Você está na página 1de 23

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA

LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

Ambientes Virtuais nas Escolas de Ensino Fundamental: desafios na


Formação do Saber e Fazer

ANTONIA ADALGISA MAIA

DUQUE DE CAXIAS/RJ

2012
ANTONIA ADALGISA MAIA

Ambientes Virtuais nas Escolas de Ensino Fundamental: desafios na Formação do


Saber e Fazer

Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Pós-graduação da


Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista Lato Sensu em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD.

Aprovada em AGOSTO de 2012.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________

Profª. Msc Kelly Fernandes Pereira - Orientadora

UNESA

_________________________________________________________________

Prof. Nome

UFF

_________________________________________________________________

Prof. Nome

UFF
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo implantar ambientes de aprendizagem virtuais, associados às aulas
presenciais em escola de ensino fundamental, no intuito de melhorar o desempenho no processo
educacional. Foram explorados os conceitos de educação a distância, sob a perspectiva da
implementação de ambientes virtuais e mídias de comunicação; objetos de aprendizagem e formação
de docentes e discentes na utilização das novas tecnologias. Foram utilizadas como fonte de estudo
pesquisas bibliográficas de natureza qualitativa, que possibilitaram uma reflexão sobre o uso desses
novos recursos no ambiente educacional. Por meio do desenvolvimento do presente estudo, foi
possível observar que a formação do docente deve levar em consideração um novo perfil de
profissional no âmbito escolar. A mudança de paradigma, de postura e da prática do professor irá
refletir na vida acadêmica dos alunos, que serão futuros profissionais em uma sociedade marcada por
mudanças.

Palavras–chave: Ambientes virtuais, Objetos de aprendizagem e Formação do professor.


Sumário

1. Introdução.......................................................................................................................................... 5
1.1 Justificativa........................................................................................................................... 6
1.2 Objetivos .............................................................................................................................. 6
1.3 Metodologia.......................................................................................................................... 7
1.4 Organização do Trabalho ..................................................................................................... 7

2. Pressupostos Teóricos ....................................................................................................................... 7


2.1 Implementação da EAD ....................................................................................................... 7
2.1.1 Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação: Novos desafios para uma
aprendizagem significativa .......................................................................................... 10
2.1.2 Tecnologias Digitais: Novas tecnologias digitais de informação e comunicação
..................................................................................................................................... 10
2.1.3 Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação: Algumas Considerações .......... 10
2.1.4 Ambientes Virtuais x Aprendizagem Significativa: novos desafios para uma
prática pedagógica ....................................................................................................... 11
2.2 Objetos de Aprendizagem .................................................................................................. 12
2.3 Formação de docentes e discentes: prática x teoria para uma utilização das novas
tecnologias ................................................................................................................................ 13
2.3.1 O papel do professor no processo educativo ...................................................... 13
2.3.2 Aspectos relevantes das novas tecnologias na prática pedagógica: algumas
considerações. .............................................................................................................. 14
2.3.3 Formação docente: desafios frente ao uso das novas tecnologias. ..................... 16

3 Desenvolvimento ............................................................................................................................... 17
3.1 Apresentação dos resultados............................................................................................... 17

4 Considerações Finais ........................................................................................................................ 20

5. Referências ....................................................................................................................................... 21
5

1. Introdução

Somos sabedores que grandes transformações têm-se delineado neste final de século. Vive-se
uma ampla redefinição social, política, econômica e pessoal. Essas mudanças têm gerado aos
profissionais uma necessidade crescente por formação e aperfeiçoamento permanente, sendo o
professor um dos principais alvos.
Os processos de disseminação da informação associados ao avanço das novas tecnologias de
informação e comunicação (NTICs) vêm despertando outras formas de aprender e de ensinar. A
educação a distância (EAD) torna-se uma alternativa para a socialização dos conhecimentos a um
maior número de pessoas e no desenvolvimento de novas metodologias de ensino.
Percebe-se, portanto, que o surgimento das NTICs pode ser considerado "a alavanca de
inovações pedagógicas a serviço da construção de saberes" (ALAVA, 2002, p.14). Desse modo, a
utilização das NTCIs deve contribuir para a ampliação do acesso à educação formal; deve ser um
instrumento para ajudar o processo pedagógico, capacitar e atualizar profissionais da educação e de
outras áreas; formar e especializar profissionais para novas profissões; democratizar o ensino; mediar
e contextualizar o ensino tornando significativo e permanente.
Com esta expansão, estudiosos da área questionam o professor que quase sempre atua como o
detentor do saber e o aluno como receptor da informação. Freire (2005, p. 97) já havia atentado para o
problema de transmissão quando afirmou que “a educação autêntica, (...), não se faz de A para B ou de
A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo”.
Sendo assim, sai de cena a postura transmissiva do professor e este surge, então, como
moderador/administrador da aprendizagem, o aluno passando a coautor, cujos conhecimentos prévios
venham estabelecer conexões com o ensino que lhe é ministrado, ajudando na construção de seu
aprendizado.
Novos elementos que fazem parte do dia-a-dia do aluno e da nova realidade tecnológica são
necessários para compor esse novo ambiente educacional. É possível vislumbrar um futuro promissor
para propostas apoiadas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), acessados pela internet,
com o suporte de mídias e objetos de aprendizagem que possam contribuir para que as realidades das
salas de aulas sejam adequadas às perspectivas da expressão do diálogo, indo além da mera
transmissão de informações como processo de construção do conhecimento.
Alan Kay (criador do termo Programação Orientada a Objeto, idealizador do laptop e de uma
interface gráfica no uso de computadores) predizia, no final dos anos 60, as possibilidades do uso do
computador como um instrumento capaz de fornecer, ao aluno, subsídios tecnológicos necessários a
construção de uma aprendizagem efetiva e legítima.
Corroborando com esta ideia, Leite (2005, p.39) afirma que:
as tecnologias, principalmente as computacionais, podem ampliar numerosas funções
cognitivas humanas: memória (banco de dados), imaginação (simulações), percepção
(realidade virtual), raciocínio (inteligência artificial). Por outro lado, as redes
telemáticas e os computadores por si só não educam quando abandonamos a interação,
a participação, a cooperação entre os agentes cognitivos e a consciência de que o
conhecimento é algo a ser construído.
Para Gutierrez e Prieto (1994), a mediação pedagógica é vista como um aspecto fundamental
para dar sentido à educação. Para fazer a mediação o professor necessita ter clareza da sua
intencionalidade, não deve restringir-se aos aspectos cognitivos, é preciso considerar a existência da
inter-relação dos aspectos afetivos, sociais e culturais no processo de aprendizagem.
Cabe salientar que há a necessidade de tornar mais atrativas as atividades de sala de aula,
buscando dirimir a evasão de alunos, o que resulta em um aumento no índice de reprovação. As
escolas devem estar preparadas de forma que possam cumprir seu papel na formação de cidadãos
críticos e aptos a interferir na realidade, transformando-a a seu favor.
6

As práxis pedagógicas na utilização de AVA não devem ser uma mera reprodução das
praticadas em sala de aula, tampouco a forma de apresentar o conteúdo devem ser as mesmas.
Tratando-se do ensino direcionado às séries iniciais, Fundamental e Médio, mesmo que para efeito de
instrumento complementar as atividades presenciais, devemos considerar que as características do
corpo discente, requer ainda maior cuidado nesse sentido.

1.1 Justificativa

A utilização de AVA, especificamente o AVA Moodle, com o suporte de mídias e objetos de


aprendizagem, como complemento das atividades da sala de aula presencial, nos ensinos fundamental
e médio, propicia o auxílio de em seu dia-dia escolar. Colaborando assim, para a disseminação da
ideia de criar junto às instituições de ensino, uma unidade virtual das mesmas, como forma de trazer
acessibilidade (virtual) para as classes escolares, e de fato, promover o papel das escolas neste sentido.
Referimo-nos a Plataforma Moodle por ela estar contribuindo para o desenvolvimento de uma
educação flexível de qualidade. E que essa flexibilidade está voltada não apenas à facilidade de
comunicação estimulada pelo avanço tecnológico, mas também a oportunidade que se tem para criar
um ambiente de aprendizagem inclusivo, onde é possível evidenciar características de um educador
que se relaciona bem com seus alunos, respeitando e motivando-os a expressar suas opiniões,
sentimentos e atitudes, bem como de construir seu próprio conhecimento.
Assim, esperamos que este trabalho venha contribuir na implantação de salas virtuais
juntamente com aulas presenciais nas unidades de ensino, uma vez que em sua maioria há laboratórios
de informática e não é utilizado. As salas virtuais e/ou ambientes virtuais, teriam um elo com
professores das disciplinas especificas de forma interdisciplinar.
Os benefícios com a execução desse projeto são muitos, uma vez que a escola terá novos
espaços de aprendizagem como: uma sala de aula equipada e com atividades diversificadas o que
contribuirá para a mudança de postura do professor, que passará a trabalhar seus conteúdos fazendo
uso das novas tecnologias, gerenciando atividades a distancia e presencial. O aluno passará a ter mais
estímulo, uma vez que fará pesquisas utilizando a internet para buscar materiais significativos para o
seu aprendizado.
Compreendemos que as novas tecnologias hoje, traz um grande desafio para as escolas, alunos
e educadores que é o de repensar a prática pedagógica, reaprender a ensinar, definir junto aos alunos o
que vale realmente se fazer para aprender tanto coletivamente quanto em equipe, enfim, buscar uma
melhor qualidade no processo de ensino e aprendizagem.

