para a secreção de insulina? UMA
HIPERGLICEMIA.
Algumas glândulas sofrem ação de outros hormônios para que
elas produzam seus hormônios efetores.
(Ex: Tireoide = uma glândula que sofre estimulação de outros
hormônios [TSH para produzir T3 e T4]; Medula adrenal sofre
ação de hormônios hipofisários [ACTH para produzir seus
próprios hormônios]; e existem outras glândulas que
aumenta sua secreção, que secretam seus hormônios com
estímulos metabólicos, por exemplo, qual é o estímulo para a
secreção pelas paratireoides de paratormônio? Uma redução do cálcio circulante, uma hipocalcemia, por que a ação do
paratormônio é aumentar o cálcio circulante? Então o estimulo para que as paratireoides liberem paratormônio, que é um
hormônio hipercalcemiante, é uma hipocalcemia). NO MESMO RACIOCÍNIO, O ESTÍMULO PARA QUE O PÂNCREAS
LIBERE INSULINA É HAVER UMA HIPERGLICEMIA.
- A secreção de insulina ocorre quando se tem um excesso de glicose circulante (uma hiperglicemia).
As proteínas responsáveis pelo transporte de glicose para o interior da célula são chamadas de gluts: essa aqui é uma
célula beta pancreática que possui um transportador do tipo glut 2, e quanto maior a glicemia, mais glicose para o
interior da célula, se você tem maior entrada de glicose você vai ter uma maior produção de ATP, e por vários
mecanismos intracelulares, esse ATP fecha canais de K+ que estão na membrana celular dessas células. Quando eu
fecho o canal de K+, que coloca K+ para fora (é um canal de transporte passivo que ele vai levar um elemento de onde
ele tem maior concentração para onde ele tem menor concentração), o K+ você tem maior concentração no meio intra
do que no meio extra e por isso o canal de K+ joga ele para fora. Se eu estou fechando o canal de K+, está aumentando
a positividade desse meio intracelular. Quando eu aumento a positividade de um meio intracelular, a célula está
despolarizando.
- Nós temos dois grupos celulares que são células excitáveis: neurônios e as células musculares, contudo essas células
pancreáticas também tem a capacidade de se despolarizar. Quando se fecha o canal de K+ (por que aumentou o ATP e
por que aumentou a entrada de glicose), há despolarização e abrem-se canais de Ca+2 que são dependentes de
voltagem, esse cálcio penetra e quando há aumento da entrada de Ca+  há o aumento do rompimento das
vesículas armazenadoras de hormônios e a insulina é secretada.
- RESUMO: a hiperglicemia aumenta a liberação de insulina  maior produção de ATP  esse ATP fecha os canais de
K+  isso despolariza essa célula  abre canal de Ca+2 dependente de voltagem  esse cálcio fosforila as vesículas
 aumenta a secreção de insulina.

# DIABETES MELLITUS
 Tem como quadro laboratorial/quadro fisiopatológico principal: hiperglicemia.
 Temos 2 tipos de Diabetes Mellitus: DM1 e DM2.
 FISIOPATOLOGIA:
 DM1: Destruição auto-imune das células beta-pancreáticas produtoras de insulina. O indivíduo vai destruindo
progressivamente suas células beta-pancreáticas produtoras de insulina, que surge normalmente na infância ou na
adolescência: Se esse processo auto-imune for muito rápido, e destruir de forma mais intensa essas células beta, já
na infância surge o Diabetes Mellitus do tipo1, se essa destruição ocorrer mais lentamente ela pode surgir na
adolescência ou até mesmo no adulto jovem. Então, o substrato fisiopatológico do Diabetes Mellitus do tipo 1 é uma
hipoprodução de insulina, uma disfunção da produção de insulina por uma destruição auto-imune das células beta-
pancreáticas.
 DM2: a fisiopatologia não é a mesma do tipo 1, é quase uma outra doença, só que como o resultado o mesmo, que é
a hiperglicemia, ela se enquadra na mesma doença. É a resistência das células periféricas à insulina.

MATEUS LARANJEIRA 11
 As células periféricas sejam hepatócitos, células do tecido adiposo, células do tecido muscular ou outras células
periféricas, precisam responder à insulina. Existem receptores de insulina e essas células precisam sofrer ação da
insulina para promover a síntese de diversas enzimas, inclusive para abrir canais de entrada de glicose que aqui são os
GLUT-4.
 Não se sabe exatamente por que mecanismo indivíduos obesos (principalmente com obesidade abdominal), as células
periféricas respondem mal, são resistentes à insulina de tal forma que você precisa de mais estimulação de receptores
de insulina para que se obtenha o mesmo efeito, talvez esse excesso de lipídios altere algum mecanismo de mensageiro
intracelular ou de responsividade de receptor, mas o que se sabe é que para você ter o mesmo efeito nessas células
periféricas de um indivíduo que não é diabético você precisa de muito mais insulina estimulando muito mais
receptor, ou seja, essa célula resiste à ação da insulina precisando ser hiperestimulada para produzir o seu
efeito nessa célula, que é a síntese de proteínas do GLUT-4, síntese de enzimas que favorecem a glicólise, por
exemplo.
 Então, se fizermos uma análise laboratorial dos níveis de glicose, ou seja, da glicemia, e dos níveis de insulina circulante
de um indíviduo com DM1, teríamos uma hiperglicemia e uma hipoinsulinemia, porque simplesmente o indivíduo não
produz insulina por conta da destruição das células beta.
 O indivíduo iniciou o quadro de DM2 (normalmente inicia após os 40 anos de idade), existe o componente hereditário
associado, hoje em dia muitíssimo associado a sedentarismo, a dieta inadequada e à obesidade. Se fossem dosados
glicose e insulina, o indivíduo teria uma hiperglicemia e uma hiperinsulinemia.
 O indivíduo nos seus primeiros anos do DM2 é hiperinsulinêmico, porque o pâncreas produz insulina, a insulina chega
nessas células periféricas, não consegue fazer com que essas células utilizem a glicose, não conseguem fazer com que
a célula hepática faça glicogênese, não consegue fazer com que as células musculares façam proteínas, e ai você
mantém uma hiperglicemia; O pâncreas entende e responde essa glicemia com produção de insulina.
 Então no DM2 você tem uma hiperinsulinemia, agora o que ocorre é que depois de muitos e muitos anos de
hiperinsulinemia, se nenhum tipo de tratamento for realizado para reduzir esses níveis de glicose, o indivíduo vai entrar
num quadro de falência pancreática e vai evoluir para um quadro de hipoinsulinemia, tanto que os indivíduos diabéticos
do tipo 2 num estágio mais avançado da doença precisarão de insulina, mas a insulinoterapia, na verdade, é o
tratamento de escolha da DM1 (onde eu não produzo insulina e preciso ter uma reposição de insulina), no DM 2 o
tratamento de escolha são os fármacos antidiabéticos.
 O tratamento do DM1 é a insulinoterapia, é a reposição de insulina. A reposição de insulina não pode ocorrer por via
oral porque ela é feita de proteína e seria quebrada pelas proteases do trato digestório, a insulina pode ser administrada,
como frequentemente ela é administrada, por via subcutânea, por via intramuscular, por via intravenosa e já existem
apresentações de insulina para o uso por via intranasal, mas a principal forma de administração de insulina é por via
subcutânea, que é menos dolorosa e o próprio indivíduo pode administrar sem maiores dificuldades.
- E ai nós temos alguns tipos de insulina veja, o
indivíduo é diabético do tipo 1 precisa manter níveis
basais adequados de insulina, ele não produz
insulina suficiente, então para fazer a reposição de
insulina eu necessito fazer uso de uma insulina
de ação longa ou de insulina de ação
intermediária.
- Algumas insulinas tem ação, por exemplo, a insulina
ultra-lenta, ou insulina glargina, tem um tempo de
meia-vida de aproximadamente 24 horas, nesse
caso para manter os níveis de insulina, eu só vou precisar fazer a administração de insulina pela manhã.
- Se eu fizer uso de uma insulina intermediária, que é a mais utilizada e fornecida pelo SUS, que é a NPH, que tem um
tempo de meia vida de 14 ou no máximo 18 horas, eu vou precisar administrar pela manhã e à noite.
- Então o indivíduo que é DM1 precisa fazer uso de uma insulina que mantenha níveis basais desse hormônio,
se você puder fazer uso de uma insulina de tempo de meia vida de 24 horas, excelente, uma administração por dia,
se você não puder (porque a insulina glargina é muito cara e o SUS não fornece), você pode fazer uso de uma
insulina ótima que é a NPH, que tem um tempo de meia-vida mais curto e precisa ser administrada 2 vezes por dia e
isso mantém os níveis basais de insulina.
 Contudo, alguns indivíduos no momento da dieta, fazem hiperglicemia que dura um determinado período e depois
esse nível de glicose se normaliza, só que esse pico de glicose não é bom, ele pode provocar diversos danos em
órgãos-alvo, e em alguns pacientes (em que há o aumento da glicose no momento da alimentação), tem-se que
associar uma insulina de ação rápida ou ultrarápida, então vamos imaginar que você teve recentemente o diagnóstico
de DM1, você vai administrar a insulina NPH, as insulinas são em unidades, tantas unidades de manhã e tantas
unidades à noite, e vai fazer o teste da glicemia periférica, o hemoglicoteste a cada 6 horas, de manhã, após as

