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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
JARAGUÁ DO SUL

ESTÁGIO I
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO: OBSERVAÇÃO 1

A observação consiste na realização de uma contextualização do campo de


estágio, isto é, de um diagnóstico da realidade escolar. O diagnóstico se dará por
meio da aproximação do estagiário com o campo de estágio, a análise dos elementos
que compõem o contexto escolar e o cotidiano da sala de aula, bem como, reflexão e
problematização dos aspectos observados. Espera-se que a partir do diagnóstico da
realidade o estagiário identifique possibilidades de pesquisa, aprofundamento e
potenciais para desenvolvimento de projetos de intervenções pedagógicas.
Segundo Libâneo (2001, p. 178), o diagnóstico “consiste no levantamento de
dados e informações para se ter uma visão de conjunto das necessidades e problemas
da escola e facilitar a escolha de alternativas de solução”. Neste mesmo sentido,
Pimenta e Lima (2010), destacam que o diagnóstico não se limita a uma visão inicial,
mas se realiza como processo permanente de identificação de necessidades e
possibilidades que permitam rever ou reafirmar as opções, uma vez que a realidade é
dinâmica, viva, mutável.
Partindo desta perspectiva, pode-se inferir que a prática de realizar diagnósticos
sobre a realidade não se restringe somente ao estágio de observação, pois o
diagnóstico é a primeira etapa de qualquer ação planejada. De acordo com Libâneo
(2001, p. 177), o planejamento obedece à seguinte lógica:
- diagnóstico da escola para coleta de informações;
- análise e interpretação de dados com base nos objetivos da instituição;
- tomada de decisões com base na escolha de prioridades e das formas mais eficazes
de produzir mudanças na instituição em função dos objetivos;
- elaboração e desenvolvimento de projetos.
Cabe salientar que estas etapas não são fechadas, pelo contrário, elas se
interpenetram, de modo que o diagnóstico, a análise, a interpretação, a tomada de
decisão e a elaboração ocorrem, muitas vezes, de forma dinâmica e simultânea.

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Texto elaborado pela Profa. Viviane Grimm, para unidade curricular de Estágio I, 5ª fase, do curso de Licenciatura
em Física.

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No estágio, sobretudo na fase de observação, o diagnóstico é um instrumento


para se aproximar da realidade escolar. No período de estágio é preciso planejar e
replanejar as ações continuamente, por este motivo o diagnóstico se torna um
instrumento de ação importante para o desenvolvimento dos estágios.
Pimenta e Lima (2010, p. 224), observam que para fazer o diagnóstico, é preciso
ir além da estatística e dos dados numéricos. É preciso se apropriar da escola viva,
funcionando, interagindo, ou seja, o movimento acontecendo na hora de entrada dos
alunos, as interações no pátio, no intervalo, nos pequenos grupos, na sala de aula, nos
eventos, na saída. Assim, o diagnóstico requer um olhar cuidadoso e ampliado do
estagiário. Faz-se necessário levar em consideração as diferentes dimensões que
constituem o espaço escolar, ou seja, as dimensões pedagógica, organizacional,
profissional e social.
Para realização de um diagnóstico da realidade escolar eficiente é importante o
planejamento dos aspectos que serão observados na escola, um roteiro flexível, pois
no decorrer das observações podem surgir outros aspectos relevantes para ser
observado, conhecimentos teóricos sobre a escola e sua função social, para poder
realizar uma análise mais concreta, bem como, sensibilidade para perceber o que está
além das aparências e pré-noções.

2.1 Sugestão de aspetos a serem observados

A seguir são apresentados alguns indicadores gerais que podem ser


considerados para nortear as observações e que auxiliará na compreensão das
diferentes dimensões que compõem o espaço escolar.

a. Caracterização geral da instituição e seu entorno


b. Caracterização da estrutura física e material
c. Caracterização dos profissionais da instituição
d. Caracterização dos discentes
e. Rotinas de funcionamento da escola
f. Organização e gestão escolar
g. Organização do trabalho pedagógico
h. Prática pedagógica em sala de aula

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a. Caracterização geral da instituição e seu entorno


 Nome da escola, etapas e modalidades que oferece cursos, número de alunos
por etapa e modalidade, turnos de funcionamento;
 Localização da escola e características socioeconômica da comunidade que
está inserida;
 Contextualização histórica da escola;
 Níveis de evasão e repetência;
 Resultados em programas de avaliação (IDEB, ENEM etc.).

b. Caracterização da estrutura física e material

 Dependências: salas de aula, cozinha, refeitório, banheiros, sala de vídeos,


biblioteca, laboratórios, quadra de esporte, área comum, sala de professores,
secretaria, almoxarifado, entre outras;
 Estado de conservação da escola;
 Aspecto do espaço externo e interno;
 Manutenção da estrutura física e equipamentos;
 Equipamentos e recursos pedagógicos: livros, mídias, materiais pedagógicos,
computador, retroprojetor, multimídia, jogos, etc.