1.2 Objetivos

Para a realização desse trabalho definimos como objetivo geral implantar ambientes de
aprendizagem virtuais, associados às aulas presenciais em escola de ensino fundamental, no intuito de
melhorar o desempenho no processo educacional.
Os objetivos específicos foram estabelecidos os seguintes:
• desenvolver nos ambientes virtuais Objetos de Aprendizagem de forma interdisciplinar;
• proporcionar ao professor novas formas de ensinar usando as mídias e os ambientes de
aprendizagem virtual; e
• propiciar aos docentes e alunos o aprendizado em relação ao uso das tecnologias, de forma
que possam desenvolver atividades em ambientes virtuais de aprendizagem.
7

1.3 Metodologia

Para a compreensão dos objetivos, o presente projeto foi realizado por meio da pesquisa
bibliográfica de natureza qualitativa, construído a cerca dos temas das novas formas de ensinar usando
as mídias e os ambientes virtuais, bem como os objetos de aprendizagem. Para Cervo et al (2007) a
pesquisa bibliográfica:
Procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
documentos, pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa
descritiva. Em ambos o caso, busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais
ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou
problema.
Segundo Minayo (1994) a pesquisa qualitativa surge diante da impossibilidade de investigar e
compreender alguns fenômenos voltados para a percepção, à intuição e a subjetividade. Estão
direcionados para a investigação dos significados das relações humanas, em que suas ações são
influenciadas pelas emoções e/ou sentimentos aflorados diante das situações vivenciadas no dia-a-dia.
A utilização dos métodos qualitativos permite: o controle dos vieses com entendimento dos agentes
envolvidos no fenômeno, reafirmar a validade e confiabilidade das descobertas pelo emprego de
técnicas diferenciadas, incorporar a identificação de variáveis específicas com uma visão global do
fenômeno, completar um conjunto de fatos e causas com uma visão da natureza dinâmica da realidade,
enriquecer dados conseguidos dentro do contexto natural de sua ocorrência com constatações
conseguidas sob condições controladas.

1.4 Organização do Trabalho

Para uma melhor compreensão do leitor, o presente trabalho foi parcialmente desenvolvido em
grupo e organizado da seguinte forma: a introdução e o segundo capítulo que aborda os pressupostos
teóricos foram elaborados pelo grupo e os demais capítulos foram desenvolvidos individualmente.
No capítulo dois, trata dos ambientes virtuais e mídias de comunicação buscando novos
desafios para uma aprendizagem significativa, dá ênfase também aos objetos de aprendizagem e por
último é discutido a formação de professores para uma melhor utilização das novas tecnologias e
ambientes virtuais. No terceiro capítulo, apresenta o contexto do estudo, com enfoque na apresentação
dos resultados, focalizando sujeitos e práticas, de modo a facilitar o entendimento no qual este
trabalho foi desenvolvido. O trabalho se encerra com as considerações finais ao mesmo tempo em que
apresenta alternativas educacionais para atuação em aulas presenciais e suas atividades em ambientes
virtuais.
Espera-se que com os resultados apresentados neste trabalho possam de uma forma ou de
outra contribuir para a melhoria da prática pedagógica nas escolas e consequentemente no processo de
aprendizagem.

2. Pressupostos Teóricos

2.1 Implementação da EAD

Atualmente vivemos, agimos e produzimos numa sociedade mundializada, em que a


planetarização das informações e as tensões entre o global e o local, entre o conservador e o
emergente, entre a economia globalizada e a microeconomia, entre a ciência e a cultura popular, entre
o nacional e o multinacional, entre o coletivo e o individual constituem uma realidade e merecem
reflexão.
É comum ao se ler sobre a sociedade contemporânea, encontrarmos palavras como mutação,
metamorfose, inovação, novos paradigmas, nova economia, informacionalismo, pós-modernidade,
8

pós-fordismo, era da inteligência em rede, economia digital, revolução, entre tantas outras no intuito
de buscar, caracterizar ou nomear a sociedade que se constrói neste final de milênio.
Numa sociedade globalizada, em que o conhecimento se torna obsoleto com incrível rapidez,
há necessidade de a capacitação do professor englobar também as novas formas de conhecimento,
“que exigem que os indivíduos sejam alfabetizados no uso dos instrumentos eletrônicos e saibam
produzir, armazenar e disseminar novas formas de representação do conhecimento, utilizando a
linguagem digital” (MORAES, 1996, p. 65).
Somos sabedores que, atualmente, a EAD está sendo apontada como uma alternativa para
enfrentar o desafio da formação docente, no momento em que uma das linhas de ação da política
pública brasileira é ampliar os programas de formação – inicial e continuada – dos professores com o
objetivo de melhorar a qualidade da educação no país. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB (Lei n. 9394/1996), todos os professores da educação básica devem ter
formação superior. Isso se torna um grande desafio para a União, Estados e Municípios, que terão de
colocar a formação de professores como prioridade na área educacional e adotar alternativas para
potencializar suas ações no sentido de ampliar o acesso às instituições de educação superior e
oportunizar um sistema de formação continuada para os professores que já têm grau superior.
Nesse contexto, o principal desafio das instituições formadoras, superado o questionamento da
EAD como forma preponderante de educação do futuro, consiste em tentar viabilizá-la, através de
projetos acadêmicos que possibilitem uma educação de qualidade para muitos. As mudanças trazidas
pelo avanço tecnológico precisam ser absorvidas como conquista da humanidade e utilizadas para
propiciar os mesmos avanços no campo da educação.
As discussões em torno das NTICs na EAD vêm sendo enfoque predominante dos eventos
nacionais e internacionais, levando, inicialmente, a se pensar que a qualificação de um projeto de
formação à distância, parece ser o aspecto tecnológico, notadamente a utilização das NTICs na EAD.
Hoje se percebe que outros aspectos surgiram como: as diversas e variadas formas de
dinamizar a utilização dos meios eletrônicos – pesquisa, estudo de casos, resolução de problemas,
construção de projetos, etc. Entretanto, outras inquietações investigativas passaram a serem
fundamentais, como: a análise de ambientes de aprendizagem, virtuais ou presenciais, que
oportunizem a troca, o diálogo, a colaboração, a elaboração conjunta, dimensões que podem ser
sintetizadas na questão da interatividade.
É de fundamental importância hoje, conhecermos e utilizarmo-nos das NTICs com autonomia,
criatividade e criticidade para se elaborar projetos de cursos EAD. Conhecer os fundamentos da EAD
é relevante no processo de mudanças seja de posturas como também de práticas de ensino. Mediante a
evolução da EAD se faz necessário promover novos modelos de aprendizagem interativa. E, o
conhecimento dos fundamentos da EAD servirá de norte para escolher um modelo que seja bem
estruturado, flexível, integrado e acima de tudo interdisciplinar. Além disso, nos proporcionará o
acesso a novas técnicas que possam auxiliar com precisão na elaboração dos projetos analisando
cuidadosamente o material didático, o conteúdo, a programação, a avaliação e a prática educacional
visando à renovação dos processos educacionais de acordo com as várias teorias que fundamentam a
EAD.
Os Fundamentos da EAD são uma importante ferramenta para a melhoria do processo de
ensino-aprendizagem mediante as novas demandas impostas pelas transformações na sociedade no
mundo, bem como na produção materiais. Vale salientar que os Fundamentos da EAD, possibilitam a
elaboração dos projetos com maior eficiência, eficácia e qualidade.
Mediante essa ferramenta pode-se afirmar que a partir do conhecimento da mesma podemos
ter uma nova concepção de Projeto Político Pedagógico e de Currículo, bem como de novas situações
de aprendizagens para a EAD. Somos sabedores que os cursos a distância para serem desenvolvidos
com êxito se faz necessário que se tenha o conhecimento dos fundamentos, da legislação, das politicas
públicas voltadas para a EAD visando transformar o modelo pedagógico existente na atualidade.
Assim, para que se tenha um curso a distancia com sucesso e eficácia, precisa-se, como já dito
anteriormente, ter o conhecimento aprofundado dos fundamentos da EAD, uma participação efetiva
9