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refeições, a tarde e a noite, e se você for utilizar insulina, seja de ação longa (1 vez por dia), seja a de ação
intermediária (2 vezes por dia), e mantenha alto os níveis de glicose isso significa que você precisa aumentar a dose
da insulina basal, não está havendo o controle da rotina diária da glicose.
 Agora vamos supor que eu faça o uso do NPH de 12 em 12 horas ou faça uso de uma insulina Glargina 1 vez por dia,
e eu doso minha glicose de manhã, tá toda tranquila, mas quando chega no momento da refeição, após a refeição,
eu tenho um pico de hiperglicemia, que depois de algumas horas ela normaliza, eu não vou precisar aumentar a
insulinoterapia basal porque eu posso fazer hipoglicemia nos momentos fora das refeições, e aí nos momentos das
refeições eu vou fazer uma insulina de ação curta somente pra reduzir a glicose no momento da refeição.
 Então os esquema hoje distribuídos pelo SUS são as insulinas NPH para o tratamento basal; e a insulina regular
para a redução rápida daquela glicose que subiu só nos momentos das refeições.
 Nem todo mundo precisa de insulina de ação curta, alguns pacientes mantém bons níveis de glicose mesmo após as
refeições, alguns precisam dos picos de insulina nos momentos de refeições para reduzir essa glicemia, e ai você vai
usar uma insulina de ação mais curta.
 Então muito frequentemente quais são os esquemas de tratamento de tratamento da insulina? Insulina NPH de
tantas unidades de manhã e tantas unidades à noite, e no momento das refeições tantas unidades de insulina
regular, ou insulina curta. Também pode se usar a insulina Glargina 1 vez por dia e insulina ultracurta no momento
das refeições.
 O exercício físico também provoca variações na glicemia, o indivíduo que é diabético dependente de insulina tem que
manter uma regularidade de exercício físico e da alimentação, por que se ele toma uma dose de insulina todo dia e
num determinado dia ele come menos, ele pode acabar fazendo uma hipoglicemia, ele tem que manter também uma
regularidade da atividade física, pois se ele fizer uma atividade física muito intensa ele pode fazer uma hipoglicemia.
 EFEITOS ADVERSOS DA INSULINOTERAPIA:
 Hipoglicemia
 Lipodistrofia: no local da injeção, que é a alteração da arquitetura do tecido adiposo, então, orienta-se que você
periodicamente administre a insulina em diferentes regiões.
 Reações alérgicas: alguns pacientes fazem reações alérgicas à alguns tipos de insulina.
 Resistência à insulina depois de muitos e muitos anos, e ai você pode começar a associar fármacos
antidiabéticos que reduzam a resistência à insulina.

 Tanto o diabético tipo 2, cujo o tratamento inicial é com fármacos antidiabéticos, pode precisar algum dia de
insulinoterapia, como o diabético de tipo 1 pode precisar depois de muitos anos de insulina pode precisar da ajuda de
uma fármaco antidiabético, não é qualquer um.
 Qual é o quadro clínico de uma hipoglicemia?
Cefaléia, Tremores, Ansiedade, Taquicardia, Confusão mental, Tontura, Sudorese.
 O indivíduo que é diabético dependente de insulina ele já sabe quando vai fazer hipoglicemia, ele começa a suar,
taquicardia, fica tonto, desorientado, e geralmente o indivíduo já anda com uma balinha, já anda com um docinho,
existem géis que podem ser esfregados na mucosa de indivíduos que fizeram hipoglicemia pela insulina. Então o
efeito adverso mais temido realmente do uso da insulina é a hipoglicemia.
 A insulinoterapia é o tratamento de escolha no DM1.
 O diabetes, seja do tipo 1, seja do tipo 2, é uma doençoa muito grave. O diabetes é a principal causa de cegueira no
mundo entre todas as causas de cegueira, o diabetes mellitus é a principal causa de amputação de membros, o
diabetes mellitus é a principal causa de insuficiência renal que necessita de diálise e de transplante do Mundo. Então,
é uma doença que pode ser controlada e não deve ser negligenciada porque ela possui diversas complicações
crônicas, alterações vasculares, alterações neurológicas, alterações cardíacas, alterações renais e alterações
oculares.
 Para o tratamento do DM1 nós temos como escolha inicial, clássica, a insulinoterapia.
 Para o tratamento do DM2 é realizado com as drogas antidiabéticas:
- Sulfoniureias: são as mais antigas
- Biguanidas
- Glitazonas (Tiazolidinedionas)
- Glinidas
- Inibidores da alfa-glicosidase [da absorção intestinal de glicose]
- Incretinomiméticos (Agonistas do GLP-1)
- Gliptinas - Inibidores da dipeptidil peptidase- 4 de glicose
- Inibidores de SGLT-2 (Gliflozinas)

MATEUS LARANJEIRA 13
 SULFONIUREIAS:
É a mais antiga; são representadas por alguns fármacos,
existem:
As sulfonilureias de primeira geração:
o Tolbutamida;
o Clorpropamida.
As sulfonilureias de segunda geração (as + utilizadas hoje):
o Glibenclamida;
o Glimepirida;
o Glipizida;
o Gliclazida.

- MECANISMO DE AÇÃO: Elas bloqueiam os canais de potássio


nas células beta do pâncreas aumentando a liberação de insulina.
- O principal estímulo para a liberação de insulina é a Hiperglicemia, para que reduza a glicose. Quando você tem um
excesso de entrada de glicose ela promove uma maior formação de ATP  esse ATP fecha canais de potássio (eles
são dependentes de ATP - quando o ATP aumenta eles fecham)  fechando canais de potássio  Meio extracelular
mais positivo  despolariza a célula.
- Nós vimos que a célula beta pancreática tem uma característica interessante (mesmo não sendo uma célula que não
gera impulso, ou seja, uma célula não excitável), como as células musculares e neurônios elas se despolarizam e esse
fechamento do canal de potássio despolariza, abre canal de cálcio e esse canal de cálcio fosforila essas vesículas e
libera a insulina. Quem normalmente faz isso é a entrada de glicose que fecha.
- Mas, as sulfonilureias vão aqui e fecham diretamente os canais de potássio, se elas fecham os canais de potássio elas
vão diretamente despolarizar essas células beta pancreáticas e vão aumentar a secreção de insulina, então o
mecanismo de ação das sulfonilureias é bloquear os canais de potássio na célula beta do pâncreas aumentando a
liberação de insulina; Lembre: quando eu bloqueio os canais de cálcio e quando eu despolarizo essa célula eu promovo
entrada de cálcio e essas vesículas se rompem.
- Elas podem provocar hipoglicemia e elas podem provocar ganho de peso. O ganho de peso é um efeito adverso que
não se sabe muito bem o que acontece, provavelmente pela glicogênese, mas não é tão relevante. Esse efeito adverso
é um efeito muito mais relevante a hipoglicemia.
~ Secretagogos: todos os fármacos que aumentam a secreção de insulina; Eles podem provocar, como efeito adverso,
uma hipoglicemia. A hipoglicemia é um efeito adverso de qualquer fármaco que aumente a liberação de insulina. Por
isso as sulfonilureias são classificadas como hipoglicemiantes, tecnicamente e farmacologicamente, são
hipoglicemiantes os fármacos que aumentam a secreção de insulina.
- Ou seja, se o indivíduo diabético utilizar a sulfonilureia, ao mesmo tempo em que reduz a glicemia (efeito terapêutico),
se reduzir demais produz o efeito adverso que é a hipoglicemia; É desejável que se reduza a glicemia, contudo, ele não
pode reduzir demais, se não aparecem os sintomas da hipoglicemia.
- A questão é, por que eles são considerados hipoglicemiantes? Porque se eu que não sou diabético e fizer uso desse
medicamento em doses altas eu posso apresentar hipoglicemia, uma pessoa diabética utilizar acima das doses
necessárias podem apresentar hipoglicemia, por isso eles são considerados como hipoglicemiantes. Sim, são
contraindicados na gravidez e na lactação.
- A fisiopatologia da diabetes tipo 2 não é a destruição/diminuição da insulina, a DM2, por motivos desconhecidos, as
células periféricas não conseguem responder, são as células periféricas de qualquer lugar (do fígado, do tecido adiposo,
etc), elas não conseguem, por mais que a insulina atue no seu receptor, a resposta não é uma resposta adequada, essa
célula resiste a ação da insulina por vários motivos que não são exatamente conhecidos, obesidade e várias substancias
que interferem no meio extracelular e no meio intracelular de tal forma que indivíduos não diabéticos: uma quantidade x
de insulina atuando promoveria os efeitos nas células periféricas, facilitaria a entrada de glicose, pelos receptores glut,
fazer glicólise, fazer com que o fígado faça glicogênese.
- O indivíduo diabético, eu preciso de mais insulina atuando em mais receptores para produzir o mesmo efeito, então se
eu estou dizendo que as células periféricas não respondem adequadamente a insulina, só aumentar insulina não vai
resolver o meu problema porque o pâncreas inicialmente já faz isso, a gente viu que a DM2 produz inicialmente
uma hiperinsulinemia. A hiperinsulinemia acontece no diabetes tipo 2! Então utilizar essas drogas de forma inicial,
como já foi feito, para DM2 não vai resolver porque eu já tenho no DM2 uma hiperinsulinemia, e aí foi quando surgiu a
segunda classe que hoje é a classe mais utilizada e a classe indispensável do tratamento da diabetes.

OBS: Os de 1ª geração provocam mais efeitos adversos, não são mais utilizados, só são utilizados de segunda geração.
Mais utilizado é a glibenclamida, glimepirida, todos esses são muito utilizados.

