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Módulo 1 – “Brincar”
Curso “Desenvolvimento da Criança”
Módulo 1 “Brincar”
Índice
1 Objetivos ...................................................................................................................................... 3
2 Introdução .................................................................................................................................... 4
3 Brincar .......................................................................................................................................... 6
5 Conclusão ................................................................................................................................... 10
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Manual elaborado por:
Inês Pereira
ines.d.pereira21@gmail.com
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1 Objetivos
1.1 Objetivo Geral
Conhecer a importância do “Brincar Sensorial” no Desenvolvimento Infantil e aprender a
estimular o mesmo.
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2 Introdução
O processo de brincar começa com uma atividade que espontaneamente provoca reações
prazerosas. Brincar, para além de um direito, consiste na principal ocupação das crianças.
O Brincar Livre é responsável pela estimulação de inúmeras competências em simultâneo que
nenhuma outra atividade consegue substituir, sendo compreendido como o pilar das
competências de vida necessários ao sucesso.
Desde o nascimento até aos seis anos de idade (pré-escolar) existe o período crítico do
desenvolvimento infantil no qual as crianças precisam muito de ter variadas experiências
sensoriais em todo o corpo. Se as crianças não conseguirem ter movimentos naturais e
experiências de jogos suficientes começam o seu percurso de vida em desvantagem: é provável
que sejam descoordenadas, tenham dificuldades de atenção e de regulação emocional.
Considerando dados referentes a estudos publicados em 2018 em Portugal “40% dos alunos não
sabem saltar à corda nem dar uma cambalhota” e “31% dos alunos revelaram dificuldades em
participar num jogo infantil em grupo”. De acordo com os especialistas de saúde e desenvolvimento
infantil a carga escolar, o excesso dos trabalhos para casa, as atividades extracurriculares para
enriquecimento académico são fatores que desviam as crianças das suas principais necessidades,
como aprender a usar o próprio corpo e explorar o meio com ele - conseguido através do brincar.
Desde a conceção intrauterina a criança recebe e utiliza informações sensoriais. Os sentidos são a
forma mais básica e familiar que as crianças possuem para explorar, processar e entender
informações novas do meio ambiente. Por isso, as crianças devem aprender através das suas próprias
experiências e não de forma teórica. Quando as crianças aprendem através dos sentidos estão
também a desenvolver a capacidade de utilizá-los e a construir as vias neurológicas responsáveis por
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cada um. À medida que são mais eficientes na utilização dos seus sentidos, são também mais capazes
de aprender através deles.
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3 Brincar
Brincar estimula a aprendizagem, o desenvolvimento de competências, o sucesso pessoal, académico
e profissional da criança. Assim, constatam-se benefícios a vários níveis:
• Interação Social: ao brincar as crianças aprendem como devem lidar com o próximo - esperar
a sua vez, confiar, mostrar empatia, partilhar, trabalhar em equipa e desenvolvem
competências de liderança;
• Motricidade Grossa e Fina: brincadeiras que incluam atividades motoras dinâmicas como
correr, andar de bicicleta, baloiçar, saltar, melhoram os movimentos e fluidez motora das
crianças.
• Imunidade: brincar no exterior (jardim, parque infantil, pátio da escola) e com várias pessoas
diferentes reforça o sistema imunitário.
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4 Brincar Sensorial
O Brincar Sensorial além de estimular competências sensoriais, fomenta as capacidades de
linguagem, de socialização, o jogo simbólico (“faz de conta”), a motricidade global e fina, a
criatividade, o pensamento crítico, as funções cognitivas, a autorregulação, a consciência corporal,
entre outros. As suas principais vantagens centram-se na simplicidade, facilidade, baixo custo,
diversão, motivação e garantia de sucesso.
- Deve ser dada à criança a oportunidade de brincar de forma livre (imaginar situações da vida real e
reproduzi-las, recorrer a objetos do quotidiano para realizar brincadeiras, induzir a criança a “criar”
com poucos recursos, pois assim haverá um maior recrutamento de competências, ao invés de
utilizar muitos brinquedos comerciais);
- Para maior planeamento e organização das brincadeiras recorrer a horários visuais e/ou aplicações
idênticas para smartphone (como por exemplo a aplicação “Rotina Divertida”). Escolher a opção que
for mais ao encontro da faixa etária, das competências, interesses e gostos da criança;
- Para facilitar a gestão de tempo nas brincadeiras introduzir temporizadores, apitos, buzinas,
cronómetros, ampulhetas. Para além de ajudar a criança a perceber quando termina e acaba uma
brincadeira estes utensílios contribuem ainda para a automonitorização, motivação, autorregulação,
autonomia e poder de decisão da criança;
- Sempre que a criança revelar um desempenho assertivo a brincar o adulto deve dar feedback
através de reforço positivo;
- O adulto deve envolver-se na brincadeira respeitando o rumo da mesma, a criança é agente ativo e
tem o papel principal na escolha do tema. Para além disso, o adulto deve funcionar como modelo de
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brincadeira para que a criança perceba o que é correto fazer e o que não é expectável que aconteça.