dos atores envolvidos e uma busca constante de conhecimentos, principalmente das novas
tecnologias.(MORAN, 2004)
A modalidade EAD veio revolucionar e apresentar uma nova forma de aprender e de ensinar,
uma vez que neste ensino o foco é o aluno (PALLOFF; PRATT, 2004), pois além de ser ator do
processo ensino-aprendizagem, irá gerenciar todo o seu estudo. Desse modo, é imprescindível se
repensar a prática do planejamento.
Para Furbino (2010), pensar no planejamento significa pensar, repensar e reavaliar os recursos
humanos e não-humanos envolvidos em todo o processo, bem como repensar todo o processo ensino-
aprendizagem de forma séria, avaliando toda a proposta pedagógica e igualmente a atuação dos tutores
envolvidos no processo. Para tanto, é necessário pensar na fundamentação teórica, nos materiais
didáticos existentes em cada curso, objetivos, a metodologia usada, os custos envolvidos, verificando a
questão da acessibilidade, dos recursos tecnológicos existentes, além de repensar e reavaliar todo o
processo de avaliação do educando e do próprio curso.
De acordo Moore e Kearley (1996), modelos para o desenvolvimento de um sistema de EAD,
em geral, são estruturados a partir de algumas condições como prospecção das necessidades dos
alunos, prospecção de fontes de conteúdo, formulação de um projeto instrucional, formas de entrega
do conteúdo, formas de interação e da criação de ambientes de aprendizagem.
Partindo de uma concepção interacionista da aprendizagem, a construção do conhecimento é
vista como um processo ativo e colaborativo, em que é importante que os sujeitos compartilhem suas
visões de mundo e aprofundem suas trocas. Assim, consideramos que a EAD é um processo que
enfatiza e possibilita a construção e a socialização do conhecimento, e, com apoio das novas
tecnologias, independente do tempo e do espaço, os alunos passam a se tornar sujeitos de sua
própria aprendizagem, pois os ambientes virtuais de aprendizagem associados a materiais
didáticos e sistemas de comunicação possibilitam a interatividade entre os atores e uma aprendizagem
colaborativa.
A interatividade assume um papel importante na aprendizagem colaborativa, ou seja, passa a
ser o elemento chave da aprendizagem, pois ela destaca a participação ativa e a interação de todos os
atores envolvidos no processo de aprendizagem, tais como docentes e discentes.
Na EAD professores e alunos podem estar separados no espaço e no tempo, mesmo assim
existe comunicação e interação entre eles, uma vez que a mediação é feita por recursos multimídia,
com apoio de tutoria especializada. Esses recursos devem garantir a qualidade e a eficácia do curso.
Normalmente, são utilizados materiais impressos, vídeos, hipertextos, CDs, DVDs, entre outros,
sempre focados no aluno e nas suas necessidades de aprendizagem. Atualmente, são utilizados mais,
os ambientes virtuais para acesso a informação e compartilhamento de discussões e experiências, isso
porque integram diversos recursos que facilitam e mediam a interação professor-aluno, como os
fóruns, chats, listas de discussão podem ser incluídas também atividades como os textos descritivos e
narrativos, relatórios, testes, trabalhos coletivos, sínteses, esquemas, visitas de estudo, comentários,
reflexões diversas que o professor e /ou aluno considerar importantes.
Para Moran (2004), a aprendizagem online é uma constante no dia a dia, no trabalho, em casa,
na vida. A educação formal precisa incorporar muito mais profundamente todas as possibilidades
destes novos ambientes, principalmente focando o aluno e a participação como eixos de uma educação
ativa e transformadora.
Desse modo, percebemos que é possível associar, tele aulas para milhares de alunos e
atividades colaborativas em grupos, que construam situações significativas de aprendizagem
compartilhadas. Os ambientes virtuais e as mídias de comunicação, contribuem para a superação do
individualismo, possibilitando a interação e a participação efetiva do aluno.
10

2.1.1 Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação: Novos desafios para uma


aprendizagem significativa

Transmitir conhecimento às novas gerações faz parte das atribuições fundamentais do


currículo escolar, à medida que há novos avanços, surgem novas demandas e necessidade de novas
práticas curriculares. De acordo com a natureza do conhecimento diferentes estratégias são necessárias
para que possamos passá-lo adiante.
O desenvolvimento tecnológico atual permite que a transmissão de conhecimento ultrapasse
os domínios das salas de aula. Com o advento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(NTICs) o tempo cronológico, o espaço físico e o espaço geográfico deixaram de serem barreiras à
aquisição de novos conhecimentos.
Aspectos relativos às diversas formas de lidar com a transmissão de conhecimentos emergem
diante da crescente sofisticação dessas ferramentas e diversificação de seus usuários. Conhecer o
sujeito da aprendizagem será fundamental para que o conhecimento transmitido lhe seja relevante.
Na impossibilidade de contatos mais estreitos com aqueles que desejam usufruir dos
conhecimentos disponíveis nos ambientes virtuais, o ideal seria esclarecer todos os pontos que
envolvam o currículo pensado para o curso que deseja criar, deixar transparecer toda sua proposta e
objetivos. Por essa ótica, o conhecimento será significativo àquele que o procura, pois diante de
múltiplas possibilidades opte, entretanto, pela que melhor se enquadra aos seus interesses.

2.1.2 Tecnologias Digitais: Novas tecnologias digitais de informação e comunicação

As NTIC são tecnologias e métodos para comunicar que se caracterizam por tornar ágil o
conteúdo da comunicação. A dinâmica oferecida por essas tecnologias permitem uma infraestrutura
comunicacional que favorece a interação entre seus usuários, daí a possibilidade de criação de diversas
comunidades em redes, inclusive para fins educacionais.
As Ntics podem levar educação de qualidade a um número cada vez maior de pessoas,
proporcionar melhorias significativas nas condições de trabalho de professores, facilitar o trabalho do
aluno e reduzir custos com educação, tanto daqueles que a oferecem, quanto daqueles que a recebem.
O uso crescente da internet, dando suporte a diversas atividades humanas, dá impulso a novas
demandas.
Na área da educação, especificamente, é preciso explorar essas tecnologias e elaborar
estratégias para utilizá-las de forma eficaz. As tecnologias dependem do aporte humano em todos os
sentidos, assim sendo, temos que ter domínio tecnológico em seus fundamentos básicos. Por último
usar os recursos tecnológicos para determinado fim, de forma mais eficiente que o uso que o modo
tradicional.

2.1.3 Ambientes Virtuais e Mídias de Comunicação: Algumas Considerações

Os AVAs são plataformas que dão suporte a diferentes ferramentas de comunicação, onde o
conteúdo pedagógico pode ser administrado e trocas interativas se dão de forma mais objetivas. Esses
ambientes podem ser estruturados conforme as necessidades de cada instituição e características
específicas do público a que se destina. Assim, desde recursos sofisticados, como vídeo conferências e
realidade virtual, até o básico como o fórum de discussões e documentos de texto podem ser aí
disponibilizados.
Quanto aos AVAs destinados aos adolescentes, seu desenho instrucional, deve conter
elementos que lhes atraiam o interesse. Um ambiente virtual lúdico, rico em recursos visuais como
jogos, animações e mídias interativas, pode promover melhor aproximação do aluno dessa faixa etária
com o conteúdo pedagógico de seus cursos, aumentando as possibilidades desses usuários intervirem
significativamente no conteúdo das mídias disponibilizadas.
11

Sugerir pesquisas, orientar a seleção de materiais, divulgar resultados e promover a construção


colaborativa do conhecimento são tarefas fundamentais do professor no ambiente virtual. Ferramentas
de busca, portais temáticos, bibliotecas e enciclopédias digitais são os meios de localizar de
informações relevantes no ambiente virtual. É importante oportunizar interações significativas entre
aqueles que fazem parte de uma comunidade de aprendizagem. Nesse sentido existem os e-mails, as
listas de discussão, os fóruns, os chats, as ferramentas de comunicação instantânea e os sites de
relacionamento. Todas essas ferramentas permitem ampliar o inter-relacionamento pessoal e a troca de
informações no ambiente virtual.
De acordo com Almeida (2001), esses espaços virtuais e ferramentas, no entanto, encontram-
se espalhados pela internet e nem sempre é uma tarefa simples associá-los para a realização de tarefas
que demandam o trabalho organizado em grupo, para interagir e compartilhar informações,
construindo conhecimento coletivamente. Daí a necessidade de se utilizar ambientes virtuais de
aprendizagem, conhecidos por AVA, que reúnem diversas ferramentas de comunicação e gerência de
documentos.

