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PREMAZIA DA REALIDADE
Ácordão na Íntegra
ACÓRDÃO
6ª Turma
ACV /acc/r
AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. VERBAS
RESCISÓRIAS. DESPROVIMENTO. Diante do óbice das Súmulas nºs 126 e 296 do c.
TST e da ausência de violação dos dispositivos invocados, não há como se admitir o
recurso de revista. Agravo de instrumento desprovido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de
Revista n° TST-AIRR-419-51.2010.5.02.0046 , em que é Agravante MARUBENI
BRASIL S.A. e Agravado ANTONIO RICARDO DA SILVA DOMINGOS .
É o relatório.
VOTO
I – CONHECIMENTO
Agravo de instrumento interposto na vigência da Lei nº 12.275/10, devidamente
preparado.
II – MÉRITO
O eg. Tribunal Regional consignou que a matéria tratada envolve relação de emprego,
sendo competente a Justiça do Trabalho para apreciar a presente ação.
Não há que se falar em violação do artigo 39 da Lei nº 4.886/65, pois no caso, como
apreciado adiante, restou comprovado o vínculo de emprego do autor como vendedor
celetista e não como representante comercial.
Nego provimento.
PRESCRIÇÃO.
Nas razões de recurso de revista, a reclamada sustenta que a relação debatida nos
autos era baseada em contrato de representação comercial que não foi adotado e que
não se aplica a prescrição adotada pela r. sentença. Colaciona um aresto para
confronto de tese.
O único aresto colacionado não se presta à análise, a teor do que dispõe o artigo 896,
"a", da CLT, por ser oriundo de Turma deste c. TST.
Nego provimento.
Como bem apurado pelo Juízo ‘a quo’, não restou comprovado pela ré que a relação
jurídica entabulada com o autor não fosse acobertada pela CLT, tendo em conta a
comprovação dos requisitos exigidos pelo art. 3º deste diploma legal.
O autor, segundo a farta documentação presente no conjunto probatório, era, de fato,
empregado da ré na condição de vendedor e não de representante comercial. Todos os
elementos levam a esta conclusão, a começar pela exclusividade de seu serviço
perante a demandada, bem como da utilização dos equipamentos e aparato da
recorrente para o desenvolvimento de suas atividades, como findou comprovado na
audiência de fls. 71, declarado pela própria recorrente.
‘que o reclamante presta serviços na reclamada desde meados de 1980, que antes de
tal data o reclamante trabalhou com vínculo por dois/três anos; que no período com
vínculo o reclamante trabalhava com vendas...que o reclamante tem email eletrônico
da empresa, bem como ramal próprio.’
Nego provimento.
HORAS EXTRAORDINÁRIAS.
Nego provimento.
Nego provimento.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por
unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento.
EMENTA
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. VERBAS
RESCISÓRIAS. DESPROVIMENTO. Diante do óbice das Súmulas nºs 126 e 296 do c.
TST e da ausência de violação dos dispositivos invocados, não há como se admitir o
recurso de revista. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-419-51.2010.5.02.0046,
6ª Turma, Relator Ministro Aloysio Correa da Veiga, DEJT 09/11/2012).
Resumo
RESUMO
"A matéria versada nos autos envolve relação de emprego, conforme previsão do art.
114 da CF/88, razão pela qual indeclinável a competência da Justiça do Trabalho para
dirimir a questão, notadamente após a abrangência dada pela Emenda Constitucional
45/2004. Rejeito, portanto."
Nas razões de recurso de revista a reclamada alega que é da Justiça Comum a
competência para julgar controvérsias que surgirem entre representante e
representado, após a Emenda Constitucional 45. Alega violação do artigo 39 da Lei nº
4.886/65. Colaciona arestos para confronto de teses.
O eg. Tribunal Regional consignou que a matéria tratada envolve relação de emprego,
sendo competente a Justiça do Trabalho para apreciar a presente ação.
Nas razões de recurso de revista, a reclamada sustenta que a relação debatida nos
autos era baseada em contrato de representação comercial que não foi adotado e que
não se aplica a prescrição adotada pela r. sentença. Colaciona um aresto para
confronto de tese.
O único aresto colacionado não se presta à análise, a teor do que dispõe o artigo 896,
"a", da CLT, por ser oriundo de Turma deste c. TST.
"Correto o decidido.
Como bem apurado pelo Juízo ‘a quo’, não restou comprovado pela ré que a relação
jurídica entabulada com o autor não fosse acobertada pela CLT, tendo em conta a
comprovação dos requisitos exigidos pelo art. 3º deste diploma legal.
FUNDAMENTAÇÃO
Fundamentou seu entendimento na prova dos autos, onde restou esclarecido que o
autor era, de fato, empregado da ré na condição de vendedor e não de representante
comercial. Registrou a exclusividade de seu serviço perante a demandada, bem como
da utilização dos equipamentos e aparato da recorrente para o desenvolvimento de
suas atividades.
"Mais uma vez há de se ressaltar que a tese de que o autor era autônomo e laborava
na condição de prestador de serviço não prevaleceu nos autos. Deste modo, pouco
importa para o deslinde da questão, a forma pela qual percebia o demandante, no
caso, por meio de comissões, mas, antes, se havia controle de jornada de sorte a se
apurar se o labor ativado respeitava os limites impostos pela Lei quanto horários em
que se deu a prestação de serviço. Assim sendo, ante a inexistência dos controles de
jornada, como preceituado pela Súmula 338 do C.TST, bem como de que o autor
exercia cargo incompatível com tal controle – art. 62 da CLT, mantenho o decidido." (fl.
269)
O eg. Tribunal Regional, tendo em conta o afastamento da tese de trabalho autônomo,
manteve o deferimento do pagamento das horas extras e reflexos, considerando a
inexistência dos controles de jornada conforme preceituado pela Súmula nº 368/TST e
art. 62 da CLT.
Parecer
De acordo com os relatos apresentados no acórdão e fazendo um comparativo com as
fontes do Direito do Trabalho, foi correto os ministros da 6º turma do Tribunal Superior
do Trabalho negar provimento ao agravo de instrumento, tendo em vista que o
reclamante possuía todos os tipos de prova e comprovar o vínculo empregatício
conforme o art. 144 da CF/88.
Em defesa a reclamada ainda sim informou que a decisão era de competência a justiça
do comum, conforme a emenda constitucional de 45, alegando violação do art 39 da lei
4.886/65, mas de acordo com nosso entendimento é de competência a justiça do
trabalho apreciar está presente ação.
Tendo em vista que o reclamado cumpria todos os requisitos exigidos pro art 3 deste
diploma legal, conclusões retiradas pela farta documentação presente no conjunto
probatório, neste contexto não há como divergir o entendimento do juízo de origem e
reconhecer de fato o princípio da primazia da realidade, aliado aos dispostos pelos
artigos 818 da clt e 333 do cpc a relação jurídica de emprego entre as partes.
É sabido que o trabalhador sempre luta por seus direitos visando evitar abusos por
parte dos empregadores.
Bibliografia
www.tst.jus.br