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MMO.

JUÍZO DE DIREITO DA 38ª VARA CRIMINAL DO FORO CENTRAL


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ

Processo nº 0195424-40.2021.8.19.0001

A defesa das acusadas AMANDA VITÓRIA DOS SANTOS CUNHA,


GABRIELA CRISTINA MAGALHÃES QUEIROZ E HAMANDA DIAS DE
SOUZA vem, a presença de VEXa, em atenção à manifestação ministerial de fls.1988,
com base na garantia da ampla defesa e contraditório, expor e requerer o que segue.

Esta defesa vem, uma vez mais, contrapor os argumentos lançados pelo ente
ministerial, baseados em ilações vazias e superficiais.

Quase uma negativa genérica destituída de qualquer esforço cognitivo por parte
daquele que – ao menos deveria – preza pela observância da melhor aplicação dos
postulados legais regentes desta relação processual, na qual discute-se (talvez) o bem
mais valioso de um ser humano: a liberdade.

No dia 16 de fevereiro do ano corrente foi realizada a última audiência de


instrução deste processo, na qual todos os acusados exerceram seu direito constitucional
de permanecer em silêncio.

Tendo em vista que não houve qualquer menção concreta e razoável de que
as acusadas sequer participaram dos delitos em apreço, esta defesa fundamentou os
pedidos de liberdade conforme lançados na assentada assinada por este d. juízo.

Todavia, bem como ocorreu das vezes anteriores, o ilustre representante do


parquet contrapõe os argumentos defensivos com afirmações genéricas e vagas com
base, mais uma vez, em falsas afirmações, conforme a seguir elucidado.

Leonardo Tajaribe | Advocacia Criminal


Tel: (21) 97017-7276
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1. O eminente promotor de justiça, novamente, fez referência ao argumento de
que “a imputação diz respeito à crimes graves cujas penas máximas
ultrapassam 4 anos”.
Entretanto, excelência, é importante que se relembre, aqui, da máxima de
que “o acusado se defende dos fatos, e não do dispositivo imputado”.
Isto, por si só, deveria ceifar a alegação ministerial.
Entretanto, vai-se mais longe: uma mera referência ao dispositivo criminal
lançado na exordial acusatória demonstra, no mínimo, uma completa falta de
esforço argumentativo tendo em vista que, inicialmente, os mesmos fatos
aqui discutidos foram enquadrados pela autoridade policial como delito de
associação criminosa (Art.283/CP) e, só após um imenso malabarismo
hermenêutico deste mesmo ente acusatório, foi enquadrado no crime de
extorsão mediante sequestro.
2. A manifestação ministerial, logo no início, afirma que “As rés, na companhia
dos outros acusados, teriam decepado a orelha de uma vítima, os dedos de
outra e desferido facadas no braço e abdomen da terceira vítima (...)”
Não obstante, excelência, as acusadas referidas pelo Ministério Público
no trecho em apreço nem sequer estavam no local dos fatos, conforme
exaustivamente afirmado por todas as testemunhas (e inclusive pela única
vítima ouvida perante este juízo) em todas as audiências realizadas neste
processo.
Logo, como o d.promotor de justiça afirma que as rés estavam na companhia
dos outros acusados e praticaram os atos de tortura?
Nota-se que, provavelmente, o representante ministerial nem ao menos se
deu ao trabalho de compulsar os autos do processo para compreender os
argumentos defensivos e contra-argumentar com base na realidade do
ocorrido.
3. Noutro lado, o parquet lança mão da necessidade de “(...) assegurar a ordem
pública, isto é, para evitar a reiteração de infrações penais de mesma
natureza”
Uma vez mais, faz-se uso de um conceito genérico para fundamentar a
supressão da liberdade de pessoas que nunca responderam a sequer uma
investigação criminal.
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4. De outra forma, argumenta-se que o fumus comissi delicti “está demonstrado
não só pelos elementos informativos constantes do inquérito policial, mas
também pela prova oral colhida em juízo.”
Aqui é necessário fazer referência, novamente, a aparente falta de esforço
intelectual feito pelo promotor de justiça pois, caso o tivesse feito, notaria
que nenhuma das provas orais colhidas em juízo sequer fizeram alguma
referência à qualquer participação das acusadas nos delitos em
discussão, deixando claro que os elementos informativos constantes do
inquérito policial não foram, nenhum deles, ratificados perante o juízo, com
o crivo da ampla defesa e contraditório.
5. Em conclusão, esta defesa vem argumentando, durante toda a marcha
processual, que as acusadas Hamanda Dias e Gabriela Cristina são
portadoras de graves doenças respiratórias, colocando-as no grupo de risco
da Covid-19.
Em contra-argumento ao exposto, o ilustre promotor de justiça limitou-se a
afirmar que a defesa não apresentou laudos ou documentos capazes de
demonstrar a gravidade do quadro clínico.
Uma vez mais, padece de grave equívoco, vez que esta defesa fez referência
à documentos já juntados pelo próprio cartório aos presentes autos.
Trata-se de laudos médicos emitidos pela própria Secretaria de
Administração Penitenciária (SEAP), os quais atestam o diagnóstico de
bronquite asmática crônica de ambas as acusadas, sendo certa a gravidade da
doença acometida.
Desta forma, mostra-se evidente que as declarações lançadas pelo
representante ministerial para contrapor os argumentos defensivos são
absolutamente vazias de lógica e desprovidas de razão.
Posto isto, requer o deferimento do pleito defensivo constante da assentada de
audiência, somando-se os argumentos lá constantes aos aqui enunciados.

Termos em que
Pede deferimento.
Leonardo Tajaribe | Advocacia Criminal
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Leonardo Tajaribe Jr.
OAB/RJ nº 234.787

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