2.1.4 Ambientes Virtuais x Aprendizagem Significativa: novos desafios para uma prática
pedagógica

Levar alunos de séries iniciais ao contato com novas tecnologias, de forma que possam
apropriar-se das mesmas, pode proporcionar novos rumos tanto à educação presencial, quanto à
educação a distância.
Apoiado na localização imediata de informações, na interação entre sujeitos e construção
coletiva do conhecimento, o ambiente virtual é um compêndio de toda gama do saber humano.
Contudo, as informações contidas nesse universo não podem ser usadas indiscriminadamente para fins
pedagógicos, sem antes serem submetidas a uma apreciação por parte de especialistas. Para Vygotsky
(1998) o conhecimento é construído no âmbito das relações humanas.
As relações entre os indivíduos, também funcionam como forma de transmissão de
conhecimento, o homem é um ser social e suas relações se dão no âmbito do grupo em que está
inserido. No contexto histórico atual, o ser humano está ampliando seus laços além de fronteiras
físicas. Nova dimensão faz parte de nosso quotidiano, indivíduos que estavam restritos aos limites do
ambiente físico, agora entram em contato com outros, de grupos diferentes, através das redes sociais.
Nesses contatos o conhecimento humano navega também, através da rede e por afinidades diversas,
nascem novos grupos de relacionamento.
O modelo das redes sociais funciona no ambiente virtual como forma de fazer o sujeito sentir-
se pertencente ao grupo. Essa dinâmica utilizada no ambiente virtual com fins educativos produzem
os mesmos efeitos. O tutor surge nesse contexto como elemento fundamental, ele é quem estimula o
grupo a estabelecer laços, conduz a dinâmica dos relacionamentos.
Acreditamos que Salas de Aula Virtuais, usadas como suporte ao ensino presencial, sejam
uma forma de dinamizar o dia-a-dia da educação, vemo-nas como extensão online da sala de aula
presencial. Uma forma de manter alunos unidos, além dos muros da escola, de proporcionar-lhes
melhores condições de organizar seus trabalhos escolares e terem acesso à tecnologia e a informações
selecionadas para fins didáticos. Por outro lado, professores estarão em condições de oferecer maiores
recursos pedagógicos, e, esses recursos estarão disponíveis de forma dinâmica, sendo acessíveis a
qualquer momento e passível de ser reproduzido de diversas formas e em número ilimitado de vezes se
necessário. Assim em primeira instância o uso desse material está condicionado às necessidades de
uso, o que em síntese ajuda a economizar insumos.
A realidade dos últimos dez anos e perspectivas de avanços cada vez maiores das tecnologias,
tem trazido redução de custos das mesmas, e amplo acesso por parte da população aos seus
benefícios, que dizem respeito também ao uso das NTICs. Isso nos faz imaginar um futuro com todas
essas tecnologias cada vez mais integradas aos sistemas educacionais. Contudo, essa integração tem
12

que ser feita a partir do momento que tais recursos passem a existir, até para efeito de
acompanhamento dos passos tecnológicos por parte da população.
Disponibilizar recursos tecnológicos no âmbito das instituições de ensino há de ser o primeiro
passo para que haja interesse tanto por parte de alunos, quanto dos professores para o uso das mesmas.
Ao trabalharmos com público jovem, principalmente os das escolas de rede pública, uma série
de aspectos deve ser considerada em relação ao acesso e experiência que os mesmos possuem em
relação ao uso de meios eletrônicos. Devemos saber qual o percentual de alunos possuem
computadores, se possuem contas de e-Mail, Orkut, Facebook, etc, levando em conta sua experiência
prévia. Saber quantos computadores com acesso à Internet a escola possui, trata-se de questão de
grande relevância, pois, alguns alunos só dispõem desses computadores para terem acesso à Internet.
Outro aspecto importante a ser levado em consideração é o Design Instrucional, que em EAD,
deve ser atrativo, o quanto possível, para manter o interesse contínuo do aluno. No ambiente virtual, o
aluno não conta com a companhia de um professor que possa auxiliá-lo a todo instante no desenrolar
de suas atividades. Quando tratamos de ensino a jovens e adolescentes, a preocupação com o Design
Instrucional deve ser ainda mais acentuada.
A Portaria do MEC nº2.253, de 18 de outubro de 2001 e posteriormente a Portaria nº4.059, de
10 de dezembro de 2004, regulamentam a oferta de disciplinas não presencial por parte das
instituições de ensino superior (IES) e possibilitam que essas instituições possam oferecer 20% da
carga horária total do currículo de forma não presencial. Por outro lado há também, os cursos
totalmente on line e os cursos semipresenciais oferecidos por essas instituições.
Levando-se em conta essa nova realidade, o aluno que chega a universidade deve estar
preparado para enfrentar também os desafios do mundo tecnológico, sobretudo os das NTICs. Assim
sendo, cabe aos estágios anteriores à educação universitária, introduzir as bases de conhecimentos
necessárias a apropriação de tais saberes.

2.2 Objetos de Aprendizagem

Atualmente, a utilização de novas tecnologias aliadas à necessidade de se aprender


rapidamente vem tornando no ensino uma ferramenta bastante útil. A busca por estratégias e/ou
mecanismos computacionais que permitam evolução desta tecnologia vem crescendo muito, entre
estas tecnologias destacam-se os Objetos de Aprendizagem (OA) que são entidades digitais que
procuram promover a perfeita divulgação e organização da informação na internet.
Segundo Bettio e Martins (2004) os OA são construídos de forma que possuam início, meio e
fim. Podendo ser reutilizados sem nem um tipo de manutenção. Audino e Nascimento (2010, p 141)
conceituam como:
Recursos digitais dinâmicos, interativos e reutilizáveis em diferentes ambientes de
aprendizagem elaborados a partir de uma base tecnológica. Desenvolvidos com fins
educacionais [...] devem reunir várias características, como durabilidade, facilidade
para atualização, flexibilidade, interoperabilidade, modularidade, portabilidade,
entre outras.
Araújo e Simon (2007) deixam claro que a interatividade é um dos fatores que mais
estimulam a participação de alunos em atividades. Neste sentido, uso de objetos de aprendizagem vem
corroborar tal propósito, destacando que fóruns, chats, Wikis, entre outros, conduzem a uma interação
efetiva, mas é a interatividade com o objeto de aprendizagem que abordará diretamente os conteúdos
propostos.
De acordo com Alves (2010), os objetos de aprendizagem, e aí entram também os jogos, já
que também são OA, podem atuar na Zona de Desenvolvimento Proximal dos alunos promovendo a
construção de significados para os distintos conceitos que precisamos construir nossa vida escolar.
13

Os OA possuem características que deve resolver diversos problemas existentes atualmente,


tais como: flexibilidade, facilidade para atualização, customização, interoperabilidade, aumento do
valor de um conhecimento, indexação e procura (LONGMIRE, 2001). Encontram-se disponíveis na
internet por meio de repositórios que permitem que os OA sejam localizados a partir da busca por
temas, por nível de dificuldade, por autor ou por relação com outros objetos.
Um OA pode ser usado em diferentes contextos e em diferentes ambientes virtuais de
aprendizagem (online ou offline), para atender a estas características, cada objeto tem sua parte visual,
que interage com o aprendiz, separada dos dados sobre o conteúdo e os dados pedagógicos do mesmo.
Tais objetos podem ter conteúdo hipermídia, conteúdo instrucional, outros objetos de aprendizagem e
software de apoio.
Os AO podem ser criados e utilizados em qualquer formato como, por exemplo: trechos de
vídeo ou áudio em formatos diversos; apresentações PowerPoint; uma página Web, ou qualquer
conjunto de gráficos e imagens que, combinados com textos e mais algum elemento
(hipertexto/hipermídia), capazes de potencializar a reestruturação de prática pedagógica, criando novas
maneiras de refletir sobre o uso da comunicação, da informação e da interação, que possam causar
uma reflexão no aluno para uma aprendizagem significativa.