MATEUS LARANJEIRA 14
 BIGUANIDAS
- É a classe hoje considerada indispensável; representada por uma única droga, é o tratamento de escolha inicial para
DM, representadas pela metformina.
- A metformina, hoje, é a droga inicial para tratamento da DM2; Ela diminui a produção hepática de glicose  diminui a
gliconeogênese  aumenta a sensibilidade a insulina no músculo periférico do tecido adiposo. Ela faz com que a
insulina seja melhor reconhecida pelo receptores ou atue melhor no meio intracelular. Ela diminui a absorção intestinal
de glicose (inibe o transportador de glicose - é uma inibição restrita) e promove modesta diminuição da hiperlipidemia;
- EFEITOS SECUNDÁRIOS: diminui a absorção intestinal de glicose e ela promove uma modéstia diminuição da
hiperlipidemia (não interfere na secreção de insulina).
- MECANISMO DE AÇÃO:
1. Diminui da produção hepática de glicose;
2. Diminui a produção, inibe enzimas que atuam promovendo a gliconeogênese
- No diabetes a gliconeogênese é ruim (porque eu estou aumentando a produção de glicose, com o substrato eu não
quero aumentar a glicose de jeito nenhum e ela faz com que a sensibilidade à insulina no músculo periférico do tecido
adiposo seja maior, então ela percebe e capta melhor essa ação da insulina; isso faz com que a metfomina, antes de eu
avançar, ela não interfira na secreção de insulina);
- A metformina não é secretadora, não aumenta a liberação de insulina, com isso, a maioria dos autores de farmacologia
não considera a metfomina uma droga hipoglicemiante; A metfomina é classificada farmacologicamente como uma
droga antihiperglicemiante (o termo hipoglicemiante é reservado para os fármacos que aumentam a secreção de
insulina e a metformina não aumenta secreção de insulina); A metformina faz com que aquela insulina chegue e atue
melhor no tecido adiposo, no músculo esqueleto, fazendo com que ocorra mais armazenamento de glicose.
- Antihiperglicemiante, porque veja, se eu tomar glibenclamida (uma sufonilureia), eu não sendo diabético eu posso
apresentar hipoglicemia; se eu que não sou diabético e tomar a metformina, eu não vou ter redução significativa dos
níveis de glicose, ou seja, a metformina só reduz a glicemia daqueles indivíduos que tem uma hiperglicemia.
- HIPOGLICEMIANTE: toda e qualquer pessoa que tomar o medicamento vai ter redução da glicose.
- A metformina (biguanida) só reduz glicose de quem tem hiperglicemia, de quem faz muita gliconeogênese, de quem o
tecido adiposo, tecido muscular responde pouco a insulina, se meu tecido adiposo, tecido muscular responde bem a
insulina e eu faço gliconeogênese eu vou tomar metformina eu não vou fazer uma queda de glicose por isso ela é
considerada antihiperglicemiante.
- A metformina precisa ser corrigida se o indivíduo tiver função renal muito alterada, mas ela é bem segura para o
indivíduo nefropata também, então a metformina é hoje a droga de escolha para o tratamento da DM2; Ela interfere
diretamente na fisiopatologia do DM2. No DM2 eu não tenho uma hipoprodução de insulina, pelo contrário, eu tenho
inicialmente uma hiperinsulinemia.
~ Então usar como droga de escolha a sulfonilureias não é uma alternativa tão boa! PORÉM, pode associar biguanidas
com as sulfonilureias! Diminuindo essa resistência periférica agora sim eu posso fazer com que eu aumente a liberação
de insulina para ela atuar melhor não adianta eu utilizar a sulfonilureia, secretagogo de insulina, se minhas células não
respondem a insulina, não que não respondam, mas são resistentes a insulina.
- E quando o musculo periférico e tecido adiposo recebe a ação da insulina, eles fazem:
 Glicólise (músculo esquelético): usa glicose pra formar energia;
 Forma o glicogênio para tirar a glicose circulante
 Fazem formação de proteínas grandes para organizar aminoácidos
 Tecido adiposo faz lipogênese, forma gordura com intuito de evitar que ácidos graxos sejam transformados em
glicose.

- NÃO CAUSAM HIPOGLICEMIA


- RESISTÊNCIA À INSULINA: a insulina atua principalmente nesses dois grupos celulares. Se eu estou diminuindo a
resistência nesses grupos eu estou realmente fazendo com que a insulina consiga exercer fisiologicamente seu papel.
Mesmo sem aumentar a secreção de insulina.
No DM2 eu não tenho uma deficiência na produção de insulina, tenho deficiência na resposta que as células têm a
atuação da insulina.
- No tipo 2, se eu aumentar a secreção de insulina vai ter um maior estimulo a esse receptor e mesmo que ele seja
resistente, não seja tão sensível, ele vai poder responder; porque, inicialmente o raciocínio para usar as sulfoniuréias foi
esse, mas o problema é que se não resolver a resistência isso vai gerar falência após um tempo e pode causar inclusive
uma resistência. É como se você não estivesse atuando na causa, você está contornando para não resolver a
resistência, tem que resolver a resistência!
- A diminuição da hiperlipidemia é devido a atuação das enzima, mas não se sabe ainda exatamente como ocorre.
- De todas as classes que vamos estudar, a classe que não se conhece exatamente como ela atua, justamente, é a

MATEUS LARANJEIRA 15
metformina, tudo isso veio de estudo experimental, a longo prazo.
- FISIOPATOLOGIA DO TIPO 2: Aumento da resistência das células periféricas musculares esqueléticas, hepáticas,
adipócitas e outras à insulina.
- As drogas usadas fazem com que as células do tecido muscular e adiposo respondam melhor a insulina. Então, com
esses fármacos está se resolvendo o problema que gera o DM2.
- EFEITOS ADVERSOS: Náusea, Dor abdominal, Insuficiência renal e hepática (quem tem insuficiência renal hepática
deve corrigir a dose da metformina, mas não chega a ser uma contraindicação), NÃO causam hipoglicemia!
- Farmacologiacamente não são consideradas hipoglicemiantes e sim antiglicemiantes. Ou seja, se eu que não sou
diabético, que não tenho hiperglicemia, meus níveis de glicose não iram reduzir, diferentemente se eu usar uma
sulfoniuréia que eu terei uma redução nos níveis de glicose mesmo não sendo diabético.
- Em doses altas pode causar insuficiência renal, só que o benefício de usar metformina é tão grande que você corrige
pela função renal. Ou seja, no individuo que tem alteração da função renal, a dose precisa ser corrigida. Se ele tiver um
clearence de creatinina muito baixo eu não vou usar a mesma dose que para um individuo que tem a função renal
normal. Eu vou diminuir a dose para ter o mesmo efeito.

 GLITAZONAS
São também chamadas de Tiazolidinedionas, representados por:
1. Rosiglitazona
2. Pioglitazona
- As glitazonas surgiram para melhorar (em alguns pacientes que não tinham a resposta adequada a metformina) a
resposta a insulina.
- São agonistas de receptores nucleares.
Existem alguns receptores que são de núcleo. Esses receptores quando são estimulados, provocam alguma alteração
na síntese de proteínas, então, esses receptores que são aqueles PPRAγ (receptores ativados proliferadores de
peroxissomos). Eles provocam:
 Aumento da sensibilidade à insulina nos tecidos (diminuição da resistência)
 Diminuição da produção hepática de glicose
 Aumento da captação de glicose para o musculo esquelético e tecido adiposo
- São fármacos que assim como a metformina, como as biguanidas, diminuem a resistência periférica a insulina e
diminuem a produção hepática de glicose. Portanto, as glitazonas são enquadradas como anti-hiperglicemiantes.
- Não aumentam a secreção pancreática de insulina.
- Uma alternativa terapêutica para aqueles pacientes que já usam metformina há muito tempo e não estão tendo mais
uma resposta adequada. Como o DM é uma doença que vai permanecer pelo resto da vida e causa varias
complicações, tem indivíduos que já usam medicação a 10, 15 anos. Então tem que surgir outras opções porque surge
em algum momento a tolerância.
- Você é DM 2, já toma há muito tempo metformina ou teve alguma alergia a metformina, não esta mais respondendo
bem, existe uma outra alternativa antihiperlipemiante que são as glitazonas, que fazem exatamente a mesma coisa:
 Aumenta a sensibilidade de insulina nos tecidos periféricos
 Diminuem a produção hepática de glicose
 E aumentam o transporte de glicose do tecido esquelético e adiposo.
- Então eu vou tirar do sangue para dentro, o que é bom, eles consumirem essa glicose ou armazenarem no formato de
glicogênio ou no formato de lipídeo.
- Para esses fármacos, o mecanismo de ação é muito bem conhecido: eles atuam em receptores nucleares do tipo
PPRAγ, induzindo a formação de enzimas que facilita a utilização de glicose e que fazem com que a resposta a
insulina seja melhor. A metformina faz a mesma coisa:
 Aumenta a sensibilidade a insulina
 Captação de glicose no musculo esquelético e tecido adiposo
- EFEITOS ADVERSOS: As glitazonas são hepatotóxicas, provocam ganho de peso e edema por retenção hídrica (não
muito bem esclarecido), retém volume, diminui a excreção de agua, isso pode provocar piora da insuficiência cardíaca,
então por conta dos efeitos adversos as glitazonas não são a primeira escolha e, além disso, a metformina é uma droga
super barata, muito bem tolerada e que tem uma excelente resposta terapêutica (por isso é a mais usada hoje). As
glitazonas podem provocar, mais do que a metformina, uma lesão hepática, podem provocar ganho de peso
principalmente devido a uma retenção hídrica, não se sabe exatamente, mas provavelmente as glitazonas interfiram em
um mecanismo renal de absorção de agua e isso pode provocar retenção de volume, de tal forma que elas não devem
ser utilizadas em pacientes com insuficiência cardíaca. Por isso que elas são uma alternativa se o individuo não
responde bem a metformina ou tem intolerância ou respondeu bem, mas não responde mais tão bem a gente ta usando
uma alternativa terapêutica de diminuição da resistência com ação antihiperglicemiante.