c. Caracterização dos profissionais da instituição

 Número de profissionais da instituição por categoria (gestão, docentes,


terceirizados, auxiliares, estagiários, etc.);
 Número de voluntários que realizam atividades de forma regular;
 Número de professores efetivos e ACT.
 Escolaridade dos diferentes profissionais e área de atuação;
 Tempo de serviço;
 Caracterização dos docentes: opção pelo magistério, experiência, formação
inicial, etc.
 Oportunidades de capacitação e formação continuada.

d. Caracterização dos discentes

 Caracterização socioeconômica dos discentes;


 Expectativas em relação à educação escolar;
 Formas de interação;
 Uso de tecnologias e mídias sociais;
 Dificuldades de aprendizagem;
 Participação em projetos de pesquisa.

e. Rotinas de funcionamento da escola


 Horários de entrada, saída, intervalos;
 Movimentação e interação entre pais, educadores, educandos, equipe de gestão
escolar e outros;
 Existência Regimento Interno ou de Regulamento de Funcionamento;
 Calendário escolar;
 Uso de agenda e forma de comunicação entre escola e pais.

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f. Organização e gestão escolar


 Composição da equipe de gestão e forma de escolha dos dirigentes;
 Relação escola-comunidade e formas de participação da comunidade nas
tomadas de decisão;
 Programas suplementares na escola observada: alimentação escolar, transporte
escolar ou programa do livro didático.
 Gestão financeira da escola: fontes de recursos financeiros, gestão dos recursos
– planejamento dos gastos, procedimentos para compras, prestação de contas;
 Relação da escola com a mantenedora, sistema de ensino que faz parte;
 Atuação de Grêmio Estudantil, Conselho Escolar e APP;
 Projetos Institucionais que buscam integração entre escola e comunidade;
 Projeto Político Pedagógico: época que foi construído, metodologia de
construção do PPP, participação dos diferentes seguimentos da escola,
processo de revisão, referencias teóricos utilizados, concepção pedagógica,
avaliação (docente, discente, institucional), etc.

g. Organização do trabalho pedagógico

 Condições de trabalho dos docentes (pedagógicas e físicas);


 Forma de organização dos conteúdos curriculares e integração curricular;
 Abordagem de questões relacionadas à inclusão, diversidade e pluralidade
cultural (temas transversais).
 Forma de elaboração dos planos de ensino e planos de aula (uso de algum
modelo padrão);
 Tempo disponibilizado para o planejamento da atividade docente;
 Reuniões pedagógicas ou outras formas de trabalho coletivo entre docentes ou
outras pessoas da instituição;
 Forma de acompanhamento do trabalho pedagógico pela equipe de gestão;
 Recursos didáticos que o professor tem à disposição;
 Forma de avaliação da aprendizagem (normas, conselho de classe, etc.);
 Desenvolvimento de projetos institucionais, projetos interdisciplinares, feira de
ciências, eventos;
 Assistência pedagógica por coordenadores, supervisores e direção da escola.

h. Prática pedagógica em sala de aula

 Relação professor x aluno;


 Relação aluno x aluno;
 Relação ensino-aprendizagem: situações didáticas ocorridas em sala de aula,
situações-problema e as soluções adotadas pelo educador;
 Dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos;
 Estratégias utilizadas pelo professor para os alunos que apresentam dificuldades
de aprendizagem;

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 Adequação da metodologia de ensino, estratégias, técnicas e recursos didáticos


utilizados as características da turma: faixa-etária, conhecimentos prévios dos
alunos e sua realidade social;
 Forma de avaliação da aprendizagem dos alunos (instrumentos e critérios);
 Concepção de ensino de ciências que permeia a prática pedagógica do
professor;
 Aborda a relação entre ciência, tecnologia e sociedade;
 Uso de experimentos, contextualização dos assuntos, laboratório, resolução de
problemas, estudo de caso, trabalhos em grupo, livro didático, apostila,
pesquisas, etc.
 Forma de participação dos alunos nas atividades e nas aulas;
 Organização da sala e da turma (espaço e tempo);
 Domínio dos conteúdos, clareza na comunicação e planejamento prévio das
aulas pelo professor.

Para complementar e aprofundar as observações realizadas na escola sugere-


se que o estagiário utilize, além do diário de campo, outros instrumentos de coleta de
dados, tais como: entrevistas, questionários, análise de documentos, etc., bem como,
tire fotos ou filme quando surgir algo que seja representativo e seja autorizado pela
escola. Outra oportunidade para se apropriar de elementos da cultura escolar, é a
participação em reuniões pedagógicas, conselhos de classe, assembléia da APP,
reunião de pais, eventos promovidos pela escola e pelas turmas etc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia:


Alternativa, 2001.

PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

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