2.3 Formação de docentes e discentes: prática x teoria para uma utilização das novas
tecnologias

Atualmente a EAD está sendo apontada como uma alternativa para enfrentar o desafio da
formação docente, no momento em que uma das linhas de ação da política pública brasileira é ampliar
os programas de formação – inicial e continuada – dos professores com o objetivo de melhorar a
qualidade da educação no país. Por outro lado, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -
LDB (Lei n. 9394/1996) exige que todos os professores da educação básica tenham formação superior.
Isso se torna um grande desafio para a União, Estados e Municípios, que terão de colocar a formação
de professores como prioridade na área educacional e adotar alternativas para potencializar suas ações
no sentido de ampliar o acesso às instituições de educação superior e oportunizar um sistema de
formação continuada para os professores que já têm grau superior.
Nesse contexto, o principal desafio das instituições formadoras, superado o questionamento da
EAD como forma preponderante de educação do futuro, consiste em tentar viabilizá-la, mediante
projetos acadêmicos que possibilitem uma educação de qualidade para muitos. As mudanças trazidas
pelo avanço tecnológico precisam ser absorvidas como conquista da humanidade e utilizadas para
propiciar os mesmos avanços no campo da educação.
Para compreendermos melhor a necessidade de uma formação docente será abordado a seguir
o papel do professor no processo educativo, os aspectos relevantes das novas tecnologias na pratica
educativa e o uso dessa tecnologia e ferramentas em ambientes virtuais como instrumento de
aprendizagem significativa.

2.3.1 O papel do professor no processo educativo

Somos sabedores de que a educação vem sofrendo inúmeras mudanças decorrentes da


reorganização econômica mundial e, com isso os paradigmas educacionais vão tendo uma nova visão,
num novo ambiente cognitivo que está se estruturando. No entanto, vale ressaltar que estas mudanças
nem sempre beneficiam a todos, uma vez que estão vinculadas à postura de quem está organizando a
proposta educacional das instituições, isto é, professores e comunidade.
Neste novo cenário, é importante a questão da prática pedagógica, da postura do professor,
bem como do seu posicionamento mediante as novas tecnologias e seu uso na Educação. Essas
questões são fundamentais para se determinar a eficácia do processo de construção do conhecimento.
Em se tratando da prática pedagógica vimos que, mesmo com a transformação ocorrendo com o uso
14

das novas metodologias e tecnologias, quem efetiva a utilização desse novo aparato tecnológico é o
professor através de sua postura e conhecimento. Para tanto, esse professor precisa repensar seu papel
e deixar de ser um mero transmissor do conhecimento e passar a ser um mediador, um estimulador.
Em relação a isso, Moran (1998) afirma que o professor se transforma agora no estimulador da
curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante.
Para o referido autor, uma proposta pedagógica estruturada com base na tecnologia, se faz
necessário que o professor estabeleça vínculos com os alunos, procure conhecer seus interesses,
valorizar o que o aluno já sabe e conhecer o que ele não sabe. Desse modo, o aluno deixa de ser um
receptor passivo e torna-se responsável por sua aprendizagem, com direito a trabalhar em ritmo
individualizado sem perder, no entanto, a possibilidade de interagir com seus pares e com seu
professor. Esse deixa de ser o dono do saber e o controlador da aprendizagem, para ser um orientador
que estimula a curiosidade, o debate, à construção do conhecimento e a interação com os outros
participantes do processo.
Para Rórig e Backer (2008) o papel do professor mediante o saber científico e educativo é
desenvolver o processo de aprendizagem. Aprendizagem essa, que só será alcançada na medida em
que o professor vá se posicionando como mediador. O professor deve estar consciente de que a
aprendizagem, hoje, vai além da sala de aula, além dos muros da escola, portanto, se faz necessário
que o mesmo amplie seu conhecimento através de pesquisas e leve a seus alunos os novos
conhecimentos contribuindo assim, para diversas áreas do conhecimento.
Dessa forma, pode-se dizer que o papel do professor no processo de aprendizagem está
vinculado a pesquisa cientifica com o intuito de repensar e modificar a prática pedagógica e que
fazendo uso dos meios tecnológicos como estratégia poderá atingir o poder da informação.
Para Rórig e Backer (2008), todo professor deve ser um pesquisador e ter o comprometimento
de expandir e socializar o conhecimento. Entretanto, os autores afirmam que não basta ser um
pesquisador, mas que seja crítico e questionador no sentido de construir e/ou realizar intervenção
alternativa.
Já Batista (2008) diz que, no mundo contemporâneo, o mesmo não deve se limitar a assumir
papéis de meros reprodutores dos saberes. Devem sim, ser capazes de assumir postura de especialistas
do ensino e também de pesquisadores. Ele lembra que o novo perfil do docente é o de facilitador,
mediador do conhecimento, bem como construtor de novos conhecimentos.
Entendemos, portanto, que a mediação pedagógica demanda do professor abertura para
aprender, flexibilidade e uma postura reflexiva para rever constantemente a sua prática, bem como,
criticidade e autonomia para acompanhar e mediar o aluno-aprendiz, que por consequência deverá
desenvolver uma maturidade intelectual e autonomia para que a aprendizagem ocorra de forma
satisfatória. É um processo de amadurecimento de ambas as partes, uma transformação na forma de
ensinar e aprender, é um aprender a aprender contínuo e renovado, sem começo nem fim, e que deve
acompanhar o sujeito por toda a sua vida.

2.3.2 Aspectos relevantes das novas tecnologias na prática pedagógica: algumas


considerações.

O uso das NTIC na educação vem abrindo espaço para constantes discussões e debates. De um
lado, se tem as instituições que precisam incorporar essas tecnologias para que, não se tornem ainda
mais ultrapassadas em seu objetivo de socialização e contextualização dos conhecimentos
historicamente construídos pela humanidade, por outro lado as NTIC não podem e nem devem ser
integradas nos moldes da educação tradicional. Conforme Trindade (1998), não se pode pensar na
introdução das inovações tecnológicas sem haver mudanças nos modos de ensinar, e na própria
concepção e organização dos sistemas educativos.
Em relação a essas transformações paradigmáticas nos reportamos a Santos (1996) quando ele
diz que o processo de construção, (des) construção ou (re) construção do conhecimento – presencial
15

e/ou a distância – aponta para a ultrapassagem da visão compartimentalizada, disciplinar, única,


isolada, objetiva, científica com base nos princípios defendidos por ele (1996, p. 37 et seq.): “todo
conhecimento é local e total; todo conhecimento é autoconhecimento; todo conhecimento científico-
natural é científico-social [e] visa constituir-se em senso comum”.
Assim, percebe-se que o surgimento das novas tecnologias da comunicação e da informação
(NTCI) pode ser considerado segundo Alava (2002, p.14) "(...) a alavanca de inovações pedagógicas a
serviço da construção de saberes". Desse modo, compreendemos que a utilização das NTCI no
processo educativo, só contribui para a ampliação do acesso à educação formal; é um instrumento para
ajudar o processo pedagógico, capacitar e atualizar profissionais da educação e de outras áreas; formar
e especializar profissionais para novas profissões; democratizar o ensino; mediar e contextualizar o
ensino tornando significativo e permanente.
No entanto, para que se efetive a aplicabilidade das NTCI na escola, urgente se faz a criação
de conhecimentos e mecanismos que proporcionem sua integração a educação evitando modismo e o
uso indiscriminado das novas tecnologias. Assim, é fundamental que se enfatize o aspecto pedagógico
em detrimento das virtualidades técnicas.
Babin (1989, p. 39) assinala que:
A perspectiva que se abre no campo educacional, indo do livro e do quadro de giz à
sala de aula informatizada ou on-line, leva o professor a uma perplexidade,
despertando insegurança frente aos desafios que representa a incorporação das NTCI
ao cotidiano escolar. Talvez sejamos ainda os mesmos educadores, mas certamente,
nossos alunos já não são os mesmos, “estão em outra”.
Assim, para que minimize essa insegurança, o professor precisa entender que o uso da
tecnologia da informação no processo de ensino-aprendizagem cria novas condições de produção do
conhecimento, e que haja uma conscientização dos responsáveis pela construção e aplicação dos
projetos que as NTCI devem ser utilizadas em favor da educação. Desta forma, a sala de aula deve ser
repensada e compreendida como um espaço metodológico a ser utilizado, sendo possível centrar o
processo no aluno e não no recurso que está sendo utilizado.
Somos sabedores de que atualmente nas escolas brasileiras há computadores, os quais estão
inseridos em uma sala de informática, mas que não há uma associação com o projeto pedagógico da
escola nem com o planejamento do professor, este que, geralmente alega não saber utilizar o
computador, confirmando assim, o que Babin (1989) diz em relação aos alunos, que estão em outra
enquanto os professores continuam os mesmos.
Segundo Tajra (1998, p.34): a inserção de computadores na escola deve dar conta de um duplo
desafio: social – preparação dos futuros cidadãos – e pedagógico – melhor atendimento às
necessidades de aprendizagem dos sujeitos. Para ele, deve-se reduzir a desigualdade entre os que têm
acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC) e aqueles que não têm, iniciando
esse processo na escola.
Para Mesquita (2007), o que realmente ocorre através do aprimoramento do conhecimento
com a utilização desta nova tecnologia é a sincronia dos projetos pedagógicos da sala de aula com a
execução dos mesmos nas salas de informática. Isto possibilita que todos os professores reservem
períodos para a sua própria formação digital e utilizem os recursos discutindo as suas aplicações no
desenvolvimento do projeto pedagógico da escola.
De acordo com os PCN's (1998, p. 153):
As tecnologias da comunicação e informação podem ser utilizadas para realizar
formas artísticas; exercitar habilidades matemáticas; apreciar e conhecer textos
produzidos por outros; imaginar, sentir, observar, perceber e se comunicar;
pesquisar informações curiosas etc., atendendo a objetivos de aprendizagem ou
puramente por prazer, diversão e entretenimento. Por isso, na medida do possível, é
importante que os alunos possam fazer uso dos computadores tendo propósitos
próprios, fora do horário de aula ou quando terminarem a proposta feita pelo
professor.
16