Acima de tudo, o brincar a pares deve ser aproveitado para o fortalecimento de relações.
4.1 Promoção
Existem diversas atividades sensoriomotoras, promotoras do Brincar Sensorial, que podem ser feitas
mesmo a partir de casa, seguem-se algumas possibilidades:
• Cantinho Sensorial: deve conter objetos que a criança goste, uma tenda de brincar, um
candeeiro de fibra ótica, um massajador portátil, pufes, almofadas, cobertores pesados,
peluches, projetor infantil, garrafas sensoriais… Podem ser adicionados sons, cheiros e
sabores que sejam do agrado da criança. Este espaço deve potenciar a autorregulação e estar
disponível para que a criança possa ir sempre que esteja emocionalmente sobrecarregada
para obter privacidade, tranquilidade e reconforto ou simplesmente sempre que quiser
relaxar;
• Caixa Sensorial: pode englobar alimentos crus como arroz, massa e feijão, diversas texturas
como areia, água, espuma de barbear, esponja/esfregão da loiça, algodão, esferovite, gelo,
plasticina, digitintas… Os conteúdos podem ser coloridos com corante alimentar de forma a
ficarem visualmente mais apelativos. Podem esconder-se objetos na Caixa Sensorial e pedir à
criança que os tente encontrar apenas através do tato (com os olhos fechados) ou oferecer
diferentes utensílios (colheres, pás, funis, pinças, outros brinquedos) e permitir um brincar
mais livre e criativo. Podem ser adicionados sons (guizos), aromas e sabores (por exemplo
frutas);
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• a mesa, arrumar os brinquedos, jardinagem (num quintal ou mesmo em vasos pedir à criança
que arranque as ervas daninhas, regue as plantas), devem ser adequadas à idade e
caraterísticas da criança. No final a criança pode ser recompensada dando-lhe a oportunidade
de escolher uma brincadeira que goste para realizar;
• Jogo Simbólico: o “faz de conta” é vital para o desenvolvimento infantil já que possibilita
estimulação da criatividade, a compreensão dos papéis da sociedade e a independência da
criança;
• Bolhas de Sabão e Garrafas Sensoriais: podem ser feitas pela própria criança dando-lhe valor e
poder de decisão, fazendo-a sentir-se útil.
4.2 Adequação
Devem ser definidos limites e fronteiras para manter o ambiente minimamente controlado no Brincar
Sensorial, nomeadamente:
- Definir previamente a área onde a criança poderá brincar: tabuleiro apropriado para plasticinas,
caixas grandes para materiais maiores, lençol, toalha de mesa, toalha turca (podem ser fixos ao chão
com fita adesiva);
- Quando há muitos objetos fora da área permitida optar por fazer uma pausa na brincadeira.
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5 Conclusão
Em suma, o Brincar Sensorial é vital no desenvolvimento ótimo da criança (sendo o período mais
crítico para o mesmo ocorrer desde o nascimento até aos seis anos de idade). Tem como principais
benefícios:
- Ser fácil e simples de promover, mesmo a partir de casa;
- Ser envolvente, motivador e divertido;
- Aumentar a autonomia e independência da criança.
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Referências Bibliográficas
Parham, L. D., & Mailloux, Z. (2014). Sensory Integration. In J. Case-Smith & J. C. O'Brien (Eds.),
Occupational Therapy for Children and Adolescents (7 ed., pp. 258-303). Missouri: Mosby
Elsevier.
Roley, S. S., Singer, M., & Roley, A. (2016). Ayres Sensory Integration® for Infants and Toddlers.
Retrieved 14 de Janeiro de 2017, from
http://www.instsi.co.za/blikmin_saisi/files/04%20SAISI%20Integration%20for%20Infants%20a
nd%20Toddlers_Article_c.pdf
Schaaf, R. C., Schoen, S. A., Smith Roley, S., Lane, S. J., Koomar, J., & May-Benson, T. A. (2010). A
Frame of Reference for Sensory Integration In P. Kramer & J. Hinojosa (Eds.), Frames of
reference for Pediatric Occupational Therapy (3 ed., pp. 99-184). USA: Lippincott Williams &
Wilkins.
Serrano, P. (2016). A Integração Sensorial no desenvolvimento e aprendizagem da criança. Lisboa:
Papa Letras.