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Protocolos de Avaliação de Aptidão cardio-

respiratória

A avaliação de Aptidão cardio-respiratória é realizada através dos testes 1 Mile Walk


(Kline et al., 1975) e Protocolo 1 Mile Run (George et al.,1993).

Vamos ver passo a passo um exemplo concretizado destes testes e mais


precisamente da resolução das suas equações.
Tomemos este exemplo:

O Profissional deve recolher os seguintes dados acerca do cliente:

• Nome: António Serpa


• Idade: 38 anos
• Peso (kg): 74kg

O Profissional deve ainda calcular a Frequência Cardíaca Máxima Teórica através da


Fórmula de Tanaka:

Frequência Cardíaca Máxima Teórica = 208 – (0,7× idade) = Bpm

Assim:

Frequência Cardíaca Máxima Teórica = 208 – (0,7× 38) = 181,4 ≈ 181Bpm

Neste caso obedecemos à regra das operações matemáticas e multiplicámos 1º o que se


encontra entre parêntesis e depois é que realizámos a subtracção. As multiplicações ou
divisões são sempre resolvidas em 1º lugar mesmo que não se encontrem entre
parêntesis. Uma vez que o valor tem uma casa decimal que não chega a 5 podemos
arredondar por defeito o valor obtido, ou seja para baixo. Caso fosse superior a 5 iríamos
arredondar por excesso, ou seja para cima.

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181 Bpm é a Frequência Cardíaca Máxima Teórica do Sr. António Serpa

De seguida o Profissional calcula 85% da Frequência Cardíaca Máxima do Cliente que


servirá como já foi explicado na Unidade 1, Tópico 2, para procedimento de interrupção
caso esse valor seja atingido. A partir deste valor o teste deixaria de ser sub-máximo e
tanto o Profissional como o Cliente estariam em risco. Testes máximos requerem
supervisão médica obrigatória e equipamentos específicos.

Assim:

85% de 181 Bpm = 0,85 x 181= 153.85 ≈ 154 Bpm


Este seria o valor de Frequência Cardíaca a partir do qual o teste seria dado por
terminado.

Antes de se iniciar o protocolo o Profissional deverá instruir o Cliente acerca do mesmo e


colocar-lhe um cardio-frequencímetro para monitorização da Frequência Cardíaca durante
e no fim do protocolo de teste.

Aplicação dos Protocolos de Teste da Milha, 1 Mile Walk (Kline et al., 1975) e Teste da
Milha/Corrida, 1 Mile Run (George et al., 1993).

• O Cliente percorre uma milha terrestre, 1609 metros precisamente, a andar na


passadeira, a cerca da 5-6 km/hora ou a correr no máximo a 12km/hora para os
homens e 10 km/hora para as mulheres. Esta é a máxima velocidade permitida no
protocolo mesmo que o cliente consiga correr a maior velocidade. O ideal é que o
cliente corra à velocidade que lhe é confortável, até este máximo acima
mencionado.

• O Profissional regista a Frequência Cardíaca do cliente imediatamente após a


conclusão do protocolo, através da monitorização da mesma com cardio-
frequencímetro. O protocolo termina quando é alcançada a distância pretendida,
1609 metros.

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• O Profissional regista a Frequência Cardíaca do cliente no fim do protocolo e o
tempo que este levou a percorrer essa distância.

• O profissional assegura o retorno à calma do cliente. Um bom critério para retorno


à calma é a Frequência Cardíaca baixar até valores de 100 Bpm ou até perto da de
repouso antes do início do protocolo.

• O profissional determina o valor de VO₂máx do cliente através das seguintes


equações:

Protocolo 1 Mile Walk (Kline et al., 1975)


VO2max (ml.kg-1.min-1) = 132.853 – (0.1692 x peso, kg) – (0.3877 x idade) + (6.315 x género) –
(3.2649 x tempo, min) – (0.1565 x FC)

Protocolo 1 Mile Run (George et al., 1993).

VO2max (ml.kg-1.min-1) = 100.5 + (8.344 x género) – (0,1636 x peso, kg) – (1.438 x tempo, min)
– (0.1928 x FC)

Género Masculino = 1
Género Feminino = 0

Para resolução destas fórmulas precisamos dos dados recolhidos antes e durante o
protocolo e vamos usar outra vez as regras das operações matemáticas. Primeiro
resolvemos tudo o que está entre parêntesis:

Peso: 74kg
Idade: 38 anos
FC registada no fim do protocolo da Milha: 136 Bpm

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Género: Masculino (vamos usar a ponderação 1 para multiplicar pelo valor dentro do
parêntesis, mas já sabemos que qualquer número multiplicado por 1 fica igual. Caso se
tratasse de um cliente do género feminino a ponderação seria 0 pois sabemos que
qualquer número multiplicado por 0 é igual a 0)

Tempo: 14 minutos e 50 segundos. Para o tempo temos que ter em atenção o seguinte.
Os segundos são arredondados de forma a se aproximarem de ¼, ½ ou ¾ de 1 minuto,
ou seja, 25% de 1 minuto, 50% de 1 minuto ou 75% de um minuto.