MATEUS LARANJEIRA 16
 GLINIDAS
1. Repaglinida
2. Nateglinida
- MECANISMO DE AÇÃO: muito semelhante ao das
sulfoniuréias. Elas também bloqueiam os canais de potássio
das células betas pancreáticas, e por isso aumentam a
secreção de insulina. Quando elas fecham esse canal de
potássio, nós temos um excesso de potássio intracelular que
provoca despolarização e isso provoca a abertura de canais de
cálcio que fosforilam vesículas e liberam insulina. Então, na
verdade as glinidas possuem o mesmo mecanismo de ação da
sulfoniuréias, mas são classificadas em outra classe porque a
estrutura química é diferente. No final dos anos 90 surgem como uma alternativa as sulfoniuréias (quando o paciente
não responde ou não tolera as sulfoniuréias).
- AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA: Sulfoniuréias e glinidas (SECRETAGOGOS)
Aumentam a secreção de insulina. Mas para ela aumentar a secreção de insulina, tem que ter células beta. No DM1,
você não tem células beta. Inclusive, esses fármacos não podem ser utilizados de jeito nenhum para pacientes com
DM1, porque o que esse fármaco faz é aumentar a secreção de insulina, e no DM1 eu tenho a destruição dessas
células, então ele não tem onde atuar.
- EFEITOS ADVERSOS: podem causar hipoglicemia e por isso são chamados de hipoglicemiantes.
- As duas classes de fármacos apresentam um mecanismo muito semelhante:
1. As glinidas: são drogas reservadas para situações nas quais a resposta às sulfoniluréias não é satisfatória.
Lembrando que, hoje, eu não vou usar na prática nem a sulfoniluréia nem as glinidas de forma isolada, sempre estarão
associadas, e normalmente associada à metformina. Porque eu posso até aumentar a quantidade de insulina e isso vai
melhorar a atuação de uma molécula, mas eu vou realmente resolver a questão da resistência usando fármacos que
diminuem essa resistência.
2. As glitazonas e, principalmente, biguanidas representadas pela metformina são anti-hiperglicemiantes, pois eles
interferem na resistência das células periféricas à insulina e diminuem a produção hepática de glicose. Então, por
exemplo, se um indivíduo for diabético do tipo 1, depois de muitos anos, que engordou muito, ele pode até ter
desenvolvido resistência à insulina também e aí você pode até usar nesse indivíduo esse tipo de droga. Mas lembrando
que o tratamento para a diabetes do tipo 1 não é esse, mas sim a administração de insulina.

 INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDASE
1. Acarbose
2. Miglitol
- Os inibidores da alfa-glicosidase (dissacaridases – enzimas que quebram os dissacarídeos).
- No intestino, nós fazemos a absorção de monossacarídeos, contudo, a maioria dos carboidratos da dieta são no
formato de poli ou dissacarídeos. Nas células intestinais, esses dissacarídeos são quebrados pelas enzimas
dissacaridases/ alfa-glicosidase (lactase  lactose em glicose + galactose; maltase  maltose em glicose + glicose;
sacarase  sacarose em glicose + frutose) , liberando os monossacarídeos, para que eles sejam absorvidos.
- Então, os inibidores de dissacaridases/alfa-glicosidase inibem as enzimas que degradam os dissacarídeos.  Se
você não forma dissacarídeos, você não consegue absorver esses monossacarídeos e reduz seu aporte sanguíneo,
consequentemente.
- MECANISMO DE AÇÃO: inibição da alfa-glicosidade da borda em escova intestinal, impedindo a quebra de
dissacarídeos em monossacarídeos, o que diminui a absorção de glicose.
- Os trabalhos mostraram que esses fármacos não possuem bom efeito quando usados isoladamente, porque existem
outros mecanismos internos para a produção de glicose (gliconeogênese, quebra do glicogênio). Estudos mostraram que
o uso isolado da Acarbose ou do Miglitol (inibidores das dissacaridases), não possuem bom efeito redutor da glicemia e
por isso eles são utilizados em associação com outros agentes;
- NÃO CAUSAM HIPOGLICEMIA, pois a diminuição da absorção da glicose será compensada com outros mecanismos.
- EFEITOS ADVERSOS: Podem provocar flatulência (liberação de gases intestinais), diarreia, e cólica abdominal. Isso
acontece porque quando você não quebra os dissacarídeos, eles são liberados nas fezes bem íntegros. É um fármaco
que tem pouca absorção, ele atua na própria região intestinal.
- Serão SEMPRE utilizados em associações. Por exemplo: o indivíduo estava tendo o uso de metformina e não estava
respondendo bem. Aí você pode usar outro mecanismo de ação. É uma alternativa a mais para aqueles pacientes que
mantem hiperglicemia, apesar do tratamento com outras opções farmacológicas.
- Não pensem que a gente estaria induzindo uma intolerância à glicose; Intolerância é quando o indivíduo por algum
motivo começa a eliminar por alguma alteração intrínseca. Você realmente provoca atuação e isso provoca a diarreia,

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mas lembrar que nenhum fármaco inibe por completo.

A sexta e a sétima classes de antidiabéticos inauguraram, nos anos 2010, um novo caminho terapêutico, cada vez mais
amplo, para o tratamento da diabetes. Estudos começaram a aparecer mostrando que diabetes possui uma diminuição
da produção intestinal de incretinas. Incretinas são hormônios produzidos pelas células intestinais, quando o indivíduo
faz uma dieta rica em glicose. Então, quando eu faço uma dieta rica em glicose, que a glicose começa a chegar nas
células do intestino, células intestinais produzem algumas substâncias que fazem parte do grupo das incretinas. A
incretina que tem mais importância é a GLP1 (é uma substância que faz parte do grupo das incretinas e que são
produzidas pelo intestino). Normalmente, quando células intestinais recebem um aporte aumentado de glicose,
produzem incretinas. Estas, por sua vez, retardam o esvaziamento gástrico, lentificando a absorção intestinal de glicose,
já que os carreadores de glicose intestinal vão se saturando com mais tranquilidade; diminui a secreção de glucagon;
aumentam a secreção de insulina; e aumentam a saciedade.
 As incretinas são hormônios produzidos pelas células intestinais (enterócitos), principalmente o GLP1. Têm o
intuído de mandar um sinal de que está chegando um aporte muito grande de glicose, objetivando aumentar os
níveis de insulina e diminuir os de glucagon; objetivando mandar uma mensagem para o sistema nervoso central
para que o indivíduo perca o apetite, que ele não precisa comer mais; fazer com que o estômago diminua esse
esvaziamento gástrico para ter uma menor absorção de glicose. O intestino sinaliza para o resto do corpo que
aquele indivíduo já está recebendo um aporte grande de glicose.
 O problema é que nos indivíduos diabéticos têm uma diminuição da produção das incretinas pelas células
intestinais. Ou seja, o indivíduo faz uma dieta rica e glicose e não responde com a liberação adequada de
incretinas, apresentando, consequentemente, uma hiperglicemia.

 INCRETINOMIMÉTICOS (Agonistas do GLP-1)


1. Liraglutida
2. Exenatida.
- O liraglutida ficou muito conhecido porque foi e é muito divulgado, pois ele provoca (além de ser antidiabético) perda de
peso. Comercialmente ele é conhecido como Victosa, o qual é bastante utilizado como indicação fora da bula (off label)
para redução de peso. Existem trabalhos querendo indicar para perda de peso, mas eles atualmente são utilizados como
antidiabéticos.
- O liraglutida e o exenatida são fármacos que mimetizam a ação do GLP1, são GLP1 sintéticos.
- As incretinas são liberadas pelas células intestinais quando há chegada de nutrientes no trato digestivo. Nos diabéticos
há baixa produção de incretina.
- MECANISMO DE AÇÃO: os agonistas o GLP1 são análogos ao GLP1 (mimetizam a ação das incretinas endógenas),
atuando nos seus receptores e promovendo seus efeitos.
Quando são administrados, provocam diminuição do esvaziamento gástrico, elevação da insulina, diminuição do
glucagon e saciedade. Cada vez mais se reconhece que essa deficiência de incretina pode ser um dos fatores que
justifica a manutenção dos altos níveis de glicose em indivíduos de diabetes que já usam metformina. Essa classe,
infelizmente, ainda não é fornecida pelo SUS, mas deveria ser, pois ela inaugura uma nova alternativa terapêutica para
indivíduos diabéticos, que é mexer com as incretinas.
- EFEITOS ADVERSOS: Náuseas e vômitos; pancreatite. Qualquer coisa que diminua o esvaziamento gástrico
provoca uma sensação de náusea. E também, alguns trabalhos começaram a mostrar que ele pode se impregnar no
pâncreas e provocar uma inflamação pancreática (pancreatite), por isso que não se deve usar indiscriminadamente para
perda de peso. Para isso deve marcar consulta com um endócrino para que ele acompanhe a utilização. Todos esses
dois são administradas por via parenteral ou subcutânea. Eles não são administrados por via oral. Normalmente são
usados em associação. Metformina mesmo que usados por muito tempo e tenha deixado de responder, dificilmente ele
vai deixar de usar, pois os benefícios de diminuir a resistência a resistência periféricas, são muito grandes.