Desse modo, é necessário proporcionar o ensino apresentando aos alunos a internet, como
uma fonte quase inesgotável de pesquisa, mas para que essa ferramenta tenha resultados satisfatórios
em seu uso, é preciso que estejam claros os objetivos da investigação. É fundamental que o professor
discuta com os alunos onde encontrar fontes de pesquisas seguras e confiáveis.
Para Moran (1998) o ensino com as novas mídias deve questionar as relações convencionais
entre professores e alunos. Assim, ele define o perfil desse novo professor como um ser aberto,
humano, que deve valorizar a busca, o estímulo, o apoio e ser capaz de estabelecer formas
democráticas de pesquisa e ao seu alcance e oportunizar seu uso consciente por seus alunos, com o
objetivo de envolve-los e apoiá-los na construção do conhecimento.
Em relação às atividades pedagógicas realizadas através da Internet, Pacheco (1997) considera
que professor e aluno possam tornar-se participantes de um novo jogo discursivo que não reconhece a
autoridade ou os privilégios de monopólio da fala presentes, com frequência, nas relações de ensino-
aprendizagem tradicionais, inaugurando, assim, relações comunicativas e interpessoais mais
simétricas.
Compreende-se assim, que as NTIC demandam e, ao mesmo tempo, oportunizam uma
mudança de paradigma que não concerne às tecnologias, mas às aprendizagens. Perrenoud (1999,
p.62) supõe do professor:
a competência de produzir situações-problema “sob medida”, trabalhar com o que
está a mão, sem temer o desvio de ferramentas ou de objetos concebidos para outros
fins. Para trabalhar com situações-problema, utiliza-se, por exemplo, de preferencia
softwares didáticos, aplicativos (editores de texto, programas de desenho ou de
gestão de arquivos, planilhas e calculadoras) que são auxiliares diários das mais
diversas tarefas intelectuais.
Desse modo, é possível utilizar ambientes informatizados para uma consulta qualificada, bem
como para oportunizar espaços em que o sujeito possa expressar suas ideias, testá-las e repensá-las.

2.3.3 Formação docente: desafios frente ao uso das novas tecnologias.

Vimos anteriormente que com o avanço tecnológico na sociedade e seus elementos,


especialmente a internet, vem transformando o modo de os indivíduos se comunicarem, relacionarem-
se e construírem conhecimentos. A escola não pode ficar alheia a essas mudanças. Para Silva (2004),
não basta, apenas, introduzir as inovações técnicas na dinâmica escolar, simplesmente por modismo. É
fundamental que se promova uma ampla discussão sobre a relação que se estabelece entre as NTIC e o
processo de ensinar e aprender, evitando assim uma dicotomia entre uma supervalorização da
tecnologia de um lado e, no outro extremo, uma postura de rejeição ao novo, esquecendo que
tecnologia é basicamente uma produção humana.
Apesar das recentes discussões em torno das NTIC, como elementos estruturantes de um novo
pensar, ainda há educadores que as reduzem a meros instrumentos ou ferramentas que apenas ajudam
na condução da aula reproduzindo o mesmo modelo de educação que não atende mais as demandas
sociais. Mediante o exposto, vemos que a profissão docente vem a cada dia se tornando mais
complexa, exigindo-se hoje o domínio dos mais variados saberes e não mais o saber especifico. De
acordo com Santos (1996), na Sociedade da Informação e do Conhecimento as informações são
digitalizadas e o acesso ao saber está a um clique, cabendo ao professor adaptar-se a essa nova
realidade re-pensando a sua prática pedagógica e os seus saberes.
É crescente a exigência de profissionais capacitados para atender às situações, geradas pela
nova ordem mundial. Ser gestor, empreendedor, trabalhar de forma colaborativa, aprender de forma
autônoma e permanente são algumas dessas capacidades cada vez mais necessárias.
Na educação, questiona-se os velhos paradigmas instrucionais, apontando outros caminhos
para o ensino-aprendizagem. A visão de indivíduo autônomo, sujeito de seu processo educacional é
extremamente fortalecida. A formação do professor e sua capacitação permanente são cada vez mais
necessárias para a promoção das transformações educacionais exigidas no momento atual. Esta
17

situação conduz a busca pela formação e atualização permanente, gerando uma demanda que deverá
ser atendida. Os sistemas de educação terão, necessariamente, que criar novas ofertas de formação
tanto inicial, quanto continuada para que o docente possa aperfeiçoar suas praticas na sala de aula.
Em relação a essa formação, Chiapinni (2005, p.278) destaca que:
A formação do professor é fator imprescindível para que a escola consiga melhorar
a capacidade do cidadão comunicante, uma vez que o professor pode adotar em sua
prática cotidiana uma postura que subsidia e estimula o aluno a refletir sobre o que
significa comunicar-se em nossa sociedade, como também aprender a manipular
tecnicamente as linguagens e a tecnologia.
Reportamo-nos a Moraes (1996, p.65) em sua fala no tocante a formação do professor:
Numa sociedade globalizada, em que o conhecimento se torna obsoleto com incrível
rapidez, há necessidade de a capacitação do professor englobar também as novas
formas de conhecimento “que exigem que os indivíduos sejam alfabetizados no uso
dos instrumentos eletrônicos e saibam produzir, armazenar e disseminar novas
formas de representação do conhecimento, utilizando a linguagem digital.
Entretanto, a formação dos professores deve ser pensada não somente quanto à apropriação e
utilização das tecnologias da informação e comunicação, mas como a formação de sujeitos
construtores de conhecimento e pensadores de sua prática pedagógica, num mundo de velozes
mudanças e avanços tecnológicos. Desse modo, o professor é percebido como sujeito, como parte de
uma grande teia, um ser autônomo, mas integrante de totalidades maiores, um fio particular numa teia
onde todos estão conectados.
Assim, a formação docente deve ser centrada no sujeito coletivo e priorizar os recursos
tecnológicos mais interativos para que possam mediatizar o trabalho colaborativo de construção do
conhecimento com base na pesquisa e resolução de problemas. Isso significa criar comunidades,
virtuais ou presenciais, para que o professor possa aprender a aprender, trabalhar em equipe, partilhar
experiências, solucionar conflitos, readequar ações, dominar diferentes formas de acesso às
informações, desenvolver a capacidade crítica de avaliar, reunir e organizar as informações mais
relevantes para construir e reconstruir o cotidiano de sua prática como ator e autor da própria prática.
Sendo assim, a formação do docente para o uso das NTIC deve ir além do manuseio de
hardware e software, ou seja, deve haver uma associação do conhecimento técnico com o pedagógico,
entendendo que o potencial dessas tecnologias só vem melhorar o fazer pedagógico.
De acordo com Bonilla (2005), é preciso que o professor perceba como as NTIC oportunizam
a criação de novos espaços de aprendizagem tanto colaborativos quanto interativos. O fundamental no
processo de formação de professores, para ele, é o trabalho em equipe, a concepção de que a
aprendizagem ocorre socialmente de forma cooperativa, sem esquecer-se de associar teoria e prática
para que possam acompanhar as transformações da sociedade do conhecimento e da informação.

