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MANUAL DO FORMANDO

Curso – “Desenvolvimento da Criança” (E-learning)

Módulo 1 – “Brincar”
Curso “Desenvolvimento da Criança”
Módulo 1 “Brincar”

Índice

1 Objetivos ...................................................................................................................................... 3

1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 3

1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................. 3

1.3 Objetivo Operacional ............................................................................................................. 3

2 Introdução .................................................................................................................................... 4

3 Brincar .......................................................................................................................................... 6

4 Brincar Sensorial ........................................................................................................................... 7

4.1 Promoção .............................................................................................................................. 8

4.2 Adequação ............................................................................................................................ 9

5 Conclusão ................................................................................................................................... 10

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Manual elaborado por:
Inês Pereira
ines.d.pereira21@gmail.com
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Módulo 1 “Brincar”

1 Objetivos
1.1 Objetivo Geral
Conhecer a importância do “Brincar Sensorial” no Desenvolvimento Infantil e aprender a
estimular o mesmo.

1.2 Objetivos Específicos


- Saber o que significa “Brincar”
- Aprender em que consiste o “Brincar Sensorial” e como o fazer de uma forma
adequada
- Aprender que utensílios e atividades podem promover o Desenvolvimento Infantil
- Construir uma Caixa Sensorial com materiais de casa

1.3 Objetivo Operacional


- O formando deverá ser capaz, no período máximo de um minuto, enumerar pelo
menos uma razão que justifique a Importância do Brincar no Desenvolvimento da
Criança, em contexto de formação online, através da plataforma zoom e de forma
escrita no bate-papo.

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2 Introdução
O processo de brincar começa com uma atividade que espontaneamente provoca reações
prazerosas. Brincar, para além de um direito, consiste na principal ocupação das crianças.
O Brincar Livre é responsável pela estimulação de inúmeras competências em simultâneo que
nenhuma outra atividade consegue substituir, sendo compreendido como o pilar das
competências de vida necessários ao sucesso.

Desde o nascimento até aos seis anos de idade (pré-escolar) existe o período crítico do
desenvolvimento infantil no qual as crianças precisam muito de ter variadas experiências
sensoriais em todo o corpo. Se as crianças não conseguirem ter movimentos naturais e
experiências de jogos suficientes começam o seu percurso de vida em desvantagem: é provável
que sejam descoordenadas, tenham dificuldades de atenção e de regulação emocional.

Considerando dados referentes a estudos publicados em 2018 em Portugal “40% dos alunos não
sabem saltar à corda nem dar uma cambalhota” e “31% dos alunos revelaram dificuldades em
participar num jogo infantil em grupo”. De acordo com os especialistas de saúde e desenvolvimento
infantil a carga escolar, o excesso dos trabalhos para casa, as atividades extracurriculares para
enriquecimento académico são fatores que desviam as crianças das suas principais necessidades,
como aprender a usar o próprio corpo e explorar o meio com ele - conseguido através do brincar.

De forma geral, a cultura em que vivemos atribui um excesso de valorização à aprendizagem


teórica das crianças. Por outro lado, a evidência científica alerta para o facto de as crianças
terem cada vez menos oportunidades para brincar livremente no pré-escolar (com agentes
educativos como recreios, espaços verdes, árvores) apresentando, por consequência, cada vez
mais problemas ao nível das competências sociais, como saber esperar a sua vez, ser tolerante
à frustração, tempo de permanência sentada e ainda alterações sensoriais.

Desde a conceção intrauterina a criança recebe e utiliza informações sensoriais. Os sentidos são a
forma mais básica e familiar que as crianças possuem para explorar, processar e entender
informações novas do meio ambiente. Por isso, as crianças devem aprender através das suas próprias
experiências e não de forma teórica. Quando as crianças aprendem através dos sentidos estão
também a desenvolver a capacidade de utilizá-los e a construir as vias neurológicas responsáveis por

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cada um. À medida que são mais eficientes na utilização dos seus sentidos, são também mais capazes
de aprender através deles.

