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UNEMAT – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Campus Universitário

Cáceres. Curso: Bacharelado em Direito - Professor: Felipe Teles Tourounoglou –


6ª fase – Avaliação 1. Data: 23/10/2022
Aluno: Alisson Christian Magalhães de Lurdes
1- Josafá da Silva, agricultor, casado, pai de dois filhos, é abordado ao sair de casa por
dois meliantes, que invadem sua residência. Os bandidos, ameaçando matar a esposa e
filhos do agricultor, exigem dinheiro, que Josafá, homem de poucas posses, informa não
possuir. Os assaltantes, mantendo como reféns os familiares de Josafá, exigem que este
desconte cheques de sua titularidade junto ao comércio local, como forma de levantar
rapidamente a quantia exigida (R$ 2.000,00 – dois mil reais), não obstante Josafá
informe que não possui esse numerário no banco. Ante as ameaças dos bandidos, o
agricultor, desesperado, dirige-se à farmácia de seu Josué, apresentando-lhe um cheque
e solicitando que trocasse o título por dinheiro. O farmacêutico prontamente atende ao
pedido, sem maiores indagações, em face da notória honestidade de Josafá. Logo a
seguir dirige-se ao posto de gasolina de Josias adotando o mesmo procedimento. Com
isso consegue obter a quantia exigida e entrega o resgate aos bandidos, que ainda o
ameaçaram, mandando-o ficar calado, caso contrário voltariam para matá-lo. No dia
seguinte, Josué e Josias dirigem-se à agência bancária, onde apresentam os cheques
recebidos, que, por estarem sem provisão de fundos, tem o pagamento recusado. Josué e
Josias dirigem-se à delegacia, onde prestam notícia crime contra Josafá. Este foi
indiciado por dois estelionatos, na modalidade fraude por meio de pagamento com
cheque, em continuação delitiva. Sabendo da notícia contra ele prestada, Josafá dirigiu-
se à casa de Josué e Josias, onde quitou o débito. Ainda assim, o Ministério Público
denunciou o agricultor por estelionato continuado. O MM. Juiz de Direito da 3.ª Vara
Criminal de Cuiabá recebeu a denúncia determinou a citação de Josafá.

A) Qual o rito para processamento e julgamento do crime cometido por Josafá?


Qual o número de testemunhas podem ser arroladas pela defesa, bem como pela
acusação para o referido rito? Explique e fundamente!
O presente caso trata-se de crime de estelionato, sendo na modalidade fraude por
meio de pagamento com cheque, em continuação delitiva. Nesse viés, o art. 171 prevê o
crime de estelionato, tendo como pena a reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
quinhentos mil réis a dez contos de réis. Com efeito, entende-se que o rito para
processamento e julgamento deste delito é o procedimento comum ordinário, uma vez
que este é aplicado em crimes com a sanção máxima de igual ou superior a 4 anos de
pena privativa de liberdade, nos termos do art. 394, I, CPP.
Outrossim, o procedimento comum ordinário assegura na audiência de instrução
que sejam inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela
defesa no processo pena, conforme art. 401, CPP.
B) Caso Josafá não seja encontrado para ser citado, o que acontece com seu
processo, quais os efeitos e consequências da não citação de Josafá? Explique e
fundamente da maneira mais completa possível.

Ressalta-se os efeitos e consequências no processo do sr. Josefá pela ausência de


citação. Assim, entende-se que o processo é formado a partir da citação do acusado,
conforme o art. 363 do CPP. Observa-se, no presente caso que não houve a citação do
sr. Josefá. Com efeito, o Código de Processo Penal aponta que em caso de ausência de
citação do réu, é precedido a citação editalícia, conforme dispõe o art. 363, §1º.
Outrossim, havendo o comparecimento do réu após a citação por edital, em qualquer
tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. É
imprescindível salientar que o prazo de defesa só começa a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído, em caso de citação
editalícia, conforme art. 396, paragrafo único.
Além disso, é importante salientar também que enquanto o réu não comparecer e
nem constituir advogado, sem motivo justificado, o processo e o curso do prazo
prescricional ficaram suspensos, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
disposto no art. 312, conforme disposto no art. 366 CPP.