3 Desenvolvimento

3.1 Apresentação dos resultados

A presente pesquisa foi realizada numa Escola Pública da Rede municipal de Natal/RN. A
escolha da referida escola se deu pelo fato da autora trabalhar na Instituição e conhecer de perto a
realidade tanto dos alunos quanto da equipe docente.
A Escola oferece o nível de Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano no turno Diurno e a
modalidade de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos, nos níveis III (6º e 7º ano) e IV (8º e 9º)
no turno Noturno.
A escola atende a uma população considerada de baixa renda. Os estudantes na sua grande
maioria são filhos de trabalhadores pertencentes ao setor terciário, autônomos, desempregados ou que
vivem do comércio informal. As precárias condições em que vive parcela considerável da comunidade
18

(residem em casas de posse, sem saneamento básico, são desempregados, trabalhadores ambulantes,
etc.) refletem diretamente na cultura local. Essa, por sua vez é constituída de violência, drogas,
gravidez na adolescência, entre outros. Essas dificuldades contribuem diretamente nas condições em
que os alunos chegam a escola. Muitas vezes, a realidade vivida no cotidiano não estimula a
permanência ou quando ocorre, quase sempre é marcada pelo baixo atendimento.
A clientela da referida escola, são jovens marcados pelas diversas imagens sobre a violência
que se constroem e reconstroem no imaginário da cidade de Natal, recaindo sobre o bairro de Felipe
Camarão e, em consequência, reflete na escola.
A escola possui 14 salas de aula, atendendo a 1.200 alunos distribuídos nos três turnos. Está
relativamente equipada para desenvolver suas atividades, embora se faça necessário ampliar o acervo
bibliográfico. Hoje a escola dispõe de 04 sons portáteis, 02 DVD player, 03 TVs (01 TV 29’’/01 TV
32’’ LCD/01 TV 14’’), 01 Netbook, 05 computadores (01 na direção e 04 na secretaria), 01 Data
show, 01 antena parabólica, 01 máquina fotográfica, 01 retroprojetor e 02 impressoras.
Possui também 01 sala de informática equipada com 14 computadores com acesso à Internet,
através de banda larga. O uso da mesma se faz através de agendamento prévio, conforme as
necessidades dos professores. Devido a relação entre a quantidade de alunos por sala e o número de
computadores da sala de Informática, nem sempre é viável para o professor levar os alunos para esse
ambiente, pois haveria necessidade de um funcionário da escola para permanecer com os alunos que
ficarem em sala.
Os professores costumam reclamar quanto a essa situação, o ideal seria ter um computador por
aluno, mesmo assim teríamos que agendar horário. Quanto ao uso de um computador acoplado ao
Data Show, alguns professores dizem que o uso desse aparelho requer tempo tanto para instalar
quanto para desinstalar. Seu uso acontece na sala de vídeo, com dias devidamente agendados.
Há, também, entre os professores, aqueles que não possuem experiência em utilizar as
ferramentas eletrônicas para fins didáticos e ficam pouco à vontade para fazerem uso desses recursos.
Outros problemas são relativos a manutenção de equipamentos, instabilidade de rede e ao
conhecimento prévio dos alunos em relação aos fundamentos básicos de informática. Cabe ao
professor que se propunha a realizar alguma tarefa com esses equipamentos, muitas vezes ter que
ensinar os passos básicos de informática.
Apesar de termos instrumentos para uma boa qualidade no ensino, vemos que a prática atual
dos educadores da escola é marcada por certo "ecletismo pedagógico", no qual estão presentes, de
maneira contraditória, elementos das diferentes tendências da Educação Escolar.
A referida escola, apesar das dificuldades, vem ganhando espaço no que diz respeito aos
índices de aproveitamento e/ou aprendizagem, como por exemplo: no ano de 2005 o índice no IDEB, a
escola obteve 3,3 na média, em 2007, 3,2 e 2009 subiu para 3,9. Foram aprovados para o IFRN em
2009, 9 alunos.
Em 2008 foi a única escola premiada na OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das
Escolas Públicas: tivemos 02(dois) medalhistas de prata e o professor premiado.
Apesar desses resultados, registrados pelo MEC nas escolas de todo o país nos mostrarem que
estamos dentro dos patamares médios alcançados por aí afora, não podemos dizer que temos um
ensino de qualidade, que estamos satisfeitos com os resultados e que o trabalho desenvolvido nesta
instituição de ensino está dentro de um padrão que podemos considerar como parâmetro a seguir. Se
estabelecermos uma comparação mais ampla, vemos que o distanciamento é muito grande entre as
médias das instituições federais e privadas em relação às obtidas pelas instituições estaduais e
municipais. Sabemos que a Escola pública de todo o país precisa urgentemente de uma atenção maior
por parte dos governantes e um empenho mais efetivo por parte de nossos educadores no que se refere
a melhoria das estruturas físicas e materiais, maior continuidade das políticas educacionais, melhor
planejamento e avaliação das ações desenvolvidas no interior das instituições de ensino bem como
uma maior interação entre escola e comunidade.
19

Mediante o exposto, em conversas com os professores, alunos e a gestão da escola foram


possíveis ter um entendimento da necessidade de uma mudança de paradigma, de postura para se
tentar uma pratica mais significativa.
Alguns professores, quando indagados a respeito de uma formação docente voltada para o uso
das novas tecnologias, apresentaram certa repulsa, alegando que não acreditavam que o uso dessa
ferramenta pudesse melhorar o desempenho dos alunos, uma vez que se tratava de ensino presencial e
não a distancia.
Em relação a esse depoimento foi esclarecido para eles que a Lei nº 10.172/2001 que aprovou
o Plano Nacional de Educação, estabelece em suas diretrizes que é preciso ampliar o conceito de
educação a distancia para poder incorporar todas as possibilidades que as tecnologias de comunicação
possam propiciar a todos os níveis e modalidades de educação seja por meio de correspondência,
transmissão radiofônica e televisiva, programas de computador, internet, seja por meio dos mais
recentes processos de utilização conjugada de meios como a telemática e a multimídia (PCN's, 1998).
Em relação aos alunos, quando indagados sobre o uso do computador, a maioria disse que
gostariam de usar mais a sala de informática, já que eles frequentam lan house para acessar msn, Orkut
entre outras redes sociais. Percebemos então, que os alunos sabem usar o computador, a internet, mas
não têm a noção de que podem aprender seus conteúdos de forma prazerosa em um ambiente de
aprendizagem. Os pais, por sua vez, estranharam a escola querer dar aulas com computadores,
acharam que levaria os filhos a buscarem o que não deveriam na internet.
Procuramos mostrar para os alunos e os pais que se faz necessário que aprendam a valorizar o
conhecimento, que com o uso das novas tecnologias ele irá aprender a selecionar o que é importante, a
investigar, questionar e pesquisar; vai poder construir hipóteses, compreender, raciocinar e adquirir
confiança em si mesmo e na sua capacidade de pensar e encontrar soluções, ou seja, construirá sua
autonomia e seu próprio conhecimento.
A gestão da escola, mediante as inquietações, elaborou um projeto de mídias e comunicação
para capacitar os professores e alunos. Nesse projeto, está inserida a criação de um ambiente virtual
para que os professores possam estar associando suas aulas presenciais com atividades no ambiente
virtual. No decorrer da pesquisa, um dos professores de Ciências da escola, gostando do projeto e do
novo formato de aulas, criou um blog intitulado de Espaço Ciências VM cujo endereço é
cienciasvm.blogspot.com. Na Figura 1 tela inicial do blog, onde esta sempre atualizando.

Figura 1 – Tela Inicial do Blog

O projeto de mídias e comunicação será implementado no segundo semestre do ano letivo de


2012. Mas as capacitações com informações sobre as novas tecnologias, seu uso e como trabalhar em
ambientes virtuais já está acontecendo com os alunos e com alguns professores. Nestes encontros
20

pedagógicos também visitamos o site Sallman Khan1 em português como forma de estimular o
professor a fazer uso dessas tecnologias.
Compreende-se, portanto, que nessa perspectiva, a formação do docente deve levar em
consideração um novo perfil de profissional no âmbito escolar. A mudança de paradigma, de postura e
da prática do professor irá refletir na vida acadêmica dos alunos, que serão futuros profissionais em
uma sociedade marcada por mudanças.