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3 Brincar
Brincar estimula a aprendizagem, o desenvolvimento de competências, o sucesso pessoal, académico
e profissional da criança. Assim, constatam-se benefícios a vários níveis:

• Emocional e Cognitivo: permite desenvolver a criatividade, a agilidade mental, a resolução de


problemas, a avaliação de riscos, a autorregulação, a imaginação. Por esse motivo é
importante permitir às crianças explorarem e intrigarem-se acerca do que as rodeia. São estas
mesmas reflexões que possibilitarão uma maior e melhor compreensão de si, dos outros e do
mundo;

• Interação Social: ao brincar as crianças aprendem como devem lidar com o próximo - esperar
a sua vez, confiar, mostrar empatia, partilhar, trabalhar em equipa e desenvolvem
competências de liderança;

• Fortalecimento de Laços: quando as crianças brincam livremente descontraem mais, estando,


por isso, mais propensas a estabelecer relações significativas com quem brincam (familiares,
amigos). Para além disso, quanto mais positiva e relevante for a emoção associada à
brincadeira, mais forte vai ser a memória consolidada da mesma, contribuindo também para a
preservação de laços significativos.

• Motricidade Grossa e Fina: brincadeiras que incluam atividades motoras dinâmicas como
correr, andar de bicicleta, baloiçar, saltar, melhoram os movimentos e fluidez motora das
crianças.

• Imunidade: brincar no exterior (jardim, parque infantil, pátio da escola) e com várias pessoas
diferentes reforça o sistema imunitário.

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4 Brincar Sensorial
O Brincar Sensorial além de estimular competências sensoriais, fomenta as capacidades de
linguagem, de socialização, o jogo simbólico (“faz de conta”), a motricidade global e fina, a
criatividade, o pensamento crítico, as funções cognitivas, a autorregulação, a consciência corporal,
entre outros. As suas principais vantagens centram-se na simplicidade, facilidade, baixo custo,
diversão, motivação e garantia de sucesso.

De salientar ainda que:

- Qualquer brincadeira deve sempre respeitar os interesses, motivações e limites da criança;

- O adulto deve funcionar como um facilitador do desempenho da criança, proporcionando atividades


com o “desafio certo” (nem demasiado fáceis nem muito difíceis) favorecedoras da autonomia e
independência da criança;

- Deve ser dada à criança a oportunidade de brincar de forma livre (imaginar situações da vida real e
reproduzi-las, recorrer a objetos do quotidiano para realizar brincadeiras, induzir a criança a “criar”
com poucos recursos, pois assim haverá um maior recrutamento de competências, ao invés de
utilizar muitos brinquedos comerciais);

- Para maior planeamento e organização das brincadeiras recorrer a horários visuais e/ou aplicações
idênticas para smartphone (como por exemplo a aplicação “Rotina Divertida”). Escolher a opção que
for mais ao encontro da faixa etária, das competências, interesses e gostos da criança;

- Para facilitar a gestão de tempo nas brincadeiras introduzir temporizadores, apitos, buzinas,
cronómetros, ampulhetas. Para além de ajudar a criança a perceber quando termina e acaba uma
brincadeira estes utensílios contribuem ainda para a automonitorização, motivação, autorregulação,
autonomia e poder de decisão da criança;

- Sempre que a criança revelar um desempenho assertivo a brincar o adulto deve dar feedback
através de reforço positivo;

- O adulto deve envolver-se na brincadeira respeitando o rumo da mesma, a criança é agente ativo e
tem o papel principal na escolha do tema. Para além disso, o adulto deve funcionar como modelo de

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brincadeira para que a criança perceba o que é correto fazer e o que não é expectável que aconteça.
Acima de tudo, o brincar a pares deve ser aproveitado para o fortalecimento de relações.