Vejamos desta forma prática: 14 minutos e…

1 a 7 segundos não têm representação. Ficaria só 14 minutos.


8 a 22 Correspondem a 25%. Ficariam 14,25 minutos.
23 a 37 Correspondem a 50%. Ficariam 14,50 minutos
38 a 52 Correspondem a 75%. Ficariam 14,75 minutos
≥ 53 segundos avançam para a unidade seguinte, um minuto, logo 15

Neste exemplo específico estamos a 75 % de um minuto e como tal usamos a expressão


matemática: 14,75.

Imaginemos que tinham decorrido 14 minutos e 15 segundos. Ora 15 segundos são ¼ de


um minuto e portanto 25 % de 1minuto. Logo iríamos usar a expressão matemática: 14,25

Outro exemplo ainda, caso tivessem decorrido 14 minutos e 33 segundos.


33 Segundos seriam arredondados para 30 segundos, que correspondem a ½ de 1
minuto e portanto 50% de 1 minuto. Assim usaríamos a expressão matemática: 14,50 ≈
14,5
Estas operações são complexas e portanto é aconselhado que na prática haja uma tabela
com as equivalências acima descritas para maior exequibilidade no momento do cálculo.

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Procedemos aos cálculos que vamos escrevendo sucessivamente:

VO₂máx. (ml.kg-1.min-1) = 132,853 – (0, 1692 x 74) – (0, 3877 x 38) + (6,315) – (3, 2649 x
14, 75) - (0, 1565 x 136)

VO₂máx. (ml.kg-1.min-1) = 132,853 – 12, 5208 – 14, 7326 + 6,315 – 48, 1572 – 21,284

VO₂máx. (ml.kg-1.min-1) = 42,47 ml.kg-1.min-1

Com este valor calculado podemos consultar as tabelas de VO₂máx que se encontram na
Biblioteca na Folha Técnica de avaliação da Aptidão cardio-respiratória CEF®, e aferir a
aptidão cardio-respiratória do Sr. António Serpa. Esta resolução foi para o Protocolo da
Milha a andar, no caso do Protocolo da Milha/ Corrida os Procedimentos são exactamente
os mesmos mas com a fórmula respectiva. Note-se que na aplicação do Protocolo da
Milha/ Corrida a Frequência Cardíaca no final será mais elevada e o tempo levado para
percorrer a milha será menor.

Podem ver na Biblioteca um exemplo de Folha Técnica de avaliação da Aptidão cardio-


respiratória CEF®, para aplicação de protocolos de Testes da Milha e Milha/Corrida. Mais
à frente pode ainda encontrar as Tabelas com os percentis de VO₂máx. para género
masculino e género feminino. Estas tabelas dão informação acerca do estado funcional do
sistema cardio-respiratório. Podem igualmente encontrar a tabela com a escala de
Percepção Subjectiva de Esforço de Borg para ser usada como co-factor de avaliação da
intensidade da prova ou critério de interrupção. Esta Folha Técnica é só um exemplo.
Muitos são os ginásios e Health Clubs que têm outras semelhantes ou até mesmo muito
diferentes.

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Escala de Borg – Percepção Subjectiva de
Esforço
A Escala de Borg é uma ferramenta de trabalho muitíssimo útil, fiável e que permite
estabelecer comparação entre a informação acerca da Frequência Cardíaca que é
registada através do cardio-frequencímetro ou medição da frequência cardíaca manual e
outros sinais de fadiga, mal-estar e desconforto por parte do cliente. Para além do mais,
estabelece uma melhor relação entre o Profissional e o Cliente no momento da avaliação
da Aptidão cardio-respiratória, momento este de tensão por parte do cliente. O seu uso
demonstra preocupação constante com o bem-estar do Cliente por parte do Profissional.

Observemos a Escala de Borg:

Esta escala é composta por 3 tipos de


informação:

Cores: As cores vão das mais frias,


logo correspondendo a esforços
menos intensos, até às cores mais
quentes, que correspondem
naturalmente a esforços mais intensos.