4 Considerações Finais

No decorrer do estudo e das discussões em grupo, vimos que com o surgimento das novas
tecnologias de informação e comunicação, as pessoas estão criando novos hábitos em suas vidas e com
isso buscando novas formas de trabalho, de apreensão dos conhecimentos e novas competências
profissionais. Assim, percebe-se que há uma necessidade de aprender e, consequentemente uma
necessidade de buscar alternativas no âmbito educacional, abrindo, portanto, espaços para uma
aprendizagem mais significativa.
Entretanto, para que ocorra essa aprendizagem, é preciso que o professor tenha consciência de
que não basta ele ser competente em sua área de conhecimento, ele precisa ter o conhecimento
tecnológico e saber trabalhar em equipe, pois o fundamental no processo de formação de professores,
é o trabalho em equipe, a concepção de que a aprendizagem ocorre socialmente de forma cooperativa,
sem esquecer-se de associar teoria e prática para que possam acompanhar as transformações da
sociedade do conhecimento e da informação.
Outro ponto relevante é o trabalho com ambientes virtuais, o professor deve levar em conta o
material didático, lembrando que o livro do aluno já traz desenhos e textos que podem ser trabalhados
no ambiente virtual, Para tanto, ele tem de saber selecionar o material a ser utilizado pelo aluno,
material esse que deve ser ilustrativo sem sobrecarga de informações para que haja motivação e a
usabilidade tenha efeito.
Vale ressaltar que durante as discussões no interior da escola no tocante as NTICs e a possível
utilização das mesmas e os resultados que se pode atingir, percebemos que ocorreram mudanças no
processo de comunicação entre alguns professores que chegaram a otimizar aspectos relacionados com
a comunicação do conhecimento através de mídias e multimídias. Exemplo dessa mudança foi citado
anteriormente a criação de um blog por parte de um dos professores.
A pesquisa realizada na escola campo serviu para que se construísse momentos de reflexão
coletiva em torno da realidade da escola, da postura de alguns docentes bem como um repensar na
prática pedagógica dos mesmos. Essa reflexão oportunizou a elaboração do projeto de mídias e
comunicação a ser implementado na escola no intuito de buscar permanentemente novos projetos de
ação, que com certeza ao ser executado irá gerar novas reflexões e novas ações.
Por fim, percebe-se que na busca incessante de alternativas educacionais, a capacitação
docente ainda é a melhor e que, a mesma deve ocorrer de forma que permita ao professor permanecer
constantemente em processo de formação, sempre aperfeiçoando seus conhecimentos, buscando novos
e que atenda as suas necessidades para suas aulas presenciais e suas atividades em ambientes virtuais.
Assim, esses professores estarão sempre prontos a refletirem criticamente sobre suas praticas e a
adquirirem habilidades para utilizarem com qualidade e conhecimento as novas tecnologias.

1
O endereço do site Sallman Khan: http://www.fundacaolemann.org.br/khanportugues/ . Acessado em: junho de
2012.
21

5. Referências

ALAVA, Seraphin et al. Ciberespaço e formações abertas: rumo a novas práticas educacionais.
Porto Alegre: Artmed, 2002.

ALVES, Lynn. Objetos de aprendizagem e como eles devem ser utilizados pelos professores nas
escolas. 2010. Entrevista para Conexão Professor. Disponível em:
http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/entrevista_02.asp. Acessado em: junho de 2012.

ALMEIDA, Claudia Zamboni de; et al. Ambiente Virtual de aprendizagem: uma proposta para
autonomia e cooperação na disciplina de informática. Disponível em:
http://www.inf.ufes.br/sbie2001/figuras/artigos/a201/a201.htm. Acesso em 18/04/2012

ARAÚJO, Cynthia de Fátima Martins e SIMON, Euripia Basílio. Objetos de aprendizagem em


educação a distância: uso de jogos educacionais no estilo rpg (role-playing games) digital.
Disponível em: http://revistapaideia.unimesvirtual.com.br. Acesso em 26/11/2011.

AUDINO, D.F, NASCIMENTO, R.S. Objetos de Aprendizagem: diálogos entre conceitos e uma
nova proposição aplicada a educação. Revista Contemporânea de Educação. v.05, n.10, jul/dez. 2010.
Disponível em: http://www.educacao.ufrj.br/artigos/n10/objetos_de_aprendizagem.pdf. Acessado em:
junho de 2012.

BABIN, Pierre. Os novos modos de compreender: a geração do audiovisual e do computador, São


Paulo, Edições Paulinas, 1989.

BATISTA, Valter Pedro. O professor pesquisador e a educação continuada, 2008. Disponível em:
http://www.administradores.com.br. Acesso em: 18 de maio de 2012

BETTIO, R. W. de.; MARTINS, A. Objetos de aprendizado: um novo modelo direcionado ao


Ensino a Distância. 2004. Disponível em: http://www.universiabrasil.net/materia/materia.
jsp?id=5938. Acesso realizado em maio de 2012

BONILLA, M. H. S. Escola Aprendente: para além da sociedade da informação. Rio de Janeiro:


Quartet, 2005.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e


quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para a formação de


professores. Brasília: MEC/SEF, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96 de 20.12.96.

BRASIL. Plano Nacional de Educação - Lei nº. 10.172, de 09.01.2001

CERVO, A.L. ; BERVIAN, P.A.; SILVA, R.DA. Metodologia científica. 6 ed. SP, Pearson Prentice
Hall, 2007.

CHIAPINNI, L. A reinvenção da catedral. São Paulo: Cortez, 2005.

DEMO, Pedro. Professor & Teleeducação. Revista Tecnologia Educacional. São Paulo: v. 26, n.
143, 1998, p. 52-63.
22

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. ed.46. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

FURBINO, Marizete. Importância de um bom planejamento em EAD. Disponível em: http:


//www.com.br/informe-se/artigos/importancia-de-um-bom-planejamento-em-ead/3781 1/. Acesso em
02/12/2011

GUTIERREZ, Francisco & PRIETO, Daniel. A mediação pedagógica: educação à distância


alternativa. Trad. Edilberto M. Sena & Carlos Eduardo Cortés. Campinas: Papirus (Educação
internacional do Instituto Paulo Freire), 1994.

LEITE, L.O. O Lúdico na Educação a Distância. 2005. Disponível em


http://www.legadoludico.com/Artigos/LED.pdf. :. Acessado em: abril de 2012

LONGMIRE, W. A. Cartilha sobre Objetos de Aprendizagem. American Society for Training &
Desenvolvimento. Virgínia. EUA. 2001.

MESQUITA, M. A. N. de. O ensino médio na interface com o trabalho: contradições com a atual
política educacional brasileira. In: BARBOSA, J. G.et al. (org) Políticas e educação: múltiplas
leituras. São Bernardo do Campo: UMESP, 2002.

MINAYO, M.C.S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Minayo MCS,
Deslandes SF, Cruz O Neto, Gomes R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 6. ed. Rio de
Janeiro (RJ): Vozes; 1996. p. 9-29.

MOORE, M. e KEARSLEY, G. Distance Education: a systems view. Belmont: Wadsworth, 1996. 1ª


edição.

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente: implicações na formação do


professor e na prática pedagógica. Em Aberto, Brasília, ano 16, n. 70, p. 57-69, abr. jun. 1996.

MORAN, José Manuel. Internet no ensino universitário: pesquisa e comunicação na sala de


aula. Interface – Comunicação, Saúde, Educação. São Paulo: n. 3, ago. 1998.

MORAN, José Manuel. Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias. Texto
publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, in
ROMANOWSKI, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal:
Diversidade, mídias e tecnologias na educação. vol 2, Curitiba, Champagnat, 2004, páginas 245-253,
Disponível em http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm . Acesso em 06/11/2011.

PACHECO, Samuel Bueno. 1997. Internet: as relações de ensino-aprendizagem no hiperespaço.


Tecnologia Educacional, v.25, n.136, 137, mai/jun/jul/ago.1997.

PALLOFF, Rena M. PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line.
Porto Alegre: Artmed, 2004.

PERRENOUD, Philippe. Construindo as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 1999.

RÖRIG, C. BACKES, l. O professor e a tecnologia digital na sua prática educativa.


2008. Disponível em: http://www.administradores.com.br. Acesso em: 18 de maio de 2012.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma pedagogia do conflito. In: SILVA, L. E. da et al. (Org).
Reestruturação curricular: novos mapas culturais, novas perspectivas educacionais. Porto Alegre:
Sulina, 1996. p. 15-33.
23

SILVA, Antonio José Dias da. Gestão da Informação e do Conhecimento. Curitiba: IESDE, 2004.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: professor na atualidade. São Paulo: Érica, 1998.

TRINDADE, Vitor M. S. Para uma Epistemologia das Práticas Pedagógicas: algumas reflexões. IX
Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. São Paulo, 1998.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Você também pode gostar