 GLIPTINAS
- Outra classe que interfere nas incretinas
- Cuidado: falamos de glinidas, glitazonas, estamos falando de glipitina e vamos falar daqui a pouco de glifozinas.
- Representados pela:
1. Sitaglipitina;
2. Saxaglipitina;
3. Liinaglipitina;
4. vildaglipitina.
- O que as glipitinas fazem? O GLP-1 é degradado por uma enzima chamada dipeptidilpeptidase-4 (DPP IV).
DPP IV é a enzima que degrada as incretinas endógenas, principalmente o GLP-1.
Quando se reconhece/descobre que as incretinas já estão em quantidades reduzidas, para que essa quantidade de

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incretinas permaneça por mais tempo inibindo a enzima que degrada as incretinas, temos as glipitinas, também
chamadas de inibidores da DPT-4 (são fármacos inibidores da enzima que degrada as incretinas)
Se eu estou inibindo as enzimas que degradam as incretinas, eu estou aumentando os níveis de incretinas. Por que eu
tenho a diminuição da produção, mas eu vou manter por mais tempo. Toda substância é produzida e degradada. Seu eu
produzido menos e eu degrado em menor quantidade eu vou ter melhores níveis daquela substância.
- Então, já tem várias associações hoje em dia que falam que são glipitina com metformina. Que melhora a resistência
periférica. Podem provocar, mas não se sabe exatamente o porquê, provavelmente exista algum mecanismo que
interfira com a formação de bradicinina.
- EFEITOS ADVERSOS: pode provocar tosse e edema de vias aéreas – Não se sabe exatamente como, mas
provavelmente pelo aumento dos níveis de bradicinina. Também podem impregnar o pâncreas e provocar pancreatite.
Então tem-se que acompanhar a função pancreática e orientar o paciente caso ele esteja com tosse ou dificuldade
respiratória, ele deve voltar para o médico para saber se vai ser necessário suspender essa medicação ou não. Não tem
a ver com o mecanismo de ação. Se fosse pelo mecanismo de ação, todos que utilizassem teriam efeito adverso. Essa
droga fica acumulada, não se sabe o porquê, e provoca processo inflamatório. Esse feito que causa nas vias aéreas
ocorre por que, provavelmente, ele induz a formação de bradicinina. Mas não se sabe se é isso. São drogas supernovas,
tem 5 anos no mercado.

 GLIFOZINAS
A oitava e última classe é a classe das GLIFOZINAS. Só tem um ano no mercado. Representadas pelas:
1. Empaglifozina;
2. Dapaglifozina;
3. Canaglifozina.
- MECANISMO DE AÇÃO: elas inauguram um mecanismo de ação completamente diferentes dos anteriores. Nós
falamos até agora de 4 mecanismos de ação de antidiabéticos:
1- Aumentar a secreção de insulina com as sulfonilureias;
2- Diminuir a resistência periférica e diminuir a produção hepática de glicose pelas glitazonas, biguanidas e
metformina;
3- Atuar nas incretinas, inibidores das enzimas que degradam as incretinas;
4- Diminuição da absorção intestinal da glicose com os inibidores da alfa-glicosidade;
 Eles inibem a um transportador chamado de SGLT-2 presente no túbulo contorcido proximal,
responsável pela reabsorção de glicose.
No túbulo contorcido proximal há formas de absorção de sódio:
1. Absorção de sódio às custas da troca com H+;
2. Absorção de sódio junto com glicose.
3. Absorção de sódio com aminoácidos.
Mas essa proteína de cotransporte, que no túbulo contorcido proximal faz a reabsorção de glicose, é chamado de SGLT-
2, transportador de glicose e sódio tipo-2. Que é inibido pelas glifozinas. Ou seja, inibem o cotransporte SGLT-2 no
túbulo contorcido proximal, responsável pela reabsorção de glicose.
~ A Glicose é filtrada! Mas não se tem glicose na urina por que praticamente ela é toda reabsorvida. Se eu inibo esse
cotransporte o que é que estou fazendo com a excreção urinária de glicose? Aumentando. Por isso esses fármacos
também são chamados de glicosúricos, pois eles aumentam a excreção urinária de glicose.
- Alguns trabalhos vêm mostrando que eles podem aumentar o risco de infecção urinárias. Vocês vão ver que quando
se tem diabetes, a urina com excesso de glicose, facilita o crescimento bacteriano. Então os trabalhos mostram
que eles aumentam o risco de infecção urinária pelo aumento de glicose na urina, mas em compensação ele traz um
outro efeito benéfico: se eu diminuo o cotransporte, eu estou aumentando a excreção renal de sódio. Se eu estou
inibindo a reabsorção de sódio ele possuem efeito secundário de Diuréticos (Inibidores da reabsorção de sódio).
- EFEITOS ADVERSOS: Desidratação; Não causam hipoglicemia.
- CONTRA INDICAÇÃO: Insuficiênca Renal.
- Esse não é um cotransporte muito importante para o sódio, mas é forma que quando inibido o cotransporte, inibe-se a
reabsorção de sódio e isso pode provocar benefícios para pacientes que são hipertensos, ajudando na contribuição da
redução da pressão. Então, os trabalhos mostram que podem beneficiar pacientes hipertensos por que tem efeito
diurético. Contudo, podem provocar aumento do risco de infecção urinária pelo aumento de glicose na urina e pode
provocar, também em alguns pacientes, desidratação.
- Se o paciente tiver alguma perda urinária muito grande por outros motivos, ele vai aumentar a diurese.
Pergunta: posso usar esse fármaco em pacientes com nefropatia diabética?
Resposta: esses não são as melhores escolhas quando se tem nefropatia. Por que veja: se o rim não funciona
bem, esse mecanismo já não é um mecanismo que vai me ajudar. Se o paciente que tem nefropatia diabética, uma
droga que é muito indicada são os iECA, que diminuem a formação de fibrose.

MATEUS LARANJEIRA 19
- Ele é antidiabético. Ele é para reduzir glicose. Diminuir a glicemia, por que você perde glicose pela urina, então, tem-
se a diminuição da glicose. São indicados quando o paciente fez uso das outras classes e manteve os níveis de glicose
alto.
- Um paciente é diabético a 30 anos e já fez uso de todas as classes, tem essa classe como uma nova alternativa
terapêutica para esses indivíduos. Eles diminuem a glicemia por que aumenta a excreção urinária de glicose e também,
secundariamente, provoca um leve efeito anti-hipertensivo por conta da inibição de reabsorção de sódio e aumento da
excreção urinária de sódio e água. Contudo, podem provocar uma leve desidratação e também podem aumentar
chances de ITU, por conta da do aumento da glicose na urina e favorecendo o crescimento bacteriano.

 5. ANTIULCEROSOS (05/05)

São os fármacos que reduzem a acidez


gástrica.
# ACIDEZ GÁSTRICA
- Formação de ácido clorídrico pela mucosa gástrica;
- É necessário que tenhamos um pH mais ácido na
região gástrica, por conta da ativação enzimática
(especificamente do pepsinogênio  pepsina). Então,
a ativação do pepsinogênio-pepsina necessita de um
estado de maior acidez, de um pH mais baixo, às
custa do HCl. O HCl é produzido pelas células
parietais gástricas. As células parietais gástricas
também são chamadas de células oxínticas.
- Você tem uma passagem, através do canal de cloro
e esse cloro precisa se juntar ao H+ que também será
eliminado dessa célula parietal pela sua membrana
+
luminal, isso aqui vai entrar na luz gástrica. Esse H ,
sai dessa célula através da bomba hidrogênio-
potássio-atpase.
- Então, temos a bomba hidrogênio-potássio-atpase que coloca o H+ para fora á custas da troca com o potássio. Então,
essa bomba hidrogênio-potássio-atpase presente na membrana luminal apical das células parietais é que coloca o H+
para fora que vai se juntar com Cl para formar o HCl para manter o pH mais baixo na região do estômago, para que haja
a ativação do pepsinogênio-pepsina.
- Os estímulos que ocorrem nesta célula parietal para que haja a ativação dessa bomba e ela promova a saída do H+
são: alguns receptores onde atuam substâncias estimulatórias a atuação desta bomba e, conseqüentemente, a
formação do HCl. Então, temos um receptor M3 (onde atua a acetilcolina), temos um receptor CCK (onde atua a
gastrina) e temos um receptor H2 (onde atua a histamina).
- A histamina pode ser liberada em respostas alérgicas, em respostas inflamatórias de natureza alérgica e, nesse caso,
liberada por Mastócitos e Basófilos. Os receptores as quais a histamina atua para promover a reposta inflamatória são
os receptores do tipo H1. Mas, a histamina não está envolvida somente em respostas alérgicas. A histamina está
envolvida em mecanismos fisiológicos e um dos mecanismos fisiológicos onde há a atuação da histamina é na
produção, na estimulação das células parietais a produção do HCl, mas, nesse caso, os receptores de histamina
serão do tipo H2. Então, podemos chamar os antagonistas dos receptores H1 da histamina de antialérgicos e os
antagonistas dos receptores H2 de antiulcerosos.
- Bem, o mecanismo interno, segundo mensageiros, para que haja a atuação dessa bomba quando há estímulo de
receptor de acetilcolina e de gastrina é uma via dependente de cálcio. Então, a via dependente de cálcio é a via
intracelular de estimulação da atuação dessa hidrogênio-potássio-atpase também chamada de bomba de prótons. O
estímulo promovido a esta bomba quando o receptor H2 é ocupado é um estímulo que tem como segundo mensageiro o
AMPc.
- Então, nós temos duas vias (dois mecanismo celulares de ativação da bomba de prótons), sendo que a estimulação da
acetilcolina nos seus receptores muscarínicos e a atuação da gastrina nos receptores de CCK promovem estimulação de
segundo mensageiros que depende do cálcio (como o IP3 E DAG). Enquanto que a estimulação dos receptores H2 de
histamina estimulam a bomba de prótons por um mecanismo dependente de AMPc. E, esse mecanismo dependente de
AMPc, é considerado o mecanismo mais potente para a estimulação da bomba hidrogênio-potássio-atpase. Então, a via
de segundo mensageiro o AMPc possui um potencial mais significativo de estimulação da ativação da bomba de
prótons, com isso, com maior produção e interação do H+ e formação do HCl.
- Mas, ainda existe outro receptor... Na verdade, existem outros... Esse com importância farmacológica que atua na
célula parietal. Só que este outro receptor que atua na célula parietal é um receptor que quando estimulado inibe a

