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Fundamentos da Psicologia Comunitária 2022.

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Claudiana Ramos da Silva

Exercício 2

Introdução

Tomando como base o documentário “Pro dia nascer feliz”, pretendo me debruçar sobre o
problema da "desmotivação dos professores" (abordado sobretudo nos minutos 15:00, 39:00 e
1:15:24) e a forma como poderia trabalhá-lo.

Inicialmente, a fala dos professores no documentário citado indica que esse fato se deve a
própria falta de interesse do aluno pelas aulas, o desrespeito por parte dele, além de uma sobrecarga
de trabalho. Diante disso, proponho que parte da questão envolve a relação do professor com o aluno.
Entendendo que “as representações sociais - enquanto sistemas de interpretação que regem nossa
relação com o mundo e com os outros - orientam e organizam as condutas e as comunicações sociais”
(Jodelet, 1989, p. 22), suponho que a representação que o estudante possui do professor esteja
influenciando essa forma de agir para com ele, bem como o inverso se aplica. A intervenção que
proporei a seguir presume que essa hipótese seja correta, embora isso só possa (e deva) ser confirmado
através de uma investigação.

Justificativa

Além de modelarem as ações dos grupos, as representações sociais também são modeladas
por elas e, sendo assim, podem ser modificadas a partir das práticas presentes (Campos, 1996).
Levando em isso conta, para mudar as representações dos estudantes e assim conseguir uma melhora
na relação e na motivação dos professores, é necessário propor práticas. Ao mesmo tempo, elas não
podem ser definidas a priori porque devem estar em contradição com o sistema representativo para
desequilibrá-lo (Costa, 2006) e, sendo assim, é necessário primeiro conhecê-lo. Dessa forma, são
necessárias uma investigação das representações seguida de uma prática que tome o resultado da
mesma como base para poder modificá-la.

Objetivos

Dito isto, o objetivo da proposta é analisar as representações sociais dos alunos e professores
de uma escola acerca do professor, do aluno e da relação entre eles e realizar uma intervenção que
contribua para a mudança dessas representações.

Público-alvo

Professores e alunos de uma comunidade escolar.

Método

Levando em conta os aspectos antes citados, inicialmente eu marcaria e realizaria uma reunião
com a direção para me apresentar, explicar a proposta e os objetivos das ações, bem como articular
os momentos e o espaço onde elas poderiam se dar. Em uma coleta inicial para avaliação posterior
das ações, aplicaria questionários com os alunos sobre o quanto o comportamento dos professores
seria adequado na sala-de-aula em uma escala de 0 a 5, bem como com os professores com a mesma
pergunta, mas tendo os alunos como foco, e com uma pergunta sobre o quão motivados se sentem
com o trabalho na mesma escala de resposta.
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Claudiana Ramos da Silva

Posteriormente, para investigar as representações do público citado, eu comporia grupos


focais com as categorias por separado (professores e alunos), já que este tipo de estratégia proporciona
entrevistar mais de um sujeito ao mesmo tempo. Para isso, faria o convite aos professores para
participar do grupo focal e também aos alunos nas salas quando da aplicação dos questionários.
Seriam formados um grupo com os docentes e dois com os estudantes, cada um com no máximo 10
participantes.

Seria realizada, então, uma sessão de duas horas com cada um dos grupos, com um momento de
quebra-gelo seguido de perguntas abertas a respeito do tema direcionadas para todo o grupo, que
poderiam mais aprofundadas de acordo com as resposta. As seguintes perguntas seriam feitas em
ordem não definida:

 O que você acha que um estudante deve fazer?

 O que você acha que um professor deve fazer?

 O que eles não devem?

 Como eles devem ou não devem agir na sala-de-aula?

 O que os alunos precisam dos professores?

 O que os professores precisam dos alunos?

 Como deve ser a relação entre eles e como não deve ser?

As sessões seriam gravadas e seria feita uma análise de conteúdo das mesmas. Uma vez isso
tivesse sido feito e eu entendesse as representações que os grupos possuem, montaria uma
dramatização, na qual o tema fosse a relação professor-aluno e na qual eles enquanto personagens
tivessem práticas que se oporiam aos aspectos da representação que pudessem estar causando o
problema identificado, caso realmente o houvesse. Inicialmente, haveriam duas dramatizações, uma
para os professores e uma para os alunos, mas caso houvesse complementaridade entre elas, poderia
se analisar a possibilidade de fazer uma só.

Uma vez que ela tivesse sido construída, seria apresentada a proposta de intervenção e a
dramatização à diretoria, bem como os resultados da pesquisa anterior e solicitar-se-ia a autorização
para intervir bem como de um espaço e tempo para isso. Nesse segundo momento, as ações deveriam
atingir a comunidade escolar de forma mais ampla: além de todos os professores, cada turma teria a
possibilidade de participar caso quisesse. Nesse sentido, a dramatização seria feita com uma turma
por vez a partir de um convite e teria duração de 2 horas envolvendo: minha apresentação,
apresentação do trabalho feito até então na escola e do roteiro da dramatização, divisão de papéis,
encenação propriamente dita e discussão sobre como cada um se sentiu nela.

Uma vez finalizadas todas as dramatizações, novamente seria aplicado o questionário sobre o
comportamento dos alunos e professores e outra vez após 6 meses. Logo, se analisariam todos esses
dados e uma conclusão a respeito da intervenção seria montada em um relatório a ser apresentado a
toda a comunidade escolar.
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Claudiana Ramos da Silva

Resultados esperados

 Modificação das representações sociais de professores e alunos acerca da relação entre eles e
do seu papel.

Referências

Campos, R.H.F. (1996). Psicologia comunitária, cultura e consciência. In: R.H.F. Campos (Org.),

Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia (pp. 81-99). Petrópolis: Vozes.

Costa, F. G. (2006). A tomada de consciência e o grupo focal na transformação das representações

sociais do envelhecimento: uma pesquisa de intervenção (Tese de doutorado, Universidade

de Brasília). Recuperado de https://repositorio.unb.br/handle/10482/6673

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In: D. Jodelet (Org.), As

representações sociais (p. 17-44). Rio de Janeiro: EdUerj.

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