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A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR COMO OPÇÃO E SEUS RISCOS.

Jorge Franklin Alves Felipe1

Seria temerário afirmar-se que a previdência complementar não oferece


riscos. Como igualmente seria temerário afirmar-se que existem aplicações
absolutamente seguras e rentáveis.
A previdência complementar se consubstancia na iniciativa privada
ampliando as possibilidades do homem prevenir-se contra os eventos futuros e incertos,
contratando planos de aposentadoria. Como se sabe a previdência do INSS restringe o
valor dos benefícios a um teto hoje em torno de pouco mais de R$3.000,00 e, no regime
próprio, várias medidas legais vêm extinguindo as vantagens outrora concedidas ao
servidor público que, hoje, salvo nas situações de transição, já se aposenta com base na
media das 80% maiores remunerações a partir de 07.94.
A busca da complementação dos proventos é inevitável e a previdência
complementar vem se apresentando como uma alternativa em busca dessa
complementação.
A partir do advento da Lei Complementar nº 109/2001 o sistema de
previdência complementar, quer das entidades abertas, quer das entidades fechadas,
sofre forte intervenção estatal, através de órgãos que autorizam, normatizam e
fiscalizam as entidades que oferecem seus produtos no mercado. Existe uma ampla
governança a que se submetem as entidades de previdência complementar, que começa
no âmbito do Estado (Ministério da Previdência para as entidades fechadas e SUSEP
para as abertas), prosseguindo com os órgãos internos da entidade, dentre os quais o
Conselho de Administração. A aplicação dos ativos dessas entidades (gestão de ativos)
é regulada por normas do Banco Central e a gestão é feita por entidade independente,
devidamente credenciada. Existe, pois, complexa estrutura para regular a aplicação dos
recursos das entidades de previdência, o que dá, ao sistema, bastante segurança.
Como se sabe a entidade de previdência complementar nada mais faz,
sucintamente, do que receber os recursos de seus participantes e aplicá-los,
transformando-os em cotas e, ao final de determinado período, constituir um capital,
que irá gerar o benefício. Quanto melhor for a aplicação desse numerário e menores
forem as taxas de administração e carregamento cobradas, maior será o capital
constituído e melhor o valor do benefício a ser gerado no futuro.
Aí ocorrem os maiores riscos se comparados às aplicações mais
tradicionais. Aplicações mais seguras são, em geral, menos rentáveis. Aplicações mais
rentáveis são, naturalmente, as que oferecem maiores riscos. A bolsa de valores
constitui um bom exemplo nessa comparação: as grandes quedas representam prejuízos
e as altas lucros. É difícil a tarefa de oferecer vantajosas remunerações ao capital com
reduzido grau de risco. Daí a importância dos especialistas no mercado financeiro. A

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Magistrado aposentado. Conselheiro da JUSPREV. Professor de Direito Previdenciário da Faculdade de
Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora.
diversificação obrigatória, no entanto, nas aplicações das entidades de previdência
complementar reduzem substancialmente o grau de risco.
É certo que, para os estudiosos da matemática financeira pode muitas
vezes, se mostrar pouco interessante a previdência complementar diante das aplicações
financeiras que o mercado oferece. Mas não se pode esquecer que a previdência
complementar, embora possa funcionar como instrumento de aplicação, tem, na
verdade, outro objetivo: garantir renda no futuro. Além disso, as vantagens fiscais
decorrentes da legislação do imposto de renda e as facilidades de resgate no caso de
morte, dentre outras particularidades, fazem da previdência complementar uma opção
atraente e interessante, se bem escolhida a entidade para geri-la.

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