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No início, nas fases prodrômicas, o paciente pode sentir-se ansioso e apresentar dificuldade
para se concentrar; está inquieto, com medo e um tanto perplexo. Pode apresentar
hipersensibilidade a luz e sons, dificuldade para adormecer e sonhos ameaçadores ou
pesadelos.
Com o evoluir do quadro, geralmente no fim da tarde e no início da noite, começam a surgir
ilusões visuais e táteis, e a ansiedade e a agitação psicomotora se intensificam. Podem
ocorrer fenômenos do sistema nervoso autonômico (simpático e parassimpático), como suar
profusamente, apresentar febre, taquicardia e tremores, às vezes grosseiros.
Depois de alguns dias, o paciente retorna a seu estado normal de vigília, desaparecendo
todos os sintomas do delirium; geralmente permanecem apenas reminiscências vagas do
que ocorreu.
É importante atentar que, no delirium, com frequência ocorre essa variação temporal marcante, que
pode, inclusive, causar dificuldades diagnósticas consideráveis. Em relação à duração do delirium, o
DSM-5 propõe subdividi-lo em agudo, ou persistente.
Subtipos de delirium: hiperativo, hipoativo e misto
Considera-se atualmente que o delirium pode ser dividido em três formas clínicas, de acordo com o
nível de atividade psicomotora.
Delirium hiperativo: Em torno de 30-45% dos casos, pode-se perceber neste caso o aumento
da atividade psicomotora, com a inquietação ou até mesmo a agitação, pode estar presente
a oscilação de humor com ansiedade, agressividade, ilusões ou alucinações visuais e discurso
confuso. Essa forma de delirium ocorre tipicamente no delirium tremens e em outros casos
associados a intoxicação e abstinência de substâncias. O delirium hiperativo, apesar de
aparentemente mais grave, tem prognóstico melhor.
Delirium Hipoativo: Em torno de 15-25% dos casos, sendo ele o menos comum. É o
contrário do Delirium hiperativo, podendo até mesmo ser confundido com a depressão
grave, é caracterizado pela redução da atividade psicomotora, o paciente apresenta-se de
forma apático, movendo-se pouco e falando pouco, e geralmente com a presença de
sonolência. O Delirium hipoativo por ser pouco comum e com algumas características da
Depressão grave poder ter uma dificuldade de diagnóstico. Costuma ocorrer associada a
encefalopatias metabólicas e lesões neurológicas mais graves. O delirium hipoativo tem
prognóstico pior e implica com mais frequência (que o hiperativo e o misto) a morte do
paciente.
Delirium Misto: Em torno de 40-50% dos casos, sendo ele o mais comum. O paciente
apresenta momentos em que a atividade psicomotora está hiperativa e em outros
momentos hipoativa. Havendo essa oscilação sem que haja uma predominância.
Classificação de subtipos de delirium de acordo com os fatores causais (etiologia)
deve-se esclarecer que muitas vezes o delirium não tem uma causa única; ele representa a
somatória de fatores que em seu conjunto agridem o cérebro e causam o quadro. Há fatores
predisponentes (fatores já estabelecidos que aumentam o risco de delirium) e precipitantes (que
desencadeiam o quadro atual de delirium).
Outras condições importantes são: infecções agudas e estado toxêmico e febril, distúrbios
hidroeletrolíticos, estresses operatórios e pós-operatórios (sobretudo em grandes cirurgias),
trauma cranioencefálico, carências vitamínicas (sobretudo de vitamina B12, ácido fólico, tiamina e
ácido nicotínico). Por fim, podem desencadear delirium situações como estar em unidade de terapia
intensiva (UTI) e, para pessoas muito vulneráveis ou com déficit cognitivo/demência, mudanças
ambientais repentinas, internações, entre outras.
Pesquisa da etiologia e manejo dos quadros de delirium
Na investigação das etiologias do delirium, deve-se realizar pesquisa exaustiva de todas as suas
possíveis causas. Não se deve interromper a investigação quando uma primeira causa tiver sido
identificada, pois é importante lembrar que, na maioria das vezes, os quadros são precipitados por
mais de um fator, com efeito somatório, e todos eles devem ser abordados no tratamento.
Independentemente da rápida identificação das diversas causas do delirium, deve-se estar atento a
quatro possíveis fatores etiológicos, que são particularmente importantes, pois podem causar lesões
cerebrais irreversíveis sendo eles:
Hipoglicemia
Hipoxia por déficit de oxigenação pulmonar. Quando a perfusão cerebral é normal, mas o
sangue não é adequadamente oxigenado. Deve-se identificar rapidamente a causa da hipoxia.