MATEUS LARANJEIRA 20
atuação, a ativação da hidrogênio-potássio-atpase que é um receptor estimulado, um receptor do tipo EP3, estimulado
com prostaglandinas. Então, nós temos três estímulos principais para que a célula parietal forme HCl, na verdade libere
o H+ para que ele se junte com o Cl e forme HCl, e temos alguns outros inibitórios, sendo de maior importância
farmacológica o receptor EP3 que quando estimulado inibe a atuação dessa bomba e diminua a produção de ácido
clorídrico.
- Temos também outros grupos celulares do estômago. Nós temos um
grupo celular que são chamados células epiteliais superficiais. Essas
células epiteliais superficiais são células produtoras de muco e
bicarbonato. Esse muco e bicarbonato, produzido por essas células,
eles tem o intuito de neutralizar a hiperacidez gástrica.
~ Para todo mecanismo fisiológico existe um mecanismo de
contraposição, de regulação do excesso e isso ocorre com a produção
de muco e bicarbonato pelas células epiteliais e o estímulo principal
para que as células epiteliais produzam muco e bicarbonato é um
estímulo realizado por prostaglandinas, principalmente a PGE2. Aqui
também.
~ Por isso que o uso de antiinflamatórios não esteróides que são
inibidores da formação de prostaglandinas ao interferir, não somente
nas prostaglandinas inflamatórias, ao inteferirem também nas
prostaglandinas fisiológicas eles diminuem a produção de muco e
bicarbonato, diminuindo a proteção da mucosa e diminui a produção de
HCl.
- A prostaglandina ela inibe o processo... Se eu não tenho a
prostoglandina eu vou aumentar a secreção de ácido. Por isso, você
tem como efeito adverso dos antiinflamatórios: gastrite, úlcera e refluxo.
Além de você inibir a produção de muco e bicarbonato estimulado por
elas, você deixa de ter a inibição da produção do HCl. Os receptores de
prostaglandinas é do tipo EP.
- A produção de prostagladinas na célula é feita localmente, as próprias
células produzem. Porque as prostaglandinas se formam diretamente da retirada, da extração da membrana celular.
- A histamina que atua nesses receptores H2 (lembrando que a histamina é produzida localmente e ela se difunde pelo
espaço epitelial, quando em células da proximidade - por isso, a histamina é considerado um autacóide). Bem, essa
histamina que atua nos receptores H2 das células parietais, elas são produzidas por um grupo celular chamado de
células enterocromafins gástricas que alguns autores chamam de ECL, células enterocromafins. Na verdade, células
enterocromafins-like que se assemelham as células intestinais e estão presente no estômago. Essas células elas
possuem histamina e o estimulo para liberação dessa histamina é via de receptor de gastrina, ou seja, a gastrina
promove a liberação de histamina pelas células enterocromafins e receptor de acetilcolina.
- Bem, existem outras células que compõem essa histologia gástrica: Existem as células G produtoras de gastrina,
cujo estimulo da produção de gástrica é uma diminuição da acidez gástrica. Existe o gânglio autonômico
parassimpático, onde a fibra parassimpática pré-ganglionária bem longa e, ás vezes, o gânglio é dentro do próprio
órgão e isso acontece dentro do estômago. Então, o gânglio autonômico que vai promover a liberação de acetilcolina
está dentro do próprio estômago, da mucosa gástrica. Você tem as chamadas células principais que são as que
produzem o pepsinogênio que precisará ser ativado. São vários os grupos celulares que compõem essa fisiologia, que
realizam esse papel fisiológico gástrico.
Mas, de importância na farmacologia, nós temos as células:
1. Enterocromafins: produtora de histamina dependente do estímulo de gastrina e acetilcolina;
2. Célula parietal gástrica: produtora de HCl, estimulada, principalmente, por acetilcolina, gastrina e histamina, e
inibida por prostaglandinas;
3. Células epiteliais superficiais: tem como estímulo principal as prostaglandinas.
- IMPORTANTE: Quando, em decorrência, de uma hiperacidez gástrica, o indivíduo desenvolve uma patologia, esse
grupo de patologias são chamados de doenças dispépticas (doença ulcerosa péptica, que é a ulcera; a gastrite; a
doença do refluxo gastresofágico). E nessas situações é necessário a redução, por um prazo, dessa hiperacidez, para
que se promova a cicatrização dessas lesões. Inclusive, a doença do refluxo gastresofágico pode provocar alguns
quadros patológicos graves, esse excesso de acidez, que retorna do estômago para a mucosa gástrica, pode modificar o
tipo de tecido do esôfago, isso é chamado de metaplasia e a metaplasia do esôfago é chamada de doença de Barrett.
 Doença de Barrett é a modificação do tipo histológico tecidual do esôfago por conta do refluxo ácido e a doença
de Barrett é um fator de predisposição para câncer de esôfago. Então, essa modificação do tipo epitelial do esôfago
decorre do hiperestímulo ácido no local que não deveria existir. Então, em muitas situações, é necessário que se reduza

MATEUS LARANJEIRA 21
essa produção, essa acidez gástrica.
 Doença ulcerosa péptica, principalmente, a doença ulcerosa péptica duodenal tem um agente infeccioso que
contribui para o desenvolvimento, que é o Helicobacter pylori. O Helicobacter pylori é uma bactéria que cresce com
muita facilidade no ambiente ácido e provoca o processo infeccioso na região duodenal. Então, a utilização de fármacos
que reduzem de alguma forma essa atuação do ácido clorídrico, muitas vezes, é necessário para que haja um
tratamento para essas patologias.
Vamos dar uma olhada nesse esquema aqui
(esse é do Goodman):
- As células parietais estimuladas por receptores
muscarinicos, receptores de gastrina e receptores de
histamina: Os receptores muscarinicos da acetilcolina
e os receptores de gastrina estimulam a hidrogenio e
potássio numa via dependente de cálcio, enquanto o
receptor H2 da histamina estimula por uma via
dependente de AMPcíclico, considerada mais potente.
- Essa célula também sofre ação de prostaglandinas e
essas prostaglandinas inibem a liberação de H+
diminuindo a produção de ácido clorídrico.
- A histamina é produzida e liberada pelas células
enterocromafins gástricas, e o estímulo para liberação de
histamina é gastrina e acetilcolina.
- Temos a célula epitelial superficial, que tem como
estímulo principal as prostaglandinas, que estimulam a
produção de muco e bicarbonato, e esse muco e
bicarbonato são responsáveis pela proteção da mucosa.

Aqui, outro esquema da célula parietal gástrica:


- A acetilcolina com receptor M3 estimulando a atuação da bomba de
prótons em uma via dependente de cálcio.
- A gastrina atuando em receptores do tipo CCK estimulando a bomba
de prótons por uma via de cálcio.
- A histamina estimulando essa bomba por uma via do AMPcíclico
- As prostaglandinas inibindo a liberação a bomba, havendo diminuição
da liberação de H+ e menor formação de ácido clorídrico.

Aqui mais um esquema:


- Célula parietal liberando para mucosa e para a luz gástrica o H+ pela
H+/K+/ATPase, cujo estímulo é realizado por receptores muscarínicos da
acetilcolina, pelo receptor H2 da histamina e pelo receptor CCK da gastrina. E
essa histamina que atua localmente na célula parietal é liberada pelas células
enterocromafins por estímulo realizado pela gastrina e pela acetilcolina.
- Esses são os fármacos utilizados como antiulcerosos, como fármacos
redutores da atuação do excesso de ácido clorídrico:
1. Antagonistas dos receptores H2 da histamina;
2. Bloqueadores ou inibidores da bomba de prótons;
3. Antiácidos neutralizantes;
4. Protetores da mucosa (representado pelo sucralfato e misoprostol).

- OBS: Antes do advento dessas classes farmacológicas, alguns fármacos


inibidores de receptores colinérgicos, como a propantelina, foram utilizados no
passado como antiulcerosos. Só que, o que é ocorre: Inibidor receptor de
acetilcolina promove um efeito redutor muito pouco significativo porque
existem outras duas vias estimulatórias, e umas delas, inclusive, sendo a mais
significativa, a mais importante. Então, os trabalhos começaram a mostrar que
bloquear receptor de acetilcolina não possuía efeito redutor da acidez gástrica
significativo.