C) Caso Josafá tenha sido regularmente citado, qual a peça processual cabível,
exclusiva de quem tem capacidade postulatória, que melhor representa os
interesses de Josafá e deve ser apresentada após a citação do réu?
Após oferecimento de denúncia pelo Ministério Público de crime de estelionato
continuado, o advogado, tendo em vista a sua capacidade postulatória, em primeiro
plano deve apresentar nos autos a peça processual de resposta escrita à acusação, no
prazo de 10 dias, conforme art. 396 do CPP.

C) 1. Caso Josafá não constitua defensor para apresentar a referida peça, quais as
consequências?
Ressalta-se a hipótese de que o sr. Josefá não constitua defensor para apresentar
a resposta à acusação. A esse respeito, o art. 396-A, § 2o salienta que quando não
apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o
juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
C) 2. Caso a referida peça seja apresentada, quais os efeitos podem ser alcançados
por esta, o que pode ser alegado nesta peça?
Sendo apresentado a peça de resposta à acusação, o acusado, por meio do
advogado, poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário, conforme
dispõe art. 396-A. Com efeito, a resposta à acusação é imprescindível ao processo
penal, uma vez que promove o saneamento do processo desde o seu início, evitando
processos temerários que no mais das vezes se transmutam em uma pena ao acusado.

D) Caso a referida peça seja apresentada, qual o último dia para protocolo da
mesma, considerando que Josafá tenha sido citado no dia 07/03/2019?
Em primeiro plano, ressalta-se que a contagem do prazo não se leva em
consideração o primeiro dia, o da citação, mas leva em consideração o último dia do
prazo. Nesse viés, sabe-se o prazo é de 10 dias e a citação ocorreu na data de
07/03/2019, a contagem se dará no dia 08/03/2019, e encerrará no dia 17/03/2019 o
prazo para protocolo da resposta à acusação pelo representante postulatório do sr.
Josefá.

2. De acordo com o art. 415 do Código de Processo Penal, o juiz,


fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando provada a
inexistência do fato, provado não ser ele autor ou partícipe do fato, o fato não
constituir infração penal e demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão
do crime. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput do art. 415 do Código de
Processo Penal ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do
Decreto-Lei n. 2.848/40, salvo quando esta for a única tese defensiva.

A) Explique, fundamentadamente, a diferença entre absolvição sumária e


impronúncia no rito do sumário de culpa do Tribunal do Júri.
Destaca-se a diferença entre a impronúncia no rito do sumário de culpa do
Tribunal do Júri e absolvição sumária. Nesse sentido, a impronúncia no rito do sumário
de culpa do Tribunal do Júri é uma decisão interlocutória de conteúdo terminativo, uma
vez que o magistrado, diante da ausência de provas quanto à materialidade ou indícios
suficientes de autoria ou de participação, nega seguimento à ação penal, encerrando o
juízo de formação da culpa, conforme dispõe o art. 414 CPP. Além disso, ressalta-se
que a decisão de impronúncia não resolve definitivamente o mérito, uma vez que,
enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, novamente poderá ser formulada nova
denúncia, desde que surjam provas novas, conforme dispõe o parágrafo único do
art. 414 do CPP. Por outro lado, a absolvição sumária é uma decisão meritória. A esse
respeito, a absolvição sumária tem previsão legal no art. 415 do CPP, determina que
ação penal se encerre e a acusação seja considera improcedente. Para o feito, é
necessário a prova de suas hipóteses para a absolvição sumária.
Assim, observa-se que enquanto a pronúncia exige provas suficientes para
submeter o acusado a júri, a absolvição exige um conjunto probatório, sendo disposto
hipóteses no art. 415 do CPP.
B) Indique e explique, fundamentadamente, no que consiste a decisão de pronúncia
na 1ª fase do Tribunal do Júri e seus efeitos.
A decisão de pronúncia na 1º fase do Tribunal do Júri é uma decisão
interlocutória que julga admissível a acusação, levando o caso à apreciação do Tribunal
do Júri. Importante destacar que a decisão de pronúncia ocorre quando o juiz tem plena
convicção da existência da materialidade do fato e de fortes indícios de autoria,
conforme o art. 413 do CPP.
A decisão de pronúncia delimita a matéria submetida em julgamento em
plenário, de modo que o juiz pronunciara o acusado, de modo fundamentado. Nesse
viés, o magistrado limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o
dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias
qualificadoras e as causas de aumento de pena, conforme dispõe o §1º do art. 413 do
CPP.

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