Você está na página 1de 4

Matheus

V. Machado
Turma XVI

AMAMENTAÇÃO
Habilidades clínicas VI – Pediatria

1. Compreender a importância do aleitamento materno (AM) e como ela pode afetar o desenvolvimento
materno e infantil.
Além de alimentar a criança, o aleitamento materno (AM) protege a mãe e a criança contra algumas
doenças e promove o desenvolvimento cognitivo e emocional, assim também o bem-estar físico e psíquico
da díade mãe-filho. A AM ocorre quando a criança recebe leite materno, ordenhado ou não, independente de
estar recebendo ou não outros alimentos. Ele pode ser classificado em:
1. AM exclusivo (AME) – sendo a criança recebendo somente leite materno;
2. AM predominante – recebendo, além do leite materno, água e bebidas a base de água;
3. AM complementado – recebendo além do leite materno, alimentos sólidos ou semissólidos
com a finalidade de complementar o leite;
4. AM misto ou parcial – junção de leite materno com outras formas de leite.
A AM é vista como um fator extremamente importante na saúde materna e infantil por: reduzir a
mortalidade infantil em até 13%; reduzir a incidência e a gravidade de diarreia, vias respiratórias e doenças
crônicas; redução das chance de desenvolvimento de alergia; melhor nutrição, sendo um alimentos espécie-
específico; indução ao melhor desenvolvimento cognitivo e inteligência; melhor desenvolvimento da cavidade
bucal; proteção contra doenças na mulher que amamenta; economia; promoção do vínculo afetivo entre mãe
e filho.
Outra importância para o bebê é o desenvolvimento orofacial (funções orais e crescimento
estomatogmático), evitando as chances de má oclusão dental; evitação da obesidade e sobrepeso na vida
adulta; e contribuição para o desenvolvimento cognitivo. Na saúde materna, o processo de amamentação é
importante para favorecer a dequitação placentária, induzir a amenorreia lactacional prolongada, involução
uterina e diminuição das chances de hemorragia pós-parto, além de inúmeras proteções contra o câncer
(mama, ovário, endométrio) e outras doenças, como diabetes tipo 2.
A AM é influenciada por diversos fatores, inclusive fatores que influenciem de forma negativa. Dentre
os fatores associados à menor duração do AM temos: falta de informação adequada; mães adolescentes;
primigesta; gemelaridade; menor escolaridade materna; prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento;
experiência desfavorável com amamentação; trabalho materno fora de casa; e uso de chupeta.

2. Citar as principais contraindicações para a amamentação materna.


A amamentação é indicada em praticamente todos os casos, sendo que quando não é, geralmente
é de forma temporária. A presença do vírus HIV e HTLV é uma contraindicação absoluta. Abaixo a uma
relação de doenças:
CMV Amamentar
Hep A Amamentar
Amamentar desde que aplicadas as vacinas anti-hepatite B
Hep. B
e a imunoglobulina
Amamentar, porém, contraindica se houver fissuras nos
Hep. C
mamilos
Rubéola Amamentar
Caxumba Amamentar
Herpes simples e herpes zoster Amamentar se não houver lesões nas mamas
Amamentar, exceto quando as lesões surgem 5 dias anres
Varicela
a 2 dias após o parto
Sarampo Amamentar
HTLV NÃO Amamentar
HIV NÃO Amamentar
Tuberculose pulmonar Amamentar
Hanseníase não contagiosa Amamentar
Mastite Amamentar
Sífilis Amamentar após tratamento
Brucelose Amamentar após tratamento
Doenças diarreicas Amamentar
Doença de Chagas Amamentar
Malária Amamentar
Amamentação Matheus V. Machado
Hab. Clínicas – 6º período/UniEvangélica Turma XVI
3. Explicar como o processo da amamentação e de desmame é recomendado pelas sociedades pediátricas e
como a mãe deve se comportar no meio social perante a amamentação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde (MS) e Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), todas recomendam AM por 2 anos ou mais, sendo necessário AME nos primeiros 6 meses.
A duração média da amamentação na espécie humana é de 2 a 3 anos com desmame natural. A
amamentação por mais de dois anos apresenta vantagem em razão do valor nutricional que o leite materno
apresenta e da proteção contra infecções.
A utilização da AME até os seis meses foi estabelecida pois não existe vantagem nenhuma de induzir
a uma alimentação complementar antes dessa data, podendo inclusive apresentar prejuízo à saúde da
criança, aumentando as chances de infecção intestinal e hospitalização por doença respiratória.
Existem 10 passos para o sucesso do aleitamento materno que devem ser incentivados a partir do
momento que o bebê nasce e durante o processo de amamentação, sendo um papel do pediatra e de toda
equipe:
1. Ter uma política de aleitamento materno escrita e transmitida para toda a equipe;
2. Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar a
política;
3. Informar as gestantes sobre os benefícios e o manejo do AM;
4. Ajudar as mães a iniciar o AM na primeira meia hora após o nascimento;
5. Mostras às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo que separada dos
filhos;
6. Não oferecer aos recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno;
7. Praticar alojamento conjunto;
8. Incentivar o aleitamento materno a livre demanda;
9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas;
10. Promover grupos de apoio à amamentação.