MATEUS LARANJEIRA 22
 ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H2 DA HISTAMINA;
1.Ranitidina
2. Nizatidina
3. Famotidina
4. Cimetidina
- Quando se descobre que a histamina também tem um papel fisiológico (um deles é estimular a célula parietal gástrica
a produzir ácido clorídrico) e é quando são desenvolvidos os antagonistas dos receptores H2 da histamina.
- MECANISMO DE AÇÃO: é simples, eles são bloqueadores desses receptores, se eles bloqueiam receptores H2 da
histamina - eles impedem que essa histamina se ligue ao receptor e estimule a bomba de prótons a liberar H+ e formar o
ácido clorídrico.
- Possuem uma boa resposta terapêutica, hoje, reconhece que esta via é a principal via de estimulação da produção do
ácido clorídrico. Então, inibir receptores H2 da histamina promove o resultado terapêutico relevante nessa
redução da acidez gástrica.
- Os Antagonistas dos receptores H2 são antiulcerosos, (os antagonistas de receptores H1 possuem indicação
completamente diferente, eles são antialérgicos).
- A histamina, apesar de sempre associarmos às reações alérgicas, ela também está envolvida em vários mecanismos
fisiológicos e um deles é esse aqui. Alguns trabalhos mostram que o uso contínuo de inibidores da histamina pode
promover tolerância, porque essas duas outras vias começam a compensar o não estímulo pela histamina, e, somente a
cimetidina, que foi o primeiro antagonista H2, ela interferia na formação de células sanguíneas, provocando as
chamadas discrasias sanguíneas (alterações no número de células sanguíneas), isso pode ocorrer com qualquer um dos
fármacos da classe, contudo, é muito mais frequente com a cimetidina, de tal forma, que a cimetidina, praticamente, não
é mais utilizada. Com os outros antagonistas H2, com a ranitidina, nizatidina, famotidina, essa alteração da síntese de
células vermelhas é muito menor.
- EFEITOS ADVERSOS: Diminuição da ação de hormônios sexuais (cimetidina); Discrasias sanguíneas (raras);
Tolerância com o uso crônico.

 INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS;


1. Omeprazol
2. Lansoprazol
3. Rabeprazol
4. Pantoprazol
5. Esomeprazol
6. Dexlansoprazol
- São frequentemente abreviados como IBPs.
- Os IBPs são os inibidores da H+/K+/ATPase presente na membrana luminal das células parietais gástricas.
- Esses fármacos inibem diretamente a bomba de prótons e possuem um efeito terapêutico redutor da hiperacidez
gástrica mais significativo do que os antagonistas dos receptores H2 da histamina (porque eles agem diretamente),
então, independente de qual seja o estímulo, ele estará inibindo a bomba.
- Quando você inibe H2 tem resultado significativo, contudo existem outras vias, que mesmo em menor intensidade,
continuam estimulando. De tal forma, que os inibidores da bomba de prótons, quem inaugurou essa classe foi o
omeprazol, eles são os fármacos, hoje, mais utilizados para o tratamento das doenças dispépticas.
- EFEITOS ADVERSOS: Podem provocar náusea, dor abdominal e podem provocar também elevação dos níveis de
gastrina provocando hiperacidez rebote.
- Lembrar: o principal estímulo para que a célula G produza gastrina é uma diminuição da acidez gástrica. Então, quando
eu estou inibindo a H+/K+/ATPase, inibindo a bomba de prótons, eu diminuo a produção de HCl, eu reduzo a acidez
gástrica, e a célula G entende como uma necessidade de aumentar a produção de gastrina. Se eu suspendo
abruptamente, depois de muito tempo de uso, os inibidores da bomba de prótons eu posso ter uma hiperacidez, um
hiperestímulo da gastrina diretamente nas células parietais ou nas células enterocromafins aumentando a liberação de
histamina. Então, essa hiperacidez rebote decorre do aumento da produção de gastrina pelas células G, e esse aumento
de gastrina decorre de uma contínua hipoacidez gástrica promovida por esses fármacos.
~ Omeprazol deve ser tomado em jejum, porque a absorção dele é interferida por alimentos. Mas, a grande maioria dos
demais, não tem interferência pela alimentação. É por uma questão farmacocinética, não é pelo mecanismo de ação.
- A diferença de qualquer fármaco de um grupo é tempo de atuação, por exemplo, o omeprazol não tem o tempo de
meia-vida tão bom quanto o esomeprazol. O esomeprazol pode ser utilizado a cada 24h, os outros, o tempo de meia-
vida são de aproximadamente de 12h, por exemplo. A potência inibidora dessa bomba é maior com o esomeprazol,
então, do ponto de vista farmacodinâmico, ele também tem uma potência inibidora mais intensa, ele fica preso por mais
tempo. Então, existem algumas diferenças. Não existe um melhor que o outro, um tem a vantagem de poder ser utilizado

MATEUS LARANJEIRA 23
com a frequência menor (esomeprazol). Agora, ele é tão bom quanto os outros e o custo dele é mais alto, vai depender
da situação. O esomeprazol tem um custo, hoje de 4 ou 5x mais caro que o omeprazol. Claro que ele (esomeprazol) tem
uma potência maior e ele tem uma farmacocinética melhor, agora, nada impede que você utilize o omeprazol e você ter
um efeito terapêutico tranquilo. Infelizmente, quando os medicamentos novos surgem, a indústria farmacêutica entra
com uma pressão muito grande de querer mostrar diversas e diversas vantagens para vender aquele medicamento.
Quando você começa a utilizar e os trabalhos começam a sair, você verifica que a diferença nem é tão grande entre
eles. Mas, o marketing farmacêutico empurra sempre classes novas.
- Tantos os inibidores da bomba de prótons quanto os anti-H2, eles são chamados por alguns autores de
antissecretores. Porque quando eu antagonizo o receptor H2 da Histamina ou quando eu inibo a bomba de prótons, eu
estou diminuindo a secreção ácida gástrica.

 ANTIÁCIDOS NEUTRALIZANTES
1. Hidróxido de magnésio
2. Hidróxido de alumínio
3. Carbonato de cálcio
4. Bicarbonato de sódio
- Essa terceira classe é uma classe muito antiga, que na verdade, não tem muita indicação para o tratamento dessas
patologias (úlceras, gastrites e refluxos). Eles são uma classe medicamentosa que têm substâncias que chegam no
estômago e, rapidamente, por ação local, neutralizam o ácido clorídrico e são utilizados para alívio desses
sintomas.
- Pode associar os medicamentos antiulcerosos ao antiácido!
- Magnésia Bisurada, Eno, Epocler, tem pouco, mas tem umas enzimas hepáticas.
- Esses medicamentos aliviam a sintomatologia, eles não interferem na hiperprodução ácida gástrica, eles,
simplesmente, se ligam ao ácido clorídrico e eliminam a acidez e neutralizam o ácido clorídrico. Eles servem para alívio
do sintoma, então, por exemplo, você está com um quadro sintomatológico (azia - porque a doença do refluxo
grastoesofágico (DRGE) apresenta como principal sintomatologia, a chamada azia ou pirose, que decorre da acidez que
reflui para o esôfago). Aí, você vai tomar um antagonista H2 ou IBP (inibidor da bomba de prótons), e vai precisar ser
absorvido para atuar, você consegue aliviar mais rapidamente os sintomas com esses antiácidos neutralizantes. Você
tomou o omeprazol e está com muita sintomatologia, não está aguentando esperar ele fazer efeito, aí você faz uso do
antiácido para aliviar o sintoma naquele momento, porque o alívio é imediato, ele chegou ali, vai se ligar e vai neutralizar.
- Existe omeprazol por via parenteral ou pode fazer um anti-H2, quando você tem uma epigastralgia muito intensa. Aí,
você vai fazer uma medicação para aliviar a dor e outra medicação para diminuir a acidez, que pode ser o omeprazol.
- Esses antiácidos neutralizantes interferem com a absorção de alguns fármacos, pois alguns fármacos precisam
da acidez gástrica (ex: medicamentos com cápsulas - para que essa cápsula seja neutralizada e ele seja,
adequadamente, absorvido pelo intestino). Então, pode haver interferência na absorção de alguns medicamentos e pode
haver, também, a elevação dos níveis de gastrina (porque, se eu estou tamponando esse ácido, vem a resposta para
que haja produção de mais Gastrina).
- Esses antiácidos neutralizantes não são considerados antissecretores, porque eles não interferem na secreção, eles,
simplesmente, quimicamente neutralizam o ácido.

