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ABSTRACT
1. Introdução
[...] a docência se instaura na relação social entre docente e discente. Um não existe
sem o outro. Docentes e discentes se constituem, se criam e recriam mutuamente,
numa invenção de si que é também uma invenção do outro. Numa criação de si porque
há o outro, a partir do outro.
[...] conjuntos de leis, regras ou normas escritas adotadas segundo seu grau de
formalização e, quando estas não estão enunciadas de maneira manifesta e explícita,
podem ser hábitos ou regularidades de comportamentos que regem a conduta social
que criva as organizações, os estabelecimentos, os grupos e os movimentos. Por isso
instituição exige a presença de um soberano a quem cabe ligar os aparelhos
mediadores, cristalizando papéis e fazendo aparecer a burocracia, o comando, a
obediência, a verticalidade, enfim, a função de supervisão vigilante e reguladora
(COSTA, 2009, p. 58).
Forma-se, então, uma política das coerções que são um trabalho sobre
o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos e de
seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o
esquadrinha, o desarticula e o recompõe (FOUCAULT, 2009, p. 133).
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2. Objetivos
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3. Metodologia
4. Resultados
é aquele que não trata o aluno somente como aluno, mas como “pessoa”, que
conversa “não só coisas da aula” e que dá liberdade para os alunos virem até
eles conversarem, “brincar” com eles.
Autoridade docente
Por outro lado, algumas falas demonstram que o professor deve saber “dosar”
a “amizade e a liberdade” que dão para os alunos, porque senão o professor
pode perder o controle da sala. Se por um lado percebem alguns professores
como “muito autoritários”, por outro lado notam que alguns professores não têm
“firmeza” com a sala e “não disciplinam” a turma de alunos, o que ocasiona
“muita bagunça” na sala.
As sanções normalizadoras
[...] o bom aluno é aquele assim quando a pessoa tem a nota boa é outro tratamento.
[...] eles acham a gente um fracasso porque a gente não é robô e não vai fazer
faculdade”.
[...] só porque os outros não têm um futuro brilhante pode humilhar a gente?
[...] e o professor de ‘K’ que comparou a gente com o filho dele de oito anos que tá na
segunda série e estuda na “Van Gogh”, falou que o filho dele é aplicado, estuda mais
que a gente, sabe mais que a gente, comparou o filho dele com nóis.
[...] eles comparam a gente com aluno de escola particular, falando que a gente não
estuda nem metade do que eles estudam, que a gente não tem chance porque não
estuda, ou a gente faz o que pode, mas tem que trabalhar.
Em uma das entrevistas, uma aluna contou sobre os projetos “extra sala de
aula” que ocorrem na escola e demandam o envolvimento de alunos e
professores do Ensino Médio. Quando tais projetos acontecem, a
coordenadora e os professores escolhem, segundo os alunos, somente os
“bons” alunos, com boas notas, para participarem, e estes projetos passam
“desapercebidos” pela grande maioria dos alunos que, inclusive no momento
da entrevista, questionaram as colegas que participaram de um dos projetos
sobre “do que se tratava”.
vídeo, dar aula na quadra, falar de temas pelos quais eles têm interesse ou
propor atividades de interação entre os alunos na sala de aula, ou seja, quando
o professor não fica “só falando a matéria”. Essas iniciativas fazem as aulas
ficarem mais interessantes, e os alunos acreditam que se envolvem mais e
“aproveitam a aula”.
Por outro lado, falam sobre o professor que “não tem firmeza para
ensinar”, que é a figura docente que disciplina pouco o grupo de alunos e,
portanto, a sala de aula fica “uma bagunça”. Ou seja, se por um lado os alunos
denunciam um modo disciplinar rígido e autoritário adotado na interação por
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maneira, vemos os dois lados aprisionados por uma escola que ainda funciona
pautada por dispositivos disciplinares, restando ao professor ter um modo
autoritário de interação na sala de aula para que os alunos o “escutem”; ou
desistindo de disciplinar o grupo, como sugere os alunos quando falam do
professor “que não tem firmeza com a sala”. Alguns professores, entretanto, ao
promoveram estratégias diferentes para experimentar a sala de aula,
promovendo novas formas de interação com o aluno, abordando os conteúdos
de maneiras diferentes à estratégia transmissiva, são valorizados pelos alunos,
que percebem uma adesão maior da sala à aula.
[...] nóis aqui nóis mora tudo no bairro, mora aqui, sabe professora, nóis é daqui, então
eles acham que a gente não tem futuro, que vai virar tudo traficante, que nóis não faz
nada, que não tem futuro, que não gosta de estudo, pra eles é isso, que jeito que eles
fala, a professora Dorothy falou ‘ah vocês não vai passar no vestibular não vocês não
presta atenção’, que não presta, eles põe a gente no chão, nós tirou nota vermelha na
prova de ‘D’, a maioria, a Dorothy acabou com nós, precisa ver, falou assim ‘vocês não
faz nada não estuda’.
6. Conclusão
Por outro lado, foram observadas, pelos alunos, outras formas de exercício de
poder. Alguns professores têm “firmeza para ensinar” e colocam regras rígidas
para a sala exigindo que os alunos se comportem como “robôs”. Os alunos
destacaram ainda que alguns professores não “têm firmeza para ensinar” e
disciplinam pouco os alunos, portanto a sala de aula fica uma bagunça. Ou
seja, se por um lado os alunos denunciam um modo disciplinar rígido e
autoritário adotado na interação por parte de alguns professores, por outro
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7. Referências bibliográficas
DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo:
Escuta, 1998.