Desmame
O desmame é uma fase do desenvolvimento que deveria ocorrer naturalmente, sob a liderança da
mãe. Quando o desmame é natural, a transição amamentação/desmame é mais tranquila, menos
estressante, preenche as necessidades da criança e fortalece a relação mãe-filho. Geralmente ocorre entre
2 a 4 anos, sendo que a criança já apresenta menos interesse nas mamadas, aceita bem outros alimentos,
é segura na sua relação com a mãe, aceita outras formas de consolo, aceita não ser amamentada em certas
ocasiões e locais, dorme sem mamar no peito, mostra pouca ansiedade quando encorajada a não mamar e
prefere brincar ou fazer outra atividade do que mamar.
O desmame abrupto não é indicado em nenhuma hipótese, podendo precipitar o ingurgitamento
mamário, estase do leite e mastite, além de tristeza e depressão na mãe. Na criança, pode ocorrer sentimento
de rejeição, insegurança e rebeldia.

4. Explicar o processo e as fases de formação do leite materno (alterações hormonais) e qual a composição
desse leite e acordo com o momento da lactação.
Uma mulher adulta apresenta glândulas mamárias responsáveis pela produção de leite. Cada
glândula é formada de 15 a 25 lobos mamários e cada um com cerca de 10 a 100 alvéolos, sendo que
envolvendo esses alvéolos existem as células mioepiteliais. Inicialmente o leite é secretado nos alvéolos e
conduzido ate os ductos mamários, que conectam os alvéolos até a aréola. Durante as mamadas, enquanto
o reflexo de ejeção do leite está vindo, os ductos sob a aréola se enchem e se dilatam, formando os chamados
seios lactíferos.

FASES DO ALEITAMENTO

Para a preparação de todo esse processo de aleitamento, tudo se inicia na fase I da lactogênese,
onde a mama é preparada pela ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrógeno, que é
responsável pela ramificação dos ductos, e a progesterona, que envolve a formação dos lobos. Outro
hormônio importante para acelerar do crescimento das mamas é o hormônio lactogênio placentário, prolactina
e gonodotrofina coriônica. Mesmo com altas concentrações de prolactina, a presença de lactogênio
placentário impede a secreção de leite.
Após o nascimento, na fase II da lactogênese, devido a queda dos níveis de progesterona e a
retirada da placenta, retirando os hormônios que ela produzia, ocorre o início de secreção do leite. A síntese
e a ejeção de leite é controlada pela ação hormonal, sendo que nessa fase os hormônios vão se regulando
de acordo com o estímulo do recém-nascido. Essa é a fase de secreção do colostro.
2
Amamentação Matheus V. Machado
Hab. Clínicas – 6º período/UniEvangélica Turma XVI
A ultima fase, fase III da lactogênese ou galactopoese, é a fase que persiste até o final da lactação,
sendo nela a secreção de leite feita por controle autócrino e dependente primordialmente da sucção do bebê
e do esvaziamento da mama. Qualquer fator materno ou da criança que limite o esvaziamento das mamas
pode diminuir a síntese do leite por inibição mecânica e química; isso pois a remoção completa do leite
também é responsável pela retirada dos fatores de controle de feedback negativo para a produção do leite.
Outro fator é que o acúmulo de leite presente nos alvéolos distorce a arquitetura celular e impede a nova
produção de leite.
Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, devido ao estímulo
da prolactina, que é liberada devido a inibição da ação da dopamina. A prolactina e a ocitocina são hormônios
importantes para a produção e a excreção do leite, respectivamente, sendo hormônios ativados pela
estimulação dos mamilos sobre ação da sucção da criança. A resposta da ocitocina também pode ser
influenciada por fenômenos visuais, olfativos e auditivos, assim como dor, desconforto, estresse, ansiedade,
medo, insegurança e falta de autoconfiança pode inibir a lactação.
A secreção de leite aumenta de menos de 100 ml/dia no início da lactação para até 600 ml/dia no 4º
dia em média, podendo alcançar 850 ml/dia no 6º mês de AME. Durante o AM, o bico mamário protruso é o
melhor.

