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D5-M2 - Leitura 1 - Sobre A Função Do Comportamento-ProblemaArquivo
D5-M2 - Leitura 1 - Sobre A Função Do Comportamento-ProblemaArquivo
disciplina e uma ciência que possui uma abordagem empírica para entender e influenciar o
comportamento dos indivíduos tem suas raízes em processos básicos de pesquisa com
*Britto, I. A. G. S., Bueno, G. N., Elias, P. V. O. & Marcon, R. M (2013). Sobre a função do
comportamento-problema. In A. B. Pereira (Org.), Psicologia da PUC Goiás na Contemporaneidade, (pp.
29-44). Goiânia: Editora PUC Goiás. / ** Os nomes das segundas autoras estão em ordem alfabética.
acordo com Baer, Wolf e Risley (1968). Em outras palavras, os consumidores
serão os juízes finais do trabalho aplicado e a validade social referir-se-á aos julgamentos
sobre três aspectos da análise do comportamento aplicada: (a) o significado dos objetivos
comportamental. Mas antes de adentrar na forma com que são buscadas respostas para a
para que seja avaliada como um estudo em análise comportamental aplicada. Deve, pois,
generalidade (Baer et al., 1968). Essas dimensões têm sido usadas como um guia útil para
Analítica significa que a análise dos eventos responsáveis pela mudança comportamental
deve ser confiável. Tecnológica por denotar uma descrição precisa das técnicas para fins
de replicação. Conceitual visto que suas descrições devem ser pertinentes aos princípios
comportamentais básicos. Eficaz por implicar em efeitos com valor prático. Finalmente,
generalidade, expressa a durabilidade da mudança comportamental e sua extensão a outros
Do exposto, cumpre salientar que muito tem sido aprendido com pesquisas na área
problema com base no entendimento de sua função (Hanley, 2012). Em estudos dessa
palavras de O’Neil et al. (1997), avaliação funcional é a denominação geral utilizada para
descrever uma série de processos para definir os eventos em um ambiente que, de maneira
Uma nova pergunta: por que realizar uma avaliação funcional? Por meio de uma
avaliação funcional reúnem-se informações que podem ser usadas para maximizar a
Ainda segundo Hanley (2012), realizar uma avaliação funcional é uma forma de
primeiro “perguntar” à pessoa que se comporta de forma problemática, por que ela está se
tentativas de intervenção do mesmo. Se assim fosse, estar-se-ia admitindo que não importa
o porquê a pessoa se comporta daquela maneira, mas sim que o comportamento pode ser
modificado.
complexos. Assim, a avaliação funcional é, ao mesmo tempo, uma redefinição dos padrões
tornou-se hoje uma sólida tecnologia na produção de mudança substancial na vida das
que, frequentemente, têm sido tratados com medicamentos. Como tal, deve-se avaliar a
tecnologia de avaliação funcional tanto pela forma, isto é, pelos procedimentos conduzidos
funcional tem se intensificado de modo surpreendente nos últimos anos. Esse rápido
opções. Com efeito, o processo de avaliação funcional veio para ser aceito como um
ferramentas.
(Right to Effective Treatment), proposta por Van Houten et al. (1988), na qual os autores
para que sua assistência seja devidamente estabelecida em função do conhecimentos dos
(c) desenvolver hipóteses em relação aos eventos consequentes que os mantêm; (d)
observar indireta e diretamente os dados que devem ser coletados para a confirmação de
ou condições experimentais.
sistemáticas (O´Neill et al., 1997). Portanto, a etapa de uma avaliação funcional, que tem a
estrutura de um experimento – denominada análise funcional –, seria precedida por duas
observação direta (Carr et al., 1994; Cone, 1997; Martin & Pear, 2007/2009).
observado pelos outros (Martin & Pear, 2007/2009). Considere um cliente que estivesse
relatos verbais sobre os estados corporais alterados. Para essa finalidade, procedimentos de
avaliação indireta são utilizados por psicoterapeutas comportamentais (Martin & Pear,
2007/2009).
