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Farmacologia: Módulo 3
Transcrição da aula da professora Natália Tabosa
HISTAMINA E ANTI-HISTAMÍNICOS
SÍNTESE DE HISTAMINA
- Para que as células produzam histamina, elas precisam ter a presença da enzima
Histidina descarboxilase. Essa enzima transforma a histidina em histamina.
- Células que produzem histamina: Mastócitos (está nos tecidos, não está no sangue. As
mucosas, que possuem muitos mastócitos, quando são muito estimuladas por algo nocivo
acabam produzindo uma grande quantidade de histamina), basófilos, células
enterocromafins e alguns neurônios.
imune inata e adaptativa. Para estimular a resposta adaptativa, o alérgeno precisa cair na
corrente sanguínea, ir para os órgãos linfóides e estimular a resposta via linfócitos (
resposta imune adaptativa) que vão liberar imunoglobulinas (IgE). A IgE vai ser específica
para o alérgeno e vai se ligar na superfície dos mastócitos ocorrendo a sensibilização do
indivíduo, mas a resposta alérgica não vai ocorrer porque não houve liberação da histamina.
No segundo contato com esse alérgeno, vai haver a degranulação do mastócito e então a
liberação da histamina, provocando as reações alérgicas.
RECEPTORES DE HISTAMINA
- Receptor H1 : presente no músculo liso extracelular (brônquios, trato gastrointestinal),
endotélio e SNC ( Vai haver liberação de Óxido nítrico)
- Receptor H2: Músculo liso dos vasos e cardíaco, células gástricas parietais (para estimular
liberação do suco gástrico)
- Receptor H3: SNC (gânglio basal, hipocampo e córtex)
- Receptor H4: Células de origem hematopoiéticas (eosinófilos, mastócitos, neutrófilos e
basófilos)
A nível de medicamentos utilizados na clínica, são considerados apenas os receptores H1 e
H2, pois os fármacos de relevância clínica se ligam a esses receptores.
Receptor H1: Acoplado à proteína Gq, ativa a via da fosfolipase C e forma os segundos
mensageiros DAG e IP3. A estimulação desse receptor vai desencadear a resposta alérgica
aguda. Então, esse receptor é que vai ter a sua ação inibida diante de um fármaco para
alergia aguda.
Função: reação alérgica aguda
Receptor H2: Acoplado a proteína Gs, ativa a via da adenilato ciclase, produzindo AMP
cíclico. Esse receptor está presente na célula parietal, estando envolvido na produção do
Thamyres Moura - Odontologia UFPE
suco gástrico.
Função: secreção ácida.
Receptor H3: Acoplado à proteína Gi, inibe a via da adenilato ciclase e não ocorre ativação
da PKA. Está presente no SNC, atua como autoreceptor (está na membrana do neurônio
pré sináptico e quando ele é estimulado pela histamina ele diminui a liberação da própria
histamina pelo fato de estar nesse neurônio pré sináptico que produz e libera a histamina).
Função: neurotransmissão, como um autoreceptor.
Receptor H4: Acoplado à proteína Gi, inibe a via da adenilato ciclase e não ocorre ativação
da PKA. Está presente nas células do sistema imune, então quando esse receptor for
ativado ele vai aumentar a produção de leucotrienos, aumentar a produção de moléculas de
adesão nas paredes dos vasos sanguíneos que vai contribuir para recrutamento de mais
células do sistema imune e executar ação quimiotática.
Função: Imunomodulação
- No receptor H1, a vasodilatação é de curta duração, rápida e transitória, pelo fato de ser
mediada por um gás, o óxido nítrico. No receptor H2, a vasodilatação é mais duradoura,
pois não envolve produção de óxido nítrico.
4) Induzir prurido (coceira): O receptor H1 está presente nas terminações nervosas dos
neurônios sensoriais, então quando esse receptor é estimulado, ocorre uma despolarização
do neurônio que induz o estímulo nervoso ao córtex, fazendo o indivíduo ter a percepção da
coceira e da dor.
Thamyres Moura - Odontologia UFPE
Por que o anti-histamínico tem uma ação maior no início da rinite alérgica? Porque é
durante a fase imediata que tem-se apenas histamina como mediador.
2) Fase tardia: ocorre entre 4 a 6 horas de exposição ao alérgeno. Nesse tempo, outras
células do sistema imune já conseguem chegar no local , então ocorre a liberação de outros
mediadores inflamatórios. A principal célula que vai liberar a histamina nessa fase é o
basófilo.
- No choque anafilático, há uma grande liberação de histamina e ela vai se ligar aos seus
receptores medindo todas essas funções já descritas.
- A histamina vai ser liberada de forma sistêmica e não apenas em mucosas de órgãos
específicos. Por isso vai promover vasodilatação nos vasos e isso causará a queda na
pressão arterial; vai promover aumento da permeabilidade vascular, causando o
extravasamento de plasma e com isso vai diminuir o volume sanguíneo e
consequentemente o retorno venoso, causando diminuição do débito cardíaco. Além disso,
vai causar edema e se causar o edema de glote vai impedir que o fluxo de ar chegue aos
alvéolos e não haja trocas gasosas. Causará também eritema e prurido.