COMPOSI ÇÃO DO LEI TE MATERNO

Mesmo que mulheres em todo o mundo apresentem alimentações completamente diferente, a


composição do leite materno acaba apresentando características homogêneas quanto à sua composição.
Somente mulheres com desnutrição grave apresentam composição do leite afetado, quanto qualitativa quanto
quantativamente.
O leite maduro é somente secretado por volta do 10º dia pós-parto. Nos primeiros dias, na fase II da
lactação, a secreção láctea é chamada de colostro. O colostro é formado de proteínas, lactose e gordura,
assim como todos os leite. O principal carboidrato do leite materno é a lactose e a principal proteína é a
lactoalbumina. As gorduras são o componente mais variável do leite, sendo responsáveis por cerca de 50%
das necessidades energéticas do bebê.
Com o decorrer da amamentação,
podemos perceber a mudança do perfil de
composição do leite. A figura abaixo
demonstra esse processo. O colostro é um
leite rico em proteínas e lipídio em
comparação com os próximos estágios,
que com o início da galactopoese, passa a
apresenta diminuição do lipídio e da
proteína.
Com a fase III da lactação, o leite
se torna maduro, com concentrações de
lactose maior o colostro. Na mesma
mamada, o leite inicia como o leite maduro
e termina como leite posterior. A
necessidade do lipídio na criança é
importante, sendo que a mãe deve deixa o
Colostro Leite maduro Leite posterior bebê mamar até o fim de cada peito para
Lactose Proteínas Lipídios
poder achar o leite posterior.
É indicado a suplementação do
recém-nascido pelas vitaminas K, D e
ferro.
Outro elemento do leite que é importante é a sua cor, variando ao longo da mamada e de acordo
com a alimentação materna.

Proteção contra infecções


O leite também apresente inúmeros fatores importantes para o sistema imune do bebe. Os principais
componentes imunológicos são: imunoglobulina A, fator bífido, lactoferrina, oligossacarídeos e demais fatores
inespecíficos. A imunoglobulina A é um fator específico para proteção de mucosas, principalmente a
intestinal. Como proteína, ela consegue passar de forma inalterada pela degradação proteica do estomago
devido ao alto peso molecular, conseguindo permanecer ativar após o estomago do bebê. O fator bífido,
somado a lactose, é responsável por favorecer a microbiota saprófita, deixando o pH intestinal mais básico e
desfavorecendo outras bactérias patogênicas. A lactoferrina é uma substância necessária para aumentar a

3
Amamentação Matheus V. Machado
Hab. Clínicas – 6º período/UniEvangélica Turma XVI
biodisponibilidade do leite materno, sendo um importante fator de proteção contra anemia, e diminuir a
disponibilidade de ferro para microrganismos patógenos. Os oligossacarídeos são fatores imunológicos de
alteração dos receptores das células intestinais par dificultar o reconhecimento pelos patógenos.
Dentre os fatores inespecíficos, pode ser encontrado no leite materno a lisozima, fator antisséptico
produzido por macrófagos e neutrófilos.

BOA PEGA E BOM POSICIONAMENTO

5. Descrever como deve ser a boa pega e o bom posicionamento.


Boa pega Bom posicionamento
1. Aréola um pouco mais visível acima da 1. Rosto do bebê de frente para a mama,
boca do bebê; com nariz em oposição ao mamilo;
2. Boca bem aberta; 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe;
3. Lábio inferior virado para fora; 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados
4. Queixo tocando a mama; (pescoço não torcido); e
4. Bebê bem apoiado.

Bibliografia
BURNS, Rabelo, D. A., JÚNIOR, C., Dioclécio, SILVA, Rodrigues, L., BORGES, Wellingt. Tratado de
Pediatria, Volume 1. [Minha Biblioteca]. Seção 6 – Aleitamento materno (p.311-348). Retirado de
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520455869/

Você também pode gostar