indireta é compreendida, como destacado por O’Neil et al. (1997), por entrevista com a
pessoa que apresenta o referido comportamento e entrevistas com pessoas que com esta
convivem, sejam familiares, sejam pessoas próximas. Com essa finalidade, para a coleta de
desse resultado de modo correto e mais ágil. Assim sendo, o investimento de tempo e de
funcional, traduzida e adaptada por Oliveira e Britto (2011). Sua aplicação, como
demonstrado nos estudos conduzidos por Bueno (2013), Bueno e Britto (2013), Curado
(2010), Miranda e Britto (2011), Moura (2012), Novais e Britto (2013), Oliveira e Britto
(2011), Silva (2005), dentre outros, produziram resultados eficazes para a identificação
têm sido desenvolvidos. Kahng e Iwata (1998) esclarecem que a tecnologia computacional
Em situação de pesquisa, estudos em metodologia descritiva (e. g., Elias & Britto
2004; Fernandes & Britto, 2005) têm fornecido dados relevantes a partir do levantamento
desenvolvidas por Elias e Britto (2004), e de adesão ao tratamento médico prescrito aos
avaliação funcional é a de que a observação direta não interfira na rotina da pessoa que
de uma dada situação durante o processo de análise de dados. Este deve ser comparado
para que se possa verificar em que medida há concordância entre os observadores (Vieira
& Britto, 2008). Devem ser analisados: (a) o momento de ocorrência do comportamento-
alvo; (b) os eventos que ocorriam próximo à ocorrência desse comportamento; (c) os
efeitos produzidos por esse comportamento; e (d) o ponto de vista de cada observador
conduzir a análise funcional (experimental) foi descrito por Iwata, Dorsey, Slifer, Bauman
sentido de que a análise funcional permite testar hipóteses e identificar relações causais
(Hagopian et al., 2013). Daqui para frente, os termos análise funcional (experimental) e
problema é controlado por múltiplas funções, tal como sugerido por Carr (1977) e Carr
(1994). Por sua vez, a metodologia de análise funcional consiste em uma ferramenta com a
quatro condições antecedentes e consequentes que foram delineadas para simular aquelas
que poderiam evocar e manter comportamentos de autolesão emitidos por nove crianças
positivo era disponibilizado em forma de atenção social (e.g., “Não faça isso. Você vai se
negativo, uma tarefa com instruções difíceis era apresentada, sendo interrompida quando o
sozinho, o participante era deixado a sós na sala sem acesso a brinquedos ou demais
materiais. Já na condição de controle, o participante era deixado sozinho em uma sala, sem
resultado das análises funcionais (experimentais) apontou que a autolesão foi fortemente
Essa metodologia de análise funcional foi usada por Britto, Rodrigues, Alves e
Quinta (2010) para estudar as respostas verbais inapropriadas de uma pessoa diagnosticada
uma sala. Com efeito, não ocorreram falas inapropriadas nessa condição. Em uma
não contextual (e.g., “O dia hoje está chuvoso”, embora o dia estivesse ensolarado), em um
apropriado (e.g., “Não está chovendo não, lá fora o sol está quente”). A comparação das
condições de atenção e de atenção não contingente apontou que o modo como a atenção
comportamentos, tais como o de agressão física a terceiros por pessoas com o diagnóstico
de pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia (Britto et al., 2010; Bueno, 2012; Dixon,
Benedict & Larson, 2001; Wilder, Masuda, O’Connor & Baham, 2001; DeLeon, Arnold,
Rodriguez-Catter & Uy, 2003; Lancaster, LeBlanc, Carr, Brenske, Peet & Culver, 2004;
que sofreu abuso sexual (Novais & Britto, 2013); comportamento emocional de
análise funcional iniciaram-se na década 1980 e desde então esse tipo de estudo tem
contribuído para uma significativa melhora na qualidade de vida das pessoas que
de uma anomalia de uma fase do desenvolvimento, mas como uma resposta relacionada às
(1) descritivos e os (2) experimentais, por ela operacionalizados (Iwata & Dozier, 2008).
problema (Bueno & Britto, 2013). Logo, a aplicação dos métodos experimentais, como
salientado por Didden (2007), favorece a que condições ambientais sejam manipuladas,
metodologia de análise funcional, como destacado por Iwata e Dozier (2008), tornou-se
2013).
com as variáveis ambientais. Essas devem ser facilmente manipuladas com o uso de
sociedade requer e reconheça como importante (Baer et al., 1968), na medida em que seus
científico.
Referências
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