- Tratamento do choque: Adrenalina é usada para reverter o choque anafilático pois
promove o aumento da pressão, vasoconstrição (diminuindo os edemas das mucosas
palpebral, nasal..). Junto à adrenalina, administra-se o corticóide e anti-histamínico como
um tratamento secundário. o corticóide vai agir nos outros mediadores como
prostaglandinas, leucotrienos que também estão envolvidos nessa reação alérgica.
3) Anti- histamínico
3) ANTI- HISTAMÍNICOS
● ANTI- HISTAMÍNICOS H1
2 classes: Anti-histamínicos H1 de primeira geração e Anti-histamínicos H1 de segunda
geração.
ATENÇÃO: Não são todos os anti-histamínicos de primeira geração que provocam todas
essas reações adversas, pois cada um vai ter modificações químicas diferentes.
- Ação reduzida no SNC, pois eles têm dificuldade de atingir o sistema nervoso
- Interagem preferencialmente com receptor H1, não se ligando com facilidade a outros
receptores (com isso, menos efeitos adversos serão observados nesse tipo de anti-
histamínico).
- Receptores H1 não são apenas antagonistas; eles são constitutivamente ativos. ( mesmo
na ausência de um ligante, já tem uma certa quantidade de receptores ativos no organismo)
- Quando há presença de histamina, ela vai se ligar a esses receptores H1, fazendo com
que uma maior quantidade de receptores permaneça na forma ativa.
- O fármaco anti-histamínico vai se ligar a esses receptores os inativando, fazendo com que
haja uma maior quantidade de receptores inativos. São fármacos agonistas inversos pois na
ausência de ligantes estabilizam os receptores H1 na conformação inativa. Pode-se dizer
também que o anti-histamínico é um antagonista da histamina, pois ao se ligar no receptor
H1, impede que a histamina se ligue.
1) Distúrbios alérgicos
OBS: Se o indivíduo precisa fazer tratamento com anti-histamínico por 30 dias, é preferível
que ele use os se segunda geração pois eles têm dificuldade de interagir com o SNC, não
causando sedação, e tem menos chance de se ligar a outros receptores que não seja o H1,
provocando menos efeitos indesejáveis.
- Insônia (pois os de primeira geração causam a sedação por interagir com o SNC, mas
não são os fármacos de escolha para isso)
Fármacos: Difenidramina, Prometazina (causa muita sedação), Dimenidrinato
Além de causar sedação, esses fármacos diminuem o estado de alerta e desempenho
psicomotor, então são CONTRAINDICADOS para pessoas que precisem estar em estado
de alerta ou precisão.
OBS: Se usar esses fármacos com outros fármacos que também deprimem o SNC, a ação
sedativa vai ser intensificada. Se usar esses fármacos e ingerir álcool, ocorre também uma
ação sedativa aditiva, intensificadora.
- Sonolência e sedação
- Aumento do apetite
- Diminuição da atenção e capacidade psicomotora
- Xerostomia
- Taquicardia
- Retenção urinária
- Visão embaçada, Xeroftalmia
- Vasodilatação
- Hipotensão postural e tontura
- Taquicardia reflexa
Prometazina: sedação antes de cirurgias; anestésico local pois atua como antagonista do
receptor de sódio (promove muito sono e sedação)
- São fármacos de escolha para rinite alérgica e urticária crônica, pois estão menos
associados a efeitos indesejáveis.
- Possuem carga, por isso tem dificuldade de atravessar a barreira hematoencefálica → Não
atingem o SNC.
- Não são usados para insônia nem como anti- heméticos, pois quase não interagem com o
sistema nervoso central.
- Fármacos:
Cetirizina
Fexofenadina (Allegra)
Loratadina: é um pró-fármaco, precisa ser metabolizado. Após a metabolização, se
transforma em Desloratadina.
Desloratadina: é o metabólito da Loratadina
OBS: Paciente com disfunção hepática → preconiza-se Desloratadina, pois não vai
precisar do fígado para metabolizar.
Cetirizina e Levocetirizina mesmo sendo de 2ª geração, ainda causam sono e sedação.
FÁRMACOS ANTI-HISTAMÍNICOS H2
- Agem antagonizando o receptor H2 da histamina que estão nas células parietais, inibindo
a liberação de suco gástrico.
- Usos clínicos: Problemas de estômago (úlceras duodenal e gástrica, refluxo
gastroesofágico esofagite)
- Causam tolerância farmacológica !!!
- Tolerância farmacológica vai causar hipergastrinemia.
- Fármacos:
Ranitidina pode causar câncer, não é mais usada.
Por causa de tantos efeitos adversos, quase não são usados para essa finalidade. Existem
outros fármacos que têm uma ação direta na bomba de liberação de suco gástrico
(omeprazol, pantoprazol…), são mais eficazes e causam menos malefícios nesse contexto,
então são os fármacos de escolha para problemas gastrointestinais.