 PROTETORES DE MUCOSAS
1. Sucralfato
2. Misoprostol (análogo das prostaglandinas)
- São fármacos antiulcerosos que, também, não diminuem a secreção ácida gástrica. O termo protetor da mucosa
representa um número de fármacos que promove, de alguma forma, a proteção dessas células sem interferir na
produção do ácido clorídrico.
~ O Sucralfato é um fármaco utilizado (geralmente ele é em pó) ele é ingerido, é administrado por via oral, e quando o
Sucralfato se encontra, reage com ácido clorídrico, ele forma uma pasta, ele forma um gel que forma uma membrana
nessas células. No estômago, por exemplo, quando o Sucralfato é ingerido e reage com ácido clorídrico, ele forma uma
membrana, uma carapaça que recobre a mucosa, inclusive, recobre as úlceras do contato direto com o ácido clorídrico
que provocaria o aumento das lesões. Então, ele atua não permitindo que o ácido clorídrico produzido atue provocando
lesão celular. Por isso, ele é chamado de protetor da mucosa. O Sucralfato pode provocar constipação intestinal, que
alguns trabalhos mostram, ele tem um tempo de meia-vida de aproximadamente 12h, você vai eliminado aos poucos
esse gel, e ele pode provocar, também, quando ele vai sendo eliminado, um atapetamento da mucosa intestinal,
diminuindo a secreção, a produção de água, liberação de água, que pode provocar constipação.
~ INDICAÇÃO: são muito utilizados em paciente internados por longos períodos, principalmente em UTI, porque os
agentes bacterianos ou agentes de outra natureza, se ingeridos, podem, imediatamente, serem neutralizados pela
própria acidez gástrica -pacientes internados por um longo período, pacientes em UTI, que já usaram várias medicações,
já têm, naturalmente, uma debilidade imunológica. Só que você já tomou várias medicações, tem que haver uma

MATEUS LARANJEIRA 24
proteção, tem que haver uma diminuição do risco de lesão gástrica. Se você utilizar um inibidor de bomba de prótons,
não é que eles não possam ser utilizados, pois eles podem ser utilizados, mas se você utilizar um inibidor de bomba de
prótons ou um antagonista de receptores H2, você diminui a produção de HCl e você faz com que essa proteção ácida
gástrica, que é uma barreira natural contra infecções, desapareça. Então, para pacientes que estão em ambiente
hospitalar internados há muito tempo e que o risco de infecção é muito maior, retirar qualquer barreira natural
pode constituir um fator de risco para infecções.
~ Nessas situações, para proteger a mucosa sem provocar uma diminuição da acidez gástrica, você pode utilizar o
Sucralfato, porque o sucralfato não vai interferir na acidez gástrica, a produção de HCl continua normalmente. Contudo,
esse HCl não vai encontrar as células da mucosa porque elas estão recobertas pelo gel formado sucralfato. Nesses
pacientes, manter essa acidez gástrica é interessante para não se retirar uma das barreiras imunológicas que
aumentaria o risco de infecção.
~ OBS: Você pode associar o Sucrafilm com Omeprazol, com a Ranitidina (um anti-H2). Não é só em UTI não. É que na
UTI você tem grandes indicações, pois você protege a mucosa gástrica sem interferir no pH gástrico.

Um outro fármaco enquadrado pela maioria dos autores como protetor da mucosa, são os Análogos ou
Agonistas de Prostaglandinas, que, atualmente, temos só um fármaco que é o Misoprostol.

- Até alguns anos atrás não se reconhecia esse papel das prostaglandinas inibindo a produção hidrogênio-potássio-
ATPase. Só se reconhecia a atuação das prostaglandinas nas células epiteliais.
- Se os análogos de prostaglandinas só atuassem aqui, classificá-los como protetores da mucosa seria, realmente,
adequado. Pois, quando eu uso o fármaco agonista ou análogo da prostaglandina, estou estimulando essas células
epiteliais a produzirem muco e bicarbonato que protegem a mucosa. Então, se as prostaglandinas atuassem somete
aqui, você poderia classificá-las, os análogos das prostaglandinas, adequadamente, como protetores da mucosa.
Contudo, as prostaglandinas também atuam na célula parietal diminuindo a secreção de ácido clorídrico. Ou seja,
eles não são, só, protetores da mucosa.
- Os análogos das prostaglandinas, eles são, protetores da mucosa e são antissecretores.
- Essa classificação dos análogos de prostaglandinas somente como protetores da mucosa é decorrente do fato de só se
conhecer este papel das prostaglandinas. Como se reconhece hoje em dia que as prostaglandinas também reduzem a
secreção ácida gástrica por diminuir a atuação da H+/K+ ATPase, esses fármacos são considerados protetores da
mucosa e anti-secretores.
~ MECANISMO DE AÇÃO: estimula a produção de muco e bicarbonato pelas células epiteliais, inibe a formação de HCl
pela célula parietal por ação dos receptores EP3 e melhora o fluxo sanguíneo (as prostaglandinas têm ação
vasodilatadora) favorecendo a cicatrização de úlceras.
~ Então são vários os papéis benéficos dos análogos de prostaglandinas: eles são protetores da mucosa e são anti-
secretores.
~ EFEITOS ADVERSOS: podem provocar diarreia e cólicas intestinais (da mesma forma que eles aumentam a
produção de muco e bicarbonato, podem também aumentar a produção de muco e células intestinais provocando
diarreia). Mas o grande problema dos análogos de prostaglendinas é que quando eles começaram a ser utilizados como
anti-ulcerosos algumas gestantes começaram a apresentar abortamento porque esse análogo de prostaglandina que é o
misoprostol, ele estimula a produção de PGE2 no estômago, mas também estimulam a produção de PGF2alfa uterinos.
A PGF2alfa é aquela prostaglandina que promove contração uterina. Quando a gente pensa em contração uterina no
parto, a gente só pensa em ocitocina que é hormônio, mas existem também substâncias produzidas localmente que
contraem o útero no momento do parto. Então no momento do parto contraem o útero: Ocitocina e prostaglandina
F2alfa. Quando você usa esse fármaco que também é agonista de PGF2alfa uterina, esse útero se contraem e alguns
abortos começaram a acontecer, de forma que eles foram proibidos para anti-ulcerosos. O nome comercial do
misoprostol é cytotec e esse fármaco ainda é vendido no mercado negro para indução de aborto ilegal.
- O misoprostol é ainda utilizado terapeuticamente na obstetrícia para indução de parto ou para indução de abortos
retidos ou fetos mortos. Então, por exemplo, você tem uma gestante em trabalho de parto que não tá evoluindo, você
pode acelerar o trabalho de parto utilizando misoprostol (via oral ou via vaginal para atuação ampla e mais rápida) ou
ocitocina. Ele é usado hoje só por obstetras de ambiente hospitalar. O grande intuito hoje de pesquisa na área
farmacêutica é desenvolver um fármaco anti-ulceroso que estimule receptores de PGE2 do estômago, mas que não
estimule receptores de prostaglandinas uterinas, e aí teríamos um fármaco excelente.
- Úlcera perfurada é tratamento cirúrgico. Emergência de abdome agudo. Tem que fechar essa úlcera se ela perfurar.
Se ela tiver sangrando continuamente, normalmente o tratamento é endoscópico (faz endoscopia e utiliza substâncias
para diminuir o sangramento). Você pode ter a úlcera sangrando provocando a hemorragia digestiva alta ou você pode a
úlcera perfurada, que será uma emergência cirúrgica.

MATEUS LARANJEIRA 25
NÃO CAI NA PROVA, MAS É BOM SABER:
- Já que a gente tá falando da farmacologia do sistema gastrointestinal/farmacologia do sistema digestório. Para que não
passe batido, eu trago algumas classes farmacológicas utilizadas para inibição do vômito, os chamados antieméticos.
- Então vejam, podem ser utilizados como antieméticos:
1. Antagonistas dos receptores H1 da histamina de 1° geração (ciranizina, ciclizina, omeprazina...) - vocês viram
semestre passado que esses fármacos, inclusive, são usados nas chamadas cinetoses (enjoo de viajem);
A histamina induz o centro do vômito e eles inibem essa estimulação da histamina

- Não se pode utilizar antagonistas de receptores da histamina H1 de 2° geração como antieméticos: Os antagonistas
dos receptores H1 de histamina de 2° geração têm a característica de não atravessarem a barreira, tanto que não
provocam sonolência, se não atravessam a barreira não atuam no centro do vômito. Então, o problema desses
antagonistas dos receptores H1 de histamina de 1° geração é que eles diminuem o vômito, mas também provocam
sonolência.
- Em casos específicos pode ser utilizado um tipo específico de antimuscarínico que é a escopolamina (buscopan), ele é
considerado um anti-espasmático. O espasmo, a contração intensa de algumas musculaturas viscerais em quadros
patológicos podem produzir náusea e vômito. Então, você inibir essa hipercontratura intestinal, vesical, uretral, em
algumas situações diminui esse reflexo do vômito. Você diminui essa contratura usando fármacos que diminuem a
contração visceral, e quem atua muito bem nessa região é a escopolomina.
- Esses outros fármacos: antagonistas dos receptores 5-HT3 da serotonina também inibem esses receptores que
induzem o vômito, estão presentes no centro do vômito e quando essa serotonina estimula esses receptores, induz o
vômito. Existe outro fármaco que é a metoclopramida e também tem como mecanismo de ação a inibição desses
receptores, tem uma ação direta no sistema nervoso central, inibindo os centros do vômitos, mas a metoclopramida
junto com outros fármacos também possui ação periférica. A dopamina, a mesma que atua no SNC nos receptores D2,
também atua perifericamente promovendo relaxamento da musculatura (principalmente esofágica e gástrica).
- Aí vejam, uma das situações que induz o vômito, promove sensação de náusea é a plenitude de um enchimento
gástrico prolongado. Quando você tem um enchimento gástrico muito prolongado, essa distensão gástrica envia uma
resposta para o centro de vômito para induzir, porque o entendimento é o seguinte: se não tá descendo vai ter que sair
por algum local (via digestiva alta - vômito). Então essa plenitude, esse enchimento prolongado promove o reflexo do
vômito e esses fármacos: metoclopramida (também atua em SNC), domperidona e bromoprida, eles promovem
inibição desses receptores da dopamina que relaxam a musculatura. Então esses fármacos aumentam o peristaltismo
esofágico e gástrico e por isso são chamados de procinéticos (estimulam o movimento, peristaltismo). A bromoprida e a
domperidona só têm essa ação periférica, não tem ação no SNC. A ação deles é periférica aumentando o
peristaltismo. A metoclopramida possui uma ação central de inibição de centro do vômito e uma ação periférica também
aumentando esse peristaltismo.

MATEUS LARANJEIRA 26

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