4.1 Promoção
Existem diversas atividades sensoriomotoras, promotoras do Brincar Sensorial, que podem ser feitas
mesmo a partir de casa, seguem-se algumas possibilidades:

• Cantinho Sensorial: deve conter objetos que a criança goste, uma tenda de brincar, um
candeeiro de fibra ótica, um massajador portátil, pufes, almofadas, cobertores pesados,
peluches, projetor infantil, garrafas sensoriais… Podem ser adicionados sons, cheiros e
sabores que sejam do agrado da criança. Este espaço deve potenciar a autorregulação e estar
disponível para que a criança possa ir sempre que esteja emocionalmente sobrecarregada
para obter privacidade, tranquilidade e reconforto ou simplesmente sempre que quiser
relaxar;

• Caixa Sensorial: pode englobar alimentos crus como arroz, massa e feijão, diversas texturas
como areia, água, espuma de barbear, esponja/esfregão da loiça, algodão, esferovite, gelo,
plasticina, digitintas… Os conteúdos podem ser coloridos com corante alimentar de forma a
ficarem visualmente mais apelativos. Podem esconder-se objetos na Caixa Sensorial e pedir à
criança que os tente encontrar apenas através do tato (com os olhos fechados) ou oferecer
diferentes utensílios (colheres, pás, funis, pinças, outros brinquedos) e permitir um brincar
mais livre e criativo. Podem ser adicionados sons (guizos), aromas e sabores (por exemplo
frutas);

• Parques Infantis: permitem uma exploração sensoriomotora rica e diversificada e potenciam a


interação com os pares;

• Tarefas Domésticas: contribuem para aumentar a autonomia e jogo simbólico da criança.


Atividades como tratar da roupa, varrer, limpar o pó, colaborar na confeção de refeições, pôr

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• a mesa, arrumar os brinquedos, jardinagem (num quintal ou mesmo em vasos pedir à criança
que arranque as ervas daninhas, regue as plantas), devem ser adequadas à idade e
caraterísticas da criança. No final a criança pode ser recompensada dando-lhe a oportunidade
de escolher uma brincadeira que goste para realizar;

• Jogo Simbólico: o “faz de conta” é vital para o desenvolvimento infantil já que possibilita
estimulação da criatividade, a compreensão dos papéis da sociedade e a independência da
criança;

• Bolhas de Sabão e Garrafas Sensoriais: podem ser feitas pela própria criança dando-lhe valor e
poder de decisão, fazendo-a sentir-se útil.

4.2 Adequação
Devem ser definidos limites e fronteiras para manter o ambiente minimamente controlado no Brincar
Sensorial, nomeadamente:

- Ser claro relativamente às expetativas;

- Definir previamente a área onde a criança poderá brincar: tabuleiro apropriado para plasticinas,
caixas grandes para materiais maiores, lençol, toalha de mesa, toalha turca (podem ser fixos ao chão
com fita adesiva);

- Quando há muitos objetos fora da área permitida optar por fazer uma pausa na brincadeira.

Se mesmo com as indicações supracitadas a criança revelar dificuldades em brincar, os cuidadores


devem ficar alertas e consultar o pediatra ou médico de família da criança que a encaminhará de
acordo com as suas necessidades.

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5 Conclusão
Em suma, o Brincar Sensorial é vital no desenvolvimento ótimo da criança (sendo o período mais
crítico para o mesmo ocorrer desde o nascimento até aos seis anos de idade). Tem como principais
benefícios:
- Ser fácil e simples de promover, mesmo a partir de casa;
- Ser envolvente, motivador e divertido;
- Aumentar a autonomia e independência da criança.

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Referências Bibliográficas

Parham, L. D., & Mailloux, Z. (2014). Sensory Integration. In J. Case-Smith & J. C. O'Brien (Eds.),
Occupational Therapy for Children and Adolescents (7 ed., pp. 258-303). Missouri: Mosby
Elsevier.
Roley, S. S., Singer, M., & Roley, A. (2016). Ayres Sensory Integration® for Infants and Toddlers.
Retrieved 14 de Janeiro de 2017, from
http://www.instsi.co.za/blikmin_saisi/files/04%20SAISI%20Integration%20for%20Infants%20a
nd%20Toddlers_Article_c.pdf
Schaaf, R. C., Schoen, S. A., Smith Roley, S., Lane, S. J., Koomar, J., & May-Benson, T. A. (2010). A
Frame of Reference for Sensory Integration In P. Kramer & J. Hinojosa (Eds.), Frames of
reference for Pediatric Occupational Therapy (3 ed., pp. 99-184). USA: Lippincott Williams &
Wilkins.
Serrano, P. (2016). A Integração Sensorial no desenvolvimento e aprendizagem da criança. Lisboa:
Papa Letras.

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