Escala Numérica: Os números do lado


esquerdo vão aumentando de valor à
medida que a intensidade aumenta.

Palavras-chave: As palavras-chave
são a verbalização comum e a forma
normal como nos referimos a
intensidades. Estas devem ser usadas
pelo Profissional em ligação estreita
com a Escala Numérica.

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De que forma é aplicada a Escala de Borg?
O Profissional deve explicar ao Cliente, de preferência antes do inicio do protocolo de
avaliação de que forma está estruturada a Escala de Borg, qual o seu fim e como irá ser
interpretada.

Existem 3 formas do Cliente se referir à intensidade:


• Apontar na Escala de Borg uma cor
• Referir um número
• Verbalizar o que sente

O Profissional deverá sempre incentivar o uso da 3ª hipótese porque tal possibilita maior
contacto com o Cliente e aferição de maior informação sobre o estado do Cliente. O uso
conjunto dos restantes indicadores é também aconselhado. Através de perguntas
assertivas e concisas o Profissional pode caracterizar correctamente a intensidade do
esforço e o estado de condição física do Cliente:

Ex: Sente fadiga muscular nas pernas?


Sente dificuldade em respirar?
Como estão as suas costas?

Note-se porém que esta escala está classificada como subjectiva, logo não tem uma
interpretação única e varia de cliente para Cliente e da percepção do próprio, o que
remete para a capacidade de observação e avaliação por parte do Profissional. Através
da sua utilização o Profissional pode começar a traçar melhor o perfil de personalidade do
Cliente. Tomemos o exemplo de um Cliente cuja Frequência Cardíaca está já bastante
elevada, cuja respiração está já ofegante mas que se refere à intensidade do esforço, na
Escala de Borg, como um 12 ou 13. Poderá este Cliente gostar de esforços intensos e ver
neles um desafio? Gostará de mostrar uma imagem de bravura? Todas estas questões
são importantes para o Profissional e colocam-no na posição de spotter, já explicada na
Unidade 3, posição essencial para o sucesso nesta profissão.

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As tabelas de VO₂máx.

As tabelas de VO₂máx. servem para classificarmos o estado funcional do Sistema


cardio-respiratório. Estas estão organizadas por intervalos de idade, de VO₂máx e do
percentil a que estes dois indicadores pertencem. Um percentil é um posicionamento. No
caso do VO₂máx percentil maior é o de 90 e a este correspondem os valores mais
elevados de consumo de oxigénio para cada um dos intervalos de idade. O ideal é que o
Cliente se posicione nos percentis superiores, correspondendo isso a uma melhor aptidão
cardio-respiratória. No entanto e infelizmente, não é isso que geralmente se verifica.
Vamos olhar para as tabelas abaixo e verificar em que percentil se encontra o nosso
caso. O Sr. António Serpa com 38 anos apresentou um valor de VO₂máx na sua avaliação
de 41, 06 (ml.kg-1.min-1).
Ao consultarmos a tabela para o género masculino, vemos que o Sr. António Serpa
se encontra no percentil 50, ou seja que tem uma aptidão cardio-respiratória mediana.

QUADRO 4.7 Valores do Percentil para 
Potência Aeróbica Máxima (ml/Kg/min)*

Idade 
20‐29  30‐39  40‐49  50‐59  60‐69
Percentil
Homens
90 51,4  50,4  48,2  45,3  42,5
80 48,2  46,8  44,1  41,0  38,1
70 46,8  44,6  41,8  38,5  35,3
60 44,2  42,4  39,9  36,7  33,6
50 42,5  41,0  38,1  35,2  31,8
40 41,0  38,9  36,7  33,8  30,2
30 39,5  37,4  35,1  32,3  28,7
20 37,1  35,4  33,0  30,2  26,5
10 34,5  32,5  30,9  28,0  23,1

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Mulheres
90 44,2  41,0  39,5  35,2  35,2
80 41,0  38,6  36,3  32,3  31,2
70 38,1  36,7  33,8  30,9  29,4
60 36,7  34,6  32,3  29,4  27,2
50 35,2  33,8  30,9  28,2  25,8
40 33,8  32,3  29,5  26,9  24,5
30 32,3  30,5  28,3  25,5  23,8
20 30,6  28,7  26,5  24,3  22,8
10 28,4  26,5  25,1  22,3  20,8

Dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Aérobica, Dallas, Tx (1994)

Adaptado das directrizes ACSM para testes de esforço e sua prescrição. 5ª Edição

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