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1. De acordo com Popper, as teorias científicas não podem usufruir mais do estatuto de “saber autêntico,
seguro e suficientemente fundamentado”. Porquê ?
Filosofia da Ciência 2
Texto 3 – Objeções ao falsificacionismo
Várias objeções têm sido apontadas à perspetiva de Popper sobre a ciência. Vamos referir três.
Uma delas é que a perspetiva de Popper não corresponde ao que realmente se passa na prática: muitos
milhares de cientistas que fazem todos os dias investigação não procuram refutar teorias, tratando antes de
lhes encontrar novas aplicações. Além disso, há variadíssimos exemplos de teorias cujas previsões não se
confirmaram e que nem por isso foram abandonadas. Tudo o que aconteceu foi que os cientistas
procederam apenas a alguns ajustes na teoria, conservando-a em vez de a considerarem falsificada. Mesmo
que fosse desejável que os cientistas se comportassem como diz Popper, a história da ciência parece
mostrar que isso só raramente acontece. Assim, a teoria de Popper não descreve a realidade, antes se
limitando a dizer como os cientistas deveriam proceder. (…)
Uma segunda objeção é que Popper só dá conta do conhecimento científico negativo e não daquele que,
em geral, nos leva a dar importância à ciência: os seus resultados positivos. O conhecimento útil da ciência
tem um carácter positivo, por isso temos razões práticas para acreditar nele. Sabemos por exemplo que a
penicilina funciona porque tem certos resultados, e não porque não foi falsificada.
Uma última objeção é que, de acordo com Popper, não podemos proferir juízos sobre o futuro que sejam
racionalmente justificados, pelo que nos deixa na mesma situação levantada pelo problema da indução.
Como justificar, então, a minha previsão de que se me atirar da janela do 20º andar irei estatelar-me no chão
em vez de flutuar no ar? Popper concorda com Hume que é errado basear-me na ideia de que o futuro será
como o passado. Devo, então, concluir que é tão justificado acreditar que ficarei a flutuar no ar como
acreditar que irei estatelar-me no chão caso me atire da janela do 20º andar?
Almeida, A. Murcho, D., 50 Lições de Filosofia 11º ano, Didáctica Editora, Lisboa, 2014, pp. 186, 187.
Filosofia da Ciência 3
congelar? Ou seja Popper acha que é errado basearmo-nos na ideia de que o futuro
será como o passado.
2. Completa as objeções a Karl Popper com a informação do manual (pp. 119 e 120).
“Se Karl Popper representou para a tradicional filosofia da ciência uma primeira ruptura, estudos
posteriores representaram uma ruptura muito maior e muito mais radical. (...) Karl Popper nunca questionou
a racionalidade e objetividade da ciência, ainda que divergisse nos critérios de demarcação de racionalidade
e objetividade. (...) Popper é antiempirista, antiverificacionista e anti-indutivista, mas não pôs em causa a
racionalidade da ciência, nem a objetividade científica.
Com T. Kuhn (...) tudo se altera. (...) [Comecemos por enunciar três] fatores que puseram em causa a
conceção positivista e objetivista da ciência. (...)
Em primeiro lugar, as repercussões da introdução da noção de paradigma e do conceito de revolução
científica. Afinal, a intervenção dos cientistas na produção de conhecimento científico não está apenas
determinada pelo papel protagonista da experiência e por fatores estritamente científicos, mas bem ao
contrário por um conjunto de fatores extracientíficos.
Em segundo lugar, o reconhecimento de que a ideologia é afinal uma componente intrínseca a qualquer
prática e, logo, também à própria prática científica. Mais do que um obstáculo à produção do conhecimento
científico, a ideologia é, de facto, condição de possibilidade da produção científica.
Em terceiro lugar, os resultados das investigações em sociologia da ciência vieram revelar que a produção
de conhecimento científico é determinada não apenas por determinadas condições teóricas, mas também por
condições sociais e políticas. O saber afinal sempre andou de mãos dadas com o poder e os seus interesses.
Foi a 2ª Guerra Mundial, por exemplo, que levou ao desenvolvimento da ciência nuclear. Regra geral, os
cientistas trabalham na dependência de um orçamento, quer do Estado, quer de grandes empresas privadas.
Um e outro só pagam a atividade científica na medida em o produto dessa atividade serve os seus interesses.
Vicente, J. N., Razão e Diálogo, Porto Editora, Porto, 2004, p. 222
apud Fernandes, M., Barros, N., Filosofia 11º, Lisboa editora, Lisboa,2004, pp. 184, 185.
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2. Identifica e explicita os fatores que vêm por em causa a concepção objetivista de ciência.
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